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#- como diriam os brasileiros
tessaduarte · 1 year
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Entretenimento, consumo e publicidade: Uma breve história sobre como as emoções se tornaram mercadorias
Eloisa Oliveira, Carolina da Silva, Geovanna de Souza Pedra, Luana Facchini
21 dezembro 2022
Por que as pessoas vão ao cinema? Aos parques de diversão? Você já se perguntou o que te leva a procurar por um entretenimento que te faça sair do conforto, como, por exemplo, os filmes de ação ou de romance que mostram brigas, mortes, paixões avassaladoras — mas que possuem um final feliz —, assim como montanhas-russas que causam vertigem e frios na barriga, mas você tem a certeza de que o carrinho vai parar em segurança no final dos trilhos? 
Muitos diriam que gostam desse tipo de entretenimento por conta dos sentimentos atribuídos a essas esferas do divertimento, que os tiram da sua realidade por alguns momentos. Essa resposta tem uma relação interessante com a criação do cinema e das montanhas-russas, que datam do final do século XIX e início do século XX, sendo criações conhecidas por revolucionar o modo como o ser humano se entretém. Tal assunto foi estudado mais profundamente pelo escritor e historiador brasileiro Nicolau Sevcenko, em seu livro “A corrida para o século XXI: O looping da montanha-russa”.
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Os irmãos franceses August e Louis Lumière, considerados os inventores do cinema.
O surgimento da Indústria do Entretenimento
Entre as décadas de 1880 e 1890, quando a sociedade ainda estava vivendo o auge da Segunda Revolução Industrial, surgiram respectivamente a montanha-russa e o cinema, graças ao desenvolvimento da eletricidade. Em sua obra, Sevcenko afirma que, se a alta sociedade estava acostumada com formas de se entreter tradicionalmente, como por meio das óperas, teatros e salões de arte, agora surge uma nova forma de lazer que compete com essa, voltada principalmente para a população em massa que saíram das zonas rurais para viverem nas grandes metrópoles, a fim de trabalharem como operários em grandes fábricas industriais.
O surgimento de grandes empreendimentos, como o Steeplechase Park (nos EUA), em 1897, um parque que associava em um mesmo ambiente vários cinemas e uma enorme montanha-russa, ofereceu aos trabalhadores uma diversão barata que se tornou comum em seus fins de semana. Desse modo, segundo o autor, estabelecimentos comerciais como esse chegavam a receber milhares de pessoas toda semana, o que levou a indústria a ter o seu crescimento e fortuna abastados, à base da exploração do vício das massas pelas emoções baratas, proporcionando um entretenimento cheio de vertigens e sensações de euforia para o maior público possível, pelo menor preço.
Além disso, segundo o escritor francês Guy Debord, em seu livro “A sociedade do espetáculo” — citado pela autor Nicolau Sevcenko —, a indústria do entretenimento se esforça por compensar o extremo empobrecimento da vida social, cultural e emocional da classe operária, fazendo as pessoas celebrarem permanentemente as mercadorias, saudadas como espetáculo. Tal qual, a indústria cinematográfica, especialmente a norte-americana, permaneceu — e permanece, na atualidade — continuamente influenciando a visão de mundo das pessoas, visto que essas se espelham nos astros de cinema, almejando a vida dos personagens nos grandes telões e consumindo tudo aquilo que é implicitamente anunciado nos filmes por meio da representação de produtos consumidos pelos atores, como por exemplo, um personagem tomando uma Coca-Cola, utilizando roupas e sapatos de marcas como a Nike ou até mesmo o celular que possuem.
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Centenas de pessoas esperando na entrada do Steeplechase Park. 1904, New York City, EUA.
Consumo e publicidade na contemporaneidade
Algo como um hedonismo cultural foi observado pelo editor da revista Vanity Fair, de Nova York — citado na obra de Sevcenko —, isto é, um estado de espírito tomava conta da civilização industrial de “uma crescente devoção ao prazer, à felicidade, à dança, ao esporte, às delícias do país, ao riso e à todas as formas de alegria”. Similarmente, na atualidade, evidencia-se também uma busca pelo prazer e satisfação pessoal, na qual o consumo e a publicidade estão intrinsecamente ligados a tal busca.
Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, defende a ideia de que as relações sociais são baseadas no consumo, isto é, a humanidade vive em uma sociedade do consumo reforçada pela força e alcance das redes sociais. Em tempos modernos, nos quais o meio virtual tem maior dominação mundial, o consumismo é fortalecido ainda mais, principalmente devido à publicidade e da facilidade no ato de comprar online — defende o professor e doutor em direito civil Felipe Comarela Milanez, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
As redes sociais possuem um alcance mundial espantoso, facilitando a propagação de produtos e bens materiais. Segundo dados coletados pela World Internet Stats, 70% dos brasileiros que possuem acesso às redes sociais afirmam ter uma conta no Instagram, sendo que 48% afirmam já terem comprado algum produto que conheceram através da rede. Tal qual, outras mídias sociais como o Tik Tok e plataformas como o YouTube também são grandes influenciadoras no mercado, conforme outros dados apresentados na imagem abaixo.
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Assim como antigamente o cinema fazia sucesso e influenciava o modo como as pessoas consumiam, atualmente, os serviços de streaming (a tecnologia de transmissão de conteúdo online que permite assistir filmes e séries, e até mesmo ouvir músicas) fazem o trabalho, apesar de o cinema ainda ser muito popular e influente. 
A Netflix, por exemplo, plataforma pioneira e líder no mercado (citada na imagem acima), possui um impacto massivo no mercado ao ponto de provocar mudanças no modo como a mercadoria é percebida pelos consumidores. Os streamings possuem uma entrega de conteúdo e publicidade muito maior do que a da indústria cinematográfica durante a civilização industrial, usufruindo de áreas do marketing para influenciar os telespectadores a consumir certos produtos.
O “Marketing Indireto” ou “Marketing Invisível”, muito utilizado na indústria, é uma forma sutil de divulgação de mercadorias, visto que o produto é apresentado discretamente em um conteúdo, no caso, apresentado em filmes, séries e vídeos. Desse modo, o consumidor não percebe a propaganda que está sendo feita, por isso não sabe que é influenciado. Com a era da informação, essa publicidade presente na indústria cinematográfica é ainda mais divulgada com a existência das redes sociais, por exemplo, os vídeos curtos no TikTok que propagam os conteúdos de streaming e consequentemente seus produtos.
Em vista disso, o consumo e a publicidade na contemporaneidade estão correlacionados com os avanços tecnológicos da nossa era, permitindo que as pessoas consumam aquilo que as satisfaz e as trazem felicidade momentânea, colaborando com a busca do ser humano por prazer através do consumo de mercadorias.
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ventimomenti · 1 year
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Meus livros favoritos dos últimos dois anos (2019-20)
Geralmente essa lista é anual, mas 2019 e 2020 foram muito atípicos — o primeiro especialmente para mim; o segundo para todos nós — , então tomei a liberdade de fazer esse compilado abrangendo um período um pouco maior, já que nesses dois últimos anos a vida (rsrs) me fez uma leitora meio medíocre (alguns diriam que foi uma pausa justa) e eu não conseguiria dar corpo ao texto se fosse falar do que li em um ano só. Nunca li tão pouco na década. Apesar de tudo, algumas leituras significativas me/se salvaram nesse período e viraram Favoritas da Vida — como sempre, elas não falham. Foram sete ao todo e vale a pena falar delas, sem nenhuma ordem de preferência (desculpa pelo textão e não desiste de mim).
