Tumgik
#carne pungente
inutilidadeaflorada · 5 months
Text
Estas Leis não Fazem um País, Mas fazem Vias Entorpecidas
Tomai de subsídio cada crise e cada corpo Anunciar póstumas substâncias em cada monólogo Enfrentado para a dianteira do porcelanato trincando cruzes Era ainda um anti-fonema influenciado pela língua
Derrama o sangue entre funis de alumínio Artificialmente apocalipse Datando versos, entrelaçando futuros Incorporando a realização do primeiro Brutus
Mil vezes coagulado junto com palavras Repatriadas do fio minguante da memória Transbordar estrofes entorpecidas de autopiedade Enquanto um silêncio fugaz se coroa carne
Cada descrença fora engenhada por coturnos Dissolvendo seus prazeres tardios ao teatro O palco é outro, a intenção é o convencimento Mármore sob véus, altares domesticáveis
A cor que nunca poderia vislumbrar a tensão dos homens Objetivamente, poema-corpo alagando a preposição clandestina É um passeio servindo de transe, são palavras inúteis Servindo à qualquer torpe difamação
Cada sobra dos ossos desse banquete Servira a fundação deste país Cada dor pungente é o objeto Infestado de tragédias que comem umas as outras
Quem teve a maior violência pesando contra? Tal estimativa dos números frívolos e corpos tropicais Transtornando uma fábula de zinco Ou ansiosos em salas de espera
Eu não tenho mais a espera, eu não tenho mais regras Sirvam-se desta vã coincidência da gula disforme Mas antes tirem-me da culpa interminável E traguem a morfologia da insurreição
13 notes · View notes
nesfant · 1 year
Text
— plot drop: CHUVA DE SANGUE.
Para os mortais, vampiros são monstros, mas também heróis, a encarnação de metáforas sombrias e de desejos reprimidos, a aristocracia dos contos de fadas tão amados pelas crianças. Uma superstição infundada, um gênero artístico, uma condição psicológica, um anseio feito carne, uma exteriorização do complexo culpa-desejo-violência, e muitas outras coisas. E poucos eram os mortais em Eden que tinha consciência da existência de tais monstros sob seus narizes, mesmo com todos os sinais que começavam a aparecer.
A enormidade da festa da Amaranth Company poderia render comentários para uma semana ou mês inteiro, se não tivesse sido ofuscada por um acontecimento naquela mesma madrugada, depois que os últimos convivas esvaziavam as garrafas restantes. Em princípio, gotas tímidas, como as de uma garoa fina, despencaram do céu que já começava a clarear. Depois, os pingos se tornaram mais grossos e pegajosos para aqueles que ainda estavam desabrigados. A “água” tingia de vermelho tudo o que tocava, lavando as ruas de Eden, desaguando o líquido viscoso no Giom.
Com o clarear do dia, o cheiro metálico era pungente no ar, sem que os meteorologistas locais fossem capazes de atribuir uma causa para o fenômeno antinatural. Embora de causar horror, também não parecia ser caso de Polícia, já que nenhum crime havia sido denunciado. Ainda assim, autoridades foram acionadas para redobrar a segurança nas ruas, com oficiais a cada cruzamento, inclusive com pedido de reforços para a Polícia do Condado. Além disso, cientistas da Universidade também foram contratados para desvendar a origem da estranha chuva.
Mais incomodados com o problema do que os próprios mortais, contudo, estão os cainitas: uma alteração daquelas só podia significar mau agouro – e as previsões que acompanhavam a mudança no trono do Sabat eram péssimas. Nunca era uma boa hora para se perder um Príncipe, afinal, e a perda de Antonio só parecia estar acelerando a guerra que se anunciava há tempos.
Quando a notícia se alastrou para o Condado, atraiu a atenção de gente que sabia ler muito bem tal espécie de sinal e sabia ao quê estava atrelado. Se sangue chovia sobre Eden, então era porque a cidade não estava tão livre de pecados como seu nome sugeria. E se havia algo que a Inquisição abominava era o pecado. E vampiros.
CENÁRIO
Não importa se você estava saindo do píer após se esbaldar às custas da Amaranth Company ou se levantou pela amanhã e resolveu olhar através da janela. A partir do momento que seus olhos acessaram as ruas de Eden, tudo o que via era vermelho. Paredes, plantas, asfalto, estátuas... A cidade sangrava, tingindo o cenário outrora aconchegante, em tons de terror.
