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joycesoarespsi · 5 months
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“O método de Stutz” e algumas reflexões sobre a depressão
Tempos atrás assisti um documentário intitulado “O método de Stutz” em que o ator Jonah Hill inverte os papéis com o psicoterapeuta junguiano, fazendo-o falar sobre a vida e seus anos de trabalho, e tenta desvendar as nuances dos métodos de tratamento utilizados por ele. Vou tentar traçar algumas associações com as ideias que Stutz aborda ao longo do documentário, mas a partir da PHC (Psicologia Histórico-Cultural). Que fique claro, isso não é uma tentativa de correspondência entre abordagens com bases epistemológicas completamente diferentes (PHC e Psicologia analítica), apenas algumas elaborações e associações minhas que vão nos ajudar a pensar um pouco sobre a depressão.
A partir dos casos atendidos e anos de atuação, Stutz concebe uma ideia que chama de “Força Vital”, fazendo referência à vontade, o que queremos fazer e o que nos caracteriza como pessoas. Também, articula a relação dos seres humanos em três aspectos principais: com o corpo, com os demais e consigo mesmo. Stutz fala que toda a sua forma de tratamento da depressão tem como base pensar em alternativas que contemplem esses três aspectos da Força Vital, provocando algum grau de alteração em comportamentos e pensamentos que estejam enrijecidos (comportamentos e pensamentos que acabam alimentando um ciclo de culpa, vazio e perda de sentido). São, portanto, recursos que priorizam uma mudança de rotina e de hábitos (relação com o corpo), a identificação e busca por uma rede de suporte para o indivíduo (relações com os demais) e a escrita sobre os próprios sentimentos como um dos mecanismos organizadores do psiquismo (relação consigo mesmo). Partindo disso, é preciso salientar que essas ideias, apesar de serem nomeadas de maneira diferenciada por Stutz, não são nenhuma novidade na Psicologia.
Na PHC, poderíamos chamar esse processo de busca por alternativas como “reorientação das atividades” do sujeito. A partir da PHC há a retomada, reelaboração e reestruturação de sentidos e significados que mobilizam funções psicológicas superiores (como o pensamento, memória, atenção, volição, emoções, consciência, etc), visto que todas essas funções estão em uma relação dialética umas com as outras e com o meio. A PHC entende o ser humano como um ser integral e ainda traz, como um ponto-chave, a ideia de instrumentos e signos Mediadores: próprios do Humano e sua relação de trocas com a cultura; a cultura que nos modifica e é por nós, seres humanos, modificada.
Para além do articulado por Stutz a partir da abordagem junguiana, os instrumentos e signos mediadores, para a PHC, podem ser muitos. É tudo aquilo que serve de ponte para a construção de uma relação mais equilibrada conosco e com o mundo. Um filme, por exemplo, pode despertar lembranças desagradáveis ou agradáveis, servindo de meio para um fim na psicoterapia, resta questionar por que esse filme provocou tal reação, quais reflexões ele possibilita acerca do que o indivíduo vivencia particularmente; uma música pode seguir pelo mesmo caminho, assim como um livro ou mesmo ferramentas lúdicas típicas da Psicologia que nos auxiliam nesse processo: o Baralho de Emoções, por exemplo, que serve para psicoeducação e identificação/nomeação das emoções. Todos são instrumentos mediadores da relação entre nossas necessidades, motivos e ações no mundo. Além disso, a própria linguagem é o signo mediador de todo esse processo. Comunicar pode possibilitar novas formas de pensar e compreender a realidade em um contexto clínico em que há a intervenção e mediação do psicoterapeuta.
A depressão também é vivida de maneira particular por cada indivíduo, tendo especificidades que dizem respeito ao cenário de vida e cultura. Entretanto, é comum ouvir relatos de indivíduos que se sentem paralisados, vazios e sem a mesma disposição para as atividades diárias. Partindo da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, esses fatores apontam para uma reelaboração dos motivos que estruturam e guiam a atividade transformadora no mundo. Dito de outra forma, compreender por que a vida, para o sujeito, perdeu o sentido, por que mesmo seus hobbies, trabalho ou estudo parecem desconectados dele mesmo, por que faz o que faz, quais os motivos parecem, de alguma maneira, alienados (ou seja, sem ligação com essas atividades que desempenha na realidade); entender, ainda, o caminho de surgimento das percepções distorcidas, os diferentes sentidos que atribui às experiências vividas, buscando a história do adoecimento em causa e quais os mecanismos que essa mesma história nos possibilita visualizar para pensar em caminhos alternativos e reestruturantes que potencializem a autonomia.  