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Carcereiros — Drauzio Varella
Esse foi o primeiro livro que li escrito pelo médico favorito do Brasil, mas não será o único, porque Drauzio tem tanto domínio e fluidez ao transitar pelas palavras quanto esbanja competência atuando na área de saúde há décadas. Livre de nomenclaturas e jargões, não se pode dizer que esse é um livro de divulgação científica como eu esperava a princípio porque a proposta do Drauzio não é falar sobre medicina, e sim sobre pessoas; é um livro escrito sobre e para gente como a gente. Aqui ele fala das amizades e histórias que viveu com diversos agentes penitenciários do sistema prisional de São Paulo, mais especificamente no Carandiru, onde atuou como médico voluntário de 1989 a 2002, ano em que a instituição foi desativada. Muito conhecido por Estação Carandiru (1999)(preciso ler!!!), obra-prima que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, e que ganhou uma adaptação cinematográfica (2003) nas mãos do diretor Hector Babenco mostrando o cotidiano dos prisioneiros no local que hoje é símbolo da marginalização dessas populações, em Carcereiros Drauzio nos faz ver o mesmo ambiente através de outro ângulo, o dos funcionários, pessoas livres mas que passavam seus dias inteiros dentro do presídio. Esse livro mostra como as dores podem ser diferentes, mas estão em todos os cantos, e é impossível estar inteiramente bem se quem está ao meu lado padece, porque a desigualdade é um mal que se alastra.
‘’Estava tão envolvido com aquele universo, que abrir mão dele significava admitir passar o resto da existência no convívio exclusivo com pessoas da mesma classe social e com valores semelhantes aos meus, sem a oportunidade de me deparar com o contraditório, com o avesso da vida que levo, com a face mais indigna da desigualdade social, sem ouvir histórias que não passariam pela cabeça do ficcionista mais criativo, sem conhecer a ralé desprezível que a sociedade finge não existir, a escória humana que compõe a legião de perdedores que um dia imaginou realizar seus anseios pela via do crime, e acabou enjaulada num presídio brasileiro.’’
Por Todos os Continentes — Roberto Menna Barreto
Todo ano (em que não tá rolando, sei lá, uma pandemia) eu vou à Feira do Livro de POA com uma amiga e tenho o ritual pessoal de comprar pelo menos um livro do qual eu nunca tenha ouvido falar antes, pra sair da minha zona de conforto literária e conhecer coisas novas, quem sabe me surpreender. Por Todos os Continentes foi adquirido assim (o tema de viagem me fisgou de cara) e virou favorito. Roberto Menna Barreto foi um empresário e escritor que colaborou com diversas publicações brasileiras e rodou MUITO mundo afora, visitando mais de oitenta países ao longo dos seis continentes, sobre os quais escreveu em suas colunas, como um diário de viagem. Esse livro compila vários desses textos e outros do acervo pessoal do autor, um aventureiro inveterado, contando sobre suas andanças, conhecendo as riquezas materiais e imateriais de vários povos, observando costumes e refletindo conosco sobre diversos assuntos inspirado pela variedade cultural com que se deparava em cada canto que visitava. É um livro denso (não é uma leitura das mais fluídas, mas isso não é defeito aqui) e muito interessante. Ele virou um favorito porque a leitura acabou se transformando numa experiência muito pessoal, já que o li de forma bem espaçada (acho mesmo que é a maneira ‘’certa’’ de ler esse livro, episodicamente) durante um ano inteiro, coisa que eu nunca faço, e ele me acompanhou em diversos cenários (trabalho, passeios, ônibus, salas de espera em hospitais, banco de praça, aqui e ali), meio como minha própria viagem, e olhando em retrospecto lembro de várias fases da minha vida (porque 2019 foi algo) pelas quais passei enquanto acompanhava Roberto andando pela Índia, Alemanha, Berlim Ocidental... Lembro de pensar em muitos momentos que esse é o tipo de livro que eu gostaria de escrever, e quando acabei a última página e descobri que o autor faleceu em 2015 fiquei triste como se tivesse perdido um conhecido.
‘’Toda volta é sempre mais problemática do que a ida, por que será?’’
A Revolução dos Bichos — George Orwell
Eu não esperava ser tão marcada por um livrinho curto de cento e poucas páginas, mesmo depois de ter lido Orwell da biblioteca do colégio no ensino médio e achado incrível, então não deixei de me surpreender quando fui descobrir por mim mesma por que esse livro está sempre ao lado de 1984 (outro favorito) como magnum opus do autor. Mesmo que já dispense apresentações, A Revolução dos Bichos nos mostra uma fazenda onde os animais tomam o controle e se voltam contra seus algozes humanos, reorganizando a dinâmica do local de modo que todos desfrutem dos benefícios da propriedade; mas logo os porcos (sugestivo) se colocam no alto da hierarquia, promovendo injustiças e subjugando os outros animais, o que desencadeia uma sequência de tragédias. É um enredo comicamente simples que satirizou a ditadura stalinista e sua decadência (alguns porquinhos representam claramente figuras específicas como Stálin e Trotsky), e que se tornou uma obra atemporal como crítica alegórica a projetos políticos que sucumbem às fraquezas humanas e corroem a vida em sociedade através do autoritarismo. Alguma pessoa muito mais sagaz cujo nome desconheço e a quem não vou poder atribuir os créditos já fez uma síntese da fábula dizendo que ‘’de certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens’’, e é uma frase boa demais pra eu deixar de parafrasear. A Revolução dos Bichos é um livro fluidíssimo que li em dois dias no trabalho porque você voa pelas páginas se compadecendo com as desgraças do cavalo, do pato e da galinha pensando que eles já foram, são e ainda serão pessoas como você em algum lugar, talvez aqui, quem sabe hoje.
‘’O resultado da pregação de doutrinas totalitaristas é o enfraquecimento do instinto graças ao qual as pessoas sabem o que representa ou não um perigo.’’