Você viu pessoas se desesperarem e saírem de suas casas aos prantos, outras se mantiveram dentro das próprias paredes, negando-se a tocar no líquido inexplicável. O fim do mundo havia chegado. A frase se repetia incessantemente, aos gritos e em sussurros, em variados graus de ceticismo. Claro, não havia outra explicação para o que os olhos humanos enxergavam. Detalhes escapavam de suas mentes limitadas, que se recusavam — que não podiam — absorver ainda mais absurdos. Mesmo o mais racional dos humanos, aquele que se atinha a lógica e explicações científicas, falhava em aceitar a verdade. O sabor metálico da chuva ao tocar em seus lábios, o odor familiar... Não era possível que se tratasse realmente de sangue. Certamente o cérebro estava pregando peças, dada a saturação do tom carmesim por todos os lados.
A prefeitura e os bombeiros se mobilizaram para limpar a cidade, a polícia se desdobrava para conter os mais histéricos e aqueles que se aproveitavam da confusão para instaurar anarquia. Supermercados estavam com as prateleiras esvaziadas e conveniências apresentavam um cenário pós apocalíptico. Escolas não abriram, muito menos lojas e bares (com exceção do Gehena’s Bar). Você também ouviu dizer que o Genesis Hospital Center registrou diversas entradas nesse dia, a maioria relatando mal súbitos e alguns ataques de animais. Enquanto isso, o Hotel Paradisus brilhava em meio ao caos, tendo seus quartos ocupados a ponto de recusarem novos hospedes. Estranho? Não se considerarmos a quantidade de jornalistas nas ruas. Aposto que você nunca viu tantas câmeras por metro quadrado como agora e, apesar dos esforços das autoridades em descartar a ocorrência como um fenômeno natural, curiosos ocupam cada curva e beco pelo seu caminho.
Não foi até o início da noite que Eden começou a voltar às suas cores originais — horário que, coincidentemente, a maioria dos vampiros saíram às ruas. A ordem era clara: dispersar o pânico e afugentar os olhares intrometidos. Como em poucas vezes acontecia, Camarilla e Sabat trabalhavam em conjunto para conter os estragos e inconvenientes causados pela chuva de sangue. Vale ressaltar que o toque de magia presente no líquido pegajoso não passou despercebido pelas crianças da noite, que o sentiam vibrar com um poder desconhecido, antigo. 
A única parte boa do dia, alguns diriam, foram os boatos sobre visões e profecias envolvendo a Amaranth Company, que se alastraram como fogo de palha pela população. As teorias variam e vídeos na internet podem ser encontrados com facilidade sobre cada uma delas, mas você certamente já deve ter escutado algo, nem que seja sobre como a nova CEO do conglomerado pertence aos illuminati. Os clãs Nosferatu e Gangrel também acabaram alimentando os rumores, contentes em ajudar a denegrir a imagem dos rivais parceiros a fim de desviar a atenção dos sussurros que realmente preocupavam as seitas. Afinal, a reputação de um pequeno grupo jamais valeria a segurança d’A Máscara.        
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Bem-vindos ao primeiro episódio de “o que está acontecendo nessa cidade!?”
Esse drop não tem data de término, visto que seus acontecimentos tem impacto permanente na cidade e pode ser usado e abusado por vocês em todo tipo de interação!
Caso não tenha ficado claro: a chuva de sangue não é comum, muito menos se assemelha às que já ocorreram na nossa realidade. Não é uma reação química nem consequência de uma tempestade de areia, realmente se trata de sangue, mas essa informação fica em off para os humanos! A causa por trás dela, porém, nem os vampiros tem certeza;
Reforçamos que nosso sistema de pontos já está valendo, então confiram os tipos de postagens que pontuam e aproveitem para arrecadar algumas moedas! Lembrem-se que o curso do plot pode ser alterado conforme as pontuações de grupo, hein... Se liguem! Ah! Postagem de starter aberto na tag #NESTARTER vale 30 pontos e eles são essenciais para a movimentação da dash;
Qualquer dúvida, por favor, encaminhem à central;
No mais, se divirtam!
