O Mundo Gira
Se mede grau e urgência pelo ruído
Uma métrica que contempla silêncio como conforto
E a sinfônica dos desconcertos urbanos, civilização
Atravessar o abandono com duas tempestades nos dedos
Deslizam portas, com ternura
Pés se arrastam com cansaço
Um evento moderno e intrusivo
Idealizar traições pelo som
É um esporte, cílios afiando cortes
Toda a matéria orgânica organizada
Para pertencer a massa de amido
Humedecer as mãos com lágrimas
Pássaros rondam a janela
Como se espreitassem vislumbres
Pássaros rodam tuas máquinas
Como cavalos domesticados em carrosséis
Eis você, desfiando o pudor
Colorindoo álibis com cores pastosas
Um beijo desalinhado, a argila desta estação
Um desejo morre dia sim, dia não
Moldar o soluço para esconder ossadas
Barganhar antes de cabeça de peixes
Um pomar de flores desdobravéis
Antes que seja tarde, aterre o por do sol em mim
Como uma hóstia-tigre passivo-agressiva
Amedronta visitas indesejáveis
Invejando-as como um novo mundo
Gargalhando liberdade enquanto cala a fome
É outra vez, um recorto ébrio
Arrancando nomes com delicadeza
Apertar o corpo como se fosse um pernil
Servir interpretações falhas para o jantar...
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“se você escrevesse um livro sobre se apaixonar por alguém que você não pode ter, qual seria a última linha?”
E no fim de tudo, nos reencontramos. Mas será que isso serão cenas para um próximo livro? Eu prometi a mim mesma que nunca mais escreveria sobre você, sobre nós e sobre o nosso amor. Mas todas as vezes que olho para a Lua, fico imaginando o ciúmes que ela sente. E mesmo após tudo, quando meus olhos se encontraram nos seus eu me perdi no infinito de pensamentos e sentimentos que me fizeram me apaixonar por você. Meu querido, escreverei sobre você outra vez?
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CONVICTAMENTE
Eu sempre olhei pra gente como almas gêmeas, sabe?
Ana Suy em um dos seus poemas de rasgar a alma, falou “amizade é o amor que deu certo”, e sempre que eu olhava pra nós, era exatamente isso que eu enxergava.
Eu te olhei com os olhos de ternura e amor que eu jamais olhei aos meus irmãos de sangue, afinal eles nunca compartilharam a vida comigo assim como você fez, como nós fizemos.
Eu te vivi, eu me rendi ao amor mais genuíno e sincero que senti por alguém.
Sabe aquela história que os opostos se atraem? Acreditei por um tempo isso não se encaixava quando o assunto era nós, pq o que mais fazia sentido naquela amizade era o fato de sermos exatamente iguais.
Porém, hoje eu acredito que esse tenha sido o começo do fim, ou o motivo do fim. Sermos exatamente iguais.
Pra falar a verdade, eu nunca entendi os reais motivos da tua partida, talvez eles não sejam os mesmos que eu imagino, ou talvez sejam exatamente os que fiquei por dias e dias tentando confabular.
Esse ano foi tão dolorido pra mim, desde a tua partida, na verdade, não houve um dia se quer em que não foi dolorido pensar, falar, relembrar..
Eu acho que quando a gente fala sobre os becos escuros da vida, automaticamente você conhece o caminho, tenho certeza que você já chegou lá de bicicleta.
Acontece que os caminhos escuros e sombrios nos quais me coloquei, não foi possível encontrar a saída nem mesmo com gps.
Me coloquei dentro de um beco escuro, úmido, frio e vazio, e simplesmente não soube sair de lá.
Não adiantou gritar, eu tentei por muito tempo, até perder a voz.
Não adiantou correr, pq a dor vinha antes mesmo de cansar.
Não adiantou me debater, pq as marcas, os arranhões e lesões já estavam impregnadas como tatuagem.
Em nenhuma dessas saídas eu te encontrei, então eu simplesmente optei por sobreviver ao silêncio, ao escuro e aquele beco.
Então depois de conhecer o caminho do inferno, eu comecei a pensar no orgulho.