Anna Kariênina — Tolstói
Esse livro foi o primeiro russo que li e escolhi logo um calhamaço de mais de oitocentas páginas porque tenho tara por livro grande e queria mergulhar de cabeça; nada melhor pra começar conhecendo a literatura de lá do que um dramalhão de família cheio de amores proibidos e gente infeliz. :) O livro tem como pano de fundo a Rússia czarista e nos apresenta vários núcleos de personagens, tanto que é difícil definir um protagonista (sabe-se, inclusive, que Tolstói cogitou dar à obra o nome das duas cidades russas que mais ambientalizam o enredo, São Petersburgo e Moscou), mas Anna Kariênina é uma aristocrata casada que se envolve num relacionamento extraconjugal com Vronski, um oficial da cavalaria, e vive o drama de escolher viver suas vontades pessoais em oposição a manter a aceitação da alta sociedade, ambiente em que desfruta de status, riqueza e admiração, mas se sente vazia e infeliz. Em paralelo, também acompanhamos Liévin, um misantropo inconvertível que tem dinheiro, terras e posses mas nunca se encaixou nos rolês e vive solitário e isolado em eterna (são quase mil páginas rsrs) desilusão amorosa, apaixonado por Kitty, que por sua vez é a fim do Vronsky, aquele que tem um caso com a Anna do título. E é esse todo mundo vai sofrer aí mesmo, rs. Mais do que os (des)amores dos personagens, essa história se consagrou graças à ambiguidade de todos eles; não há heróis nem vilões, e sim pessoas complexas que não cabem em rótulos, como é na realidade — ou deveria ser. Esse livro é uma baita novela, me acompanhou na mala em duas viagens (nada prático, não recomendo, ele é um tijolo; mas também pensei que seria minha única chance no ano de lê-lo de uma vez) e passou as férias inteiras comigo, mas nem assim fiquei satisfeita com o tempo que passamos juntos, e digo pra quem pergunta (ou não) que ele é tudo que você espera de um drama de mais de oitocentas páginas. Anna Kariênina é um livro que terminei há menos de um ano e já quero reler.
‘’ — Entenda bem — disse ele — , isso não é amor. Eu já estive apaixonado, mas isso não é a mesma coisa. Não se trata de um sentimento meu, mas de uma força exterior que se apoderou de mim. Veja, eu fugi porque decidi que tal coisa não poderia acontecer, entende, como uma felicidade que não pode existir na Terra; mas lutei contra mim mesmo e vejo que sem isso não existe vida.’’
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher — Svetlana Aleksiévitch
Ganhei esse livro e outros mimos de presente de uma amiga e quando abri o pacote gritei de alegria, porque desde que li e favoritei Vozes de Tchernóbil em 2017, da mesma autora, não tinha nenhum outro livro no mundo que eu queria mais do que esse e ela acertou muito na escolha. Svetlana é uma jornalista ucraniana e ganhadora do Nobel de Literatura em 2015, internacionalmente consagrada por seus livros-reportagem onde ela retrata momentos históricos já amplamente divulgados e discutidos mas às vezes de forma unilateral, coisa que ela procura reparar em suas obras expondo ângulos pouco ou nada explorados, e muito intimistas, através das vozes de protagonistas e sujeitos históricos que vivenciaram esses episódios. Reunindo relatos e delineando lembranças pessoais alheias, ela recompõe uma teia de histórias verídicas construída ao longo de anos de pesquisa e conversa incansável. Em A Guerra Não Tem Rosto de Mulher ela entrevista dezenas de mulheres soviéticas que integraram o exército vermelho lutando contra o nazismo na II Guerra Mundial, seja nas trincheiras, nas estradas, como enfermeiras, cozinheiras, atiradoras, telefonistas que cuidavam da comunicação das tropas ou onde quer que fossem aceitas (o que nem sempre era o caso), elas eram voluntárias. Naturalmente, também temos aqui um forte recorte de gênero evidenciando o apagamento da atuação das mulheres na guerra, e aqui o título do livro é perfeito; a guerra não tem rosto de mulher porque a imagem delas é a última coisa que nos vem à mente quando pensamos nesses eventos, ‘’mulheres não vão à guerra’’. Mas foram sim, e não foram poucas, elas existiram, e nesse livro Svetlana escreve ao mundo sua história não contada. Esse é um livro de memórias que dá voz a vivências silenciadas (como os homens veteranos cheios de traumas e feridas, essas mulheres sofreram muito no pós-guerra, mas com uma faceta de perversidade que eles não conheceram, a do sexismo; a mesma guerra que aos olhos dos outros transformou-lhes em heróis fez delas vadias) e joga luz sobre experiências ocultas. Além de sua importância como registro histórico, esse livro é precioso pela intimidade com que a narrativa é construída, atentando sempre no universo particular das pessoas afetadas por esse conflito de dimensão global e priorizando a sensibilidade e a delicadeza em complemento aos registros mais abrangentes dos acontecimentos. A Guerra Não tem Rosto de Mulher é um livro duro e comovente, uma verdade a ser lida e relida.
‘’Tudo o que sabemos da guerra conhecemos por uma ‘voz masculina’. Somos todos prisioneiros de representações e sensações ‘masculinas’ da guerra. Das palavras ‘masculinas’. Já as mulheres estão caladas. Ninguém, além de mim, fazia perguntas para minha avó. Para minha mãe. Até as que estiveram no front estão caladas. Se de repente começam a lembrar, contam não a guerra ‘feminina’, mas a ‘masculina’. Seguem o cânone. E só em casa, ou depois de derramar alguma lágrima junto às amigas do front, elas começam a falar da sua guerra, que eu desconhecia. Não só eu, todos nós.’’
Sapiens, Uma Breve História da Humanidade — Yuval Noah Harari
Difícil não cair em redundância com o título autoexplicativo descrevendo o livro, então começo falando do autor: Harari é um professor israelense de história que leciona na Universidade Hebraica de Jerusalém e ganhou notoriedade quando esse livro virou best-seller em 2014, alavancando-o ao status de celebridade acadêmica (provavelmente ele desprezaria esse termo, mas meu vocabulário é limitado). Sua especialização é história mundial e processos da macro-história, o que, segundo a Wikipédia (após ler em meu face energy aqui), é um método analítico ‘’que tem como objetivo a identificação de tendências gerais ou de longo prazo na história’’, e é isso que ele faz neste livro colocando em perspectiva toda a trajetória da humanidade, desde a origem do homo sapiens na idade da pedra até a contemporaneidade e domínio tecnológico no século XXI. Como protagonistas que somos aqui (vilanescos, muitas vezes), é interessante encarar nossa pequenez individual diante de um panorama que traça com muita nitidez todo o nosso percurso, viável desde que coletivo, e que tira o ‘’eu’’ de foco pra narrar as aventuras e desventuras da espécie. O livro é dividido em quatro partes, das quais três são sobre as revoluções cognitiva, agrícola e científica pelas quais passamos e suas consequências, que definiram o que nos tornamos. À parte (na parte 3 do sumário, sendo específica), Yuval fala da unificação da humanidade e ressalta nossa característica que para ele é a mais fundamental e responsável por nossa prevalência sobre outras espécies: nossa capacidade imaginativa, responsável por nos unir em torno de conceitos abstratos (religião, leis, mitos, dinheiro, Estados…) sem valor concreto em si, mas que regem a sociedade graças a importância que lhes atribuímos e que seriam incompreensíveis pra, sei lá, uma lhama. Obviamente um livro sobre a humanidade é regado por análises sobre os mais variados assuntos em que possamos pensar (foi o livro que mais me fez refletir sobre vegetarianismo, por exemplo), então vale a leitura até como acesso a um acervo de informações muito curiosas e interessantes. Lamento não ter memória suficiente pra gravar pra sempre tudo o que esse livro ensina, porque ele é muito rico, mas talvez isso seja apenas mais um convite a infinitas releituras no meu exemplar já todo grifado. ;)
‘’Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais — mas ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer companhia, não prestamos contas a ninguém. Em consequência, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação. Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?’’
