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diariodella · 1 year
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Leitores Betas
Resolvi transformar meus poemas em um livro e para isso preciso de leitores betas para saber se os poemas estão bons, se existe algo que possa ser melhorado ou se algum dos poemas deveria ser retirado. 
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diariodella · 1 year
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Ruptura
A primeira ruptura no eu frágil criado pela infância se instaurou em mim vindo de meu irmão e seu constante hábito de fugir de qualquer lugar por essas folhas brancas e amareladas que me ensinaram tanto sobre universos e amores imensuráveis. Amores esses que se enraiaram em meu coração e sussurraram-me sentenças assim como faziam os anjos que caem nos romances sombrios que aquela velha e já esquecida amiga de adolescência me incentivava a escrever.
A segunda vez que ouvi aquele barulho estranho de algo quebrando dentro de mim eu já estava mais velha e as certezas (aquelas pequenas bruxas demonicamente fúteis) já começavam a enraizar em meu coração como grandes roseiras desenhadas na beirada de provas e livros, enquanto tudo que minha mente conseguia buscar eram as novas formas de concentrar mais de meu tempo nas séries de televisão e nas conversas com os amigos de escola que hoje em dia já nem sei mais com que se parecem. Foi naquele tempo em que pensei saber de mim mais do que qualquer outra pessoa e manifestava (sem vergonha ou qualquer pudor) meu eu mais chamativo e infantil, que aprendi a olhar mais para as estrelas e mentir menos para mim mesma. Tudo que meu eu havia aprendido estava lentamente caindo no chão enquanto eu caminhava para o escuro da minha auto aceitação.
O momento que senti que meu ego já nem existia em mim eu estava no fundo do mar escuro e sangrento, naquele mesmo lugar onde o universo esqueceu os dinossauros, pedindo implorando para que qualquer pessoa pudesse ver por detrás dos poemas doloridos e me estendesse a mão… Quando joguei meu ego no lugar mais lamacento daquele fundo de poço eu arrastei-me da forma mais degradante que alguém poderia fazer para poder voltar para os braços que eu desejei sempre estar, os meus próprios.
Eu não tinha mais ego, quando a chuva caia forte em minhas costas e o espelho, quebrado no chão, apenas servia-me de um retrato infiel daquelas memórias mais doces – eu segurei com força meu próprio abraço e me busquei no fim da estrada. Pedaço por pedaço minúsculo meu eu mais interno surgiu devagar. Como devagar nasce uma flor num campo primaveril.
Foi inevitável a felicidade solitária que me banhou quando percebi que eu estava novamente ali. Cicatrizada, bonita e reconstruída em minha forma mais confortável, minha forma mais verdadeiramente original. Por vezes um pedaço do ego ainda cai, ferido pela sociedade… noutras ele racha, atormentado pelas memórias… mas, agora eu sei como concertar cada uma dessas pequenas falhas e transformar elas para nunca mais me deixar cair tão fundo no mar tempestuoso que banha nossa vida.
Me sinto indo para longe… sempre longe de tudo que já fui e que já conheci…. Por isso eu guardo as memórias e, também, um pouco de cada um daqueles que caminham comigo para que assim eles sempre estejam caminhando comigo para sempre. Presos entre o ser e o não ser de minha alma mais que espectral.
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diariodella · 1 year
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No meio da noite
Meu coração, essa criatura vil e volátil, bate forte e apressado em meio peito pequeno e insignificante, enquanto o tiquetaquear do relógio ressoa em todo o meu ser… e as horas (esses seres imaculados) vão sempre para frente e jamais para trás.
Mas nunca é para frente rápido demais. É sempre devagar. Sempre lentamente. Como um monstro brincando com uma presa muito fraca. E eloquentemente rindo daquele desespero animalesco. E fazendo-a enlouquecer. Implorar para que fosse mais rápido. Mas… ele nunca vai mais rápido. Caminha sempre devagar..
Um
Dois
Três
Meu coração, tolo e trêmulo, bate cada vez mais e mais rápido em um tumtumtum ensurdecedor que afastou as visitas e, também, os pequenos filhotes resgatados de mim. E as horas… passam cada vez mais lentas…
Tic
Tac
Tic
Tac
Tic
Tac
A ansiedade, companheira de data muito longa, consome cada vez mais os meus desprotegidos dias, mas as horas (pequenas bruxas espectrais) vão ficando cada segundo mais longas e parece que o tempo não passa.
