Tumgik
apolmihel · 3 years
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Confiança, 25 de setembro de 2021.
Confiança é como um pote de geleia de vidro.
Se você não prestar atenção, ele desliza e cai.
Quebrando em diversos pedaços.
E não adianta tentar juntar, já está tudo quebrado.
Então você varre todos os pedacinhos espalhados pelo chão, e são tantos que você faz esse processo várias e várias vezes.
E cada vez que você varre aparece um novo pedaço de vidro quebrado.
E talvez você se preocupa se vai se cortar com algum deles.
Então ande com cuidado para não se cortar.
Confiança é frágil, cada um lida de um jeito diferente.
E mesmo que você tome remédios para isso,
é impossível confiar depois que um dia o pote foi quebrado.
E você gostava tanto daquele pote na sua estante,
ele guardava sua concha e era cheio de adesivos.
Mas agora se foi e não tem como te-lo de volta.
So indo atrás de um novo, e talvez na próxima vez você tenha mais cuidado para que ele não se quebre.
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apolmihel · 3 years
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Pensamentos são como o vento. 23 de agosto de 2021.
Sinto que meus pensamentos são como vento.
Tão abstratos.
Difíceis de por em palavras.
E eu tento os explicar, já gaguejando e me perdendo no meu próprio discurso.
Meus pensamentos são como água que escapa das minhas mãos.
São como as moedas da sortes que afudaram nas fontes depois serem jogadas por alguém que fez um desejo.
Eu consigo sentir-los como formas, que seriam difíceis de se encaixarem em algum lugar por serem tão inexplicáveis.
Tente pensar tanto até olhar pra estrelas no teto e pensar mais ainda.
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apolmihel · 3 years
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Tem alguém na janela, 22 de junho de 2021.
E do outro lado da rua eu avistei alguém sentado na sacada da janela.
Era eu.
Avistei os cantos de parede iluminados pelo sol da tarde.
E as árvores altas do vizinho.
A antena parabólica, os inúmeros fios, os tênis secando na outra janela.
Os pombos e outros pássaros voando e cantando.
Os ônibus de uma parada a outra.
Caminhões e carros.
As plantas que nascem do chão.
As vozes das pessoas vivendo suas vidas.
Senti o vento.
O vento que fazia a cortina da janela ir de um lado pro outro.
Tenho medo de alguém me avistar de verdade, o que será que iriam pensar.
Mas vale a pena estar aqui.
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apolmihel · 3 years
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Eu queria ser você, 21 de junho de 2021.
Eu tenho raiva de você.
Porque sua vida é uma vida que eu sempre quis ter mas nunca vou conseguir.
Porque eu não sou que nem você, nem sou que nem as pessoas que vivem que nem você.
Eu queria ser você, ou queria ser que nem as pessoas que vivem ao seu lado.
Queria rir das coisas vocês riem, fazer as coisas que vocês fazem, se divertir do jeito que vocês se divertem.
Sim eu tenho inveja, me desculpe por me sentir assim.
Mas eu não posso evitar de querer ser você.
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apolmihel · 3 years
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Guardo segredos, 19 de junho de 2021.
Desde que nasci sempre fui bom em guardar segredos.
Não que eu quisesse guardar, mas quando você vive em um lugar que te impõe tantas ideias e esperam tanto de você, você acaba, sem querer ou não, guardando muita coisa.
Ai você guarda esses segredos, abraça eles com ódio ou tristeza.
Guarda no fundo da memória.
Na caixa de estrelas.
De baixo de todos os livros empilhados na estante.
De baixo das caixas de fósforo e dos papéis do passado.
Dos álbuns de foto.
E de vez em quando, quando você mexe nas suas lembranças, você relembra mais uma vez desse segredo.
Que te persegue constantemente ou te abraça no final de noite.
Segredos, no final do dia também continuam sendo segredos.
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apolmihel · 3 years
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Como é habitar minha pele, 18 de junho de 2021.
As vezes imagino como seria que por um momento alguém, que não fosse eu, habitasse o meu corpo.
Ele veria com os meus olhos.
Escutaria com meus ouvidos.
Falaria com minha boca.
Tocaria com o meu tato.
Andaria com os meus pés.
Iria olhar no espelho e se ver como eu.
E pensar como eu.
E ter tudo que eu tenho.
Inclusive os medos.
Inclusive minha sombra.
Inclusive as felicidades e as lembranças.
Como seria alguém habitar na minha na pele.
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apolmihel · 3 years
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O Vazio, 18 de junho de 2021.
O vazio é como se você não comesse por horas e devesse comer, mas apesar disso você não sente fome.
Ele é um sentimento profundo que não existe.
Mas o sentimos.
O vazio está nos ônibus sem ninguém, indo para lugar nenhum.
Está nas lojas sem consumidores.
Nas casas abandonadas.
