Tumgik
frau-vic · 2 months
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Baixei minhar armas
Decretada bandeira branca
Me mostrei na vulnerabilidade honesta
E te vi tal qual meu Eu
Te achava, por vezes, tão diferente
E te vi comigo
Tão vulnerável quanto, criança como Eu
Me deu vontade e coragem de ser quem supostamente sou
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frau-vic · 3 months
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07.03.24; 21h44
sair no meio da Avenida sozinha, pista molhada, de bicicleta. não tenho coragem de andar nem por Itapajé. mas me imagino na Avenida da Carapinima, viaduto a baixo, voada. olhos molhados como a pista. sensação de fajuta liberdade.
é raiva que eu sinto.
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frau-vic · 4 months
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às vezes me pego olhando minhas coisas antigas e pensando nos momentos em que se deterioraram boas partes de mim - enquanto eu pensava que elas eram ruins -, isso para outra parte supostamente boa de mim - que em ação presente se fazem más - surgisse. é ciclo?
tantas parte do meu Eu aqui já nem existem mais ou estão em stand by há um certo tempo
existo, mas não consigo explicar como
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frau-vic · 7 months
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- E ele? Quem é?
- Eu sou ela no masculino
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frau-vic · 8 months
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quando tu me pediu para acordar, mesmo com os olhos bem abertos, tão próximos aos seus, senti-me como se mergulhada em meu próprio crânio. diminui-me, sem querer. tu surgia como um titã sobre as órbitas e eu, ainda que com os olhos literalmente tão perto e uma psiquê emocional tão ofuscada, sentimentalmente te li com verdades. ainda assim, eu estava zangada. mesmo aumentando aos poucos, ainda não sabia e não sei bem o que enxergo de mim. diminuir, apenas para também citar, não é como inexistir. ironicamente ou não, é seu completo oposto.
inexistir => ilusória maneira de, simplesmente, não existir; talvez existir apenas em si (ou nem isso);
diminuir => espécie de linguagem poética (aqui, autoral) para esboçar, de uma determinada forma, o ato de ficar confusa; adormecer na sua existência; minimizar alguma espécie de aba existencial;
aumentar => tomar melhor consciência e visibilidade de si, no geral.
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frau-vic · 9 months
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mas tudo é um luto muito esquisito, sabe… uma hora eu penso que a melhor coisa foi ela não ter morrido como eu temia que ela morresse: aos poucos, sufocando em agonia por alguma doença que nos cobraria demais para tratar, financeira e psicologicamente. em outros momentos, eu só não suporto o baque que é imaginar como ela estava enquanto eu não estava lá para ver o que sobrou - especialmente isso -, como ela se foi e o que ela imaginava que eu ainda era no mundo. ela era minha preferida - e ainda é. será que vou me emocionar toda vez que os meus dedos encostarem em pelos macios como os dela? existem pelos tão macios como os dela em algum lugar? interessante que a única certeza da vida seja tão incerta, ainda assim, e de camadas sensitivas variadas. aliás, não sei o que sentir, já me senti muito mais triste por algo sem chorar, e eu pareço sentimentalmente ter aceitado bem… eu sabia que ela ia morrer em algum dia, em alguma semana, em algum ano; mas basta me lembrar que todos esses períodos já se findaram, para uma, duas, três, nove, quinze, vinte e cinco lágrimas caírem e inundarem meu rosto.
descanse em paz ou qualquer coisa digna de verdade que eu poderia te desejar honestamente, minha "Nênus"💛
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frau-vic · 11 months
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"Neste trabalho, prioritariamente, meu objetivo será brincar de escrever. Não sei se o uso do verbo “brincar” é justo para a dimensão que apliquei a prática do rememorar este primeiro momento do projeto de pesquisa em questão - que busca se debruçar no campo temático das relações de gênero, afunilando-se pelas narrativas maternas - , mas não minto em dizer que foi o vocábulo que encontrei, se encaixou e me encantou para ser utilizado aqui.