E eu fico ali… no meio do caminho entre a lentidão das horas e a rapidez do meu coração.
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diariodella · 2 years
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Você e eu
Faz agora um longo tempo desde a primeira vez que te vi. Você me olhou como se tudo tivesse valido a pena (o que era esse tudo, eu nunca saberei) e eu te olhei como se só você existisse para mim (meu lugar seguro para sempre). Eu sei que teve outro antes de mim e que depois de mim seguiu-se mais uma para te partir em três, mas, naquele pequeno momento em que nos vimos pela primeira vez sempre será apenas você e eu.
E depois do primeiro olhar vieram, então, tantas outras primeiras vezes entre nós que nem sei por onde começar a lembrar… teve a primeira vez que te chamei desesperada, com medo de que você fosse embora e me abandonasse sozinha nesse planeta inóspito que tu insistes em chamar de lar. Teve, também, aquele primeiro passo vacilante em tua direção, onde meu medo de cair só era superado pelo teu entusiasmo genuíno em me ver andar até ti. Teve, um pouco depois, uma porção de cartas mal escritas, desenhos mal feitos e rimas desbotadas que você só gostou porque seu amor independia de meu talento não lapidado… Teve vários outros momentos em que o mundo ficava de lado e nos tornávamos apenas você e eu.
Então, os anos passaram e nosso ‘você e eu’ foram ficando mais raros… medrosos… distantes… foram tempos difíceis em busca de algo voltado tanto para o ‘eu’ que esqueci de contar que você (com natais fora de época, apoio incondicional, experimentos gastronômicos estranhos e risonhos, aquela mão que me dava força em meio a cada doença, aquelas piadas ruins, a canção de ninar que me acalentava durante a febre, a palavra que me impulsionava mais para frente…) ainda era meu lugar seguro para sempre. Quando olho para trás eu percebo o quanto esqueci de te mostrar a importância que tinha em minha vida e em minha formação como a pessoa que fui e que serei, e, me arrependo de não ter sabido contar para a pessoa que me assistiu dançar mal e cantar desafinadamente naquele palco mal decorado e escuro por 10 minutos (acredite em mim isso é MUITO tempo…) que era ela e só ela para sempre.
Quando entendi que independente da queda do mundo era tu quem me acolheria eu sinto que perdi um longo tempo longe… mas tu me acolheste de braços abertos e me ofereceu tua mais sincera amizade enquanto caminhávamos fazendo planos para todos os lugares que queremos conhecer (de motorhome ou a pé) e todos os bares nos quais queremos beber até termos mais e mais histórias para contar. Entendi que independe de entender-me ou não, tu lutou e luta cada uma das batalhas ao meu lado… obrigada por tentar entender minhas escolhas tortas e certas. Ao teu lado eu sou feliz.
Faz agora um longo tempo desde a primeira vez que te vi e anseio que falte um tempo mais longo ainda para a última, e, espero que nesse intervalo ainda existam muitos momentos em que sejam apenas você e eu… (moldando e transformando nossos corações por meio de emoções coloridas)
Te amo mais que tudo que existe em mim. Obrigada por nunca ter desistido ou ido embora e que o tudo seja realmente Tudo... minha mãe.
(03.05.22)
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diariodella · 2 years
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Num pedaço caído de Sol
Sinto meu corpo estagnar na beira daquela estrada fria e bem iluminada.
Os carros passam velozes por mim, sem nunca oferecer um aceno se quer.
Sempre cheios demais… sempre atrasados… sempre sem tempo para nada…
É o que escrevem naqueles letreiros brilhantes e coloridos que ficam em cima de suas cabeças.
Recostada, sozinha, naquele ponto de ônibus, não os julgo nem por um instante
(mesmo que por vezes tenha vontade de fazê-lo)
Sei o quanto aquela estrada é estressante…
Uma van passa por mim e ouço um trovão ao longe.
Fecho os olhos tentando lembrar-me aquele mantra que aquela garotinha me ensinou
Durante a tempestade devastadora de anos atrás…
Mas,
Só consigo me recordar daquele sorrisinho de esquilo que ela sempre tinha para mim…
Arrependo-me da lembrança na mesma hora que o relâmpago ilumina o céu.
