Tumgik
amamaia · 1 month
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O Ano da Vassoura encontra a Revolução
primeiro vislumbre do viés da Costura na lunação de áries do ano da vassoura
Uma libélula entrou pela janela hoje. Beijou todas as paredes. Custou a sair. Não percebi quando.
Lembrei que hoje é 20, quarta-feira dos ventos de abertura para o ano astrológico que aí está, nos envolvendo em toda a profusão de aventuras brotantes nesse novo ciclo solar de sinuoso movimento.
É hora de iniciar a Descida. O ano funda percurso rumo às noites mais longas, úmidas, acesas. Outono. Tempo de encontros no Enquanto. Uma estação-travessia, repleta de intensidades desafiadoras.
E nesse Agora, a efeméride celeste encontra o ano de verdades manifestas, ano de gargalhadas nas encruzas, ou ainda, conforme costumo chamar, Ano da Vassoura, que já desabrocha seu terceiro mês, Março. Época esta, é bom que se destaque, repleta de distúrbios climáticos causados pela absurda usura capitalista e seus meios inconsequentes.
Ao vislumbrar o viés da Costura, penso que o palco desse enlace será deveras marcante. A Lua plena e perfumosa será convite a um brinde de apostas pra novos começos. Venha a nós o Plenilúnio Cardeal do Ar. Na dança da lua imensamente cheia em Libra, convém sustentar a fé em convicções além dos sonhos, no labor que equilibra os desafios entre a certeza do plantio e a visão do crescimento. É tempo de tecer as artimanhas e enxergar as mandingas.
Talvez seja bem aí que se encontre a lição dessa lua feiticeira. É preciso acreditar naquilo que se planta pra saber fazer vingar. Querer é um pedaço importante, mas no suor que se verte trabalhando por desejo está manifesta toda a magia que alimenta o caminho.
Um grandioso eclipse lunar adornará o rodopio. A Descida terá o brilho dos paradoxos. Nesse espiral, é bom não esquecer de respirar. Todo mergulho é tão excitante quanto desconhecido, por mais que a Serpente sempre se morda no fim. A aposta é essa. Voltar pra contar. Pra frente. Continuar daí. p.s. Na última tiragem da Sorte de Luna, durante a 172ª Mariposa-Carrossel, cinco cartas saíram para o Porvir. Por serem bastante saborosas em reflexões, disponho. São elas, Doze, Três, Um, Dezessete, Cinco. .xxx.
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amamaia · 1 month
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Peço a graça de gargalhar entrelaçada ao Destino
Nas frestas regadas da Ambivalência, afio a língua acesa pra encontrar no mergulho incandescente, as curvas de contorno em espiral da Musa de todo tino.
Perséfone venturosa, rainha verde, dourada, carmesim portentosa guardiã das barcas, passos e intentos concede a abertura do encontro sinuoso nos portais de coroado Tempo.
Beijo as raízes úmidas de meus olhos férteis, sou aquela que desliza nas folhas, e também a que arqueja excitada diante da Fonte. Peço a graça de gargalhar entrelaçada ao Destino e assim ouvir a pele além dos sonhos, dissolvida nas águas profundas da Descida, até chegar no Jogo o rompante enluarado pra saber fazer vingar desejo, e recolher preciosas sementes nas linhas de qualquer cicatriz.
É hora de sentir antes da virada, cada fio, feitiço, segredo, onda prateada.
Fogo bálsamo entre os dedos, bebe-se da concha-cálice, a festa é a Vida brotante, e quando a Vontade se ergue, imperatriz. .xxx.
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amamaia · 1 month
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E a Noite pra dissolver calmaria
Nos luminares implacáveis, sorvo respostas nas entrelinhas.
Aprendi a suplicar em gemidos de mel muito pela graça ardente do acordado desassossego. Viva em cada fechadura, faca na língua do Desejo, acendo três velas pretas de insuflar verdade nua.
Ela é a chave de abrir a terra escura e ser ouvido, e ser bálsamo, e ser o fim da dor nas despedidas.
Do olho d'água em seu umbigo, Tempo e Caos e Dança fio de infinitas pontas voar apaixonada no saber ser filha e guia.
Sangue aceso derrama os brilhos nas vias, faróis, sortilégios, visões, e a cada curva, a cada vez que a maré vira, sei novamente das cores do avesso do sonho do despontar das alegrias. Cada uma sabe em si o impulso dos olhos manchados lágrima, saliva, maresia, e o sentido que até Morte desafia. Sou pra ficar, essa é minha sina. Passo, palavra, abismo. Paixão pra destrancar Agora e ventania. Revolução Audácia Ousadia Fogo e a Noite pra dissolver calmaria. .xxx.