A Casa dos Espíritos — Isabel Allende
Li dois livros da Allende e em ambos ela é impecável. Desde o primeiro (Eva Luna, fiquei apaixonada) já me parecia impossível que essa mulher fosse capaz de escrever algo ruim, então quando comecei este aqui, sua obra-prima, estreia na literatura e livro pelo qual é mais consagrada, eu já esperava que ele virasse um favorito da vida; não foi surpresa, mas foi maravilhoso acompanhar essa história. Isabel é prima de Salvador Allende, presidente do Chile morto durante o golpe que implantou a cruel ditadura militar no país, levada com mão de ferro e regada a sangue de 1973 a 1990, e por ser filha dessa terra e ter um laço consanguíneo tão forte com os traumas desse período, a ditadura chilena é um dos principais panos de fundo de suas histórias inventadas. Em A Casa dos Espíritos temos um romance de família que perpassa gerações na casa dos Del Valle, destacando as mulheres indomáveis da família em contraponto ao patriarca intransigente. Seus dramas pessoais que às vezes ultrapassam os limites do lar, o casarão da esquina onde coisas fantásticas acontecem (espíritos se manifestam, objetos se movem, uma mulher tem cabelo verde e a clarividência de Clara impera), e se desdobram pelas ruas da cidade em conflitos, aventuras e subversão refletem o clima geral da sociedade, as intempéries, sofrimentos e desordem que precederam a fatídica insurreição política que condenou o país e os personagens fictícios, mas muito reais, dessa história à tragédia, à busca por redenção ou à superação. Allende faz uso do realismo mágico como espelho para a história nacional (sem citar o nome do Chile em nenhum momento, note-se) num livro em que ficção e realidade se enlaçam, tecendo uma trama onde elementos fantásticos dialogam com a realidade bruta, desse jeito latino-americano familiar a muitos leitores que já conheceram outros nomes e títulos incríveis semelhantes. Os personagens aqui são extremamente cativantes (Jaime, o médico dos necessitados, é meu favorito de todos esses livros), as mulheres Del Valle são excepcionais e todos eles tomam contornos de velhos conhecidos para o leitor. Tudo que acontece com os membros da família é sentido em nossa pele e lendo você pensa no quanto disso foi escrito pela autora na necessidade desesperada de expurgar os demônios do passado de sua própria família. Allende é uma romancista fantástica e A Casa dos Espíritos é um livro maravilhoso que honra a história chilena. Quero ler tudo que essa mulher escrever.
‘’As pessoas caminhavam em silêncio. Subitamente, alguém gritou, rouco, o nome do Poeta, e uma só voz, saída de todas as gargantas, respondeu: ‘Presente! Agora e sempre!’. Foi como se tivessem aberto uma válvula, e toda a dor, o medo e a raiva daqueles dias saíssem dos peitos e rodassem pela rua, e subissem num terrível clamor até as nuvens negras do céu. Outro gritou: ‘Companheiro presidente!’. E responderam todos num só lamento, pranto de homem: ‘Presente!’. Pouco a pouco, o funeral do Poeta transformou-se no ato simbólico de enterrar a liberdade.’’
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Sebo Beco dos Livros - Porto Alegre (24/08/2019)
Ufa, é isso. Li outros livros maravilhosos que eu também gostaria de [obrigar meus amigos a ler sob ameaça de agressão física só pra eu ter alguém com quem conversar sobre] recomendar a todos, mas priorizei só os que viraram Favoritos Absolutos da Vida Amém pro texto não ficar insuportavelmente grande (mais do que já está, eu sei, eu sei…). Eu francamente acho que desprezar ficção é coisa de otário, amo muito e sempre li quase tudo quanto é gênero, mas gostei de ver como quatro desses sete livros são literatura de não ficção porque tenho dado muita atenção a essas narrativas nos últimos anos, é a primeira vez que são maioria entre os favoritos. Espero que essa retrospectiva literária possa servir de incentivo pra que alguém leia qualquer um desses títulos, se tiver a chance. Eles valem a pena. Desejo um ótimo 2021 em leituras a todos que curtem livros, porque se a moda continuar e todo o resto der ruim com força pelo menos a gente leu coisa boa. ;)
[Texto publicado originalmente no Medium em fevereiro de 2021.]
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pirapopnoticias · 9 months
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langblrwhy · 3 years
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Every time I feel more intensively the symptoms of mental illnesses, I always repeat to myself that I'm... Pretending and exaggerating and it's not that bad, that I'm CHOOSING to feel and do what I'm feeling and doing.
But then I try to remember that I don't feel and do those things when I feel good, there are days that I don't want to go sleep, because I'm being productive and happy and excited with everything I have to do, I can make plans for the future, I have goals and dreams. It's SO easy to talk to people, I receive a message and before I notice I'm already answering them. I don't have intrusive actions.
But there are days that I put on my to-do list: answer this and that friend and I... can't do that. It's hard, I feel anxious with the idea of sending a message! I don't feel excited about anything, I don't even feel excited about the stuff I love. It's hard doing what I need to do.
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intotheroaringverse · 2 years
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THE GANG OF 2022: STEFAN FERREIRA
Era de se imaginar que os alunos da NYU a essa altura já estivessem acostumados a certo tipo de alunos.
— SIM! SIM! ISSO!
Quero dizer, jovens são jovens e sempre que é possível, algum limite vai ser ultrapassado em nome de algum bem maior que vai ser esquecido assim que a urgência passar. E isso acontecia com frequência em todo o campus, não importa a fraternidade, o ano ou o cargo que esse estudante possuía no conselho.
— MAIS FORTE, MAIS FORTE.
Então, a casa da fraternidade mista da NYU sempre foi vista como o grande pesadelo, mas por detrás das portas azuis da fraternidade apenas para homens era que a coisa realmente poderia ficar intensa.
— QUASE. VAI. VAI. SIM! SIM! SIM!
Ninguém poderia dizer que eles e a fraternidade para garotas do outro lado do quarteirão não eram realmente próximos.
— Meu nome é Ava — soprou a jovem com o cabelo colado na testa depois de todo o esforço realizado entre ela e o garoto de gola pólo e cabelo na régua.
— Me chamo Stefan, é um prazer conhecê-la — ele lhe respondeu, com um sorrisinho, antes de se colocar para fora e se reorganizar antes de sair do banheiro.
Stefan Ferreira. Seus pais tinham se encontrado num desses programas de namoro a distância, ele brasileiro, ela americana. Boa parte das pessoas que os conheciam diziam que ele fez pelo Green Card e ela porque estava ficando velha demais para atrair um homem que ainda quisesse ter filhos, que era o seu sonho, mas no final do dia, se os dois funcionavam, qual o problema?
Criaram o Stefan em New Jersey, com um quintal, o ensinando a jogar futebol e lhe alimentando a pão de queijo. Ele parecia um doce de criança, gentil, educado, muito quieto e observador. O que era ótimo para eles. E também uma mentira.
— Ei, Stefan. O que é esse anel no seu dedo? — Ava perguntou, antes que ele saísse do banheiro.
