E veja: eu vinha tanto tempo me relutando, contra o querer gostar de Diadorim mais do que, a claro, de um amigo se pertence gostar; e, agora aquela hora, eu não apurava vergonha de se me entender um ciúme amargoso.
De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim, e também, recesso dum modo, a raiva incerta, por ponto de não ser possível dele gostar como queria, no honrado e no final. Ouvido meu retorcia a voz dele. Que mesmo, no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.
Noite essa, astúcia que tive uma sonhice: Diadorim passando por debaixo de um arco-íris. Ah, eu pudesse mesmo gostar dele – os gostares...
Gostava de Diadorim, dum jeito condenado; nem pensava mais que gostava, mas aí sabia que já gostava em sempre.
Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa- feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente – tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando eu me lembrava daquelas mãos, do jeito como se encostavam em meu rosto, quando ele cortou meu cabelo. Sempre. Do demo: digo? Com que entendimento eu entendia, com que olhos era que eu olhava?
E ele, o Reinaldo, era tão galhardo garboso, tão governandor, assim no sistema pelintra, que preenchia em mim uma vaidade, de ter me escolhido para seu amigo todo leal. Talvez também seja. Anta entra n’água, se rupeia. Mas, não. Era não. Era, era que eu gostava dele. Gostava dele quando eu fechava os olhos. Um bem-querer que vinha do ar de meu nariz e– do sonho de minhas noites.
Muito fiquei repetindo em minha mente as palavras, modo de me acostumar com aquilo. E ele me deu a mão. Daquela mão, eu recebia certezas. Dos olhos. Os olhos que ele punha em mim, tão externos, quase tristes de grandeza. Deu alma em cara. Adivinhei o que nós dois queríamos – logo eu disse: – “Diadorim... Diadorim!”com uma força de afeição. Ele sério sorriu. E eu gostava dele, gostava, gostava.
A já, que ia m’embora, fugia. Onde é que estava Diadorim? Nem eu não imaginava que pudesse largar Diadorim ali. Ele era meu companheiro, comigo tinha de ir. Ah, naquela hora eu gostava dele na alma dos olhos, gostava da banda de fora de mim.
Meu corpo gostava de Diadorim. Estendi a mão, para suas formas; mas, quando ia, bobamente, ele me olhou – os olhos dele não me deixaram. Diadorim, sério, testalto. Tive um gelo. Só os olhos negavam. Vi – ele mesmo não percebeu nada. Mas, nem eu; eu tinha percebido? Eu estava me sabendo? Meu corpo gostava do corpo dele, na sala do teatro.
Lhe ensino: porque eu tinha negado, renegado Diadorim, e por isso mesmo logo depois era de Diadorim que eu mais gostava. A espécie do que senti. O sol entrado.
Diadorim permanecia lá, jogado de dormir. De perto, senti a respiração dele, remissa e delicada. Eu aí gostava dele. Não fosse um, como eu, disse a Deus que esse ente eu abraçava e beijava.
De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim, e também, recesso dum modo, a raiva incerta, por ponto de não ser possível dele gostar como queria, no honrado e no final. Ouvido meu retorcia a voz dele. Que mesmo, no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.
Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim – de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade. Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo. Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei – na hora.
Eu tinha gostado em dormência de Diadorim, sem mais perceber, no fofo dum costume. Mas, agora, manava em hora, o claro que rompia, rebentava.
Ao cada dia mais distante, eu mais Diadorim, mire veja. O senhor saiba – Diadorim: que, bastava ele me olhar com os olhos verdes tão em sonhos, e, por mesmo de minha vergonha, escondido de mim mesmo eu gostava do cheiro dele, do existir dele, do morno que a mão dele passava para a minha mão.
e que de Diadorim eu gostava com amor, que era impossível
Deixei em mim. Digo ao senhor: se deixei, sem pejo nenhum, era por causa da hora – a menos sobra de tempo, sem possibilidades, a espera de guerra. Ao que, alforriado me achei. Deixei meu corpo querer Diadorim; minha alma? Eu tinha recordação do cheiro dele. Mesmo no escuro, assim, eu tinha aquele fino das feições, que eu não podia divulgar, mas lembrava, referido, na fantasia da idéia. Diadorim – mesmo o bravo guerreiro – ele era para tanto carinho: minha repentina vontade era beijar aquele perfume no pescoço: a lá, aonde se acabava e remansava a dureza do queixo, do rosto... Beleza – o que é? E o senhor me jure! Beleza, o formato do rosto de um: e que para outro pode ser decreto, é, para destino destinar... E eu tinha de gostar tramadamente assim, de Diadorim, e calar qualquer palavra. Ela fosse uma mulher, e à alta e desprezadora que sendo, eu me encorajava: no dizer paixão e no fazer – pegava, diminuía: ela no meio de meus braços! Mas, dois guerreiros, como é, como iam poder se gostar, mesmo em singela conversação – por detrás de tantos brios e armas? Mais em antes se matar, em luta, um o outro. E tudo impossível. Três tantos impossível, que eu descuidei, e falei. –... Meu bem, estivesse dia claro, e eu pudesse espiar a cor de seus olhos... –; o disse, vagável num esquecimento, assim como estivesse pensando somente, modo se diz um verso.