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amamaia · 2 months
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Esse romantismo pode te matar
carta para a rainha armadeira n° 1 • notas da madame quin
Amada Rainha Armadeira, Desejo que o desenrolar dessa súplica alcance seu coração além dos grilhões das torres de isolamento.
A água no reflexo do espelho me diz pra tomar de volta o Cálice entre as mãos e levá-lo à boca na sofreguidão de um gemido.
Beber gemendo, eu sei fazer. Daí, continuarei desarvorada, solta mesmo, no vento, entregue à embriaguez dos rodopios, sendo concha, sendo rio, mar, maré, frenesi. Tudo.
Dançarei até dissolver. Não haverá pra onde voltar. Estarei nua na rede de delírios. Serei Sol e a Lua me conduzirá. Terei fome e movimento, sabor e suor, luz e insondáveis rupturas, sangue, raiz.
Queria que você me visse agora. Também há você em mim. Quero saber dizer o que você se abrirá pra ouvir. Sou o Tempo da Encruza, sou o gozo além de toda cicatriz.
Rumo aos mergulhos profundos, sem pudores, expectativas e vícios, descendo descalça a escada de oxímoros, reconheço-me a cada degrau, trovão e vendaval, fogo e espiral.
Retorno aos inícios. Permito que as perguntas brotem, lanças aladas, e sopro meu Amor para que cavalguem no sonho de verter magia no entre que se abre pra nós. Só pra nós.
Permita-me indagar assim.
Se somos partículas de Vida, nossa tendência natural não é crescer e frutificar?
Crescer e frutificar só se refere a ter filhos ou sobre existir no Tempo que nos foi dado?
Se nossa tendência é vingar, expandir além das raízes, o corpo expressa o passar do Tempo? Como saber sem experimentar?
Sei como é comigo. Empunho a audácia pra propor um nós. Digo que crescemos e, no enquanto, nosso corpo se transforma. Ao crescer, se modifica, se molda, se remodela. Esse esforço, essa força, isso é a Dor.
A Dor vem da transformação. Dor de Crescimento é inevitável pois é intrínseca à própria existência. Não é um fim. É uma consequência.
A Saúde é resultado do percurso natural que nos faz viver tudo o que há pra viver, dançando na matemática silenciosa das horas e das estações. A Dor de Crescimento faz parte desse percurso.
Mas sabemos, existe outra. A Dor do Sofrimento. Essa não promove saúde. É uma dor maléfica.
O Sofrimento é um ciclo fechado em si. Não o Movimento espiralar do aprendizado.
Aprender é crescer.
Não há aprendizado no Sofrimento. Só há Dor, eterna e implacável, a dor do eterno retorno ao amortecimento, a dor insuportável de saber-se incapaz de ser, a dor que gera desespero.
E o que é desesperar?
Por que desesperamos?
Nos falta Fé pra esperar ou nos falta a percepção de ressonância da Vida presente no que nos disseram pra esperar? Por que esperamos o que nos disseram e não o que sentimos na verdade de nossos ossos?
O Sistema Vigente nos quer rodando em agonia, longe, bem longe da poderosa percepção de que somos partículas de Vida, comendo dor em silêncio, maxilar contorcido, garganta trancada, têmporas esbugalhadas, sem portas, sem janelas, sem respirar. Dormindo em eterno pesadelo.
Há quem acorde e perceba que há mais a ser visto nessa jornada pelo Tempo.
Há quem saiba que precisa procurar caminhos para a Saúde.
Agora, a cobra mordendo o rabo mora aí. Que o Sistema quer nos adoecer, parece ponto pacífico em qualquer caminho que se apresente como um farol de acender junto esse Fogo que existe em nós. Fogo da Vida. Fogo de ser.
Mas e se o caminho que esperamos ser farol for justamente o que nos faz padecer?
E se entregamos e empenhamos eternamente nossa devoção em um lugar que não é capaz de fazer nossa Vida brilhar?
O que diz o seu sangue?
O que diz sua carne?
O que seu medo é capaz de esconder?
Tantas serpentes, tão temidas. Por quê?
No desague dos sentimentos, declaro os lampejos que se desprenderam entre os minutos mais agudos dessa última tempestade. Que essas palavras te sejam alimento mesmo no mais longínquo dos perigos de atravessar.