Digo a mim mesma que foi a muitas chuvas atrás…
Balanço a cabeça e olho a estrada com seus carros brilhantes
Espero quele fusca azulado que me oferecerá uma carona aconchegante
E me levará até a próxima estrada mais a frente.
Enquanto espero, vejo alguns carros que já andei passarem por mim
Sem oferecerem nenhum sinal de reconhecimento.
Meu corpo tenta rejeitar a sensação de abandono que abarca meu peito.
E tento me convencer que quem pulou do carro fui eu.
Que não posso agir como se tivesse sido o cachorro abandonado na mudança…
Ou eu fui?
(uma voz sussurrava confusa contra meu ouvido)
Nego com a cabeça qualquer outro comentário e questionamento…
A culpa (se é que existe) sempre ficará sem dono naquelas estradas passadas …
Sinto a chuva se aproximar cada vez mais veloz.
Me pergunto se sou eu quem deveria pedir carona
Ou esperar esse tal carro “encantado” me oferecer uma.
Balanço minhas pernas nervosas
Com medo de que parem de funcionar de algum modo bizarro
Paranoica
Cutuco uma pedra e a vejo rolar até os carros
Que a ignoram como se não a vissem.
Eu deveria esperar ou pedir carona?
Finalmente alguns carros…
ao ver que a chuva se aproximar violenta
… param oferecendo carona.
Nenhum é um fusca de cor azul…
Mas, sou sempre educada, sem dizer diretamente ‘não’ as suas gentilezas
… mas…
sinto-me decepcionada com minhas próprias expectativas.
Demoro a decidir e alguns vão embora...
Decepcionados em suas próprias expectativas sobre mim.
Por fim
(relutante e temerosa)
Aceito a carona de uma lambreta amarela e engraçada.
Era incrivelmente desengonçada
E quase derrubou as três pessoas que carregava clandestinamente.
Mas, ela foi
(de todas as outras)
Minha carona mais memorável.
 (26/04/2022)
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diariodella · 2 years
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Eclipse Solar
Puxei aquele seu chapel rosa escuro para frente do meu rosto, bloqueando os raios de sol que insistiam em buscar-me como alento às suas desorientações. Sorri enquanto observava seus cabelos voarem junto ao vento (bloqueando, vez ou outra, sua visão de si mesma) e me recostei na porta velha enquanto uma banda de rock alternativo vazava pelas janelas baixas do fusca alugado que você insistiu que deveríamos pegar… Da mesma forma que insistiu para dirigi-lo até ali… Eu deveria ter previsto que péssima (excelente) ideia seria.
Gargalhei quando tropeçou numa raiz qualquer e abracei meu corpo, protegendo-me do vento frio daquele amanhecer que brincava por entre os campos levando o aroma das flores daquele lugar esquecido pelos deuses do destino nunca pronunciado ao templo da mais bela senhora da lua! Ouvi você chamar meu nome e levantei o rosto enquanto acenava, minha mão de repente trêmula com a magnitude de tua presença.
De costa para as cores quentes do sol nascente, com os braços abertos em um coração torto e um sorriso claro como o sol que nascia (e bem mais bonito). Senti que tua presença iluminava meus olhos escuros e fazia meu coração tremular de um amor fraternal e puro nunca antes pronunciado. Seu vestido azul clarinho estava repleto de margaridas brancas lembrando-me um estranho céu estrelado, com inspiração puxei o celular da bolsa jogada no banco e gritei seu nome como uma provocação a qualquer coisa que usava. O dedo do meio e o all star sujo de lama ornamentaram a foto onde escrevi (muitas noites mais tarde) o título desse poema.
Joguei o celular de volta para dentro do carro e me desfiz de qualquer outra parte do mundo que não você, a qual continuou dançando no meio do campo enlameado naquela manhã fria onde batemos aquele carro velho num salgueiro nada lutador e onde tudo que eu conseguia pensar era que eu já não era uma garota perdida pela terra do nunca… Eu havia me encontrado por entre os tortuosos caminhos da vida e a Lua era realmente minha melhor amiga.
Ouvi sua voz ao longe, reproduzindo aquela canção chiclete que concordávamos ser horrível — mas — que não saia de nossa cabeça, enquanto se perdia cada vez mais em sua própria beleza e magnitude.