Não estamos falando, portanto, de ter uma postura impositiva no tratamento das depressões, com afirmativas do tipo “faça o que eu digo e será curado” ou “você VAI sair curado daqui”. Fujam de qualquer profissional que age dessa forma. Frases desse tipo deixam implícito que o indivíduo em depressão é passivo no processo, apenas recebendo fórmulas mágicas que mudarão a vida de um dia para o outro. Na PHC, pelo contrário, o sujeito é ativo. Ele resgata a própria história e faz as próprias elaborações. Ele busca, com a mediação do psicoterapeuta, as próprias respostas e saídas. 
Assim, vislumbra-se a depressão não como algo biologicamente determinado, mas como um possível produto no percurso do desenvolvimento, do entrelaçamento dos aspectos culturais e biológicos. É importante refletir, por exemplo, de que forma uma sociedade individualista, atomizada, consumista e que culpabiliza os sujeitos por questões por vezes estruturais da sociedade, influencia o indivíduo em suas relações com o mundo e com ele mesmo. É, portanto, também na possibilidade de trocas com o meio e seus Mediadores (conforme comentado anteriormente), que esse indivíduo buscará por outros caminhos de desenvolvimento.
Ainda sobre o documentário em si: tenho mais algumas ressalvas que não pretendo compartilhar, pois esse post já ficou enorme. Apesar disso, acho que vale a pena assistir porque proporciona algumas reflexões interessantes.
— Psicóloga Joyce Severo Soares | CRP 07/40411
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Meu trabalho de artes 9° ano 😁
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versoesescritas · 10 months
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Fim de festa
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Sam praticamente arrasta uma Sophie muito bêbada para dentro de seu quarto. Sophie tropeça em seus próprios pés até cair de cara na mão.
- Ooops.
- Soph, não.
Sam se esforça para virar a garota de barriga pra cima.
- Minha mãe trocou os lençóis essa semana.
Sophie olha pra cima, piscando devagar. Ela olha pra Sam e em seguida pra sua própria mão.
- Estou vendo dois. Aquele álcool realmente é forte como eles disseram.
Sam tira a blusa de Sophie e seus olhos se demoram demais no busto nu dela.
- Você não devia ter bebido. Temos treino quando amanhecer.
Sophie ignora o sermão e coloca suas mãos sobre a de Sam quando ela começa desabotoar sua calça.
- Você devia me levar pra jantar primeiro.
Sam afasta suas mãos rapidamente.
- Eu sou sua amiga.
Sophie gargalha e se esforça pra tirar a própria calça, mas com seus reflexos dopados todo o esforço é em vão.
- Eu tava brincando, Samantha. Eu preciso de ajuda.
Sam suspira e volta a desabotoar a calça de Sophie.
- Quer ajuda no banheiro?
Sophie levanta os braços como se quisesse que Sam a pegasse no colo.
- Vem.
Sam levanta Sophie pelos braços e as duas caminham até o banheiro. Por mais que seja da vontade de sua vontade, Sam não consegue punir Sophie por suas péssimas escolhas de onde passar a noite. Então ela só muda o chuveiro pro quente e se enfia embaixo dele com Sophie.
- Você sabe que isso ficaria melhor se tirasse a roupa.
- Sem velhos truques agora.
Sophie passa os braços pelo pescoço de Sam e aproxima seus corpos.
- Não é velho se continua funcionando.
As duas se encaram, até Sam desviar o olhar para baixo.
- Acho que você consegue dormir sem vomitar agora.
Sam tenta se afastar mas Sophie a segura contra si.
- Eu preciso de você.
Sam sacode a cabeça mas ela sabe que é recíproco. A mão dela toca a barra da calcinha da outra - que mal consegue conter sua expectativa. Sua mão passeia até superar a barreira e tocar o centro de Sophie, que arfa em resposta.
- Continua.
Com o outro braço, Sam rodeia a cintura de Sophie, segurando-a no lugar.
A água continua caindo sobre as duas e Sophie afasta o cabelo molhado do rosto de Sam.
- Eu ainda vou lembrar disso de manhã.
Sophie sussurra contra os lábios de Sam ao mesmo tempo que a outra garota a penetra. Sophie geme e leva sua boca ao pescoço de Sam, deixando um beijo ali.