O que te faz padecer, não é seu. Não te pertence. Não estará lá pra sempre. O que te faz desesperar foi colocado em seus pensamentos. Acordar acontece. A dor é inevitável. O sofrimento, não. Esse romantismo pode te matar. Salve a si.
Que te alcance a ousadia de criar as respostas pras perguntas de queimar. Com a mais profunda ternura, permaneço.
Sempre sua,
M.Q.
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amamaia · 2 months
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Há sempre além na primeira vez
Entre as Cheias encontro o precioso favo, sorvo o mel da Vontade. Cintila abissal a Verdade nua no Espelho das Portas Abertas, quando e onde aprendo a entoar a beleza audaciosa das frestas acesas.
Desejo dançar mais uma vez. Onda e melodia pra curar venenos idos. { A Vida é incansável elixir. }
Aprendo. Há sempre além na primeira vez. Em cada lugar alado, o sangue ergue o beijo sigilo.
Se é pra cortar sufocantes fantasias, lançar sorrisos de olhos abertos e lembrar de apostar em sonhar.
Na liberdade desperta na lâmina, o Cálice ergue véus e sussurra. Saiba-se chama e derrama. { O voo convida a mergulhar. } .xxx.
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amamaia · 6 months
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Pra estar na terra além dos delírios
Os olhos chamam.
Portentosa água viva. Fogo-barbatana na beirada do mundo sopra ruidosos mistérios de acender intento. A pele sabe o que diz. As cores têm o cheiro dos novos ritmos. Ouço os pés na Terra além dos delírios. A chave está no ímpeto de apontar distâncias e deixar-se ser o Tempo da Derrama, amar Destino afora e plantar na chuva o coração-raiz. Desejo abrir-me pra devorar o ponto que me tem marcada, inflamada pétala de conjurar respostas e incendiar as perguntas-mapas que cintilam ao som da Imperatriz. Minha Vontade é tatuada, mel enluarado da concha iluminada, sombra, breu, revolução, trilhas de girar fundura, pacto de escolher a encruza que tanto, tanto diz. Sejamos do tamanho da Aventura de criar rumo nascido da verdade-espelho que tudo traduz. Verdade é poder e Movimento, conduz, entrega, dança, lava. O horizonte se encanta, feitiço das asas de Sol e Noite. Pra chegar é preciso querer ir. .xxx.
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amamaia · 6 months
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Se o Desejo não desperta, não se cria mais caminho de voltar às raízes
Vai vingar porque assim é semente em solo fértil. Basta um resvalar de sonho pra crescer um infinito dentro do peito. Um dia eu disse que precisava abandonar o 'apenas' depois de qualquer afirmação de prazer. Agora sei que, ou se é fluxo em toda sua complexidade e magnificência, ou nenhuma fórmula adianta.
Deixar de alimentar fragmentação é tarefa tão difícil quanto real, ninguém imagina o quanto. O desafio é compreender que não há desculpas pois não há culpas e sim responsabilidades que só deveriam nascer das razões para além dos medos ou dos superestímulos artificiais.
Há questões que pertencem apenas ao nosso ser bicho-planta, partículas de Vida involucradas de tecidos e pedras que somos. Manifestamos em nossos corpos todos os elementos. Cultivamos meios pra alcançar elementais.
Digo que sou devota da Linguagem. Expresso o que vejo no Tempo, não sobre, não através, mas aquilo que aprendi a tocar com os olhos, o fio sempre contínuo que brilha quando há uma chave, uma tocha, uma paixão.
A sequência é assim. Fogo. Primeiro a gente acorda. Terra. Depois começa a rolar ladeira abaixo. Água. Se quiser caminhar por si, precisa exercitar o pousar os pés. Ar. Precisa aprender sobre círculo, sobre ciclo, rumo, prumo, sobre as equivalências de céu, chão e mar.
No começo é como se nossos olhos jamais soubessem das cores. Se não conhecemos, como saber escolher? Demora um tanto até articular os saltos entre si e criar afetos de emaranhados. Somos de tamanhos muito variados. Uma vez sustentados nas entrelinhas, o próximo passo precisa ser Dança.
Disseram que eu não poderia esfregar poesia na fuça de desavisados. Pois digo que toda arte pode revolver solo até que se reencontre memória de querer ser mundo, querer ser alimento, querer verdejar. Antes de sermos divididos por proibições, sabíamos mergulhar em adventos. Foi a Dominação quem nos tirou a graça de ser junto. A graça de sagrar.