Suspirei feliz.
Acho que a lua nunca mais vai se esconder do sol.
(17/03/2022)
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diariodella · 2 years
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Brontide
O universo parecia (finalmente) silencioso e calmo, como o céu azul e sem nuvens antes da tempestade avassaladora (a qual, provavelmente, receberia um bonito e chamativo nome de mulher). Segurei com força a caneca alaranjada e apoiei-me na janela alta, ouvindo o som baixo de um trovão distante vibrar por entre as árvores frondosas como um uivo desapegado que destruiria tudo em segundos. Sei que em algum lugar do quarto fechado meu celular tocava insistentemente, mas, me neguei a sucumbi a realidade pelos próximos longos minutos.
A parte assustadora da resposta é que ela vai gerar mudança independente da variação que ela tome. Suspirei consternada e deixei que o silêncio se estendesse por tudo, como uma manta bonita que se estira na varanda para aproveitar aquele sentimento gostoso do calor do sol no inverno. O café (quente e sem açúcar) esquentou meu corpo enquanto eu tentava manter minha mente presa apenas nas cores distantes da tempestade acastanhada que manchava o horizonte.
Todas as decisões nunca tomadas se acumulavam por entre os goles amargos do meu café, enquanto observo você correr atrapalhada do uber até o prédio, ou melhor, enquanto vejo o cachorro da casa vizinha latir uma saudação ao passo que você acariciava as orelhas dele (mesmo sabendo que o atraso pode te deixar encharcada). Desvio meus olhos para os longínquos trovões, desejando (como fez Peter Pan ao ir para a terra do nunca) viajar para luares distantes e nunca mais me preocupar com nada que possa, minimamente, tirar-me de minha dourada paz infantil dos sonhos.
Quando a tempestade (finalmente) caiu, uma espécie de alívio e medo tomou conta de todo meu corpo. Saí de perto da janela alta e andei lentamente até o quarto, os trovões estavam alto demais para serem ignorados e a agitada tempestade escorreu para dentro de minha mente, revirando minha sanidade e me trazendo de volta à realidade – lugar assustador, sombrio e escuro. Acendi a lâmpada amarela, a qual já pedi tantas vezes para ser trocada, e, enfim, atendi o incansável celular.
Acho que em algum momento todos tem de sucumbir a vida adulta… mesmo que ela seja seu pior pesadelo.
(19/02/2022)
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diariodella · 2 years
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Trigéssimo primeiro encontro
Foi saindo daquele bar à meia-noite que entendi a forma como meu coração (criatura vil e ardilosa) se esgueirou por aquele proibido jardim ederiano e acomodou-se junto as mortas flores de róseo cristal, como uma criatura dócil e de fácil domesticação em tuas mãos.
Assustada como um felino preso em uma armadilha, me segurei no corrimão molhado e, como uma fervorosa defensora do “eu”, tentei impedi-lo e repreendê-lo (como vi tantas vezes fazer minha mãe comigo), mas, tudo em mim já havia se evadido por entre o azul do teu líquido destino, transformando-me em algo preso entre a paixão e o medo.
Com medo que eu caísse por conta da bebida, você segurou minha cintura sem se quer cogitar a ideia de que uma parte de mim já havia vestido a armadura reluzente e valentemente guerreava com aqueles demônios sujos que se prendiam contra tua alma amarelada para, dessa forma, ganhar espaço em teu coração maltratado.
Fechei meus olhos e, como uma desastrada, naufraguei sem rumo em meio ao esverdeado mar de minhas próprias lágrimas, questionando todos os caminhos – com receio que todos me levassem ao passado e a aquela indescritível dor que ainda me atormentava nas sextas-feiras calmas e nas manhãs de segunda muito felizes.
Você chamou meu nome de forma preocupada e eu, como uma criança, me segurei medrosamente contra minha solidão sem cor, apenas para, assim que abrisse os olhos (como se nenhum questionamento tormentoso tivesse afligido meu corpo fraco), perder-me de forma (in)experiente em teus coloridos desejos que faziam cócegas contra o meu âmago mais sofrido.