Acho que existe muita coisa maior que o orgulho, né? Acho que quando a gente atravessa pela dor de existir, de existir em condições que a gente se odeia tanto a ponto de não querer mais nem respirar, acaba não fazendo mais sentido… sobre o que eu estava falando mesmo? Ah.. o orgulho.
Esse miserável filho de narcisismo, não faz sentido existir quando o existir não faz mais sentido.
Mas acho que esse texto era pra falar sobre você, né? Acho que me perdi de novo..
Então o ano novo pro escorpião começa sempre no aniversário, e não no dia 31 de dezembro.
Nesse meu novo ciclo, eu decidi que faria o melhor por mim, o melhor pelas pessoas que amo ou amei, e é isso que eu te desejo de aniversário.
Que você seja feliz, mas feliz de verdade. Que você se olhe no espelho e sinta orgulho de vestir tua pele, de habitar no teu corpo, de testemunhar tua vida. Que você se admire por ser quem você é, isso que verdadeiramente importa.
Paulo Freire deixa em uma carta para sua esposa Nita, todas as coisas que eu queria te dizer pessoalmente enquanto a gente mergulha os pés na água gelada do rio, mas não tive forças… “A boniteza da vida não está na compreensão rígida das coisas nem na lógica bem comportada que exigimos dos fatos, nem tampouco na nossa certeza em termo do que deve ser a própria vida. A boniteza da vida está na certeza da incerteza e na coragem de começar tudo de novo quando se pensava que já nada podíamos fazer. A boniteza da vida está em aceitar que até as sextas-feiras podem virar azuis e que nelas rosas, violetas, margaridas podem florir e sabiás podem cantar. A boniteza da vida está na capacidade de amar, apesar de tudo. A boniteza da vida está em perceber que amar é melhor que não amar, mesmo quando não amar, como tentação diabólica, pudesse parecer uma porta aberta a mil amores. Te amo convictamente.”
E é assim que me despeço, com a certeza que te amei convictamente.
Com amor, L.
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Eu postei 8.733 vezes em 2022
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#5
•Promessas,apenas•
Eu te prometi
O infinito
Mas nem o começo
Consegui te dar
Te prometi
A lua
Mas nem as estrelas
Eu consegui alcançar
Eu te prometi o universo
Mas nem meu mundo
Eu consegui controlar
Eu te prometi
A mais bela
História de amor
Mas nosso final feliz
Eu não consegui
No roteiro encaixar.
Prometi ser o amor
Da sua vida
Mas só conseguir
Ser uma velha história
Que pra alguém você irá contar.
$ Victor hugo $
13 notas - publicadas em 1 de outubro de 2022
#4
Autoria de uma das nossas seguidoras, Dayane. Mais autorias em @apreciarmos
Conheça o tumblr: @carteldapoesia e o instagram do projeto (clica)
Se repostar, mantenha os créditos da autora e do Cartel da Poesia!
Quer ver seu texto aqui também em formato de plaquinha? 👉 Saiba mais clicando aqui 👈
14 notas - publicadas em 8 de março de 2022
#3
Nós
Eu até gosto do dia.
Mas prefiro as luzes
e os sons noturnos.
A luz da lua,
dos seus olhos,
das estrelas.
Os nossos "sons".
Nossas músicas,
sorrisos,
sua voz,
suspiros.
Nosso silêncio.
19 notas - publicadas em 1 de outubro de 2022
#2
Queremos comemorar mais uma Páscoa com vocês, interagindo e fazendo um game super especial 🐇🎀
Para participar:
Reblogue esse post,
Tenha em pelo menos 5 de suas autorias a tag #carteldapoesia (tem que ser algo que você escreveu, hein) e
Envie em nossa ask (clica aqui): "escolha um número de 01 a 10 + responda uma das duas opções: nos conte alguma situação engraçada que aconteceu durante a Páscoa com você/amigo/familiar ou o que a Páscoa representa pra você".
Resultado dia 16/04.
29 notas - publicadas em 26 de março de 2022
Meu post nº 1 de 2022
Game de Carnaval do Cartel da Poesia
Cada máscara contém uma quantidade de plaquinhas a serem feitas, e de autorias a serem reblogadas.