17 notes · View notes
Text
Tumblr media
“Sdraiata a pancia in giù sulla roccia piatta e calda, lasciai pendere il braccio sul lato e la mia mano accarezzò i contorni arrotondati della pietra calda come il sole, sentendone le morbide ondulazioni. La roccia aveva un tale calore, un calore così robusto e confortevole, che mi sembrava potesse essere un corpo umano. Bruciando attraverso il materiale del mio costume da bagno, il grande calore si irradiava attraverso il mio corpo, e i miei seni soffrivano contro la dura pietra piatta. Un vento, salato e umido, soffiava tra i miei capelli; attraverso una grande massa scintillante potevo vedere lo scintillio blu dell'oceano. Il sole penetrava in ogni poro, saziando ogni mia fibra querula in una grande pace dorata e luminosa. Distesa sulla roccia, con il corpo teso e poi rilassato, sull'altare, sentivo di essere deliziosamente violata dal sole, riempita di calore dall'impersonale e colossale dio della natura. Caldo e perverso era il corpo del mio amore sotto di me, e la sensazione della sua carne scolpita era come nessun'altra - non morbida, non malleabile, non bagnata di sudore, ma secca, dura, liscia, pulita e pura. Alta, bianca come l'osso, ero stata lavata dal mare, pulita, battezzata, purificata, e asciugata e rinvigorita dal sole. Come l'alga, friabile, tagliente, profumata - come la pietra, arrotondata, curva, ovale, pulita - come il vento, pungente, salato - come tutto questo era il corpo del mio amore. Un sacrificio orgiastico sull'altare della roccia e del sole, e io sono risorta splendente dai secoli dell'amore, pulita e saziata dal fuoco divorante del suo desiderio casuale e senza tempo.”
Dai Diari Integrali di Sylvia Plath:
5 notes · View notes
il-ciuchino · 5 months
Text
Ciao Darwin: il politicamente scorretto in tv funziona e serve. Capito Rai?
Tumblr media
Ieri, 24 novembre, è tornato in onda su Canale 5 Ciao Darwin con la nona edizione. Lo show, condotto da Paolo Bonolis con la partecipazione di Luca Laurenti, come sempre si fa ironia e beffa delle diversità degli esseri umani, categorizzandole ed anche ieri non ci si è risparmiati. Con le gag degli schiavi "egiziani" di colore che sostengono il faraone Luca Laurenti e la macchina del tempo ambientata in Africa con tanto di caricature sulle persone di colore ed un uomo in carne pittato di nero, Ciao Darwin ha superato tutti i tabù finora imposti alla tv e alla società da parte delle mode woke USA, oltre alle scontate belle ballerine spogliate e alle inquadrature ripetute al didietro di Madre Natura. Una scelta coraggiosa sicuramente da parte degli autori, ma anche da parte di Mediaset che rispetto alla Rai non si risparmia a fare ironia. Gli ascolti, infatti, hanno dato ragione al Biscione, che ha conquistato la serata con quasi 4 milioni ed il 25% battendo The Voice Kids su Rai 1. E la Rai, intanto, che fa? Continua a seguire le mode USA, penalizzando la resa di prodotti come Tale e Quale Show che da tre anni non può più permettere ai concorrenti bianchi di imitare persone di colore. Di conseguenza, a venir penalizzata è proprio la musica black, in particolare l'imitazione di artisti neri maschi è stata ridotta all'osso per la fatica da parte del conduttore Carlo Conti di trovare un personaggio di pelle scura che possa imitare, ad esempio, un James Brown, mentre per quanto riguarda il sesso femminile ad ogni edizione ha sempre messo una donna per imitare una cantante di colore, come è successo quest'anno per Jasmine Rotolo. A venir penalizzati sono anche gli ascolti. Tale e Quale, seppur abbia realizzato ascolti soddisfacenti per la rete con una media di oltre 3 milioni ed il 20%, ma senza concorrenza temibile, ha realizzato comunque i peggiori dati auditel di sempre della storia della trasmissione da quando è in onda.
Insomma, Ciao Darwin e Mediaset dimostrano che l'ironia pungente si può fare e, forse, con la prima puntata di ieri, si sono superate definitivamente delle imposizioni stupide che nulla hanno a che fare con la lotta al razzismo, ma al massimo con la lotta all'intelligenza e alla sanità mentale.
1 note · View note
Text
.         𝗠𝗜𝗦𝗦𝗜𝗡𝗚 𝗠𝗢𝗠𝗘𝗡𝗧     
         Chapter VII.      
