Tem alguma dica pra quem quer começar a escrever em 3 pessoa?? Sempre escrevi em 1 então tenho várias dúvidas de como fazer
Oii, tudo bem? Na verdade eu nunca pensei muito nisso já que a maioria dos livros são escritos assim; é algo natural para mim. Entretanto, temos algumas caracteristicas bem especificas.
Veja agora alguns diferença entre narradores!
Primeira Pessoa ou Terceira Pessoa?
Narrador observador: Para o mais interesse nesse narrador é ter uma visão do todo, sabe? Em primeira pessoa apenas temos uma visão individual, assim se você quiser uma visão mais abrangente teremos que criar varios ponto de vista para diversos personagens. Se você escolhesse escrever em terceira pessoa esse problema se resolveria, podendo ter bem mais liberdade para descrever todos os personagens e ações ao invez de se focar em apenas um personagem.
Emoções menos proximas: Se a narração em primeira pessoa for bem feita vai parecer que o leitor está experimentando a história no lugar do protagonista, literalmente na pele do protagonista. É magico, embora isso seja possivel também em terceira pessoa, só que é mais facil fazer isso em primeira pessoa. Entretanto, é quando entram os monologos, o real problema para a primeira pessoa. Personagens que narram em primeira pessoa e que acabam se desviando do enredo e só falam de sentimentos ou pensamentos é o grande problema. O segredo é aprender o equilibrio entre monologo, emoçoes, enredo e descrições.
Descrições: Eu tenho que dizer que descrições funcionam bem mais em terceira pessoa. Comece a reparar nisso, compare as descrição de ambiente e mundo em livros escritos em primeira e terceira pessoa. Como a visão é mais ampla a descrição também se torna mais ampla, assim fica bem mais facil fazer as descrições necessarias.
Narrar sobre mais de uma pessoa ao mesmo tempo: Sim! Podemos fazer muito mais na terceira pessoa. Imagina uma discussão entre três pessoas, que confusão, não? Em terceira pessoa é bem mais simplificado, você usa o nome das pessoas e você pode deixar elas apenas conversarem, mas em primeira? Pode experimentar na sua história, você não fica na tentação de enfiar um monte de descrições entre os dialogos? Por isso que em terceira pessoa fica mais facil; a narração é mais direto ao ponto e a história tende a andar bem mais rapida e fluída.
Eu não lembro muito mais de como escrever porque faz tempo que eue não escrevo assim. Dessa forma, temos que ter em mente o seu objetivo com essa narração. Você quer ter uma experiencia mais individual? Use a primeira pessoa. Quer ter uma visão mais ampla de mundo, descrições e personagens, use a terceira pessoa.
Agora, vou te mostrar dois exemplos:
Primeira Pessoa
"Desci do ônibus e parei em frente a um grupo de casas luxuosas, já estranhando o lugar. Segurei meu celular com força e verifiquei o endereço que me mandaram. Sim, era ali, Rua dos pinheiros… erh… o que parecia estar certo, pois haviam árvores tão altas que parecia desaparecer entre as nuvens. Dei de ombros e me coloquei a andar, sentindo como se entrasse em um mundo desconhecido. Eu não podia evitar, me via deslumbrado por aquele lugar; eram grandes portões que delimitavam as propriedades, as separando por muros ainda mais altos. Arvores gigantes e outras pequenas, em diferentes formatos e cores que bloqueavam a visão das outras casas ou o que havia dentro daqueles portões. Eu nem havia comentado das longas calçadas de tijolos que pareciam sair de um conto de fadas, se estendendo sem fim conforme as fileiras de residências se perdiam ao horizonte e além.
Parei em frente ao conjunto que tinha o número 17, onde mais um grande portão de ferro negro subia mais alto do que eu podia ver e verifiquei mais uma vez se aquele era o endereço correto. Cocei os cabelos, tentado a abrir mais uma vez o e-mail com os dados do contratante, porque, aquilo só podia ser um engano; o que eu presenciava não podia ser chamado de casa. Agora que eu chegava bem perto podia ver que era um conjunto de pequenas mansões bonitas e bem estruturadas, com cercas brancas, largos jardins, parques, piscinas, academias e tudo mais o que pudesse ser imaginado, além de seguranças protegendo o perímetro ao redor da propriedade e nas áreas comuns a todos os moradores.