Para participar:
Nos siga (@carteldapoesia);
Marque em suas autorias a nossa tag: #CartelDaPoesia;
Reblogue esse post e
Nos envie uma ask (clica aqui) com uma fantasia que gostaria de usar + um número de 1 a 5
Resultado dia 01/03.
42 notas - publicadas em 21 de fevereiro de 2022
Veja a sua Retrospectiva 2022 →
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Mais uma vez acordo com aquela sensação de estar perdida e sozinha.
O pior é não ter alguém pra conversar pois meus problemas a vista dos outros são inúteis.
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Desanuviar
Já me desfiz das memórias ruins
Velhas opiniões, planos e afins
Já suspendi meus velhos julgamentos
Já explodi em grandes ressentimentos
Resolvi mudar de vida, tentar de novo
Me inseri em novos contextos, me reinventei
Me abri para as novas possibilidades
Estreitei laços, apertei o passo
Uma eterna metamorfose, uma evolução discrepante
Ando abraçando delicadezas e expulsando deselegâncias
Não careço de opiniões, guarde-as para você
Mereço a honestidade de quem me quer bem
Já disseram que sou incrível
Já disseram que sou estranho
Já disseram que sou hermético
E cada vez mais me distancio
Já mandaram eu me calar
“Guarde suas ideias para si mesmo”
Fui chamado de infiel, salvador da pátria
De pseudo-cult, de falso profeta
Cada ferida que em mim sara
É mais um tapa de pelica na sua face
Nem atos passados nem os que estão por vir
Possuem a força necessária para me destruir
Hoje o dia vai ser meu grande aliado
Jamais tive a arrogância de me crer finalizado
Tenho ainda um longo caminho a trilhar
E sigo esperando esse caminho desanuviar
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Memento, Parte II
Ninguém me reconhece mais entre essa esperança
Enquanto desvio o peito de adagas
Convidando com minha própria língua ao duelo
A gentileza antropofágica redimindo exércitos
Tal disparate separa a aparência
Entre hospitais e bordéis
Bula todas as vezes
Refeita entre feridas ególatras
Conciliando com olhos irreconhecíveis
O amor não é crível, a paz não é crível
Meu cinismo é a matéria que constrói meu fim
E meu país já está fadigado de me regurgitar aos seus filhos
Colha-me fruto clandestino
Apêndice das perfumarias
Arfar placentas inorgânicas
Atribular a hesitação ao véu
Ao acaso, desabito estes corpos celestes
O momento é calar influências externas
Enquanto afoga-se vozes internas
Em uma pia testemunhando covardia
A sina cozinha retratos em frigideiras
A guerrilha das artérias ensina matrimônio
E você sabe que eu evito meus hábitos
Para preservar qualquer desinteresse cômico
Há um artigo imprudente
Confinando Medusa ao inferno
A rosa polida era plano de fundo
Para uma corrida sociopolítica da especulação
Obedientemente devolvido
Os motivos descarnam o superficial
Eu também aproveitei os louros da futilidade
Para dançar em praças literárias...