Com um sorriso amarelo, ele lhe disse:
— Anel de compromisso. — Ele nem ao menos piscou ao dar a notícia.
Um traidor compulsivo. Alguns diriam que aprendeu com o pai, o flagrando tantas e tantas vezes com outras mulheres quando saía mais tarde do seu treino de futebol e o encontrava em um carro parado perto de casa, sempre com alguma secretária. Ou talvez ele só tivesse nascido com esse gene. Quem é que poderia realmente dizer? Mas Stefan tinha feito uma promessa para si mesmo, e pretendia cumprir.
Se ele achasse a The One, não iria abrir mão dela, custasse o que custasse.
— Hey, Ferreira — Moses Puckerman o chamou, jogando um celular na direção de Stefan. — Sua namorada estava ligando. Atendi e disse que você estava fazendo compras pra fraternidade.
— Obrigado. — Seus olhos automaticamente abaixaram para os seus pés.
Não é que ele não tivesse noção das merdas que fazia. Ele sabia que era ruim e sabia que cedo ou tarde iria acabar se dando muito mal por isso. Mas só conseguia realmente refletir quando já tinha feito. E não tinha como revogar um orgasmo.
— Vai com calma. Elas sempre preferem acreditar no que é mais fácil — o mais velho lhe aconselhou, dando uma piscada em sua direção.
Stefan sabia que ele estava falando a verdade, entretanto. Sempre escolhia o caminho mais fácil.
— Oi, meu amor. Acabei de chegar do supermercado, fui comprar pão pros caras — explicou, com um sorriso tão puro que quem visse poderia realmente acreditar.
— Ah, seu colega me disse. Mas você sabe que não pode se entupir de carboidratos, tem o campeonato semana que vem — ela lhe dizia, com zelo, ao que ele concordava com a cabeça.
— Claro, querida. Estou com saudades de você — afirmou, com sinceridade.
— E eu sinto a sua falta. Mal vejo a hora de você dar um pulinho aqui na Columbia pra me ver.
— Eu apareço logo após a igreja, no domingo, prometo — afirmou a ela.
Jamais deixou de ir a igreja depois que reataram pela décima sexta vez, afinal dizia que era essa a libertação de sua vida antiga e que todas as 16 garotas com quem se envolveu nos últimos dois anos foram apenas uma tentação de Satanás. Não que realmente acreditasse nisso, mas, novamente, Stefan preferia optar pelo mais fácil. E para convencer a garota cristã, o mais fácil era fingir que estava procurando a paz do Senhor.
— Estou contando as horas — sua namorada disse, ao que ele respondeu, em automático:
— Eu também. Mal vejo a hora.
Porém seu olhar estava na equipe feminina de atletismo que passava treinando na porta da casa da fraternidade. Talvez ele desse um olá para elas, cedo ou tarde. Apenas um olá, nada demais.
Lorena, afinal, era a The One, e jamais iria deixá-la na mão.
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i4am-blog · 4 years
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Here we go...
Bom dia, boa tarde, boa noite. Ou como diriam os índios tupi-guarani genuinamente brasileiros: “aporanga!” Bem, eu não sou brasileiro. Tampouco índio. Eu só li uma vez isso e achei que daria um bom dialeto alienígena. É claro que não estou zoando a língua tupi, ao contrário, todos sabem que alienígenas são bem mais fodas, assim como os índios. Pelo menos eles não pegaram a língua de uns certos caras que saíram por aí catequizando todo mundo e... Enfim. A história é de conhecimento geral (ou pelo menos deveria ser).
Isso era só para ser um cumprimento, juro que estou trabalhando na melhor forma de não falar tanto. É, eu juro. Mas não tem sido tão fácil assim. Vamos prosseguir. Meu nome é Igor Chadwick, eu sou engenheiro aeroespacial, tenho um cachorro chamado Shura e uma casa neo-futurista no meio de um bosque em Guildford, na Inglaterra. Ok, isso não explica muito. Criei esse espaço para compartilhar os momentos mais malucos, bizarros, toscos, e sem noção que ocorreram comigo nos últimos tempos, incluindo o fato de eu ter simplesmente descoberto que o personagem do meu jogo favorito EXISTE e sou EU em outro universo. Acredite, está mais confuso pra mim, do que pra você. 
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caixadepandorica · 5 years
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FLAMENGO: Ou você ama, ou você odeia
Não tem meio termo. Se tratando do Flamengo, você precisa escolher entre amar e odiar, porque sob nenhuma circunstância é possível ignorá-lo. Não acredita? Então, basta dizer a alguém que acabou de conhecer que você é Flamenguista. Ou a pessoa irá sorrir e falar “Eu também sou”, ou irá torcer o nariz e tentar te dissuadir desse terrível mal. Não existe uma terceira reação concebível.
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Há algo particularmente peculiar sobre o Flamengo que desperta uma paixão enlouquecedora em uns e um ódio descomunal em outros.
Quando o Flamengo entra em campo para dar início a uma partida decisiva, rouba todas as atenções para si. Entre os que esperam pela sua queda até os que torcem pela sua glória, todo o Brasil para, se senta diante da televisão e prende o fôlego.
A torcida do Flamengo é enorme e assombrosa. São 40 milhões de adeptos, um volume superior à população da maioria dos países na América Latina. Estão em todos os lugares, norte a sul do Brasil. Vêm em todas as cores, tamanhos, gêneros e classes tendo como único denominador em comum o amor injustificável pelo rubro-negro carioca.
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Também é extenso o grupo dos que o desprezam. Se o Flamengo é a maior torcida do Brasil, os seus odiadores estão logo atrás, lançando insultos e vaias, perseguindo o juiz para tirar crédito dos resultados... Sempre na expectativa do pior, porque a “mulambada” é chata, barulhenta e absurdamente presunçosa.
Se o Flamengo ganha tem fogos, rojões, música, palmas, brigas, bombas, cantos e gritos. Como alguns diriam, “As ruas viram o inferno”. Chega a ser irônico, um lado faz do Flamengo uma religião, uma instituição tão forte e perene quanto a própria Igreja Católica. Já o outro está convicto de que o clube tem um pacto com Satanás em pessoa.
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Pouco importa de qual lado você está. De qualquer maneira a premissa no início deste texto se mantém. Amando ou odiando o Flamengo, o fato é que não dá para simplesmente ignorá-lo e isso está além de uma boa temporada ou dos títulos que podem ou não vir a ser conquistados. O Flamengo é um marco nacional, assim como o Cristo Redentor, o Carnaval e o próprio Rio de Janeiro. Ele intensifica as rivalidades, eleva as temperaturas e conquista cada vez mais território. Pelas boas ou pelas más, é sempre assunto entre os amantes do esporte.
A verdade é que o futebol brasileiro precisa que o Flamengo exista, precisa dele para respirar melhor, porque é quem o torna um pouco mais cativante.