Se o Desejo não desperta, não se cria mais caminho de voltar às raízes. É assim, sequestrando a Vontade, que nos aprisionam. A medicina para o imaginário precisa ocupar qualquer lista de imprescindíveis. Todo corpo-palavra conta. Em cada fenda no asfalto, um ramo de beleza se abre. Como lembrar de olhar?
Artistas podem curar. O Mistério é esse.
.xxx.
} Uma reflexão nascida da experiência de participar da a pré-jornada de Agroecologia da Teia dos Povos: Encontro de Fortalecimento Comunitário em Serra Grande, Uruçuca, sul da Bahia dos Mistérios. Um porto de encruza pra continuar daí.
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amamaia · 7 months
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Não há heroísmo que sustente guerrilha
Esse sistema vigente é tão podre que consegue tornar escárnio qualquer ato sagrado, motivação de mudança, respiro ao acordar. Estamos correndo na rodinha das pautas alheias quais ratos, discutindo a semântica da militância de internet, ouvindo e inspirando comandos do mestre-algoritmo, fazendo piadas de vala enquanto a morte lambe as nossas caras.
Mulheres sendo estupradas, corpos-territórios invadidos, usurpados, saqueados, dilacerados, racismo comendo no centro e geral fazendo o quê? Jogando o joguinho torpe de se fazer de saudável. Competindo no mundinho asqueroso da especulação midiática. Pleiteando o direito de ser feita de otária. Aceitando a guiança da cegueira. Atirando no próprio solo, fechando as portas da mente pros aprendizados coletivos que precisam acontecer pra avançarmos nas pautas grandiosas. Cagando regras de um suposto cânone sobre o que é fazer revolução.
Não tem ninguém saudável aqui, sobra autoilusão e vergonha alheia. Tá todo mundo quebrado, fodido, ferrado. Achar que há aplauso e louvação pra quem age pra mudar o que também é seu é muito mais que cansativo, é perigoso. Quantas pessoas cabem na sua célula? Quantas lutas você não enxerga? O que você realmente sabe sobre quem insiste em julgar? Quantas concessões são necessárias até a absoluta desradicalização? Cada qual que saiba quem é de verdade na feira da fruta.
Não há heroísmo que sustente guerrilha. Caráter só se fecha depois que se perece. Enquanto houver fôlego, precisa haver espaço pro erro porque o importante é não se aceitar vítima incurável. E a travessia jamais poderia ser fácil. Rumar interessa mais.
Não cabemos em conformidades quadradas de existências virtuais. Quer saber mais? Aceite o desafio de construir confiança no olhar de frente, cara a cara, dia a dia, comendo cada quilo de sal pra estancar as feridas. Dentro da máquina não há nada pra sentir.
Bichos-plantas que somos, precisamos de alimento. Tudo o que entra deveria ser feito pra nutrir. Experiências fundam olhares. Olhares fundam experiências. Com generosidade ou perversidade, a Vida continuará seu curso. Não tem prêmio, nem troféu. Destino é caminho. Coragem é vento. É preciso mergulhar no movimento.
• xxx
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amamaia · 8 months
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Durmo no ninho que construí com minhas armas
Quantas experiências intensas nos permeiam quando se calam as satisfações a modelos de existência pré-fabricados. O Fluxo se abre em pétalas cada vez maiores dessa flor brotando no peito cheio de faíscas de esperança formando centelhas pra aquecer pensamentos rebelados. Quando há pra onde rumar, há porque prosseguir acreditando.
Ainda assim essa paz que se oferece em sacerdócios varejistas é tão verdadeira quanto lâmpadas led fingindo ser velas acesas nas tantas capelas desse tão vasto mundo. Sem engodos. Dá medo. Cansa. Sufoca. A força se faz necessária. A Guerra que nunca se foi está mais aberta do que nunca, todas as cartas estão postas, alianças e ameaças cada vez mais nítidas, chamados brilhando forte no horizonte e se impondo em meio à proliferação de ruídos aleatórios que se sucedem.
Toda cantiga de docilização, definitivamente, é de ninar. Não mais há espaço pra dúvidas paralisantes. A essa altura já se viveu mais que antes, ou ao menos o suficiente pra não empenhar mais fervor em pautas absurdas. O estado de percepção do que vale a Vida enseja permanecermos despertas, uma vez que nos saibamos acordadas. O Sistema vai ceifando silenciosamente quem vive idílios escapistas fomentados pelos mesmos podres poderes que se imagina combater.