Permita-me, inclusive, justificar esta escolha que parece tão simples e, talvez, até ínfima: é que com esta utilização verbal, pretendo, primeiramente, manifestar a forma como desejo me qualificar neste trabalho acadêmico. Assim com a Jan Abuk Shakur - que é uma das nossas estudantes, do Departamento de Ciências Sociais -, a qual me encantou profundamente com suas palavras, agora presentes na epígrafe deste trabalho, eu quero ir além do que seria dito técnico; aqui, sinto, inclusive, que posso me abrir para esta escrita mais livre - que neste período de 2023.1, foi-me apresentada pela professora Marcelle Jacinto e fez-se descoberta valiosa - e, dessa forma, penso que posso cumprir de uma maneira mais excepcional com a essência que almejo levar ao meu trabalho. Desejo ver a sinceridade do meu Eu esboçado, pelo menos, de forma mais intensa, em meus diários e relatórios de pesquisa.
Também faz-se necessário dizer que, analogamente ao ato de pesquisar, vou tratar deste relatório como sendo de “índole” processual. Já posso, inclusive, elencar essa como sendo uma das aprendizagens desse semestre - as coisas constroem-se aos poucos, inclusive as pesquisas e as escritas. Não acho que isso precise ser, especificamente, exposto assim em outras variações de trabalhos acadêmicos - ou talvez faz-se justo que assim possa ocorrer -, mas neste estará explicitado desta maneira, especialmente como lembrete dos caminhos percorridos em minha pesquisa e da minha maturação enquanto profissional pesquisadora.
Ocorre-me, em primeira instância - agora de um outro tema que afasta-se, mas sem muitas pegadas a frente, da maneira como me posicionarei neste trabalho -, que eu sou um ser humano apaixonado por narrativas alheias. Isso não posso, de forma alguma, excluir desta introdução. Seja porque a fofoca é uma aptidão social, seja porque as palavras organizadas em histórias me prendem e me emocionam profundamente, quase como nenhuma outra emoção é capaz de fazer, seja porque ouvir, imaginar e devanear sempre me foi uma grande arte desopilante; narrativas e resgate de memórias sempre mobilizaram performances afetuosas do meu Eu.
Falar do meu primeiro conceito de narrativa, quando eu ainda nem sabia que podia conceituá-lo desta maneira, é me teletransportar para uma infância interiorana, entre paredes sem muita infraestrutura, que permitiam que o cheiro do café da minha avó viajasse pela vizinhança. Assim, logo a cozinha estava repleta de mulheres-amigas, que convidam-me indiretamente, com o simples ultrapassar da porta da frente, a sentar juntamente com elas, minha vó, minhas tias e minha mãe, na cozinha - e foi assim que, dentre outras coisas, também apaixonei-me por café; uma forma de camuflagem ao meio adulto, talvez.
Ouvir histórias de um local onde as notícias corriam tão rapidamente como Itapajé, foi me conquistando desde os quatro anos de idade, mais ou menos. Eu era a primeira neta da minha avó, a primeira filha dos meus pais, a primeira sobrinha dos irmãos da minha mãe e a primeira futura cientista social da família, que aprendeu desde cedo a dar valor a uma boa conversa alheia. Assim, se fez: a cozinha, o café, um bom pão carioquinha com manteiga e as narrativas que cruzavam-se, ensinavam e orientavam sobre o que é ser [verbo] social. Foi daí, também, que comecei a visualizar, precocemente e com diversos sinais de uma incompreensão justa da infância, as narrativas femininas que, se não me atravessavam, me atravessariam algum dia.
Com a maturidade da vida, dada por experiências que conquistei ao longo dos anos, posso dizer que fui desenvolvendo uma consciência mais ampla e crítica do que me era narrado ou do que eu, porventura, ouvia da boca de outras mulheres, agora não apenas das vizinhas ou das minhas familiares, como também de amigas na escola, de entrevistadas em dado programa jornalístico, de mulheres que conversei enquanto fui estagiária técnica de enfermagem e, assim, sucessivamente. De toda maneira, aquelas narrativas me atravessavam, mesmo que como sendo, apenas, um presságio ou uma profecia inquestionável (aliás, às vezes, penso que o ato de ser mulher é lido erroneamente como uma “profecia inquestionável”, seguindo os parâmetros dos livros de Biologia, resumidamente: elas nascem, crescem, se reproduzem e morrem).