Sem perceber um sorriso de canto já tomava conta de minha boca como um tolo, meu corpo vagando mais uma vez por teus campos roxos – (re)marcando teu nome em minha memória esquecida – como se nunca tivesse saído de lá, enquanto você arrancava sem saber todos aqueles avermelhados cadeados de minha mais ingênua e pura felicidade e descobria, em meio a uma explosão de cores, um eu nunca antes descrito.
(15/02/22)
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diariodella · 2 years
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Abissal
A primeira vez que te vi estávamos na beira de um abismo alto, o qual eu havia escalado com as mãos nuas e me esforçado verdadeiramente para superá-lo a cada novo passo. Sentamos naquele sofá antigo onde você me contou sua jornada e conversamos por horas enquanto me neguei a olhar para baixo, com medo que o fundo me trouxesse vertigens e a tontura me fizesse cair mais uma vez.
No fim daquela tarde nós nos beijamos fervorosamente e eu me detive a olhar apenas para cima, contemplando o brilho das estrelas distantes e planejando aquele futuro que nunca teremos. Quando a manhã nascia sonolenta, você me empurrou lá de cima com as mãos espalmadas em meu peito e um sorriso doce nos lábios, como se não percebesse que me matava devagar naquela queda infinita.
Mas, já me machuquei o suficiente para saber que a queda não me mataria daquela vez e que (mais uma vez) eu teria de escalar aquele precipício com as mãos nuas, preparando meu peito para mais um daqueles empurrões delicadamente macios e cheios de sorrisos esperançosos, como se a minha queda pudesse lhes entregar um par de asas que eu não poderia ver.
Desde a primeira vez que te vi eu deveria ter ido embora…
(12/02/2022)
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diariodella · 2 years
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Finalmente o encontrei
Foi parada (no meio do quarto mal iluminado por mais um final de tarde escuro) que senti pela primeira vez as mão do Destino acariciarem meu corpo, gelado como uma cobra e forte como um soco bem dado na parte alta de meu estômago. Uma longa lágrima rolou por meu rosto e um soluço choroso deixou meus lábios de forma sofrida. Tampei minha boca e me neguei a deixar que qualquer outra pessoa soubesse daquela certeza que me apavorava.
EU tenho um sonho.
Ainda trêmula, sentei-me na beirada da cama e agarrei-me aquele presente como se ele fosse uma boia de salvação. Mordi meus lábios para conter meu choro cada momento mais alto, reflexo do medo atormentante de que minha paixão não fosse o suficiente para fazê-lo sobreviver ao desassossego da vida real e a todos os nãos, noites de choro e “idas ao lixo” que o mundo ainda nos presentearia ao longo do tempo.
Eu TENHO um sonho.
Gargalhei surpresa, feliz comigo mesma ao entender a certeza que eu finalmente tinha em minhas próprias mãos a bússola certa para o caminho que eu deseja trilhar para sempre. Larguei um pouquinho o aperto e proferi um ‘obrigado’ de forma baixa, só para ele ouvir e, dessa forma, entender que ele era tudo que eu tinha buscado por toda a minha vida.
Eu tenho UM SONHO.
Olhando para o teto mal iluminado eu não sabia se ria ou chorava. As mãos contra o peito e o ar gelado entrando pela janela em toda a grandeza daquela segunda-feira chuvosa de fevereiro (onde o baque das gotas contra o prédio alaranjado simulava o furacão dentro de meu peito) me fazia questionar cada pequeno passo que dei ou darei. O medo de não conseguir me tirando o ar e fazendo meus ombros tremerem ansiosos enquanto uma onda elétrica me felicitava pela certeza a muito perdida e pedida a grande lua.
Eu (finalmente) tinha o meu próprio sonho.
(12/02/2022)
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diariodella · 2 years
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... eu sei
Parei em meio aquela escura encruzilhada esquecida, o choro engatado na garganta. Meu peito subindo e descendo dolorosamente, como se nunca mais fosse conseguir respirar corretamente. Eu havia fugido por tanto tempo e, independente de todas as escolhas que (não) fiz, não havia mais para onde fugir. O Tempo me exigindo sua resposta mais sincera sobre aquele assunto qualquer que eu ainda não tinha me entendido.