Parecia que eu, de fato, tinha entrado em uma realidade paralela, o que era estranho. Sentia que eu não era alguém que aquelas pessoas contratariam, um alguém sem faculdade, qualificações ou indicações profissionais adequadas. Mas já que eu estava ali… dei de ombros outra vez. Andei até a frente do portão e apertei o interfone:
— Com licença, tenho uma reunião com na casa 4.
— Sim, bom dia. Me deixaram um recado. — O porteiro, solicito e educado, me disse. — Ela pede desculpas por não poder recebê-lo pessoalmente. Nós o encaminharemos até o local."
Terceira Pessoa:
"Com uma pancada barulhenta, Nico caia do céu. Ele descia em direção ao chão, descontrolado, através das sombras feito um meteorito flamejante. Sem ter controle de onde ia, pousou, despencando com a estátua de Athena Pathernos ainda presa a ele, balançando a terra e todo o resto a seu redor.
Deuses! Sua situação não poderia ser pior. Achava que tinha quebrado alguma coisa.
Ajoelhado, com suas roupas em farrapos, Nico se segurou para não vomitar. Agarrou a grama e abraçou o estômago, se apoiando na estátua com os olhos fechados ao sentir o mundo girar. Suas feridas tão pouco ajudavam. Suas pernas e braços latejavam enquanto seus músculos protestavam com a menor tentativa de movimento. Gemendo, quase não aguentou o peso do próprio corpo. Por isso, continuou ali, parado. Tinha sorte de ter chegado até ali, mesmo não sabendo onde estava e muito menos o paradeiro de seus companheiros. Entretanto, as sombras que o guiaram até ali lhe confirmavam; Nico se localizava em algum lugar ao norte de Nova York, perto do acampamento meio-sangue. Esperava que tivesse chegado há tempo de impedir que os romanos e gregos se destruíssem.
Ele só precisava descansar. Só um pouco. Mas sabia que não podia.
Não entendia o que o movia, mas sabia que algo aconteceria em breve. Podia sentir a palpitação no lado direito de seu peito e a bênção dos deuses lhe dizer que algo ruim estava prestes a acontecer. Nico tinha que se mover, precisava continuar. Só mais um passo.
Nico abriu os olhos e retraiu um gemido de dor. Havia luz, tanta luz que não podia enxergar nada além do clarão que o cegava. Piscou os olhos e logo veio a nitidez; ouviu sons de espadas, gritos e gemidos de dor. Se deparou com seu maior pesadelo. Gaia, a cruel mãe terra, se levantava fluida e resplandecente pelo solo. como somente uma entidade tão antiga poderia. Ela se sentava em seu trono de terra no topo da colina meio-sangue, observando a terra molhada tremer e engolir tudo o que estivesse à sua volta. Com o semblante calmo e piedoso, reluzia ofuscante sob a luz do sol como se os feixes de luz existissem somente para satisfazê-la. Sua beleza era de tal forma que Nico não poderia descrever se lhe perguntassem. "
Para comparar, você repararam com em primeira pessoa o texto é mais lento, mais focado no individuo? Em suas emoções e pensamentos? Já em terceira pessoa o texto é bem mais rapido e cheio de descrições, onde temos descrições de varias coisas acontecendo ao mesmo tempo? Basicamente, a descrição de ambiente em terceira pessoa substitui o monologo interno na primeira.
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Observações ultramarinas
Por que nunca escrevo sobre o que vejo? Por que não faço um diário de viagem e conto minhas impressões? Porque acho que os outros podem ver com seus próprios olhos e uma descrição seria muito redutora de tudo que poderiam ver e sentir. Escrevo sobre meus sentimentos, em geral, porque esses só podem ser vistos através de minhas palavras.