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maiamazin · 4 years
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como diriam os jovens brasileiros, S A B A D O U
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DOCUMENTÁRIO
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BRINCAR, uma necessidade primordial:
- como linguagem do corpo, do espontâneo, do agora
- afirma a vida, plenitude e liberdade
- é alegria
O documentário brasileiro, com direção de Cacau Rhoden, fala sobre a arte do brincar, sobre seus significados e sua importância, num mundo onde crianças estudam para se tornarem jovens que passam em vestibulares para trabalhar na vida adulta. Mostra a cultura popular como identidade, como magia, como lugar onde há poesia e brasileiros e brasileiras se encontram, se alimentam, se encantam, vivem. Quando se brinca, se dança e se canta, se ultrapassa a vida difícil que há aqui, se traz a festividade e o paraíso pro meio da gente, aí acontece a aproximação do brincar e da cultura popular.
Revolução da criança como possibilidade de nos tirar desse tempo de tristeza.
Brincar como treino, construção do ser, construção de relações, é se colocar no mundo e se conectar com o que há nele. O brincar é urgente, é complexo mas não rígido, é o brilho no olhar da criança que brinca. Numa sociedade onde só se pensa em trabalhar, “ser alguém na vida”, se esquece o fato de que nós já somos alguém, somos um ser a partir do momento que somos seres brincantes.
E lembrando: ósseo é coisa séria, já diriam os romanos. Não tem problema não ocupar todo o tempo das crianças. Ficar um tempo sem fazer nada é saudável.
“É brincando que se dedilha a lira inteira”
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matheus-sanjour · 5 years
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O Homem Solitário
Todos os dias, as pessoas acordam de manhã, aproveitam o seu café da manhã, falam com seus pais, fazem as suas tarefas domésticas e de certa forma se ocupam com alguma coisa, seja ela o trabalho, a escola, ou até mesmo sair com os amigos quando se tem um dia livre para fazer aquilo que bem entender, e no final do dia, descansam e se prepararam para o novo dia.
É indubitável que, nem todas as pessoas possuem os mesmos hábitos e/ou rotinas. De fato, cada pessoa possui a sua agenda, realizam diferentes atividades, não existe uma regra específica para seguir o seu dia a dia, mesmo que seu dia esteja cheio ou até mesmo vazio, sem nada para se fazer, nós somos "livres" para fazer aquilo que bem entendemos. O que é "liberdade"? O que é ser "livre"!? Aquele que acorda cedo para trabalhar todos os dias, que chega tarde da noite e não tem tempo para sua família pois precisa dormir e estar descansado para acordar cedo novamente e repetir o seu dia, para no fim receber um salário miserável a ponto de ser apenas o suficiente para si e sua família, para sua sobrevivência, e aqui, ele se torna um escravo. Um escravo, sem liberdade, forçado a fazer aquilo que menos gosta para sobreviver, aquilo, que o torna um homem solitário.
O que é o homem solitário!? A solidão por si só, tem a capacidade de destruir internamente qualquer homem ou mulher, ou qualquer animal vivo neste planeta. A solidão nos faz pensar, sobre nossas vidas e sobre nossas condições existenciais, tudo aquilo que nos pertence e tudo aquilo que não temos ou que até mesmo que somos incapazes de ter, a ausência de solidão. A solidão se torna uma condição, não apenas um sentimento, e o homem solitário não tem ninguém, ou, tem pessoas ao seu redor que não são amigos ou colegas, mas estão ali, e a solidão por si só ainda se mantém presente naquele ser, o corroendo por dentro cada vez mais. Quando saímos na rua, e sentamos em um banco, gostamos de observar as pessoas, e nesse ponto nos tornamos os observadores e nos tornamos bons nisso, enquanto isso, vemos namorados, felizes um com o outro mas não podemos julgar tão superficialmente, pois sabemos que as pessoas já nos julgam superficialmente, e que essa é exatamente o que não queremos para os outros, ou até mesmo amigos, conversando sobre jogos, música, animes, arte, futebol, ou sobre qualquer coisa que lhes vem à mente, nos deparamos aqui com o homem e mulher social. É irônico pensar a tremenda diferença que nos separa, do homem social para o homem solitário, é apenas a presença de alguém para sentar e conversar, ter alguém que seja realmente o seu amigo, para compartilhar memórias, falar do futuro, e mesmo assim, a diferença é deveras devastadora.
Pensando bem, e não pensando apenas bem, porém filosoficamente, o homem solitário percebe que a solidão sempre esteve com ele, em todos os momentos, situações, na alegria ou na tristeza, ele esteve ali, controverso, não? Porém, é poético, a solidão se torna parte de nós, nos unificamos com ela e nos adaptamos friamente. Talvez seja melhor ser um homem solitário do que ser o homem social que é cercado de mentiras e traições.
Lembro claramente de um antigo professor de filosofia, ele respirou fundo e disse para a classe " Pessoal, aproveitem enquanto vocês são jovens, pois quando vocês são jovens, você pode ter amigos de verdade, mas o adulto não, o adulto não tem amigos, ele tem colegas. Pois, o mundo adulto é cheio de mentiras e traições, e não existe um "amigo de verdade", logo, não existem sentimentos verdadeiros". Pergunto-me, o quão miserável são nossas vidas a ponto de acreditarmos solenemente que um dia as coisas estariam bem? Me refiro ao homem solitário, que possui consciência de que ele é só e de que não importa o que aconteça, quantos caminhos terá de trilhar, sempre acabará no mesmo lugar, o abismo que Nietzsche olhou por muito tempo, agora o abismo o olha de volta.
O quão superestimados são nossas vidas, conceitos, crenças, futuro? São por de mais superestimados. Nossas vidas, em comparação com o nosso vasto universo observável, somos um grão de areia, e você, se importa com um grão de areia? Mas é claro, devemos dar valor às nossas vidas, pois ela é curta e momentânea. Conceito? O mundo é dividido em ideologias, que por consequências geram conflito e ódio onde você menos espera, ideologias nos dividem politicamente e humanamente. Crenças e fé? Existem centenas, ou se não milhares de religiões no mundo, mesmo que nem todas ainda sejam praticantes e que se mantenham em pé até os dias de hoje, pois o cristianismo predominou em larga escala por esse planeta, de qualquer forma, por consequência temos muitas crenças diferentes, acreditam em deuses diferentes, com propósitos diferentes, com motivos diferentes, com objetivos diferentes, os Vikings acreditavam que se morressem como um grande guerreiro em combate iriam poder ser levados por Valquírias até os portões de Valhalla para ali desfrutar de Hidromel e conversas de seus feitos em batalha, ou o paraíso do cristianismo, com o seu Deus, ou tantos outras crenças, porém, nos perguntamos? Qual está certa? Muitos diriam a própria religião, eu digo que, todas estão certas e todas estão erradas, não existe senso comum aqui. Futuro? O que é o futuro? O futuro é agora, a cada momento que se passa, já estamos nele, que automaticamente se torna presente, e depois, se torna passado, o que faremos no futuro determinará nossas vidas e os rumos que ela irá tomar, enquanto muitos criam planos, eu me aterrorizo com a palavra futuro, é uma palavra assustadora e vazia, o desconhecido.
Então por que devemos viver nossas vidas? Eu sinceramente não sei. Mas torço para que você ache o seu propósito neste mundo deturpado, tão cheio, e ao mesmo tempo, tão vazio. Viva por aquilo que te convém, aquilo que te faz feliz, ou viva por si.