É preciso alcançar a nutrição ao mesmo tempo em que se atua. Somos todas as faces o tempo inteiro. Espaços seguros podem ser conjurados. A dicotomia trabalho x descanso só anima - com nossa energia vital - a lógica industrial maquinicista. Militância não deveria ser nicho de Mercado. Procurar pela folga é encontrar o bueiro que vai dar direto no esgoto da Fragmentação.
Dinheiro algum é capaz de endossar o valor de encontrar prazer na Guerra e fazer da luta o combustível pra acender-se no Caos. Durmo no ninho que construí com minhas armas. Como diria minha avó, 'descanso enquanto carrego pedra'. Quero sorrir com a faca entre os dentes. Quero ousar gozar todas as vezes. Sempre mais que. .xxx.
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amamaia · 9 months
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o Movimento precisa ser a constante ou os mapas esmaecem
Perdi a conta das vezes em que afirmei odiar surpresas mas nem é exatamente isso. O que odeio são as expectativas vazias geradas por pactos não realizados. É sempre assim, nunca o contrário. Deve ser a Lua coroando minha cabeça.
Conheço os malfadados silêncios que antecedem confissões compulsivas. Grito que não quero com meus olhos. Dizem que sombreio o semblante mas o Sim sempre está estampado em minha fronte. Vívido. Largo. Sonoro. É absurdo de tão explícito. E sempre estará do mesmo modo. Minhas águas são acesas desde o ventre. Só não vê quem não quer.
Sei que atravessei muitos mundos até aqui e mais e mais minhas pernas esticam e meu corpo padece quando estagnado. O Movimento precisa ser a constante ou os mapas esmaecem. Não há como sobreviver de outra forma.
E nesse alinhamento sempre em paradoxo-espiral, há de se fazer de cada martírio um aprendizado. Selar o caminho adoecido. Continuar. Pra frente. Sempre.
.xxx.
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amamaia · 9 months
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feitiço do bote
A Lua coroa minha cabeça.
Na Encruza, um laço brilha. O Bote. Assim, ambivalente, abrindo Tempo no beijo santo entre Vontade e Justiça.
A mais distante poesia chega aos olhos e à boca. Um sorriso certeiro invade o centro do peito. Somos vivas. Divindades manifestas no singrar de Desejo.
'O que sinto é o que sou'. Lembro.
Fazer de Agosto um portal de horizontes. Fechar ciclos de trabalhos soprados pra dar lugar às Visões. Ancorar o barco pra mirar no além do mar. Unir as pontas.
Traço um riscado e o feitiço sai pela garganta em brasa.
Diz assim.
Deixar o corpo deslizar no amanhã que abraça a Sorte lançada.
O que há de ficar Há de vingar.
O que for de ser Há de viver.
Giro.
.xxx.
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amamaia · 9 months
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Mulheres também são estupradas depois do Sim
O tempo passa. O Sistema avança. Quando foi mesmo a última urgência que deixamos passar? Amortizadas. Seguindo a cantilena da docilização em suas cores arco-íris de paz e bem em tela quadrada. Até a próxima galada na cara. Até a próxima invasão.
Violência é consequência? E a nascente, onde está? É preciso lembrar de não esquecer. A espera nos leva de enxurrada. A sociedade não é consumista por acaso. O que estamos tentando resolver? Medo? Culpa? Carências? Vingança? Desamparo? Desespero?
E a cura, onde virá? Na pasteurização da favela? Nas fadas-fantasias europeias? No Jeová que se assume Deusa? Na cerveja importada das redomas da vida? Na competição nossa de cada dia? No paredão do mete estaca no rabetão? Na tarja preta ao alcance da mão? Na eterna e sagrada negação?
Mulheres também são estupradas depois do sim.
Até quando viveremos de dor em dor, como vítimas de ricos laboratórios, fingindo não saber das consciências sequestradas, virando a cara pras vontades aprisionadas? Alguém lembra que tem boca pra falar? Pra aprender? Pra libertar?
Boceta ainda é lugar de fala?
E quantas estão sendo estupradas agora?
E aquelas que te servem na luz da Nova Era com a marca da porrada na cara? E onde estão as cicatrizes que você não vê? E o som dos silêncios atados em cabrestos? E os maridões desconstruidões plantando sementes cristal em úteros privados?
Quem cuida de você? Quem ouve o significado do seu Não? O que você não quer fazer? O que você não quer que façam com você?
E o que já fizeram? Pra onde foi a sua dor? Qual o consentimento que dá conta de fazer sumir as marcas da força que já estão aí? Por quantas sessões você ainda vai aguentar sozinha a solidão das multidões?