Não posso afirmar, portanto, que ser apaixonada pela escuta do Outro e de suas narrativas, sempre foi um processo doce para quem aqui escreve; especialmente quando essas narrativas de gênero, traziam marcas dolorosas, de abdicação de si, e de resistência até mesmo por questões de sobrevivência, vindas de pessoas que tanto amei e amo. O ouvir e analisar, para mim, também fez-se tarefa de desencantamento, choro e fúria.
Falar de maternidade, isto posto, têm gênese nas narrativas de quem me gerou. De tanto ouvi-la, a maternidade revelou-se, pra mim, como objeto de análise crítica - na minha vida pessoal, tornou-se um fantasma com essência de filme de terror de baixo orçamento. Ainda não tive necessidade de convidar minha mãe para ser uma das minhas entrevistadas oficiais - nem sinto que ela veria necessidade de participar ou aceitaria assim fazer -, mas hei de afirmar e aqui deixar claro que ela, desde que iniciei a minha fase adolescente - seguindo os parâmetros, mais ou menos, biológicos do que é “ser adolescente” -, vem sendo minha interlocutora mais instigante.
Percebi, por meados de uma criação de consciência e intimidade com minha progenitora, as nuances da feminilidade e suas marcas passíveis de estudos. Percebi, como insight mais significativo de tudo isto, que ela não é apenas minha mãe, como é também um indivíduo como qualquer outro, como eu - e, aqui, surge meu primeiro questionamento: por que temos essa dificuldade de visualizar mães como indivíduos a parte do ato de maternar?
O nome dela é Liliane. Ela não está dentre as entrevistadas explicitadas aqui, mas foi ela quem eu mais acompanhei enquanto mulher, filha e pesquisadora. Bem como todas as outras mães, foi e continua sendo um prazer poder escutar e conversar com a minha. Liliane é a porta deste labirinto que busco, um dia, solucionar. O que nos dizem as narrativas maternas?
***
A verdade é que sou apaixonada por memórias, alheias ou próprias. Tenho um apego e um ciúmes pelas minhas próprias narrativas, pelas minhas próprias histórias. Sinto-me abraçada quando as conto e elas são lidas ou ouvidas. É como apresentar para os outros e para mim o(s) processo(s) da construção do meu Eu.
As memórias e suas formas de expô-las, me parecem atividades de compreensão de minha subjetividade. Eu gosto da consciência que o ato de revisita-las me traz.
Uma outra verdade, deste momento, é que a carga emocional das narrativas humanas, dependendo da maneira que é repassada, é capaz de atingir e revolucionar.
É também através da memória, do meu simbolismo, da produção das minhas imagens, subjetividade e identidade, que cuido de uma sensibilidade selvagem, repleta de significado e, esperançosamente, transformadora.
Partindo para o âmbito da sensibilidade, eu queria expor minha vontade de não abandonar esta máxima.
Retorno a epígrafe.
Quero escrever e quero escrever muito mais do que os limites objetivos deste relatório suportam. Quero escrever para alguém e desejo ser lida. Gostaria, inclusive, que estas palavras fizessem mais sentido pra mim, algum dia. Tenho medo de perder a emoção, medo de não me perder na intensidade das palavras, medo de não conquistar, medo de não aplicar a afetividade e veracidade das coisas que estudo, medo de não acessar dimensões coerentes; dimensões que me atingem e me atingem como acho que se deve atingir alguém. Apesar do "atingir" ser muito subjetivo - pessoas são atingidas por motivos diferentes, em situações diferentes; e nem falo da forma pejorativa de atingir alguém -, boas narrativas atingem mais pessoas (daí o motivo pelo qual o uso do gravador fazia-se mais justo).
As Ciências Sociais têm essa abertura a sensibilidade humana. Nem sei quando escreverei assim novamente, mas espero que meus achados acadêmicos me excitem o suficiente para que meus poros sensíveis estejam sempre abertos dessa maneira. Desejo que essa afetividade não se esvaia.
