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franciscoalves-blog · 7 years

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Instituto de Educação Xavier Aguiar

Era um garotinho calmo, sempre quieto, do tipo que quando se torna adolescente, sofre bullying e é rotulado de nerd. Tinha seus oito anos, mas não gostava de jogar bola. Por ser filho único, tinha se acostumado a entreter-se sozinho (claro que para isso teve auxílio da profissão dos seus pais). Apesar de morar com os seus progenitores, sentia muitas saudades, e mesmo sendo consumido pela tristeza gerada pela solidão não deixava a ferida transparecer. Seu pai fazia o tipo muito sério, de poucas palavras, sempre carrancudo. Sr. Fabiano não cultivava amizades, e só mantinha contato com sua parentela por insistência dos mesmos. Empresário reconhecido do ramo imobiliário, nunca teve tempo para o seu filho. Sra. Márcia, sempre compelida por sentimentos feministas, era muito ansiosa, proativa, e liderava com vigor a diretoria da escola de ensino fundamental e médio de cuja qual também era dona. Gustavo tão jovem já carregava o fardo de um suicida. A rotina, que tinha sido saturada de atividades extra-curriculares pelos pais o ajudava a esquecer um pouco os sentimentos consternadores. A pior hora do dia era a hora de ir dormir. Até pegar no sono pensamentos funestos o atormentavam. Quando levantava, tomava banho, vestia o uniforme escolar, tomava café sozinho e seguia com o motorista para a escola que levava o seu sobre nome: Instituto de Educação Xavier Aguiar. Apesar de ser o filho da diretora e dona da escola em que estudava, o seu único colega não o sabia. Mas um dia, que se parecia com todos os outros, chato e sem graça, uma situação pavorosa entrou em rota de colisão com a rotina de Gustavo, e o atingiu em cheio! Durante o trajeto para a escola, um veículo preto fechou o carro que levava o menino para a escola, obrigando o motorista a freiar brusca-mente. O corpo do garoto, obedecendo a lei da inércia, continuou o movimento, que foi impedido pelo cinto de segurança. Três homens encapuzados e armados saíram do carro e atiraram na cabeça do motorista que ainda gritava: - GUSTAVO FOG... Com o rosto salpicado de sangue, o garoto permaneceu inerte enquanto um dos homens o carregava de um carro para o outro. Dentro do conforto climático fornecido pelo ar condicionado, sr. Fabiano estava sentado ao computador quando sua secretária entrou em sua sala para entregar-lhe algumas correspondências. Entre os envelopes brancos ele encontrou um envelope pardo que chamou sua atenção, pois não tinha carimbos nem remetente. Ao abrir encontrou uma carta escrita com letras recortadas de revistas que dizia: -"Estamos com seu filho. Só queremos R$ 8.000.000,00 reais. Se colaborar será tudo muito rápido simples e seguro. ligue para 9968-3311 para receber as instruções e não envolva a polícia." Ele sentiu medo, raiva, angustia, e após 5 segundos de uma erupção de emoções, os sentimentos que prevaleceram foram o orgulho e a indignação. O homem ligou para o número da carta e ouviu uma voz distorcida dizer: -"Coloque todo o dinheiro em uma valize e leve para a estação de trem próxima a sua empresa ás 15 horas de hoje. Coloque-a entre as lixeiras da coleta seletiva ao lado do memorial e vá embora! Não envolva a polícia e seu filho chegará a sua casa inteiro à noite." Sem dizer mais nada o sequestrador desligou. Para o azar de Gustavo seu pai era dono de um ego maior que um elefante africano. O empresário mais do que imediatamente ligou para a polícia, e depois mandou que sua secretária avisasse sua esposa dos acontecimentos. Quando sra. Márcia chegou ao escritório do seu marido, a policia já lhe colocava escutas e o dava instruções. A sua esposa apertou-lhe a mão com lágrimas nos olhos e perguntou-lhe: -"Tem certeza?" Ele, sério e sem mudar a expressão acenou que sim com a cabeça. Na hora ordenada pelo sequestrador o sr. Fabiano colocou a valize onde havia sido dito e saiu caminhando. Os policiais que estavam disfarçados e espalhados por toda a estação o observavam, enquanto ele se afastava, ao mesmo tempo que tentavam detectar alguém com atitude suspeita. Mas mal sabiam eles que em frente ao memorial, em um café, trabalhava disfarçado já a uma semana um dos sequestradores. Quando um dos policiais que se passava por civil lhe pediu um café expresso, o jovem rapaz notou a escuta. Ele ligou para o comparsa que ainda estava do lado de fora da estação esperando para buscar a valize e o avisou da presença dos policiais. Este ligou para o local do cativeiro e ao terminar de falar ouviu o som ensurdecedor do disparo de uma arma de fogo. Sr. Fabiano que já estava em sua sala recebeu uma ligação, e a equipe de investigadores que compartilhavam o recinto com ele, a esposa e uma leva de equipamentos eletrônicos extra, colocaram-se a postos para rastrear a ligação. Mas foi em vão. Ao atender o telefone com a autorização do detetive ele ouviu: -"Você se ferrou!" Minutos depois a polícia recebeu um chamado da escola Instituto de Educação Xavier Aquiar. O corpo de uma criança que aparentava ter oito anos havia sido jogado de um carro grande e preto na frente do portão de saída dos alunos, justamente na hora em que os pais vinham buscar seus filhos. Um dos alunos reconheceu o corpo como sendo de uma criança que estudava naquela escola.

#conto #bullying #sequestro #violência

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