Coloquei a mão contra a garganta, arranhado a pele como se pudesse criar uma válvula de escape para toda aquela dor engarrafa que me vendiam como milagroso remédio celestial e solucei de um irracional medo sem nome. Senti meus joelhos vacilarem e meu corpo pender para frente, prestes a atingir o chão, mas – com sobressalto – afastei todas as mãos estendidas em apoio, sem me importar com os ferimentos posteriores. Tampei os ouvidos, sujando-os de sangue e recusando-me a ouvir qualquer outra dor que não a minha própria – esquecida e negligenciada pelo barulho cego da de tantos outros.
Todos os caminhos, brilhantes e enlameados, exigiam-me respostas que eu não poderia dar e o choro (minha companhia mais antiga e irracional) engatou com mais força em minha garganta, como se ele próprio sofresse os tormentos da indecisão que emudece a alma e deixa sem resposta todas aquelas valorosas perguntas de milhões que o Destino não poderia mais responder sozinho. Olhei para todos os lados em busca de qualquer coisa que pudesse me guiar em meio a neblina, entretanto apenas os passos distante de cada pessoa seguindo seu caminho enchia meus ouvidos.
Perguntei baixinho se era a única parada naquela encruzilhada indecisa, mas nunca obtive uma resposta que pudesse calar os rios tormentosos de minha própria alma e não haviam mais formas de enganar o Destino e apenas seguir em frente sem me preocupar com a aventura final. Entretanto, em algum momento da caminhada a Vida (cruel e indiferente) exige coisas que não sei como dar ou, apesar de tentar desesperadamente, responder corretamente… se é que a resposta correta existiu em algum momento do mundo.
Respirei ainda mais forte, a pressão (amiga cruel de longa data) esmagou meu coração contra o chão frio da consciência e um grito rosnou dentro de minha cabeça dolorida. Eu nunca soube exatamente o que deveria fazer, nunca tive uma grande inspiração que me guiasse para o caminho certo ou… ignorei todas as que tive, engavetando-as em caixas coloridas que etiquetei com o nome de hobbies.
Queria poder pensar que ninguém sabe o que fazer, até ser tarde demais e então, de uma forma triste e melancólica, …
(06/02/2022)
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diariodella · 2 years
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Você ainda se lembra?
Sinto o ônibus mover-se pelas ruas silenciosas enquanto sorrio para uma mariposa azulada que voo do meu lado da janela suja. Você fala alguma piada que não entendo, mas sorrio para você porque gosto da forma como seus olhos brilham sempre que me veem sorrir. Olhamos para o celular pela décima vez e tentamos entender o mapa daquela cidade estranha na qual não nascemos. Uma procissão de pessoas caladas sobe e desce nos olhando atravessado enquanto você finge não se importar com todo aquele julgamento.
Descemos na última parada e quase nos perdemos na multidão (e não foi a última vez no dia). Você segura firme minhas mãos porque entende meu medo de multidões e eu fingo não senti-lo enquanto saltito como um bebê gazela pelas próximas três ruas, comprando todas aquelas coisas que você acha inútil e que nunca usarei em nenhuma ocasião.
Vagamos de rua em rua.
Quando dei por mim estamos com as bolsas (minhas bolsas) cheias de livros (todos meus) e o rosto sujo do último sebo encontrado no porão de uma casa suspeita e cheia de abomináveis aracnoideos. Sorrio para toda aquela aventura e te chamo para dançar em meio ao começo de tarde, você entoa que sou louca com aquela voz repleta de ternura e sei que independente das roupas chamativas, da voz alta, do cabelo curto, da capacidade de sempre me achar a dona da razão e do humor flutuante que sempre afasta todos os outros menos você (e minha mãe, mas ela jurou permanecer ao meu lado independente de qualquer uma de minhas maluquices desde o dia em que nasci – irritada e sem vontade de ver ninguém), você vai continuar me amando no final do dia.
Quando voltamos ao ponto de ônibus eu peço, sorridentemente, que me cozinhe alguma comida estranha que você nunca ouviu falar e você concorda prontamente em meio a minha risada alta. Seus amigos consomem o restante do nosso dia em meio a brincadeiras e planos de dominação mundial e no fim tomamos aquela tequila forte que alguém esqueceu na bancada da cozinha, reviramos os olhos uma para a outra e nos beijamos até esquecer como nos conhecemos tantos anos atrás.