Desejo agora, como graduanda em Ciências Sociais, escritora e, quem sabe, futura antropóloga, a afetividade que couber em meu coração e que me faz dar o meu melhor enquanto "intelectual".
Quero contar histórias, transbordar afetos próprios e alheios e sentir. Sentir na escuta e no repasse. Revolucionar."
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frau-vic · 1 year
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"Rezo aqui onde estou, sentada ao lado da janela, olhando para fora através da cortina para o jardim vazio. Nem sequer fecho os olhos. Lá fora ou dentro da minha cabeça, há a mesma treva. Ou luz. Meu Deus. Que está no Reino dos Céus, que é interior. Gostaria que me dissestes Teu Nome, quero dizer o nome verdadeiro. Mas Tu servirá como qualquer outro. Gostaria de saber o que Tu estivestes fazendo. Mas seja lá o que for, ajuda-me a suportá-lo, por favor. Embora talvez não seja Tua obra; não creio nem por um instante que o que está acontecendo lá fora no mundo seja o que querias. Tenho o pão suficiente de cada dia, então não perderei tempo com isso. Não é o problema principal. O problema é engoli-lo sem sufocar com ele. Agora chegamos ao perdão. Não Te preocupes em me perdoar agora. Existem coisas mais importantes. Por exemplo: mantém os outros a salvo, se estiverem salvos. Não permitas que sofram demais. Se tiverem que morrer, que a morte seja rápida. Poderias até oferecer-lhes um Céu. Precisamos de Ti para isso. O Inferno podemos fazer nós mesmos. Suponho que eu deveria dizer que perdoo quem quer que tenha feito isso, e seja lá o que estiverem fazendo agora. Eu tentarei, mas não é fácil. A tentação vem a seguir. No Centro, a tentação era qualquer coisa que fosse muito mais que comer e dormir. O conhecimento era uma tentação. O que vocês desconhecem não pode tentá-las, costumava dizer Tia Lydia. Talvez eu não queira saber de verdade o que está acontecendo. Talvez eu prefira não ter conhecimento. Talvez não possa suportar o conhecimento. A Queda foi uma queda da inocência para o conhecimento. Penso demais a respeito do candelabro, embora agora já tenha sido retirado. Mas poderia usar um dos ganchos, no armário. Já considerei as possibilidades. [...] Livrai-nos do mal. Então há Reino, poder e glória. Custa muito acreditar neles agora. Mas tentarei de qualquer maneira.
Na Esperança, como dizem nas lápides. Deves Te sentir um bocado lesado. Imagino que não seja a primeira vez. Se eu fosse quem Tu és estaria farto. Estaria realmente enojado de tudo. Creio que essa é a diferença entre nós. Eu me sinto muito irreal, falando Contigo assim. Sinto-me como se estivesse falando com uma parede. Gostaria que Tu respondesses. Sinto-me tão sozinha. Sozinha sentada ao lado do telefone. Só que não posso usar o telefone. E se pudesse, quem poderia chamar? Ó Deus. Não é brincadeira. Ó Deus, ó Deus. Como posso continuar vivendo?" (ATWOOD, 2017, p.: 234)
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frau-vic · 1 year
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essa noite eu sonhei como se tivesse chovido tanto, que a avenida da universidade virou lago. parecia muito um cenário de livro infantil e eu até conseguia me ver como um “desenho animado inanimado”, estilo ilustrações de histórias infantojuvenis.
uma hora se fazia dia, outra hora se fazia noite; e tudo que eu via, eu via da minha janela. tudo na mesma paleta de cores, como se eu tivesse tendo uma experiência imersiva em aquarela.
primeiro, tomei um susto por ter visto a rua tão alagada, com barcos ao invés dos carros, atravessando sobre as águas e me dizendo que se eu quisesse ir pra faculdade, era só eu pular na embarcação. os meninos da escola ao lado, estavam todos loucos, no sentido de muito felizes e inquietos, sobre o telhado; a minha janela era gigante, parecia aqueles janelões antigos, como os da Casa de Cultura. quando eu abria, dependendo do horário, havia um homem vestido de palhaço junto com outros personagens e várias pessoas ao meu redor.
como se eu estivesse na primeira fila de um espetáculo circense e minha janela, o sol, a lua, as nuvens e toda a água abaixo do que me restava acima da pista e sob meus pés, fosse a minha cadeira.
sensação de nascente amarelo-rosado, cheiro de pipoca, bala e brisa de lago.