Eu ri – “Vigia este, Diadorim!” – eu disse; pensei que Diadorim estivesse em voz de alcance. Ele não estava. O macuco me olhou, de cabecinha alta. Ele tinha vindo quase endireito em mim, por pouco entrou no rancho. Me olhou, rolou os olhos. Aquele pássaro procurava o quê? Vinha me pôr quebrantos. Eu podia dar nele um tiro certeiro. Mas retardei. Não dei. Peguei só num pé de espora, joguei no lado donde ele. Ele deu um susto, trazendo as asas para diante, feito quisesse esconder a cabeça, cambalhota fosse virar. Daí, caminhou primeiro até de costas, fugiu-se, entrou outra vez no mato, vero, foi caçar poleiro para o bom adormecer. O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente – “Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas – como quando a chuva entre- onde-os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. Não era? A ver que a gente não pode explicar essas coisas. Eu devia de ter principiado a pensar nele do jeito de que decerto cobra pensa: quando mais-olha para um passarinho pegar. Mas – de dentro de mim: uma serepente. Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava.
O Reinaldo era Diadorim – mas Diadorim era um sentimento meu.
Que mesmo, no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre
Pois minha vida em amizade com Diadorim correu por muito tempo desse jeito. Foi melhorando ,foi. Ele gostava, destinado, de mim. E eu – como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor? Era aquele latifúndio. Eu ia com ele até o rio Jordão... Diadorim tomou conta de mim.
Diadorim me olhava. Diadorim esperou, sempre com serenidade. O amor dele por mim era de todo quilate: ele não tartameava mais de ciúme nem de medo.
Diadorim, o rosto dele era fresco, a boca de amor; mas o orgulho dele condescendia uma tristeza.
Diadorim, em sombra de amor, foi que me perguntou aquilo:
e que de Diadorim eu gostava com amor, que era impossível
Então, o senhor me confere: que eu ingrato não era, e que nos cuidados de meu amor Diadorim sempre estava. E amor é isso: o que bem quer e mal faz?
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Volitivo
Entoando macabra transgressão,
Vem ao mundo tal alma insubmissa:
Recusa-se, portanto, a ir à missa
E prefere, nas tardes, diversão...
Esculpindo, nos ares, confusão
Entre polos latentes que remissa,
Transpira no calor desta premissa
De vivência: recusa a ilusão!
A flor inesquecível que procuro,
Seiva vital, fluente universo,
Só brilha deslumbrante no escuro…
A liberdade, chama que mensuro
E cabe lindamente no meu verso,
Irradia das palavras que conjuro!
-- Léo.
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REMISSA LUNCURKAN ALBUM “TEGANGAN TINGGI”
Photo doc. Remissa
Tepat tanggal 27 April 2018 Remissa merilis album ke-2 yang bertajuk Tegangan Tinggi di Lokananta, Solo. Album ini dikemas dalam bentuk CD dibawah naungan Srawung Records. Materi lagu-lagu yang diusung Remissa tidak jauh berbeda dengan album sebelumnya, berisi kelanjutan isu-isu yang berkembang dengan penegasan bahwa kita harus percaya siapapun kecuali politisi.
Beberapa dekade belakangan ini beredar kabar di berbagai lini masa mengenai pengerusakan lingkungan, kebobrokan para penguasa tirani, politik praktis jauh dari akal sehat, hingga gejolak dalam kehidupan pribadi. Isi dalam album baru Remissa ini, merupakan respon atas fenomena yang sering kita rasakan bersama di lingkungan sekitar. Uniknya, fenomena ini masih relevan untuk dibicarakan publik sampai sekarang. Termasuk pula di album penuh terbaru Remissa yang diberi tajuk Tegangan Tinggi.
Bertepatan dengan perilisan, single dari Tegangan Tinggi yang berjudul 1- juga akan diperdengarkan secara terbuka di akun resmi Remissa. Lagu 1- merupakan salah satu garis besar dari isu yang mewakili ide besar pada album Tegangan Tinggi.
Photo doc. Remissa
Melalui konten lirik yang hampir sama dengan album sebelumnya, Remissa mengharapkan ada perubahan sederhana dalam diri para pendengar. Bahwa, kondisi di sekeliling kita masih memprihatinkan, semua harus diubah mulai dari diri sendiri lalu bersolidaritas.
Lantas apa yang membuat Tegangan Tinggi berbeda dari sebelumnya? Jawabannya adalah musik yang diusung kawan-kawan Remissa. Ya, selain konsisten dengan agenda yang diusung, Tegangan Tinggi memang masih menampilkan kegarangan distorsi berat dan tabuhan drum cepatnya. Namun menariknya di album terbarunya kali ini Remissa mulai berkembang dan berani memasukkan berbagai aroma musik ke dalam Tegangan Tinggi, mulai dari alternative rock hingga blues rock.
Keberlanjutan materi lagu dan alunan musik yang sedikit berbeda menjadi menarik bagi para pendengar. Demi kemenarikan album ini bagi para pendengar, Remissa melibatkan beberapa musikus lokal Kota Malang seperti Gus Dakar, Sabiella Maris (Closure), Melody Latief (Marigold) dan Devina Abigail.
Tegangan Tinggi berisikan empat belas materi di mana seluruh proses penggarapannya dilakukan secara mandiri oleh dua personil Remissa, Rizky Toar dan Rizqysany di Audiolectica Studio. Termasuk juga tahap mixing dan mastering. Sedangkan di kursi produser, Remissa turut ditemani oleh solois folk ternama, Iksan Skuter.
Selanjutnya tunggu apa lagi untuk membuat telinga terusik, hati bergetar, dan pikiran kita berkecamuk selain mendengarkan album ini? Selamat mendengarkan! Mari tersadarkan berjuang bersama dengan semangat kebaikan bersama alam semesta.
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RYAN
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