Não, não. Sim, sim. Certo. E daí? Estamos dizendo pra quem ouvir? Quem se importa? Sem enganos. Quem ainda não sentiu, saiba. Sua hora já está marcada. E se não agirmos agora, esse dia vai chegar. Saiba o tamanho de sua voz. Deseje ampliar. Há perguntas a fazer antes. Durante. Depois.
Desde o primeiro encontro, sempre estivemos em Guerra.
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amamaia · 9 months
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Suas demônias te ensinam a pensar
Suas demônias te ensinam a pensar. No fim dos contos e das contas, quando a última luz se apaga na solidão do cotidiano, quem ousa ficar? Por mais bem elaborada que seja a máscara, haverá a hora de tirar. Não somos funções. Não somos predeterminações. Comportamentos são transformáveis. Dores são dissolvíveis. É preciso saber-se veneno e cura. Beijar cicatrizes que traçam mapas do coração. Desnudar-se pra mergulhar na lição do Sol. .xxx.
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amamaia · 11 months
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É tudo você
Talvez aquilo que te atrase não pare nunca até que você dê a devida atenção. Talvez seja preciso voltar, segurar com as mãos e levar de volta ao lugar de onde não deveria ter saído ou ainda, ao novo lugar que não é mais junto a você. Esse processo de devolução, por mais dispendioso que possa parecer, nunca te atrasará mais do que já faz agora. Não há um acontecimento cataclísmico ou uma figura heroiesca no próximo capítulo. Quem está escrevendo a história é você. É tudo você. .xxx.
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amamaia · 1 year
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Desde sempre a Lua me amou
É tempo de reinvenções, de compreender novamente os rumos, aprender com generosidade, paciência e Fé, disso todas sabemos. Nova era se descortina, ainda nebulosa e angustiante, mas prenhe de Vida.
Minha existência só tem sentido e ganha cor quando sei do Chamado que respondo com ardor em ações e intenções. No velho mundo, aquele que pra trás ficou, entendi que tentei com muito afinco me fragmentar pra conquistar o que, sinceramente, eu não sei. Mas passou. Deixa estar. Cá estou. Acontece que, de todos os sussurros do Sutil pra que eu enxergasse algo que me alinhasse e me fizesse inteira e em pé, a Lua vence de pronto, ganha disparada na frente. Mente e coração. Herança, presente e devoção. Sacerdócio e labor. Eu sou da Lua. Filha, cúmplice, irmã. Coroa minha cabeça, gira minha essência. A Lua me movimenta e me faz divina. Lembro da primeira vez que entendi não estar só. Era noite e Ela me olhava salgar lágrimas. Eu a ouvi me dizer sem palavras que eu tinha voz. Mesmo ali, no mais escuro da alma, houve o alento, o santuário, o refúgio. A Lua me amou desde sempre e, mesmo quando o mundo me negou verdade, Ela nunca me deixou. Lá eu guardo os meus segredos e aprendo a dividir. A Lua é de todas nós. Sei disso tanto quanto sou Água. Não se nega. E nesse Agora-Travessia, andarei com Ela e todas vós. Falarei da Lua e das descobertas e das sinceridades perdidas. Aprenderei convosco e seremos mais. Seremos Voz.
.xxx.
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amamaia · 1 year
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O Capitalismo não pode ser algoz e conselheiro ao mesmo tempo
Eu selvagem? Sacrifício? Divino feminino? Quem disse? Quem determinou? Quem te disse o significado do que você sente? Você acreditou? Acreditou por quê? O que é sagrado pra você?
Algumas indagações andam norteando meu olhar nos últimos tempos.
Vejo, ouço, leio muito determinismo oportunista disfarçado de pensamento descoladão. Ninguém nasce iconoclasta, torna-se. leva tempo e porquês. Maneiristas e imitadores desconhecem territórios que sangram.
Vejo moças machucadas, mutiladas emocionalmente, abrindo portas no espírito sem saber como fechar, por que abrir, o que fazer, pra onde rumar.
A fome dos consumistas é infinita.
Orgulho e paranoia são faces da mesma desgraça.
O Capitalismo não pode ser algoz e conselheiro ao mesmo tempo.
Decidam-se.
.xxx.
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amamaia · 1 year
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Lampejo na Feitura
Trabalho é medicina forte. Propósito é iluminador de trilha. Caminho se faz no enquanto. Gosto de saber amar a Vida.
.xxx.
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