[sonho de amanhecer. 5:20]
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frau-vic · 1 year
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e eu vou viver as coisas novas que também são boas o amor, o humor das praças cheias de pessoas agora eu quero tudo tudo outra vez
[Belchior - Tudo Outra Vez]
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frau-vic · 1 year
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acho que o que mais me faz amar o curso, é sempre acessar essa ideia de desconstrução e reconstrução de uma imagem de si e do social.
o ato de sempre estar aprendendo a falar, a pensar, a escrever, a agir, a mudar e me negar.
hoje eu me comparo com outros ofícios, outros amigos, outras épocas da minha vida que estavam e estão em contato com outros pensamentos, outras ciências. a galera sabe o que faz e ocupa posições precocemente de quem sabe o que faz.
eu tenho a impressão de que quando chegar no doutorado, no meu pós-doutorado, e no que a vida me reservar depois daqui, ainda sei que não saberei de nada.
tempos atrás, acho que eu odiaria e odiei o fato do não saber. “como assim você estuda tanto e nada sabe?”. mas hoje eu também posso dizer que tenho aprendido - e venho aprendendo - a não saber.
antes eu não sabia, e até hoje não sei bem, o que me faz amar as Ciências Sociais. mas quero dizer que o aprender a sempre aprender, não assumir um simples e hipócrita “já sei”, é um fator de desconstrução, dentre tantos outros, que tem me ensinado a amar mais e mais essa ciência do sempre aprender, nunca saber.
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frau-vic · 1 year
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Patrimônio Material de Minha Infância
repouso pós-aula cinema vespertino cheiro forte de café que invadia a casa dos vizinhos que logo vinham pedir um pouco segundo domicílio útero social de minha subjetividade, identidade e imaginação rota primária de uma vida onde dancei onde feiamente cantei me balançando em uma rede ao lado da janela de um quarto onde vivi com gente, com muita gente pessoas sempre interessadas em um bom momento e eu sempre interessada em uma boa conversa, em uma boa narrativa “ela fala como adulta, né?” enchi armários de madeira com bonecas de plástico e de papel me conectei e me desconectei com hiperfocos variados a imaginação era passe-livre para algo a ser chamar de infância esse lugar era minha base estratégica para comer besteira foi onde pensei que queria ser arquiteta, médica, engenheira, juíza lembro da caixa de brinquedos de gerações, que passavam pra mim lembro da porta que abria na sala e eu fingia que era a varanda da minha casa onde eu brincava de ser adulta aprendi a andar de patins aprendi a andar sozinha aprendi contas matemáticas com positivo e negativo fazendo analogia com o troco da padaria do Júnior aprendi a fazer o 8 sem desenhar uma bolinha em cima e uma bolinha embaixo comia muito chilito. comia muito bombom. bebia muita vitamina de goiaba. vi vizinhos irem e virem e fui a neta amada e odiada pela rua. neta da Dona Marizan, a filha da Lili e do Irapuan. corri com meus primos na calçada, cai, passei vergonha sem querer passar ri e suei muito. fui feliz. sentei no batente com o sobrinho do meu pai aos um. sentei no batente com amigos. sentei no batente com paqueras disfarçados de amigos ou fui cara de pau.
esse é um patrimônio material de uma quase vida. recanto de boas memórias e constante imaginações que deixavam a realidade mais feliz. lar de memórias eternas. agora você vai, enquanto ato, inexistir pra mim. não existirá mais um “casa da minha vó” como era fácil, introspectiva e publicamente identificável. as memórias cairão como paredes, mas assim como a arte de imaginar, que hoje - infelizmente - já não me é mais tão natural, você estará sempre, enquanto vida-infantil, residindo em meu coração com todas as nossas inimagináveis e incontáveis narrativas, que só seu concreto saberia contar impessoalmente (ou não) melhor do que eu. a rua muda como eu, mas há sempre uma essência em meu coração, como você.