(29/01/2022)
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diariodella · 2 years
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Três da manhã de uma quarta-feira fria
Sento na beirada da cama e olho a janela escurecida pela chuva com um sorriso impregnado na boca. Uma parte de mim me manda ir embora, arrumar minhas coisas e nunca mais olhar para trás… Nunca mais olhar para ti. Suspiro baixo para não te acordar, enquanto minhas mãos involuntariamente se inclinam em direção aos seus cabelos bagunçados e desmancham os nós de forma carinhosa.
Queria saber o que me carrega de volta ao teu peito sempre que consigo me afastar de ti e viver a minha vida daquele jeito monótono que só os diários cinzentos conseguem contar. Queria pegar minhas malas, arrumar com tudo que é importante e ir embora para alguma cidade fria cujo o nome me lembra uma música adolescente idiota que eu costumava cantar nos shows de rock que íamos escondidas.
Respiro fundo e fecho os olhos, seu perfume adocicado me lembram os jardins de Luxemburgo e tudo que consigo pensar é em voltar para cama para te abarca a cintura e deixar que os dias passem, apenas para poder cantar para você num domingo a tarde aquela música que servirá só para te dizer, em todas as línguas que aprendemos juntas, que te amo mais do que a literatura poderia explicar.
Queria entender, primeiramente, o que é amor e por que ele faz minhas pernas bambearem de uma emoção que não sei explicar se é paixão ou medo. Queria poder ter a certeza, como só existe nas comédias românticas que você me obriga a ver, que é amor mesmo e não uma ilusão qualquer que me obriguei a ter.
Vou até a cozinha e tomo um copo de água gelada, segurando a bancada quando o frio faz doer meus dentes sensíveis. Aquela sensação consome meu corpo e me faz duvidar de meus próprios sentimentos e de todas as minhas emoções. Suspiro antes de voltar para a cama, deixando o copo com água em algum lugar pela bancada. Abraço seu corpo com calma, meus olhos observando as gotas que batem contra a janela.
Queria te dar a verdade inegável de meus sentimentos por ti e poder te contar que existe certeza em tudo que sinto… Queria que a ansiedade pudesse deixar minha mente em paz pelo menos uma vez…
(13/12/2021)
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diariodella · 2 years
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Frenesi
O gatilho estoura, abafado por algum carro que passou apressado por mim e nem se quer notou minha presença no mundo. Fico parada por alguns instantes enquanto a calma tempestade se alastra por meu peito pálido e, então, o mundo estoura em um torpor frenético que faz meu coração tremer contra as costelas enfraquecidas.
Tudo ganha teor de urgência e cada mínimo detalhe se torna mais importante de que minha própria vida. Inicialmente não percebo, mas, começo a me mover como se cada uma de minhas atividades pudessem me matar se eu de repente a deixasse pela metade. Paro para tomar um pouco de água e meu pensamento não consegue desligar, lembrando-me que falhei em terminar alguma sequência de palavras que não tem importância para ninguém.
Sinto como se nunca mais fosse conseguir respirar. Como se o peso em meu peito nunca mais fosse embora. Como se minhas costelas fossem ficar cada vez menor e menor e menor e menor até não ter espaço para meu coração bater mais. Olho para o pacote de biscoito aberto e não consumido enquanto passo a mão pelos braços, como se isso pudesse impedir a sensação de agonia que invade minha pele de pinicar a minha alma.
Tento me livrar daquela alergia mental que me invade sempre sem aviso aos começos de manhã escuros ou aos fins de tarde claros. Entretanto, nada que eu faça me livra daquele frenesi que me arranca o sono. E então… Como se nunca tivesse estado lá, ele vai embora levando todo e qualquer sentimento que eu possa ter. Deixando-me em um vazio arrogante que não me permite viver pelas próximas 24 horas.
(09/12/2021)
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diariodella · 2 years
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Indecisão
Preparei um bolo ruim para combinar com a chuva cinza que batia contra a janela fria. Seus livros ainda compunham a estante da entrada a espera de que alguém os pegasse e os retirassem daquela solidão azul. Recostei-me contra o metal opaco da mesa barata que te convenci a comprar naquela promoção de garagem. Tudo parecia me convencer a não partir, mas, já havia arrumado a mala para sair as sete, naquele horário propício para conversas de uma vida inteira.