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Herdeiros de uma Juventude Necrófila
Me permita esta vaga introdução:
Era preciso romper a função do protagonismo
Um lirismo que mais observa do que se atreve
Apesar de cada caneta ser uma lupa intrusiva
Estamos aqui para colecionar todas as reinvenções
Transtornar a roda em um convexo impossível
Flexionar léxicos como quem segue uma rotina
Rezando ao pé de gurus amontoados como totens
A máquina lhe assiste assiduamente
E prepara textos, derrete ironias
Eu sou o mesmo mal que você
Apenas mais disposto a ceder revanches
Organizaremos agendas eletrônicas como se fossem túmulos
Uma coroa de flores para cada evento desmarcado
Zelo saudoso, vício sadio, encontro platônico
Beirando uma ansiedade duvidosa ao acolher sintomas
Cada cântico é capaz de soldar países
O único motivo para retratar caravelas
Era um espírito que se fragmentava
De consumações insalubres
A implicância em varrer editais para a sua boca
Comê-los, costurá-los, diversificá-los e instruí-los
O fruto cítrico tão fadado em combater sua lábia
Que se desfaz na dupla que o projeta à fama
Hoje o lobby devora as casas de apostas
Não esperamos tantos herdeiros nessa praça
Mas a cada jantar insinuado insistem
Em preservar atores e condutas passionais
Há um nome rastejado para fora de línguas alcoólicas
Atravessam por ele como se fosse um tabuleiro ouija
Mistério barganhando a decepção, tensão a cada segundo
Espirais suspiram feitiços infanto-juvenis para prever tua vinda
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O Discreto Amargado no Fundo da Boca
Voltei para ciranda da tua fala
Invadindo a mentira ou solucionando
A leitura por entre a texturas dos dedos
Demanda uma acidez neutra pela eternidade
Tal dádiva não vale mais ou menos
Do que todas as personas que saltam
Entre a bifurcação dessas línguas
Toda voz faz parte da paisagem de um necrotério
Cada corpo suprimido, performava uma serpente nova
Traziam o conflito para o corpo, petrificavam-no, degustavam-no
O derretiam, o dividiam, o profetizavam, o desacatariam com furor
Para ao final do receituário, junkies inventarem de incendiá-lo
A todo Sísifo que ainda vive
As horas mais pesadas aparentam facilidade
Em cada beijo uma formiga é engolida
De cada amor traiçoeiro, tomará espelhos e Faustos
Seu monólogo é um discurso ensaiado
Declarando guerra às rosas sem espinhos
Um hospital declaratório perfuma o comício
Inventara milagres para cada transe tecido
O futuro é insone e todos o conhecemos
Cada história é um encanto de ouvir
A presença é um ato vangloriado às multidões
A julgam, mas sempre são seduzidos por ela
Atar-se a braços como se barganhasse âncoras
Desinventa-se cravos e pecados no divã
Toda a sorte dessa desconfiança imatura
Prevê tragédias pertinentes no último suspiro
Eu me fiz crer com o argumento do tato
Que corpos se reconhecem em camadas
São seus os deveres e álibis de pontífices
Já toda a luz vence o mistério atrelado a morte
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Sujeito Composto/Sujeito Íntimo Secular
Falta muito para voltar a pesar a terra
Das presas vis escorrendo uma lágrima translúcida
As lágrimas castram sua vasta química
Em nome profano de uma substância de êxtase
A prática estabelece a suspensão dos sentidos
A prática simula mortes ineficazes
Em cada lar dessa terra tropical
Elefantes são moldados ao lado da mobília
O movimento é uma síntese dos cavalos
O coice a tal coisa chamada amor
O corpo transmuta-se viagem
Outra vez, esta elegante controvérsia
O trâmite que carrega caravelas
Cada sobra desta dor, cada promessa dessa dor
É um território inexplorado que forma a América
Tão cadavérica por ceiar sob o peso de chacinas
Há sete anos eu dancei com desertos
Há sete dias eu refiz meus passos
Há sete meses eu inundei palácios
Há sete minutos em morri em seus braços
A cada dois dedos de dose nesse copo
Ousava fabricar noites americanas
O céu cruzado de uma cicatriz
Recentemente contemplada
Eu tenho colocado seu nome
Em cada bebida que ingeri
Em cada carapuça que vesti
Em cada perfume que guardei
Todo poeta é orgulhoso
Seu critério confessa vaidade
Eu pensei que tivesse vencido
Naquela vez que sorri sem motivo...
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As Traças Famintas Ou Simplesmente Athena
O público devora seus ��dolos vivos
E ninguém aparece para a missa de sétimo dia
Desde então, todos os dias nascidos com urgência
Tem sido absorvidos como um vinagre cristalizado
Todos odeiam abutres assistindo vidas e confabulando
O que foi? Há muitos corpos para tuas garras?
Poupe-se e delegue as funções da pesagem de estatísticas
Há muito sangue em suas penas fundidas com petróleo
O organismo-anfitrião chorando lágrimas de cera
Perfeccionismo e autodestruição. Implora para a heresia
Mas ela não é mais uma força disruptiva deste embate
A dicotomia de uma América se desfazendo em cinzas
A casa sempre vence a valsa dos cílios
Merci pour ton poison, merci pour ton théâtre
Agradeço o esforço da sua arquitetura-fantasia
A casa sempre vencerá os infortúnios da estética
O que será de você quando cuspirem a imagem da tua mediocridade?