Mas vá la, vamos fazer um exercicio. As estradas me impressionam diariamente, não por serem bonitas e bem asfaltadas mas por sua largura, por muitas vezes parece que nao vao caber os dois carros que precisam passar ao mesmo tempo, e existem trechos que nao cabem de fato, havendo sinalizaçao de quem é a prioridade, se é quem vem ou vai. Todos tem carros novos, rápidos e potentes e ainda sim dirigem a 50km/h, param nas milhares de rotatórias espalhadas e esperam a quase que por um prenuncio de quando podem entrar e seguir sua vida. Veja, nao estou criticando o fato de seguirem as leis e o que foi ensinado na auto escola, estou criticando o sistema de ensino em si, muitas vezes penso "acelera esse carro meu senhor, dava pra ter passado umas 3 pessoas já". Além disso as motos, as motos se comportam majoritariamente que nem carros, nao fazem muitas ultrapassagens e são bem cautelosa ao passar no meio dos carros… parados. O passeio é otimo porque o sol, o calor, misturado com o vento dá um ar bastante europeu para a aventura, entretanto com essas estradas sinuosas passando a beira de grandes penhascos sinto um medo por estar na garupa que seguro no na moto com tanta força que a mão fica avermelhada, como é entregar sua vida na mao de outra pessoa? Se ela tomar uma decisão errada agora eu morro (ou fico muito ferida).
Chega de estradas, vamos para as paisagens, tem sim muita coisa interessante para se ver, todas as vezes que fui nessas vilas com as casas feitas de pedra que existem desde o século 16 a unica coisa que penso é como seria a vida de fato nessa época. Hoje está completamente disvirtuada, cheia de lojinhas, pequenos restaurantes. Como eram os restaurantes? Quantas pessoas tinham na rua? O que era o dia a dia? Para mim mais me interessa saber quanto nossos costumes mudaram do que ver várias dessas construçoes parecidas. Confesso que na terceira já olho as fotos e nao sei qual mais era qual. E ainda por cima nesse momento atual de minha vida as preocupaçoes corriqueiras, e muitas vezes não importantes, me tomam a cabeça que parece que não consigo guardar a imagem desses lugares, é como uam foto mal dirada que o negativo fica meio apagado e o album de fotos voce acaba guardando no fundo atras dos outros.
Eu sei que parece, Leitor, que não tenho nada de bom a falar sobre essa viagem interessante que tenho feito, pois observe, esse é meu jeito de dizer a que detalhes prestei tanta atençao e provavelmente são os que levarei adiante. Mesmo escrevendo como diário de viagem ainda o que catalogo são impressoes, sentimentos e emoçoes que sao apenas meus.
Sinto que valorizo mais e mais a minha vida no Brasil, ontem mesmo no passeio tirei fotos de montanhas, muitas e muitos morros que o verde parecia mais pastel, como se alguem tivesse colocado um filtro e editado a coloraçao dos morros do interior paulista, eu particularmente acho os nossos mais bonitos, porem nao conte isso aos franceses. Continuo, foi interessante ver para que entao pudesse fazer a comparaçao.
Achei algo que me agrada bastante, algo que adoraria poder replicar, a calma pela manhã, com a luz do dia, sair para comprar pão (aqui obviamente croissants), pegar o jornal sem já estar sempre atrasada para o próximo compromisso. Nessa cidadezinha em poucos dias o pessoal da padaria e o jornaleiro já sabem quem eu sou, sorrimos e dizemos bom dia. Educados, gentis, amáveis. Nos falta isso em São Paulo.
Termino esse relato com as praias, um misto de areia com pedras e agua geladíssima, voce mergulha e parece que é um choque termico, faz um reboot no seu cérebro. Eu pelo menos entrei e saí em questao de segundos pedindo para o sol estar tao quente a ponto de evaporar a agua logo. A areia não é nem fina nme grossa e é misturada com "sujeira", folhas de arvore, galinhos e etc. Não tem barracas na praia, leve tudo que você precisar, ou você tem a opçao de pagar para entrar nas praias privadas, algo como 20 euros por um guarda sol e duas cadeiras. Me indigna ter praias privadas, eu entendo ter guarda sóis reservados a determinados hotéis ou restaurantes mas fechar o acesso as pessoas, isso é, não encontro nem as palavras para concluir. As praias também são curtas e estreitas, dizem que no alto verão lotadas, isso eu não vivenciei. Vale a experiência mas eu definitivamente não viria a Europa para esse tipo de passeio, se tivesse a oportunidade faria mesmo um passeio de barco pelas ilhas aqui ao redor.
Bom leitor, não se isso vem a te interessar, porém tenho feito um exercício diário de aumentar meus horizontes em relação a escrita, como pessoa múltipla que gostaria de ser, tento mostrar-te minhas outras facetas para que eu as reconheça em mim mesma.
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