        Stanza di Tyler.
L’odore pungente del sangue inebriava le sue narici. Tutto quel rosso imbrattava le dita, le mani… e gran parte attraversava in schizzi ormai secchi, volto e addome. Probabilmente anche i suoi capelli erano irrorati di rosso. Tyler ricordava perfettamente cos’era accaduto quella notte, la voce melliflua della sua padrona gli aveva sussurrato un nuovo ordine e lui non aveva potuto fare a meno di assolvere a quello che doveva essergli sembrato un dovere insovvertibile.
Braccia e gambe gli si erano allungate, spezzate e poi deformate… la schiena si era espansa ed ingobbita in un dolore che andava ben al di là dell’umana sopportazione e che lo aveva reso disperato e furioso.
Dispensando urla in quell’incapacità ancora umana di trattenersi, aveva sentito le iridi quasi schizzargli via dalle orbite, i denti divenire zanne e moltiplicarsi in fretta squarciando la carne… e poi, in fretta e in furia aveva sfidato la notte, dilaniando la terra sotto ai suoi artigli, nell’attraversare la foresta con la smania di uccidere.
Ed aveva ucciso.
Ora tutto era finito e la sua anima restava spezzata in due, soltanto una parte di essa avvertiva il vago peso della colpa, quell’altra parte – che prendeva sempre più spazio, ogni volta che la belva si risvegliava – desiderava più sangue, più carne da dilaniare… più orrore.
Tyler sollevò lo sguardo verso il vetro della finestra, le prime gocce ne rigavano la traslucenza e, per qualche istante, egli osservò intensamente la propria immagine riflessa: scie irregolari di sangue l’attraversavano. Ancora una volta si chiese chi fosse davvero, se il ragazzo o il mostro… e come ogni volta non seppe darsi una risposta.
Soltanto sua madre avrebbe saputo sciogliere quell'enigma. Soltanto lei lo aveva conosciuto davvero... Ma lei, non era più lì.
Poi la vibrazione al suo telefono cellulare irruppe in quel silenzio che sapeva di sangue e delitto. Tyler allungò la mano destra, arrossata su per le falangi, osservò il display e sott’occhio gli passò lo stupido selfie che aveva scattato solo qualche ora prima: lui aveva gli occhi chiusi a causa del flash che aveva dimenticato di disattivare, lei invece impassibile e con la sua solita aria ferma e distante. Irraggiungibile.
E, d’un tratto, Tyler sentì di avere sulle spalle tutto il peso del cielo.
Le labbra si incresparono piano nell’accenno di una curva flebile ma niente di quel sorriso andava specchiandosi alle iridi assenti.
E molto era certamente follia, molto era peccato… eppure, in qualche modo, l’amore era l’anima della trama.
Tumblr media
3 notes · View notes
scontomio · 7 months
Text
Tumblr media
💣 Italpepe, Rosmarino Foglie, Sapore Balsamico e Pungente 🤑 a soli 3,60€ ➡️ https://www.scontomio.com/coupon/italpepe-rosmarino-foglie-sapore-balsamico-e-pungente/?feed_id=160314&_unique_id=6506a702598a8&utm_source=Tumblr&utm_medium=social&utm_campaign=Poster&utm_term=Italpepe%2C%20Rosmarino%20Foglie%2C%20Sapore%20Balsamico%20e%20Pungente Italpepe, Rosmarino Foglie, Sapore Balsamico e Pungente - Barattolo da 250g. Spezie selezionate dalle migliori piantagioni al mondo, garantite da altissimi standard qualitativi. Ideale per valorizzare arrosti, carne alla griglia e patate. Linea Food Service per la grande ristorazione. Maxi vasi da 500 e 800 cc con tappo dosatore. Un'esplosione di sapori e aromi per piatti e bevande. Azienda storica italiana di spezie con esperienza pluridecennale nel settore. #coupon #italpeperoma1969 #preparatidacucinaedaforno #offerteamazon #scontomio
0 notes
mumyosakanagare · 11 months
Text
Apneia
Tumblr media
O velho saco de náilon trançado voltava à costa mais uma vez apenas meio cheio.
— Malditos turistas e todas as porcarias que derramam por aí — Abraham praguejou para si.
