jogando alguém na fogueira: conto 2
Era noite no pátio, e não havia lua, havia pontos de luz aqui ou ali, mas não eram o suficiente, além do silêncio sepulcral que se fazia, quebrado ocasionalmente pelo rugido do verme.
Timothée e Castela estavam bem no centro, Timmy com metros e metros de corda na mão, mas tremendo muito
-- Ele se move muito rápido, é tão difícil de focar -- Comentou Castela, Timmy reparou que suas íris em forma de cruz, o que a dava um aspecto bem assombroso, mas ela já havia explicado que tinha o poder de enxergar tudo e em todo o lugar -- Ele está indo para os jardins da reitoria, é por causa do solo, eu vou fazer um círculo de contenção aqui e você vai trazer ele para cá
-- Como? -- Timmy perguntou quase chorando, mas tentando ser o mais corajoso possível
-- Olha, não precisa ter medo, só o distraia e ele vai vim correndo atrás de você -- Ela falava como se parecesse muito simples, ele respirou fundo se perguntando internamente o que aconteceria se ele morresse ali e se tudo ainda era um sonho, ele tinha medo de perguntar e descobrir
-- Ok, vamos lá -- Castela começou a fazer um um círculo imenso no pátio com um tipo de sal escuro enquanto Timmy caminhou a passos largos para o jardim.
Quando ele chegou perto do quintal da reitoria, se escondeu atrás de alguns arbustos e avistou o monstro, era do tamanho de uma caminhonete, comprido como uma carreta, e estava parado e parecia respirar, ele não conseguia sentir nenhuma empatia pelo bicho, ele era horrível, grotesco e assustador, sua boca aberta cheia de dentes se mexia e o deixava arrepiado
-- Eu prefiro os de computação gráfica -- Ele comentou para si mesmo, mas lembrou que aquele verme alguém de quem aquelas pessoas gostavam e queriam livrá-lo daquela maldição, então ele iria ajudá-lo porque eram pessoas querendo ajudar um amigo -- Ele não pode me ver -- Ele sussurrou enquanto o verme não parecia ter notado a sua presença ali, então ele respirou fundo e saiu dos arbustos e começou a fazer barulho, surdo ele também não deveria ser, o verme virou sua boa em direção a ele e ficou parado por tempo o suficiente para Timmy entender que deveria começar a correr muito rápido. Saiu correndo e gritando, os gritos serviam para manter o verme no seu encalço, mas ele gritava de pavor e não de forma proposital, correu o mais rápido que suas pernas alcançaram, estava com tanto medo que não conseguiu seguir direto para o pátio e acabou se metendo em um lugar em que a única saída para se salvar foi se jogar num vão para o verme passar direto por ele, então se moveu lentamente para espiar a criatura e ela estava se movendo para lá e para cá logo a frente
-- Ele corre muito -- Ele sussurrou desesperado pensando que era arriscado se usar de isca e que poderia ser devorado, devia haver outro jeito, então ele se sentou e viu a sua frente duas foices de jardinagem, olhou novamente para o verme que agora estava estático e temia estar lhe procurando -- Eu espero estar no mesmo universo onde isso funcione -- Então ele pegou as foices e saiu silenciosamente do vão, o verme não era liso, tinha um corpo anelado, então talvez não precisasse fincar as lâminas na carne da criatura
Castela já estava com tudo pronto para conter o verme, mas Timmy ainda não o tinha trazido
-- O que ele está fazendo? -- Ela se perguntou -- Isso é...--
-- Ei Maria, onde está Timmy e nosso amigo Ruskin ? -- Perguntou Lewis Carroll chegando a pé com Duckworth do cemitério, logo a pergunta foi respondida pelos gritos do jovem -- Está atraindo ele aqui como isca, esperto, é um clássico
-- Não, ele não está correndo -- Respondeu Castela
-- Olha aquilo! -- Apontou Dukworth e viram o verme zanzando por todos os lados a uma alta velocidade e Timothée preso acima dele segurando duas foices presas no bicho
-- Caramba, que ideia! -- Se admirou Carroll -- Alguém tinha que mostrar isso para os caçadores de sombras
-- PARA CÁ! O TRAGA PARA CÁ! SE ELE ENTRAR NO CÍRCULO NÃO PODERÁ IR A LUGAR NENHUM -- Gritou Castela o máximo que pode, Timmy sabia o que tinha que fazer, então se levantou e controlou os cabos o máximo que pode para fazer o verme ir até o pátio. Deu certo, o verme foi diretamente para o círculo, mas parou de forma tão abruta que Timmy foi lançado para frente e ia se espatifar contra uma parede se ele não parasse a centímetros flutuasse a uns quatro metros do chão, mas não estava mais gritando, estava tão espantado com a experiência que estava quase chorando. Carroll apareceu logo abaixo dele e o fez descer, fora ele quem usara magia para fazê-lo flutuar no ar
-- Caramba, você foi genial! -- Comentou o escritor -- Eu já cavalguei muitas criaturas, mas nunca imaginei cavalgar um verme -- quando as pernas de Timmy tocaram o chão elas estavam tão trêmulas que ele mal conseguia se manter em pé
-- Bem, a ideia não foi minha, mas é uma longa história
-- Agora precisamos amarrá-lo! -- Disse Castela -- Aqui está a corda, mas precisa ser muitos nós diferentes -- O verme estava dentro do círculo, mas se mexia muito
-- Eu acho que sei uns quatro -- Disse Charles
-- Eu sei alguns -- Disse Duckworth dando de ombros -- dois
-- Ta de brincadeira!
-- Eu só sei um, amarração nunca foi comigo -- Disse Castela
-- Vamos lá, mas é a última coisa que eu vou fazer por esse verme -- Suspirou Timothée se recuperando do susto
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