Sam encurrala o corpo da outra entre o seu e a parede. Ela retira suas mãos de entre as pernas de Sophie, e coloca uma de suas pernas entre as pernas da outra e obriga ela a se movimentar em busca de alívio.
Sophie joga a cabeça para trás, dessa vez gemendo mais alto. Sam admira como o cabelo molhado de Sophie gruda em seu rosto e pescoço. 
Ela está praticamente imóvel agora, só observando como Sophie constrói o clímax de seu próprio prazer.
Sam decide que já é o suficiente e ajuda Sophie a subir e descer mais rápido em sua perna. Pela primeira vez, Sam faz com que seus lábios se encontrem, prendendo o lábio inferior de Sophie entre os seus. Ela abafa mais um gemido da outra e sente quando Sophie afunda as unhas em seus braços e se deixa levar.
- Eu realmente espero que você se lembre disso quando amanhecer.
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annavivi00715 · 1 year
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Um pouco da minha arte!! 🤗🤗
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poemasecoffee · 2 years
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" A lealdade de uma criança por outra e imensurável. Você acreditou em mim, compartilhou novas experiências comigo, cresceu comigo. Isso conquistou minha sincera devoção."
- O Lado Mais Sombrio/ A. G. Howard
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entrelinhastextos · 1 year
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Tos
Espiando-se no espelho.
Ontem, eu era
Inteiro.
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syro180db · 1 year
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releitura em colagem do poema "coração numeroso" de carlos drummond de andrade
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juniorreis · 2 years
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E eu q refiz a foto do álbum "Lobos" do jão aiai
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amandanaotemnome · 1 year
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arqaad · 1 year
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Luz. @_adalb @projetominimuseu #registro #desenho #grafite #perfil #sketch #art #releitura #sombreamento #olhar #luz #sombra #detalhe #arte #desenhoamão #photo #gratidao #estudo #detalhe #desenhoalapis #Fotos #desenhosimples #foto #artepradeus #drawing #tumblr #instagram #facebook #twitter #_adalb #projetominimuseu https://www.instagram.com/p/Cooz6pPO08C/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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professorcaiotrev · 1 year
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Releitura obra Monalisa
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bra100bandeiras · 19 days
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"BRASIL100BANDEIRAS" 2024_Lei Paulo Gustavo - Sao José dos Campos
FOMENTO TEATRO, DANÇA, CIRCO, MÚSICA, ARTESVISUAIS, LITERATURA E ESPAÇOS CULTURAIS Proposta LPG004FCCR2024 ARTES VISUAIS, "BRASIL100BANDEIRAS"
Por dois finais de semana a nossa contrapartida se extende ao campo vivo das oficinas abertas, buscando reflexão politica e social. A oficina do projeto “Brasil 100 Bandeiras” propõe para a abertura do final de semana: uma roda de conversa cultural com um dos artistas convidados, formalizando debate sobre a obra e, ainda; proposta de oficina de ação educativa, aonde iremos fazer uma atividade de artes visuais. A atividade de ação educativa consiste na pintura livre, COM TINTA E TECIDO, de uma bandeira brasileira, sendo que os participantes são convidados a assinar os trabalhos deixar suas obras expostas junto à video arte original, nos dias que seguirem a mostra.  Essa proposta esta sendo desenhada para 60 participantes. Encerrando, domingo vem com a proposta aberta, livre , com o desfecho fora dos formatos da galeria de arte: Botaremos o bloco na rua; aonde o publico é convidado a VIVENCIAR/ Para isso “Brasil 100 Bandeiras” será apresentada a obra como video performance, saindo do seu formato de galeria, Por ser uma peça de arte visual de cunho de linguagem do  “Cinema Expandido”, expandimos o campo do “assistir” para o campo de performa e fazer
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1peppersblog · 1 year
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palhao84 · 1 year
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Outra tartaruga, outra lebre e outra corrida
O bondoso coelho queria fazer um evento para conseguir dinheiro e comprar alguns remédios para o hospital da cidade. Assim que o soube a lebre, ofereceu-se para uma corrida; precisaria apenas de um oponente. Para a surpresa de todos, a tartaruga se ofereceu e, logo, começaram a corrida. A lebre disparou na frente, porém a tartaruga estava determinada a continuar, fizesse sol ou chuva, com ou sem…
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raizinha014 · 1 year
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