Se o compartimento reservado aos abalones estava mais vazio do que o esperado, por outro lado, a sacola usada para juntar lixo praticamente transbordava. Garrafas de vinho branco e refrigerantes, plástico de embalagens de salgadinhos e canudos dos mais variados tamanhos e diâmetros recheavam o recipiente de corda na cintura do pescador. Essa sacola sempre voltava cheia, independente da estação. Tudo isso fora os fragmentos de redes de pesca e cordas náuticas com os quais ele fazia um novelo e prendia na ponta do arpão.
Um homem simples como Abraham não se permitia conjecturar sobre como o aumento da temperatura global e a falência dos recifes de coral influenciavam diretamente em sua profissão, e a implicância com os hábitos sanitários dos forasteiros era seu ritual catártico do dia a dia. Alguém tinha que receber a culpa, e era melhor que fosse alguém de carne e osso.
A maré começava a subir e um ou dois riscos luminosos rasgavam o céu cinza-escuro no horizonte. Prenúncio de uma tempestade. E das boas. O pescador de meia-idade conseguia sentir nos pelos de sua volumosa barba a pressão do ar que ia aumentando. Coisa de marinheiro experiente. O melhor era sair da água e forragear as pedras e corais da margem. Talvez pudessem jantar lagosta e sopa de mexilhões com pão de aveia se o mar não estivesse com tanta pressa para subir.
O vento já soprava com certa ousadia quando Abraham avistou uma depressão com uma boa cobertura de algas, local propício para encontrar abalones. Quem sabe sua sorte não mudava ali no ocaso do dia?
Não soube arrematar se fora traído pela fadiga do final de expediente ou pela pressa e empolgação pelo achado, mas o preço pago pelo descuido era concreto: ao descer para a saliência que era objeto de sua investigação, Abraham deu um pequeno salto da pedra em que estava até o chão, numa distância que não deveria cobrir mais do que 40 ou 50 centímetros. Pouca coisa. Mas não para um homem descalço.
— Aaagh! — ele berrou para dentro. O som ecoou gutural, como se estivesse engolido o grito ao invés de cuspi-lo numa torrente de dor e autodepreciação.
Um monturo sob a areia? Vidro? Não, vidro não. Não sentiu nada estilhaçar-se. Talvez restos do casco de um navio ou os fragmentos de um quebra-mar enferrujado? Quem sabe um velho grampo de vela ou mesmo uma dessas estacas de armar acampamento... As possibilidades eram muitas, mas o que realmente assombrava o pescador era na verdade que fossem coisas vivas de uma longa lista encabeçada pelos pavorosos peixe-pedra e peixe-leão.
A lancinante pontada atravessou a pele e a carne num solavanco quase rombo, quando parou no tálus* depois de varar a parte mais central do calcâneo** direito de Abraham. A dor pungente logo se somou à quente sensação do líquido carmesim que vertia como em longos goles da base de seu pé. A queda foi inevitável, somente abrandada pelas palmas das duas mãos que encontraram o chão juntamente de seus joelhos. Ele rapidamente sacou a faca de estripar com a qual retira os abalones das pedras na vã intenção de com ela retirar também um possível ferrão ou fragmento de metal cravado em sua carne.
Para a surpresa de Abraham, a ferida era ainda mais larga do que propriamente profunda, abrindo um sulco de quase 10 centímetros em seu membro. A outra surpresa do homem foi aquilo que provocou o ferimento, não se tratando de um animal e muito menos de algum pedaço de lixo humano: uma estranha pedra num tom verde e fantasmagórico finamente entalhada numa retidão que poderia fazer inveja às mais recentes ferramentas industriais. Obviamente era o fragmento de uma estrutura maior, visto que a ponta que o perfurou provavelmente seria o local onde fora quebrada.
O pescador levou a faca à boca e cerrou-a entre os dentes, à maneira dos soldados dos filmes de ação, como se pudesse amenizar a agonia que já lhe invadia o restante da perna. Rasgou uma das mangas da esfarrapada camisa de algodão e junto das cordas e pedaços de rede que trazia improvisou um rudimentar curativo na palma do pé. Com o elástico do seu arbalete, Abraham pariu um simulacro de torniquete, apertando firmemente a base do pé na altura do tornozelo. “Há! Queria ver aquele exibido do irmão da Raquel fazer um trabalho desses só com isso. É Universidade de Miskatonic pra cá, é meu PhD em Tanatologia forense ou o diabo que o carregue pra lá”. Era sua maneira de se gabar e atenuar a dor momentaneamente.