O relógio tiquetaqueava uma canção composta pelo próprio tempo e desejei ser capaz de tomar a decisão certa pelo menos uma vez. Ouvi o vento derrubar algo na sala e me questionei se me importava com as perdas, afinal eu estava em pé naquele desconfortável salto alto branco mesmo após viver a vida com aquele amargo gosto que fica depois que a ausência já não é uma pergunta e sim a resposta.
Retirei a pulseira colorida de meu braço e passei a mão por meus cabelos novamente compridos. Tudo parecia possibilidade quando eu não fazia ideia de que pergunta fazer. Meu coração apertou contra aquela malha escura e ouvi a voz rouca de meu cantor favorito chamar-me para atender. Fechei os olhos por instantes que parecem eternos e odiei toda aquela indecisão e medo.
Atendi o telefone enquanto batia os saltos até a sala pintada de rosa desbotado e juntava o porta retrato quebrado daquele chão de madeira antiga. Senti meu dedo abrir-se em corte e cancelei todas as conversas. Meu corpo deslizou até o chão e, pela primeira vez em minha existência, questionei os deuses sobre direções e destinos.
(03/12/2021)
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diariodella · 2 years
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Nos vemos as seis?
Um dia eu te chamo para um café e te conto sobre a vontade que eu tenho de segurar teu rosto e beijar tua boca como se fosse a primeira que beijei em toda minha vida.
Te ofereço um pouco de açúcar enquanto te explico sobre todos os dias que fiquei olhando para a janela do meu quarto desejando poder te ligar para conversarmos o restante da noite.
Talvez um pouco de leite enquanto tento colocar em palavras minha covardia em não conseguir definir o que sentia e acabar por deixar tudo ir para um local que nem sei dizer qual é.
Talvez tu prefiras um chá enquanto conto que entender que te amo foi um processo lento e complicado, pois tudo que eu queria era negar que me apaixonei por ti desde a primeira vez que te vi naquela tarde quente na qual suas mãos esbarraram na minha com tanto costume.
Ou quem sabe um chocolate quente, o qual nos console enquanto sou sincera com meu próprio coração e te digo que mesmo tantos anos depois eu ainda não me acostumei com a ideia de que tu foste o maior amor de minha vida e que te perderei por covardia.
Talvez tu fiques com a água, modo mais fácil de engolir todas as cartas nunca entregues, os poemas nunca assinados e as declarações completamente queimadas.
Bolo para acompanhar, enquanto explico que deixei tudo morrer em mim com medo da realidade quebrar tudo aquilo que eu havia criado de ti?
Talvez tu prefiras aquele biscoito, o qual já estamos acostumadas a comer todas as tardes, e ria junto comigo da paixão enlouquecida que conto como se fosse uma piada qualquer.
Ou, se tivermos muito azar, talvez você aceite apenas o café preto e sem açúcar, no qual você espera que o amargor ajude a digerir a nossa falta de coragem em admitir que éramos duas garotas apaixonadas com medo demais para aceitar o amor.
(09/08/2021)
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diariodella · 2 years
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Te encontrei
Não sei nomear o barulho das ondas, mas é ele que enche meus ouvidos todas as vezes que penso em ti. Lembro dos teus pés dançando na areia, as cores se derramando do sol que se punha e a sua risada melodiosa compondo aquela inebriante música sirena.
Não sei nomear o que sinto, pois, os deuses ainda não deram nome a essa pureza de sentimentos que você compôs na minha alma. É um querer de bem-querer, um amar de bem-amado, um desejo de querer ser desejado. É aquela sensação de paz de uma vida toda, a tempestade em um arco-íris e o começo de um novo fim.
Não sei como te chamar, porquê ainda não consegui explicar aos céus a forma como tua luz equivale àquela explosão de cores que forma um universo completamente novo em meio a escuridão. Entretanto, sei onde começa. No teu sorriso. Teu sorriso cria estrelas, planetas, nebulosas, asteroides e borboletas dentro do meu coração.
Não sei como te explicar que te ver naquele fim de tarde me salvou. O mundo estava ruindo dentro de mim, sufocando a pessoa que um dia fui e abrindo um buraco negro no meio do meu estômago, mas, teus olhos sorridentes me encararam e eu aceitei sua mão para bailar em meio aquela tempestade de cores recém-descobertas.
E, de todos os outros não saber, não sei como te explicar que te amar foi a decisão mais bonita que já principiei em mim.
(22/07/2021)
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