O poeta e escritor brasileiro Gerson de Rodrigues, escreveu em seu livro, Aforismos de um Niilista, o seguinte trecho " Quando abracei a solidão me senti livre, pois ali eu poderia ser eu mesmo, sem fingir, sem agradar, apenas sendo eu o monstro que foi jogado injustamente no mundo do qual ele não escolheu viver." Filosófico, não acha? Pois é, triste, realista, são trechos assim que te fazem questionar sua existência, nenhum de nós escolhemos viver, mas estamos vivendo, e o que iremos fazer quanto a isso?
A solidão é por de mais devastadora, corrói o homem em sua mais pura forma. A solidão é uma parte do homem solitário, unificado que o representa e que o assombrará até o fim dos tempos.
~ Matheus Sanjour.
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abrisuaencomenda · 2 years
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servidor
a filósofa da comunicação começa o texto dizendo algo como estava sozinha com a luz do sevidor piscando mas é possível ficar sozinha com o servidor? no podcast de política internacional filhos de portugueses em colônias africanas e de franceses em colônias francesas comentam sobre a guerra e ao final dizem vi um homem tirar a palavra russa do nome do salão de cabelereiros e se põe a discutir a lei que permite cidadania aos descendentes dos judeus sefarditas do século 15 pensei que todos éramos judeus sefarditas os oliveiras os silveiras os malheiros os silvas os machados pereiras e ferreiras uma vez um historiador disse que ao fugirem da perseguição chegavam no brasil e para não serem identifidos os sefraditas mudavam seus nomes para profissões embora eu costumava imaginar que a inspiração vinha do objeto mais perto o que conseguiram trazer na viagem até um dia alguém dizer que isto trata-se de uma mentira uma lenda e não havia nenhuma ligação expressa entre eles e os nomes brasileiros mas quem saberá se todo dia ainda dão-se de encontro com mais covas dos massacres sefraditas e abrem a terra e se põe a escrever textos tostoi era da moldávia bulgakhov e gogol eram de kiev o que diriam se perguntassem de onde eram? se era do mesmo lugar da língua que falavam? até mesmo dostoievski que era de moscou? há muito tempo me gera mal-estar quando aguem usava a brasileira expressão está russo para dizer que algo não vai bem agora tiram o russo das montanhas russas de dentro dos balés e colocam dentro de piadas principamente alguém diz já podemos chamar de guerra na ucrania embora no futuro talvez tenha outro nome é papel do tempo ir mudando o nome das guerras guerra da ucrania guerra na ucrania guerra da rússia ou da otan mas voltando a pergunta da filósofa da comunicação acho impossível sim ficarmos sozinhos com uma luz piscando a luz de um servidor inegavelmente o verde veste as paredes e os olhos acompahando os episódios o problema é a falta de solidão não ser recíprocra talvez devessemos nos perguntar se para o servidor eles estão sozinhos talvez este nome servidor daqui um tempo mude para outra coisa
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Ano de Copa do Mundo e a contagem regressiva chega dentro de nós para vibrarmos com a nossa seleção canarinha, se é que assim podemos chamar depois da capturação das cores brasileiras pela política. Mas o certo é que aquela goleada de 4 x 0, sobre o Paraguai com um golaço de Coutinho, outro de Raphinha, um de Antony e outro de Rodrygo nos deixou esperançosos de ver o futebol arte entrar em ação novamente. Os dribles de Vini Jr. A boa consistência defensiva de Marquinhos e Thiago Silva. A experiência de Dani Alves. Além da força de desarme e saída de bola, com Casemiro, Fred e Fabinho. Todos esses, somados a Neymar e a outros que ainda virão nos coloca como favoritos a conquista do troféu mais importante do futebol mundial, a Copa do Mundo de seleções da Fifa.
Alguns diriam que é ainda é cedo para apontar nosso esquadrão como um dos melhores, mas é a pura verdade. Claro não podemos falar que somos o maior favorito. Temos a França de Kante, Benzema e Mbappé, A Bélgica de De Bruyne e Lukaku, entre outros como a Alemanha, Inglaterra, Argentina de Messi. Não sabemos ainda se a Itália atual campeã europeia ou Portugal de Cristiano Ronaldo estarão no Qatar. Mas podemos se empolgar e acreditar que estaremos pelo menos entre os quatros colocados. Seria o momento de se sintonizar novamente com os nosso sentimentos de amor a nossa maior paixão, que é o futebol. Amor esse perdido em uma partida de futebol, na Arena Minerão, quando um 7 x 1, nos deixou cabisbaixos e sem orgulho da bola que tanto nos consagrou com Pelé, Romário, Ronaldo, mas que podemos resgatar. Mesmo que tenhamos maior poder nas competições da Uefa que nos afastam cada vez mais do nível do futebol europeu, apesar de nossos maiores jogadores disputarem pelo velho continente. A habilidade, o traço, o toque brasileiro, não tem igual no mundo. Precisamos melhorar o nosso esquema de jogo, nossa preparação física, nosso comprometimento com o jogo em si.
Essa geração não pode ficar marcada como fracassada, tendo tantos craques espalhados pelo planeta.
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@carlosemanuelceara
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sou-a-samantha · 2 years
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Natal dos covardes -
Escrito por Marcelo Freixo.
O que diriam os pregadores da intolerância, os obreiros do justiçamento, os apóstolos do olho por olho dente por dente sobre um homem que manifestou seu amor por um ladrão condenado e lhe prometeu o paraíso? Brandiriam o velho sermonário: bandido bom é bandido morto?
Hoje, quase todos os brasileiros, inclusive os cônscios moralistas da violência que amarram adolescentes em postes para linchá-los, se reunirão com suas famílias para celebrar mais uma vez o nascimento desse homem.
Sujeito, aliás, que respondeu à provocação: está com pena? Então, leva para casa! Pois, é. Jesus Cristo prometeu levar o ladrão para casa. "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso", diz o evangelho de Lucas.
Jesus optou pelos oprimidos e renegados, pelos miseráveis, leprosos, prostitutas, bandidos. Solidarizou-se com o refugo da sociedade em que viveu, contestou a ordem que os excluiu.
O Cristo bíblico foi um dos primeiros e mais inspiradores defensores dos direitos humanos e morreu por isso. Foi perseguido, supliciado e executado pelo Império Romano para servir de exemplo.
Assim como servem de exemplo os jovens que são espancados e crucificados em postes, na ilusão de que a violência se resolve com violência. Conhecemos a mensagem cristã, mas preferimos a prática romana. Somos os algozes.
Questiono-me sobre o que seria dele em nossa Jerusalém de justiceiros. Não sei se sobreviveria. É perigoso defender a tolerância, o amor ao próximo e o perdão quando o ódio é tão banal. Como escreveu Guimarães Rosa: "quando vier, que venha armado".
Não é difícil imaginar por onde ele andaria. Sem dúvida, não estaria com os fariseus que conclamam a violência e fazem negócios, inclusive políticos, em seu nome.