Tomado por um estranho senso de inquietude e euforia, o homem carregou seus pertences até a pedra mais alta ali perto, levando junto o pedaço da estranha formação que outrora feriu-lhe. “Aqui eu consigo achar quando voltar”. Enrolou-os num pedaço de rede e deu um forte nó junto a uma das hastes enferrujadas de um antigo quebra-mar. Tempestade alguma carregaria aquilo da praia. Encarou o horizonte agora completamente turvo e cravado de cicatrizes elétricas que iam e vinham no céu. Seus olhos agora eram profundos poços escuros e apáticos. A ventania estava forte o bastante para sacodir a cabeleira cacheada de Abraham. Arrastando o pé direito pela areia o homem entrou no mar, nadando de encontro à densa penumbra das ondas noturnas. “Ph´nglui mglw´nafh Cthlhu...”: sua mente cantarolava baixinho ao ritmo das braçadas.
— Isaac, amanhã papai volta pra te apresentar a um amigo que habita o profundo azul — Abraham sussurrou enquanto olhava para o que ainda conseguia enxergar da praia, como se seu filho pudesse ouvi-lo dali. Submergia vigorosamente enquanto o ar lhe escapava dos pulmões sem a parcimônia de outrora como vivido mergulhador. “Ph´nglui mglw´nafh Cthlhu R´lyeh wgah´nagl fhtagn”, cantarolou até desaparecer nas sombras tentaculares das profundezas.
* O segundo maior osso do pé.
** O maior osso do pé e diretamente ligado ao suporte de peso e estabilidade do corpo humano.
1 note · View note
Photo
Tumblr media Tumblr media
Mauna Loa Awakens The world’s largest active volcano—Hawaii’s Mauna Loa—has been quiet for the past four decades. But in November 2022, the volcano began to stir. The first signs of unrest emerged in early October 2022, when U.S. Geological Survey data showed a tenfold increase in small earthquakes beneath the volcano’s summit caldera—a result of the underground movement of magma. Swarms of earthquakes continued sporadically through November 27, 2022, when new fissures began to spill lava across the caldera floor at 11:30 p.m. local time. Most of the lava fountains were only a few yards tall, though some of the tallest rose as high as 100–200 feet (30–60 meters). The lava flows in the caldera had quieted by the next day, although other fissures had opened slightly to the northeast by then. The bright glow of the eruption was visible to NASA and NOAA satellites orbiting hundreds of miles above the surface. The image above was acquired at 2:25 a.m. local time (12:25 UTC) on November 28 by the “day-night band” of the Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS) on the NOAA-NASA Suomi NPP satellite. For comparison, the image above shows the same area on October 29, 2022, before the eruption had begun. Some cloud cover on November 28 scattered light from the eruption and urban areas and made it more diffuse. “It also looks like the lava emitted by the eruption was so bright that the sensor was saturated, producing a ‘post-saturation recovery streak’ along the VIIRS scan to the southeast,” noted Simon Carn, a volcanologist at Michigan Tech. “These streaks are only seen over very intense sources of visible radiation.” Among the substances pouring from the volcano was sulfur dioxide (SO2), a pungent gas that reacts with oxygen and water to form a gray volcanic haze called vog. The map above shows where the European Space Agency’s Sentinel-5P satellite detected sulfur dioxide in the middle troposphere with its Tropospheric Monitoring Instrument (TROPOMI) sensor. The Ozone Monitoring Instrument (OMI)—the predecessor to TROPOMI—on NASA’s Aura satellite makes similar measurements. The Ozone Mapping and Profiling Suite (OMPS) on Suomi NPP, NOAA-20, and NOAA-21 does as well. “The eruption is effusive rather than explosive, although its initial phase overnight on November 28 was quite energetic and injected some sulfur dioxide to high altitudes, possibly all the way to the tropopause,” said Carn. “That is unusual for this type of eruption.” Scientists at NASA used both OMPS and TROPOMI to measure sulfur dioxide emissions of about 0.2 teragrams on November 28. “Both sensors measured within 5 minutes of each other in early afternoon and are in excellent agreement despite having different algorithms,” said Nickolay Krotkov, an atmospheric scientist at NASA’s Goddard Space Flight Center. For comparison, Mauna Loa’s previous eruption, in March–April 1984, emitted about 1.2 teragrams of sulfur dioxide over a three-week eruption. “Mauna Loa eruptions typically last for a few weeks, but this is an evolving eruption and we’re just in the early days of it,” added Ashley Davies, a volcanologist at NASA’s Jet Propulsion Laboratory. “The U.S. Geological Survey’s Hawaiian Volcano Observatory is closely monitoring and assessing all aspects of the eruption and is a great source of information for people wondering about the risks and hazards this eruption might pose.” Scientists affiliated with NASA’s Disasters program are actively monitoring the eruption and are in the process of providing data and imagery to other agencies—including the Hawaiian Volcano Observatory and FEMA—that are responding to the eruption. NASA Earth Observatory images by Joshua Stevens, using VIIRS day-night band data from the Suomi National Polar-orbiting Partnership and modified Copernicus Sentinel 5P data (2022) processed by the European Space Agency. Story by Adam Voiland.