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frau-vic · 1 year
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nada aqui é por acaso. e, na verdade, existem muitos mais fatores do que eu posso explicar.
às vezes eu fico me questionando se as pessoas veem esse perfil (e seu username) e se questionam se eu quis escrever “tix” (aqueles perfis privados e pessoais, como esse) ao invés de “nix”. com letra minúscula mesmo. mas o nome não é um erro.
fazia um tempinho, especialmente no último período das minhas férias, que eu não estava fazendo jus ao nome deste perfil. porém, com o volta as aulas, o meu “normal” voltou ao normal.
nix é uma divindade da mitologia grega, dita como a personificação da noite, a sua guardiã. é uma brincadeira, ao mesmo tempo que uma coincidência e retrato de alguns traços da minha personalidade, intitular esse meu perfil de “nix”, que também será meu nome pseudônimo de escritora e personalidade. não é a toa que a ideia é filha da madrugada e inicia-se com uma fotografia da noite fortalezense.
morre aqui, inclusive, uma era “Vênus”. não que eu não me identifique mais com a minha simbologia de Afrodite, é só que ela nunca verdadeiramente me representou em algo, a não ser na impulsividade de escolha dessa minha pseudodenominação. Vênus pode ser minha gatinha, mas não mais eu.
acontece que toda essa simbologia de deusas e personalidades, teve início em 2020, em uma conversa a luz de uma aurora. só lamento muito não ter me identificado, nem conhecido - isso pode ser lido, inclusive, em muitos sentidos - a nix, antes de me generalizar como Vênus.
no mais das contas, nix é uma parte de mim que engloba um todo muito maior. nix pra mim é a desregulação do meu relógio biológico, mas é também o período mais consciente e poético de minhas reflexões literárias. é o alvorecer constante de minha parte escritora, produtiva, leitora e tão eu, a qual tanto amo - mesmo que eu nunca vá ser só isso.
eis aqui o batizado de um novo pseudônimo, o qual espero que me resguarde para sempre.
vic também é nix, a (não-)deusa da noite.
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frau-vic · 1 year
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Escritas de Si
Existem duas Victórias dentro de mim: a emotiva e a racional. Claro que elas me compõem em uma só e isso não deveria ser uma discussão tão confusa de se entender como a trindade santa, por exemplo, mas essa é um debate introspectivo e encaixável em um texto, pois eu acho verdadeiramente interessante (pra mim mesma).
Existe um ponto de mim que, na minha opinião, antecede cronologicamente e influencia no assunto principal desse texto: observando toda minha dinâmica passada com o meio social, conclui (há vários anos atrás), que escondi por muito tempo meu verdadeiro eu. Pior que isso: sinto, por vezes, que nem sequer consegui desenvolvê-lo - ou ele estava tão adormecido em uma área de mim, que não pude identifica-lo. Foram dezoito anos para criar algo que eu considero como uma verdadeira personalidade, algo imutável e intocável por aqueles que não mais pertenço. E a sensação é como eu imaginava e como muitos me diziam: maravilhosa, um gosto de liberdade interna.
[?/2021]
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frau-vic · 1 year
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por um tempo, achei que a racionalidade e o emocional não andavam de mãos dadas e por muito tempo interpretei e levei minha vida assim, criando rivalidade entre essas duas partes tão importantes da minha personalidade.
foi preciso terapia, paciência e um pouco de atenção a vivências alheias para notar que o que ainda pode te salvar do teu próprio racional, é o seu emocional - e vice-versa.
