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aishaaav · 6 months
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O que faz de ‘Os Amantes’ um René Magritte.
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     A arte moderna foi um período que deu espaço para diversos movimentos distintos, porém intrigantes e únicos por si só. Dentre muitos, o surrealismo teve uma influência duradoura nas artes visuais na década de 1920. Caracterizando-se pela exploração do inconsciente e do irreal mundo dos sonhos, o surrealismo pôs em ascensão obras e artistas conhecidos até os dias de hoje. Salvador Dalí com ‘A Persistência da Memória’, Frida Kahlo com ‘O Veado Ferido’ e René Magritte com ‘Os Amantes’. René em específico, foi um pintor belga cujas obras são conhecidas por desafiar a lógica e a realidade convencional. ‘Os Amantes', uma obra aberta a interpretações carregadas de intensidade, mas sem um significado específico e com profundidade em sua construção visual. Aqui, discutiremos o que faz de ‘Os Amantes’ um René Magritte.
     Pintada em 1928, “Os Amantes” se trata de uma obra íntima, onde duas pessoas que se amam estão prestes a se beijar, mas seus rostos estão cobertos por tecidos opacos, impossibilitando a visualização de suas faces. Passível à interpretação, a pintura incentiva os espectadores a refletirem não só sobre suas próprias vivências e perspectivas, mas as de outrem também. De quem eles escondem seus rostos? De um do outro, dos outros ou de si mesmos? Apenas somos capazes de conhecer a pessoa ao nosso lado quando tudo acaba, nem tudo pode ser mostrado, em nenhum aspecto, sempre há algo a ser coberto por um tecido que não se permite a passagem da luz, que não permite a verdade. O amor vem acompanhado de complexidades.
     Além da ambiguidade emocional que ‘Os Amantes’ traz à tona, Magretti soube como balancear os detalhes da composição da pintura. As cores são sutis, o uso de luz e sombras são muito bem manuseados, criando um contraste entre o ato de amor simbolizado pela posição dos personagens e os tecidos em suas cabeças, uma atmosfera duvidosa. A habilidade técnica e detalhada de pintura, pinceladas suaves para criar a natureza surrealista da cena contribuem para a complexidade visual. Traços perfeitos e perspectiva matemática. Aliás, a perspectiva da cena é garantida pelas linhas da parede e do teto, com friso. O fundo cinza é neutro, mas marcante, carregado, o que destaca a cena do beijo.
     René Magritte iniciou sua carreira em meados da década de 1910, inspirando-se no Cubismo e no Futurismo. No entanto, foi no final da década de 1920 que encontrou a sua voz distinta no movimento surrealista liderado por André Breton. Ele se destacou por suas representações meticulosas e detalhadas de objetos do cotidiano, muitas vezes combinando elementos familiares de maneiras inesperadas. O artista era religiosamente agnóstico e politicamente de esquerda, mantendo laços estreitos com o Partido Comunista. Magritte tinha a capacidade de criar imagens instigantes e enigmáticas que desafiavam as expectativas dos espectadores, consolidando o seu lugar como um dos grandes artistas surrealistas do século XX. Sua obra continua a ser estudada e apreciada por sua originalidade, estilo impactante e contribuição ao movimento artístico surrealista. Agora considerado um dos artistas surrealistas mais influentes, o seu trabalho continua a intrigar através da sua mistura instigante de realidade e imaginação. Embora Magritte tenha falecido em 1967, as suas pinturas enigmáticas e subversivas continuam a ser uma pedra de toque da história da arte moderna.
     É inegável que a genialidade de René Magritte com sua obra “Os Amantes” reside na capacidade de provocar pensamentos e interpretações diversas. Magritte desafia o espectador a transcender a superfície das imagens e a explorar os reinos mais profundos da psique humana. Ele estabelece um diálogo de uma via de mão dupla entre o observador e a arte, trazendo à tona questões aparentemente simples, porém existenciais. Amor, ódio, segredos, dúvidas, identidade, a complexidade do ser humano e suas experiências. O pintor e a obra se complementam não só entre si, mas com o público também. Assim, "Os Amantes" não é apenas uma pintura, mas um convite à contemplação e à descoberta do inexplorado, refletindo o brilhantismo singular que caracteriza a vasta contribuição de René Magritte para o mundo da arte.
Grupo: Aisha Vitória (01645124); Kaylane Felix (01646488); Luana Santos (01647106) e Thais Fernanda (01644484)
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