0 notes
naturespride · 1 year
Text
Spicy Tangy Green Chili Pickle
Pickles have been a part of Indian cuisine since the ancient period. It is the traditional view of pickling. The chili plant is supposed to have been transported to India from the Americas by Christopher Columbus and Vasco da Gama. The tropical Indian climate suited its cultivation, and its fruits became popular in Indian cuisine.
Tumblr media
Chilies are in culinary as well as traditional medicine. Chili is a modern cuisine that is sometimes known as Chili con Carne or Chile.
Pickles, also known as Achaar, are a common ingredient in Indian cuisine. In most Indian families, making pickles is a long-standing custom. Summer is traditionally the pickle-making season when mangoes and other pickled fruits and vegetables are in season. During the summer season, raw mango, gooseberry, lime, lemon, chili, carrot, and garlic pickles are traditionally produced in large batches to last the entire year.
Pickling in India is a lengthy process. The pickles are created with care and marinated for days in the sun, which benefits the marination process as well as the preservation of the pickle throughout the year. Salt, turmeric, and lemon juice are natural preservatives that help keep the pickle lasting longer.
Indian pickle recipes are passed down through the years, and each family has its unique formula. Pickles are made with various oils, fruits, and vegetables depending on the region of India and these pickles have a wide range of flavors, textures, and tastes.
Nowadays this modern time people highly prefer instant pickles. This green chili pickle is very easy to purchase that is available in most Indian pantries. It’s tangy, pungent, spicy, and flavorful, and helps enhance the taste of whatever it is paired with.
Instant pickles are more flavorful and delightful because the fruits and vegetables used retain their crunch and bite because are devoured more quickly. No other artificial preservatives are added to these instant pickles.
The blog post “Spicy Tangy Green Chili Pickle” was originally posted here.
1 note · View note
inutilidadeaflorada · 2 years
Text
Tua Vinda Imita a Sugestão ao Petróleo
Eu limpei meus olhos Desta crosta de pólvora Me envolvi outra vez com minhas ilusões Escorridas do hálito de beijos tóxicos Rinhas de escaravelhos e seus mistérios Crimes de cópulas, cometi vários Repeti até, para ter certeza Antes que me fizessem cinzeiro Te amei dentro da descoberta dos ingênuos Vou beber das tuas asas de acrílico Vou respirar dentro das tuas roupas Como quem pede asilo em um país vizinho Quem diria, logo eu querido Eu também me surpreendi Ousei, outra vez te querer Mesmo que fosse um gesto infeliz A carne arde, pungente na urgência do caos São dezesseis horas, são vinte e duas horas São seis horas, são doze horas. Eis outra revolta Enquanto escolhe devotar-se aos amores de festim Vou erguer noites, ao teu aceno Esperando a espreita, em sentido anti horário Qualquer sinal infeliz que ainda me queres Mesmo que seja com o pesar do tempo que não volta E tanto faz, ficar preso a ti Já foram meses perdidos Já foram anos te pertencendo Amanhã, celebra-se uma década Me atire qualquer violência tua Só para ter certeza que ainda causo efeito Me diga qualquer coisa para me ater ao exército do bem Roubando cada pedaço meu, fazendo-me esquecer de ti...