Caminharia pelos presídios, centros de amnésia da nossa desumanidade, onde entulhamos aqueles que descartamos e queremos esquecer, os leprosos do século 21. Impediria que homossexuais fossem apedrejados, mulheres violentadas e jovens negros linchados em praça pública. Estaria com os favelados, sertanejos, sem tetos e sem terras.
Por ironia, no próximo Natal, aqueles que defendem a redução da maioridade penal, pregam o endurecimento do sistema prisional, sonham com a pena de morte e fingem não ver os crimes praticados pelo Estado contra os pobres receberão um condenado em suas casas.
Diante da mesa farta, espero que as ideias e a história desse homem sirvam, pelo menos, como uma provocação à reflexão. Paulo Freire dizia que amar é um ato de coragem. Deixemos então o ódio para os covardes.
Feliz Natal.
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quartosetc · 2 years
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36º aniversário Quartos Etc
E se… os móveis do quarto falassem?
Não faltariam histórias para contar!
Há quem diga que se o mobiliário falasse, contaria todos os segredos, já que passamos metade da vida no quarto. No nosso caso seriam as transformações ao longo da nossa existência, anos de experiências marcadas por se importar com esse espaço tão especial e por prezar por designs que atribuem personalidade e aconchego.
E essa história tem início em 1985, já deu pra ver o tanto de coisas que tem pra contar né? São 36 anos se preocupando em proporcionar uma qualidade de vida a partir do momento que você entra em nossa loja, além é claro, da busca constante em trazer inovação para seu cômodo. 
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Imagem – Quartos Etc
Anos que também expressam mais de 175 mil móveis fabricados, camas, mesas de cabeceiras, cômodas, acessórios, poltronas,  cabeceiras, são várias opções de produtos que produzimos para fazer parte da construção do seu quarto e deixá-lo ainda mais confortável. 
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Mostra 2020 – São Paulo
Uma trajetória que representa 34 mil clientes, com diferentes gostos e estilos e que são apaixonados por um quarto assim como nós, seja ele clean ou ousado, clássico ou moderno, monocromático ou colorido.
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Mostra 2018 – Vitória – ES
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Mostra 2015 – Rio de Janeiro
Sem falar das nossas Mostras, que desde 1997 inspiram com os ambientes para bebê, teen, solteiro e casal, com projetos extraordinários, que expõem nossas peças e trazem grandes nomes da arquitetura e decoração, fazendo você sentir de pertinho, o que mais te satisfaz.
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Mostra 2015 – Brasília
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Mostra 2021 – São Paulo
E durante esse tempo nos inserimos em 23 estados brasileiros e 4 países, espalhando elegância e delicadeza com nossas peças. São diversos tipos de acabamentos e medidas, prontos para atender sua necessidade.
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Mostra 2016 – Vitória – ES
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Mostra 2011 – Ribeirão Preto – SP
Se nossos móveis falassem, eles diriam que são 36 anos valorizando além do bem-estar e durabilidade, a sofisticação. Acreditando que é no Quarto onde regeneramos nosso corpo e energia, que é nele que buscamos refúgio e passamos metade da vida. Um período de histórias!
Curtiu? Então confira mais conteúdos inspiradores no BLOG da Quartos Etc.
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“Sextos-Sentidos”: nº2
Meu caro amigo Augusto,
Não nos conhecemos, mas quis te escrever inspirada pelo Chico. Queria poder dizer que a coisa aqui tá preta, porque se tivesse preta era porque tava boa. Mas infelizmente a coisa tá feia mesmo.
Eu me chamo Marcia, Marcia Duarte. Sou artista de teatro e uma grande fã sua. Quando você veio a falecer em 2009, eu era apenas uma criança brincando de inventar teatro, mas que viria a ser uma sementinha das suas ideias aqui no Rio Grande do Sul. Hoje tenho 21 anos, quase terminando a faculdade de teatro, iniciando minha carreira de artista-professora, e sempre que posso citando você, porque o teatro do oprimido é a minha inspiração.
O objetivo dessa carta é mandar notícias. Imagino que se estivesse aqui hoje, estaria muito decepcionado com o Brasil. A vontade é sair daqui igual você fez. Mas tenho certeza que você estaria de alguma forma, nos nossos atos e manifestações. A classe artística e a educação são uma das coisas mais atacadas pelo atual governo e seus seguidores. Já ouvi gente daquele lado pedindo intervenção militar. Absurdo! Dizendo que não houve ditadura no Brasil. Muito absurdo! O povo começou a se levantar mais, e até diziam que “o gigante acordou”, mas agora duvidam da história, e não acreditam na ciência. Qualquer boato duvidoso ou até mentiroso eles agarram como uma notícia absoluta e verdadeira. Chamamos esse grupo da população de “gados”, porque seguem cegamente um político de direita mentiroso, corrupto, preconceituoso e tudo de ruim. Esse se elegeu em cima de fake news, sem ir a nenhum debate, e de alguma forma ficou popular e hoje é nosso “presidente”. Estamos vivendo uma situação de calamidade pública na saúde, por conta de uma pandemia mundial do coronavírus, o qual o “desgoverno” chamou de “gripezinha” e vem fazendo nada de positivo, e sim pelo contrário, só dificultando nossas vidas. Já batemos o marco de 500 mil mortes no Brasil… o silêncio é ensurdecedor. Muita coisa ruim tá acontecendo em diversos setores do país.
Mas não só de notícias ruins venho falar. Essas comentei porque às vezes imagino o que revolucionários que já se foram diriam sobre tudo isso.
Mas há esperança. Eu acredito em um futuro melhor depois das eleições, acredito que as brasileiras e brasileiros já sofreram demais nos últimos anos, e agora vão fazer a coisa certa. A maior esperança vai se construindo com o passar do tempo, porque está surgindo uma nova geração, e eu acredito na potência dela. As crianças são o futuro. Os jovens são o futuro. Por isso aceitei minha escolha de ser professora, e artista. Para tentar mudar um pouquinho do mundo, nem que seja só ao meu redor. Fiquei encantada demais com sua história, sua trajetória e seu trabalho. Consigo enxergar muitas semelhanças entre vocês e nós. Ambos têm espírito revolucionário. Também sou filiada ao partido dos trabalhadores. Quero levar a palavra da arte e da educação por onde eu puder. 
Por fim, gratidão, apenas. O teatro brasileiro não seria o mesmo sem você. Sinto orgulho por esse trabalho todo ter sido levado mundo afora. Olhe daí, que continuamos daqui.
Abraços de arte e resistência.
Marcia Duarte, Cria de Boal.
Erechim/RS, Julho de 2021. 
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Se William Shakespeare baixasse à Terra e nesse blog ele passasse a escrever o dia inteiro, o que diriam os poucos poetas homens e as muitas poetisas mulheres sobre esse inesperado e súbito retorno? Será que eles diriam que é inédito, desejado e alvissareiro? Ou será que 99% deles não diriam nada, pois além de não enxergarem nada, eles não têm nada a dizer? Mas talvez 1% diria a Shakespeare bem-vindo, olá, estamos por aqui, ou algo assim tão gentil e hospitaleiro! Ainda bem que Shakespeare assim como Deus não é brasileiro!
CD
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