Na Grande Catedral da Virgem Maria de Osaka †
† 100 vitrais ilustram a vida de Jesus Cristo e da Virgem Maria. Na frente, estão as estátuas da Virgem Maria e dos mártires cristãos Hosokawa Gracia e Takayama Ukon. Os sons do órgão com 2.400 tubos são magníficos.
O Cristianismo foi proibido no Japão em 1614 e por dois séculos e meio permaneceu clandestino. Foi apenas em 1894 que um missionário francês, o padre Louis Marie, fundou a primeira igreja neste local, originalmente chamada de Santa Inês. Após ser queimada por ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Igreja de Santa Inês foi substituída por uma estrutura temporária até que uma nova igreja foi construída no local em 1949, marcando o 400º aniversário da chegada de São Francisco Xavier (1506-1552) ao Japão, tanto que foi batizada com o nome de Igreja de São Francisco Xavier. Em 1963, a atual igreja foi construída como a nova Catedral de Osaka (大阪 カ テ ド ラ ル 聖 マ リ ア 大 聖堂) e consagrada a Virgem Maria.
A estrutura da igreja, projetada pelo arquiteto Eikichi Hasebe (1885-1960), mede 20 metros de altura e cobre 2.450 m² de área. Pertencente a Arquidiocese de Osaka, a Catedral da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria é o lar de inúmeras obras de arte notáveis.
A estátua da Virgem Maria flutuante acima da entrada da frente foi esculpida pelo artista italiano Arreghini.
As estátuas do beato Justo Takayama Ukon (1552-1615) e de Hosokawa Gratia (1563-1600), que ficam de cada lado da entrada principal, foram esculpidos pelo artista católico japonês Masayoshi Abe.
Na praça em frente à catedral, há estátuas reproduzindo as aparições de Virgem Maria aos pastorinhos de Fátima, Portugal, em 1917.
No interior do prédio principal, a pintura da parede norte que retrata Takayama Ukon, Maria e o menino Jesus (todos com feições orientais!), e Hosokawa Gratia, foi feita em estilo tradicional por Domoto lnsho, que era membro da Academia de Arte do Japão.
O grande crucifixo de madeira (que parece estar suspenso no ar), as estações da cruz e outras esculturas de madeira foram esculpidas pelo escultor austríaco Josef Runggaldier.
Os quase 100 vitrais representando cenas da vida de Jesus e Maria são do estúdio de Veneza de Habuchi Koshu.
Por fim, na varanda dos fundos da igreja, há um autêntico órgão de tubos com 2.400 tubos.
O local da catedral é o da mansão do clã samurai Hosokawa, uma das famílias feudais com mais terras no Japão. A esse clã é que pertencia a cristã convertida Hosokawa Gracia, esposa do senhor feudal (daimiô) Hosokawa Tadaoki (1563-1646). Hosokawa Morihiro (1938-), um descendente do clã, foi o Primeiro-Ministro do Japão de 9 de agosto de 1993 a 25 de abril de 1994.
Hosokawa Gracia, terceira filha de Akechi Mitsuhide (1528-1582) e Tsumaki Hiroko (1530-1576), se tornou conhecida por seu papel na Batalha de Sekigahara (ou "Divisão do Reino", conflito ocorrido em 15 de setembro de 1600 e que abriu caminho para a ascensão do xogum Tokugawa Ieyasu ao poder), quando ela foi tomada como refém pelo exército ocidental liderado por Ishida Mitsunari (1559-1600). Ela renegou o suicídio (seppuku) por causa de sua fé cristã, quebrando o código de conduta imposto às mulheres da classe samurai.
Como a última sobrevivente notável do clã Akechi, o que matou Oda Nobunaga (1534-1582), o primeiro "Grande Unificador" do Japão, a morte de Gracia impactou ambos os exércitos. O incidente prejudicou a reputação de Ishida, o que reduziu muito suas chances de recrutar mais aliados, alguns dos quais também eram secretamente cristãos. As ações de Gracia levaram consequentemente à derrota de Mitsunari, desencadeando os eventos que levariam à formação do Xogunato Tokugawa.
Um missionário italiano da Companhia de Jesus, Gnecchi-Soldo Organtino (1530-1609), recolheu os restos mortais de Gracia na mansão Hosokawa e enterrou-os em um cemitério em Sakai. Mais tarde, seus restos mortais foram transferidos para Sōzenji, um templo em Osaka.