22 notes · View notes
fairiesarebarefoot · 2 years
Text
E mais uma vez eu me encontro estirada em minha cama esperando o fármaco fazer efeito. Mesmo depois de quase dez anos, tudo dentro de mim ainda parece caótico. Quando chego a tocar a ponta dos dedos num vestígio de serenidade, eu tropeço nas armadilhas que minha própria mente constrói. Por mais que eu tente me enganar, eu sei que isso não vai mudar. Ainda irão existir dias em que a vontade de morrer me sufoca e tortura, enquanto eu tento desesperadamente encontrar algo que não me deixe ser levada por essa correnteza.
Achei que já tivesse derrubado esse muro, mas a verdade é que ele fica cada vez mais alto e sólido. Do lado de dentro, há apenas a minha existência e eu já não consigo mais ouvir o mundo lá fora. Tento me manter confortavelmente entorpecida pra evitar destilar o sangue pelos meus braços. A abstinência do meu alívio já me causa alucinações. Olho pro espelho e vejo meu reflexo banhado pelo meu delírio carmim. Covarde demais pra mergulhar nessa fantasia, o que me resta são as pílulas que irão fazer minha mente flutuar. Meus olhos já estão pesando e eu não vejo a hora de finalmente despencar nos meus desejos oníricos.
De tudo que eu tenha escrito nos últimos tempos, esse talvez seja o mais pungente e desolado dos escritos. Sinto que nadei por tanto tempo e com tanto esforço pra chegar ao mesmo lugar. Já não quero mais precisar me convencer de que eu não sou alguém comum. Eu sou apenas mais um esqueleto coberto de carne que tenta sobreviver ao meu próprio apocalipse. Não haverá uma diferença sequer no mundo se esse amontoado de órgãos parar de funcionar.
Caso eu não acorde amanhã, deixo minhas palavras a quem fica. Amei mais do que achei que pudesse amar, senti dor mais do que achei que conseguiria sentir e tentei pulverizar tudo que me apodrece por dentro em palavras. Agora, se eu acordar, será mais um dia em que eu virarei na cama e aprisionarei meu olhar na rachadura da parede até finalmente entender que meu coração ainda bate, mesmo que contra minha vontade.
0 notes
janimun · 2 years
Text
eu disfarço bem, mas aquele menino leu meus olhos, meu sorriso fabricado. eu disfarço bem, mas quando ele começou a falar não me contive. os peixes que moram nos meus olhos tiveram um rio caudaloso onde se banhar. é tão raro alguém me acessar assim. alguns até tentam, outros só passam distraídos com suas próprias vidas. mas aquele menino, aquele menino falou com uma parte tão pungente de mim, uma ponta aguda que até então não havia sido nomeada por mais ninguém de carne e osso, ou pelo menos, não dessa forma. tranquilo, sereno, usando a metáfora de um livro que eu mesma tinha indicado pra ele. aquele menino, hoje, foi a parte que me faltava. com ausência mesmo, com as palavras possíveis, com um monte de gente ao redor, com um uniforme que faz de mim um totem, ou qualquer coisa assim. ali mesmo. chorei, chorei, me vi nascendo, chorei pra valer.
0 notes
corallorosso · 2 years
Photo
Tumblr media
“Immagina la cosa peggiore e più disgustosa che tu abbia mai annusato. Un mix opprimente di carne in decomposizione, vecchi calzini che non sono stati lavati per settimane, conditi con l'aroma pungente di una fogna a cielo aperto. Immagina di essere coperto di quella roba mentre viene spruzzata generosamente da un cannone ad acqua. Quindi ora, immagina di non essere in grado di liberarti della puzza per almeno tre giorni, non importa quante volte provi a pulirti. L’odore si appiccica e contamina ogni cellula della tua pelle. Immagina di sentire conati di vomito salire su per lo stomaco o di non riuscire più a respirare. Immagina di non poter difenderti in alcun modo da quella doccia sporca e di doverla solo subire senza poterla ostacolare…” Si chiama "Skunk" ed è un'arma maleodorante e non letale utilizzata per il controllo delle persone dalle forze di occupazione israeliane (IDF) È usata come metodo di punizione collettiva. Le forze di occupazione israeliane spruzzano democraticamente litri di questo liquido sulle case dei palestinesi nei quartieri storici di Gerusalemme. Nel quartiere di Silwan si sono svegliati tutti contaminati dall’inconfondibile puzza sionista. (Keys of Palestine)
12 notes · View notes