Pães que não valem suas mordidas específicas
Costumes tão voltadas as espirais discursivas
Tão desejadas pela textura de beijos em superfícies ralas
Espero que a digestão lhe seja breve, meu querido menino-cassino
A tragédia mitificada diariamente aos nossos olhos públicos
A substancia que escorre dos olhos, um punhado de pólvora siliconada
Ao entrar em contato com a pele, saltam criaturas se alimentando da idade
Há um espetáculo irresponsável vagando desgovernado entre nós
Hefesto concretiza vieses de laboratórios clandestinos e atos mímicos
Qual sua fascinação com as câmeras princesa Daiana
Se não o fato que todos odiarem citações erguidas à cigarras
Apontar fantasmas, abatê-los como caça
Rapta-los a luz do dia, difama-los em porões
Instrumentaliza-los ao inconveniente
E por fim, convence-los a aceitar todo rancor e paixão...
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E Todos Esses Conhecidos Ancoram a Presença a Tua Imagem
A sarjeta é formada por desejos não superados
E cada mistura corrosiva de diesel e perfume
Incendiam os braços que correm contra faróis
Nem sol, nem Ícaro. Eram os fantasmas da performance
Eis a urgência de um evangelho para ser superado
Algo que rivalize mentiras e confunda ritmos
Saturada América sobre a tormenta
De decupagem dos sonhos flácidos
Separar e distribuir, como um bom publicitário
Fluir as apostas de ouro e rubricas
Adote para si um estereótipo
A cartilha embaraça influência e quadris
A noite pungente derrete ampulhetas
Na terra em que talheres são espelhos
Conspira-se uma reza que desce dos olhos ao estômago
E não importam as contraindicações, desde que todos repitam:
Três uivos no céu de outra boca
Um exercício antropofágico
Fausto postergado como um rei
Em troca de um constrangimento autoral
Afundando ou subestimando o fascínio
Toda esta placenta envolvida em um esquife espelhado
Girar codinomes e suspeitar de vieses coordenados
Eu te apresento cenários vastos, coma dessa espera
Este peito reside um amontoado de línguas
Que pulsam um rio que afoga os pulmões
Verter todos os sentidos ao paladar e alinhar-se em poleiros
Ao travar conflitos com artérias sociopolíticas
Regar feridas com rosas entreabertas
E na dubiedade de uma nota colhida
Torcer jornais até escorrerem semióticas
Vestir palavras de frigoríficos como antologias
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Freaky
As lágrimas mais vulgares e contraditas
Formam as estrelas do meu país
Meu céu se organiza entre esfolar os dedos
Em construções de sonhos hegemônicos com areia
Trazer a fome travada entre os dentes
Persuadir reis de suas potentes aparências
Quando são frágeis a olho público
Sobrepunham mitologias e versículos
A face indigesta e imediata
Corrompe-se como pavões
A ambição precisa de um receptáculo
E a prata da tua saliva fora a escolhida
A tua vinda é um sonho melancólico
Entrando, fluindo e adoecendo
Cada centímetro do meu espírito
Com teu riso de Mercúrio
Todo dia um novo rito é prescrito
O eu como moral e inocência
Eles rimam faca com deus
E juventude com abusos
Sua dor debuta com alegria
Agora é um híbrido de Gaia e Saturno
Permanentemente soterrado
Entre o que convém clamar-se: Cal
Obedecer era fonte de identificação
Tais moedas, juras ao crédito
Tais lâminas, juras ao Narciso
Tais coerções, mentiras
Refira a cartilha como força e zelo
Antes que cheguem aqui com bombas,
Com danças veladas e cinemas inconsequentes
Para amordaçar nossa denúncia com novos espelhos
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A Cartilha do Necrotério Ambulante Rima Bulas com Versos
Cravado de inveja eu solto
Teus cães-helicópteros sob o passeio amargo
O sol corrói intuitos-cassinos que esperam a vigília
A cada estrela a mais, uma viela apontada
Não há necessidade de abrir tua boca
Como um arquivo-morto de nomes e corpos