é realmente uma questão de equilíbrio, um polida o outro.
acho que a vida pode ser muito complicada e extremamente dura, às vezes. agora que eu nasci, talvez só me resta encarar e passar por tudo isso. eu sou muito covarde para isso, odeio instabilidades e sou apegada a minha zona de conforto bem como um recém-nascido é apegado a sua criadora. acontece que a vida não te pega nos braços e te faz um carinho gostoso, ela é o puro suco de tudo o que eu tenho medo.
a racionalidade te entrega a isso, te mostra e, no meu caso, me deixa revoltada e insatisfeita. acho que com 18 anos, já cansei de lutar contra tudo isso. ou pelo menos preciso de um tempo de paz.
eu amo minha racionalidade. é escudo, é intelectualidade, é a própria luz para os meus pés (nem sempre). mas o emocional me ensinou a aturar a sinceridade da racionalidade, o emocional é a paz que eu busco.
--
e agora com 20 anos eu posso dizer que minha opinião sobre os conceitos de racionalidade e emocional continuam intactos, diferente de muitas das minhas ideias postadas nesse blog ao longo dos anos.
esse texto não foi finalizado enquanto a ideia de um emocional não anular um racional - e vice-versa - era apenas um insight, mas vou postá-lo assim mesmo, mesmo que para apenas marcar simbolicamente um pensamento que, nitidamente ou não, contribuiu, ativamente ou passivamente, para diversas (?) revoluções de comportamentos psíquicos e sociais na minha vida.
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frau-vic · 1 year
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V: tô meio letárgica para essas coisas.
R: caralho, essa palavra aí.
bonita, ó.
nunca tinha visto.
vou procurar a raiz dela.
V: eu gosto dela (risos).
eu levo em consideração que é um sentimento meio anestesiado, meio apático, tipo a parte.
gosto dela.
e acho que a etimologia dela é algo com esquecimento, ócio.
então, no literal, tem a ver com isso também.
eu me esqueço quase que naturalmente das minhas responsabilidades, parece que é anestésico mesmo.
para não encher mais a cabeça, coisa do estilo.
esperando a faculdade realmente começar, para a anestesia passar junto com as férias.
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frau-vic · 1 year
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07.02.2003
eu nasci no dia 07 de fevereiro de 2003, mas não era para eu nascer nesse dia. não, isso não é um texto depressivo.
eu já escrevi essa história outras vezes, apesar de não ter postado. escrevi, mas acho que nenhuma das narrativas ficou com minha autenticidade de escrita.
eu tenho um apego puramente estético por essa data, então que bom que nasci nela. que morte seria - literalmente - nascer em março, quando eu completaria os famosos nove meses biológicos do desenvolvimento saudável do feto.
agora, toda vez que observo mentalmente a formatação da data 07/02/2003, até as cores que me vem a mente (o 07 na cor azul, o 02 na cor rosa e o 2003 na verde) me parecem combinar. lendo e escrevendo assim, não parecem; mas na minha cabeça as cores combinam bastante.
o ano é que sempre muda de coloração. mas nesse 2023, o 07/02/2023 voltou a minha mente com as mesmas cores da data do meu nascimento. muito provavelmente porque associo o 03 a cor verde. rápidas reflexões.
em 07/02/2003, meus pais eram pais de primeira viagem. eles moravam em Itapajé, que fica a mais ou menos 120km de Fortaleza. apesar disso, eles sempre preferiram a capital como lugar do pré-natal; simplesmente porque a "medicina itapajeense" é popularmente "desconfiável".
no dia 07 de fevereiro de 2003, minha mãe viajou para o seu penúltimo pré-natal - era o que ela esperava.
para ser sincera, não me lembro se aquele dia era mesmo dia de pré-natal; só sei que ela foi.
quando ocorreu a consulta, ela recebeu a notícia que o indefeso feto que praticamente jazia em sua barriga, estava perdendo seus sinais vitais e que tinha que nascer com urgência. mais um dia e estarei morto.
foi assim que, vivamente, não nasci em março e me livrei de ser ariana.
naquela sexta-feira de 2003, eu nasci às 21h de uma cesariana. não tava na minha hora de nascer, mas por algum motivo também não era meu momento de morrer.
"por um milagre"
apesar de ser, de longe, uma das minhas melhores histórias de vida, não é a que eu mais conto. ironicamente, eu sempre esqueço ela, mesmo que ela seja o gêneses de tudo.
minha primeira história de vida é o início de todas as outras.
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