Até nas casas mais cheias.
Está nas folhas arrancadas dos cadernos antigos.
Está nas multidões.
E em ruas que passam tanta gente que muitos se esbarram, e pendem desculpa, ou não, porque tem gente sem tempo ou sem educação.
Ele está nos olhos.
Nos pedidos de ajuda não falados.
Na boca de quem fala e quem não fala.
O vazio é como um poço profundo.
Tão profundo que você passa horas caindo, e parece que você nunca vai parar de cair.
O vazio está quando você está na lua sozinho e olha para a terra, isso era emocionante antes, mas agora que você viu tanto, é só vazio.
O vazio está em cada canto de parede, esperando um novo ser para habitar.
E talvez em um dia como qualquer outro, você olhe no espelho e esqueça que ele em algum momento esteve ali.
Esse é o vazio.
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apolmihel · 3 years
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Você me odeia ou estou pensando demais?
Você secretamente deve me odiar.
Só porque eu sou tão diferente das outras pessoas na sua vida.
Acho que você secretamente me odeia, e isso está me consumindo.
Você deve olhar para o teto e se perguntar como ainda me aguenta.
Porque eu sou tão boa pra você, que você não acredita como eu ainda estou aqui.
Será que você me odeia porque, diferente dos outros, eu te entendo?
E quando você acorda e vê minha mensagem, você se cansa só de pensar em me responder?
Então eu acho que hora de ir.
Mas você me aguenta porque não tem mais ninguém.
Só eu, porque diferente dos outros, eu to aqui.
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apolmihel · 3 years
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Obcessão do avesso, 23 de maio de 2021.
Acho que pensar demais sobre algo deveria ser pecado nos dez mandamentos.
Esses pensamentos são como os barulhos que os relógios fazem quando está tudo quieto.
Isso é uma obcessão do avesso.
Eu estou cansado de falar sobre a mesma coisa,
mas estou escrevendo sobre isso de novo.
Isso é um deja vu.
Não é como se eu pudesse falar: vai embora.
Queria.
Eu queria mandar isso embora, bem pra longe de mim, pra eu me reaproximar dos meus pensamentos reais.
Pelo menos antes eu podia pensar sem ter medo.
Eu quero meu eu de volta.
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apolmihel · 3 years
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Eu sou curioso demais pra realidade, 22 de maio de 2021.
Eu nasci numa quarta feira de lua crescente.
Lá do céu viram meu destino.
Até hoje não consigo acreditar em nada,
ou desacreditar de nada.
Como se tudo realmente existesse, mas também não.
As vezes eu queria conhecer todas as pessoas que existem no mundo.
Aprender todas as línguas que já existiram.
Aprender toda a história do universo.
Ter todo o conhecimento existente.
Viver a vida de todas as pessoas que já viveram e ainda não viveram.
Visitar todos os planetas, satélites e galáxias.
Viajar na velocidade da luz.
Entrar em um buraco negro.
Visitar cada canto do universo observável e além disso.
As vezes eu queria fazer todas as coisas humanamente possíveis e impossíveis.
Na verdade eu não acredito tanto no impossível, mas como eu disse, eu não acredito em nada.
Queria fazer tudo só pra saber como é.
Atualmente a única coisa que eu faço é admirar a luz que bate na antena parabólica da casa do lado.
Mas isso não significa que eu não tenha sonhos.
Acho que por muito tempo eu não fazia nada por medo.
Mas agora o meu medo é não fazer nada,
então eu faço tudo possível.
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apolmihel · 3 years
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Eu cansei de fugir, 22 de maio de 2021.
Acho que nasci pensando demais, não lembro de um momento da minha vida onde eu simplesmente não pensava nas consequências.
Pensar demais, minha maldição.
Em algum momento essa característica me favoreceu, eu refleti sobre tudo ao meu redor.
Me favoreceu até eu perceber a realidade.
Até eu perceber o fim.
Aquilo que ninguém deveria pensar.
Desde então eu estou fugindo.
Me sinto em uma briga com o relógio.
Não aceito a realidade.
Estou me revoltando contra ela em silêncio.
Eu parei de olhar pro céu da mesma forma que eu via antes.
Eu parei de fazer escolhas da mesma forma que eu fazia antes.
E não é como se eu pudesse voltar.
Eu não posso.
Será que eu vou lidar com isso pra sempre?
As vezes parace que sim, como se meu medo fosse infinito.
Agora eu tenho medo de tudo.
Eu estou fugindo dos meus pensamentos
Tenho medo até de pensar.
Até parei de escrever.
Isso não é jeito de viver.
Estou tentando seguir em frente.
Eu cansei de fugir.
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apolmihel · 3 years
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O céu que me disse, 6 de maio de 2021.
Sabe, esses dias eu estava olhando para o céu.
E no fundo dos seus olhos eu vi palavras.