Cada palavra negada é um rumo que o país evita
Dissimular pânico é o mais óbvio a nossa cultura
As academias são institutos de luxo imaterial
Tanatopraxistas por esporte e escolha
Preferem dissolver tudo em agentes químicos neutros
E assim, desgoverna-los a pureza de anjos clássicos
O lar dos guardiões da palavra é uma perfumaria
Um evento metódico e desinteressante
Nomes para covas exumadas, seu prazer? Fardar-se
É um título que prestigia o nada
Foste tu que comeste de minhas mãos
Trazendo o mau agouro a esta terra
Disseminando açougueiros como enfermeiros
Dissolvendo catedrais de músculos e zinco
O sonho impossível é constantemente
Barganhado com a miséria
Para que ambos encontrem o meio termo
E possam entregar obediência à corporações
Essas vozes se sobrepondo umas as outras
Fazem um rio que sobe por todo o meu corpo
Envelhecem minha pele, me anseiam fora da permuta
Tecem uma túnica de poeira e urina envolvendo a cidade
Dançar no fio de uma tragédia
E por todos os dias, temê-la
Esperando que o fim do mundo
Desampare-nos ou compadeça-nos
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Aqui Estou Novamente Rezando Pelos meus Antecessores
Eu fui queimado no altar todas as vezes
Acariciaram espinhos de rosas contundentes
O primeiro mundo valsando com o fascínio
E toda a sua eloquência passivo-violenta
Eu inventei a beleza com espelhos
Eu inventei a paz de abóbora
Eu inventei a ciência com o pavor
Eu inventei a lua com o cinema
Eu fui meu próprio amante
Traí todas as minhas palavras
Comigo mesmo, em ocasiões passionais
Em que precisei desviar as mãos de catedrais
Todas as vezes que olhei para o céu
Eu vi a roda derreter e girar ao contrário
E com as sobras dos fios de prata, fiz teu nome
Assim, a noite esculpira de mim todas as suas criaturas
Viu-se o transbordar de uma cruz suburbana
Um dragão mais assertivo que moinhos
Com os olhos tensionados e caminhar traiçoeiro
Cismando um ouro suspenso, cismando uma revanche
As engrenagens mostram o caminho dos inimigos
Vírgilo, não há mais cura em transitar pelos males
Oferecendo um safári afrodisíaco e um turismo póstumo
Por todas as flores malignas que se originaram do excesso
Tua intenção não revoga tua prática
Meu peito é despedida e hospital
Cada um desses pecados que me intitulam
Urgem num samba prescrevendo sintomas
Toda a devoção é performativa
O teu ser é uma perfumaria
Capaz de corromper métodos
Um filho sem êxito, projetando dilemas...
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El Rojo and Blue
Cada vez que te sonho, um riso novo floresce
Uma nova cor é desovada de minhas lágrimas
Desolado, vago por fissuras entreabertas
Pregando o antagonismo que louvamos à Tânatos
Azul marítimo, azul concreto, azul marinha,
Azul cristal, azul anoitecido, azul acontecido,
Azul fabricado, azul faca, azul castigo, azul fátuo,
Azul sociável, azul perecível, azul premeditado, azul inocente
Um riso ofuscado
Ainda amante do óbvio
Desabando joias de zinco
Do teu céu da boca contrabandeado
O futuro é vermelho, mas minha gestação
Fora toda gris, por toda a minha primeira infância
São ampulhetas e cristais de flúor dissolvidos em meu mergulho
A cada corpo sufocado em meus braços, os venenei com Mercúrio
A pólvora neon escarlate
Escala meu corpo e colide
Contra meus lábios, explodindo ressentimentos
Derretidos pelos olhos uma última vez
A corredeira continua
Me tira uma valsa e um verso
Derrama vestidos, aguça a açucena da saliva
Tais momentos atracam ao peito
Na frente daqueles trovões
Ordens são premeditações
Que a tração não encontra
Para domar cavalos selvagens
Tudo que me desperta para longe dessa noite
Era o fascínio que o horizonte prometera
O peso nos pés de mil anos desfazendo cores
Refazendo misturas para um céu púrpura
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