No interior da catedral está uma pintura mural intitulada "Lady Gracia no Último Dia" pintada por Insho Domoto (1891-1975).
Iustus Takayama Ukon (Justo é o seu nome de batismo, Takayama o seu apelido e Ukon constitui um título de cariz político) foi um daimiô samurai que se converteu ao Cristianismo e se tornou um senkyoshi (evangelizador) durante o Período Sengoku ("Período dos Estados Beligerantes", uma das fases mais violentas, conturbadas e instáveis da história do Japão, marcada por constantes guerras, que se estendeu do século XV ao final do século XVI). Ele foi um dos sete discípulos do mestre Sen no Rikyu (1522-1591), que iniciou a conhecida cerimônia do chá (Sado).
O xogum Toyotomi Hideyoshi (1537-1598), na região de Yamato, derrotou os monges militares budistas com a ajuda de Dom Justo Takayama Ukon, mas, apesar disso, procurou a partir de então suprimir o cristianismo no país por temer que a nova religião pudesse se tornar numa força de oposição ao seu governo. Em 1587, ordena a expulsão de todos os missionários e que todos os japoneses, incluindo os 86 senhores feudais que haviam se convertido ao cristianismo, abandonem a fé católica.
Em 24 de julho de 1587, Dom Justo recebe um ultimatum de Hideyoshi para que abandone a fé católica, caso contrário perderia os feudos que lhe haviam sido concedidos. Dom Justo responde-lhe que embora seja seu vassalo, se sente preparado para abdicar das suas riquezas, domínios, poder e títulos para seguir um grande senhor, Jesus Cristo.
Hideyoshi reconsidera. Diz-lhe que perderá os feudos, mas que ficará ao serviço de Sassa Narimasa (1536-1588), um senhor feudal de Higo, em Kyushu. Em alternativa, seria exilado para a China com os missionários jesuítas, se assim desejasse. Dom Justo diz que prefere ser exilado e retira-se então para Hyuga, onde será acolhido pelo seu amigo Konishi Yukinaga (1558-1600), batizado com nome português de Agostinho, um poderoso senhor feudal cristão.
Em 1588, depois de se refugiar entre amigos em Kyushu, é enganado por Hideyoshi para um encontro em Kyoto e entregue aos cuidados de Maeda Toshiie (1538-1599), senhor de Kanazawa. Em fevereiro de 1614, já sob o governo de Tokugawa Ieyasu, é lhe negado o martírio cruento e condenado ao exílio nas Filipinas.
Depois de uma viagem de 150 dias em pleno inverno de Kanazawa a Nagasaki, em 8 de novembro de 1614 embarca, acompanhado de sua esposa e filha, com 300 cristãos em direção a Manila, onde chega em 21 de dezembro e é acolhido entusiasticamente pelos missionários jesuítas e crentes filipinos.
Os colonizadores espanhóis ainda lhe apresentam a proposta de um ataque ao Japão para proteger os cristãos, oferta que ele recusa liminarmente.
Devido à sua idade avançada e ao esforço da viagem, Dom Justo faleceria um mês depois.
Na Igreja Católica considera-se a morte de Dom Justo Takayama Ukon, que preferiu perder seus bens e ser exilado a renunciar sua fé em Cristo, como martírio incruento ou martírio branco. À semelhança de Jesus, escolheu o caminho do rebaixamento ou humilhação, ou seja, ele que era rico tornou-se pobre.
No dia 22 de janeiro de 2016, o Papa Francisco assinou o decreto reconhecendo o seu martírio, e no dia 7 de fevereiro de 2017, foi beatificado, tornando-se assim, o primeiro beato samurai. Aos fieis, pede-se agora que rezem pela canonização do beato Dom Justo.
Localização: 2-chōme-24-22, Tamatsukuri, Chuo Ward, Osaka, 〒540-0004
10 minutos a pé da Estação Morinomiya na Linha Chuo do Metrô de Osaka.
15 minutos a pé da Estação Morinomiya na Linha Loop JR Osaka e Tsurumi-ryokuchi do Metrô.
Coordenadas: 34°40'42.2"N 135°31'38.0"E
Horários das missas: De segunda a sexta-feira às 7 horas. No sábado às 7 e às 18h30 (em japonês). Aos domingos às 7 e às 10 (em japonês), às 14 (em inglês) e às 15h30 (em vietnamita).
Site oficial: http://www.tamatsukuri-catholic.com/
Baixe aqui o panfleto informativo (em japonês)
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