Não consigo guarda-las para mim.
Só pra mim.
Talvez seja egoísta da minha parte,
ou talvez minha vida se vá, e ninguém no mundo saberá.
Que egoísta da minha parte.
Quando o céu me disse aquelas palavras,
eu retornei a me olhar no espelho e me dizer a verdade.
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apolmihel · 3 years
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Fim, 5 de abril de 2021.
O início é fácil, tudo é belo e tudo soa como poesia.
O meio é profundo, desenvolvo, aprofundo cada vez mais.
Mas o final...
O final me empanca.
O final é conclusivo, porque ele tem que ser como um círculo, redondo.
Tenho que falar tudo que eu já falei, mas em uma frase pequena decisiva, como se eu tivesse alguma conclusão para tudo que eu já fiz.
Precisa ser impactante, como frases de efeito em filmes de ação.
Finais, em geral, são muito difíceis.
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apolmihel · 3 years
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Confusões familiares, 4 de abril de 2021.
Quando você liga o microondas, você não deixa ele esperando até explodir.
De um lado para o outro você espera.
Ansiedade.
Antecipados, alguns correm no último segundo.
Alguns com medo nem ligam.
Já eu espero fazer barulho para agir.
Odeio o barulho e a repetição, sinceramente, mas não sou o tipo de pessoa que faz algo antes de dar algum problema.
Mas também não espero explodir como alguns, não espero que façam tanto barulho até que ninguém aguente mais.
Quando o microondas zumbir você corre para não explodir.
"Por favor parem de zumbir" eu disse.
Por favor não os deixem explodir.
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apolmihel · 3 years
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Singular, 30 de março de 2021.
Queria poder te dizer que sou singular.
Mas sou tão plural, que as vezes me confundo com todos meus pedaços.
Singulares, olha e olha e decide, opinião certa, sólido.
Plural, olha e olha, vi tudo e todos, não sei onde estou nessa régua de decisões.
Ser plural é ter tantas opiniões, mas não ter pontuações.
Tantos olhares que não consegue ver seu olhar.
Tantas versões que considera todos, menos você.
Considerar todos os furos de roteiro,
tocas de coelho.
Ser plural, contém mais de um.
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apolmihel · 3 years
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Dia que eu comprei um cacto, 30 de março de 2021.
Estou lembrando daqueles dias que eu amei viver.
Tipo o dia que eu fui de metrô até o centro.
Chegando lá, andei no meio das feirinhas.
No sol quente, como dizem.
Nós íamos assistir um filme no cinema antigo da minha cidade.
A fila estava enorme, e uma das minhas parentes ficou lá.
E nós fomos para uma feirinha de plantas que tinha do lado.
Nossa, mas como eu fiquei empolgado, decidi que ia comprar um cacto.
Fui no cinema, e depois do filme saí quase as pressas para feirinha.
Estava quase fechando, e eu comprei um cacto.
Era um cacto pera, que tinha uma forma de coração em cima.
Depois a gente andou de volta, bem na rua das feirinhas, esperando outros parentes.
Eu me sentei em um batente, estava tentando decidir o nome do meu cacto.
Minha tia explicou alguma coisa que não se podia fazer naquele local com relação a comércio, mas tinha várias pessoas fazendo.
Fomos no mercado, e depois até o metrô, eu me sentei nos bancos, observei as pessoas.
Entramos no metrô, e passei todo percurso pensando no nome do cacto.
No final decidi, e foi o fim daquele dia.
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apolmihel · 3 years
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Lugar geográfico, 29 de março de 2021.
Acho que quase todos possuem seus lugares no mundo.
Minha professora falou que lugar na geografia é um espaço dotado de significados particulares e relações humanas.
E eu, particularmente, posso ser uma pessoa muito privada as vezes, não falava muito quando estava viajando de carro.
Um tempo atrás eu comecei a prestar atenção nos lugares, mais do que eu já prestava.
Eu agora abraço os lugares ao meu redor como se eles fossem meus, minhas segundas casas.
Eu me animo tanto quando vejo um novo lugar.
Por exemplo, um dia que eu vi um prédio enorme, e bem no topo dele tinha um relógio, meu prédio favorito no mundo até então, mostrei ele pra todos que estavam no carro.
Ou quando eu tirei duas fotos, uma de um grafite de uns insetos na avenida, e a outra quando estava dentro de um prédio, a vista da janela era linda e eu quis tirar foto da cidade.
Nessas duas fotos o mesmo prédio apareceu, agora figuradamente falando, ele é meu.
Assim como os grafites espalhados pela cidade, eu já adotei tantos.
Dos grafites políticos aos desenhos belos e estranhos.
Dos prédios com formas diferentes que eu tento entender.
Toda vez que eu olho pra eles eu me sinto cada vez mais próxima, esse é meu lugar no mundo.
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