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quemetransborde · 3 days
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quemetransborde · 2 years
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onze,
tem dia que não dá pra falar de amor. que não dá pra dizer que paixão �� o sangue correndo nas veias se todos os dias o sangue escorrendo é sinônimo da interrupção dos sonhos de irmãos e irmãs – e consequentemente os meus. sonho de preto é um plural que sempre falta alguém. o nosso combustível é a ausência – de oportunidade, de importância, de reparação histórica, de respeito, de justiça, de futuro.
e dói saber que nossos gritos não freiam a repetição. que os fatos continuam se repetindo e a única coisa que muda são os nomes nas manchetes: martin luther king jr, marielle, ágatha, joão pedro e incontáveis outros que sequer caberiam num livro. o corretor da leveza muda “assassinado” para “baleado” e mais uma vez o país não para. os jornais têm menos medo de adentrar guerras que escrever a verdade no topo da primeira página. e é tanto preto morrendo que o céu almejado pelos brancos é afro. a gente é estatística quando morre. a gente é estatística quando vive. tem dia que não dá pra falar de amor porque a nossa vida escorre pelo ralo todos os dias. porque toda vez que mais um se vai doem tantos lugares – e são sempre os mesmos – que a garganta perde o fôlego de gritar o que nunca ouvem. é triste. é triste porque até quando a indignação nos rouba as palavras o nosso silêncio é um pedido de socorro.
lorena pimenta // @pimentalorena
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quemetransborde · 2 years
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Atravessei o mar nu, espremido e doente.
Senti minha dignidade sendo retirada de mim, lágrima a lágrima, desde a travessia forçada com mais 500 pessoas no porão daquela desgraça. Kalunga me chama pois lá deixei minha alma, Kalunga me chama pois sente a necessidade que tenho de preencher o vazio criado em meu coração. Sempre tive os pés no chão, mas nunca me senti pertencente a este, o vazio se fez presente mesmo antes de eu me fazer broto e nascer garoto nesse mundo choroso. 
Meus pés chamam a terra que está do outro lado do atlântico, terra esta que tem a cor da minha pele, que foi manchada de sangue com a chegada dos colonizadores, eles sobem o morro e nos jogam nas barcas, foi assim com meus irmãos, meus primos, meus sobrinhos, meus avós, foi assim com meu tio Amarildo, é assim até hoje. Foram seis meses sem saber onde estavam(os), seis meses de travessia, seis meses de rato, mofo, bicho e doença. O crime? Muita melanina. Mas nós sobrevivemos, ressaca após ressaca, para cada um de nós assassinado nascem milhares, fizemos de nossa pele terra, de nosso peito porto e do sorriso de nossas matriarcas nossa âncora. 
Nos jogaram no barro, nos relegaram a lama e nos condenaram ao choro, mas se esqueceram que foram as minhas lágrimas que salgaram as águas do mar. 
Construí as cidades deste país, cidades túmulos, onde enterro TODOS OS SANTOS DIAS  os corpos de meus iguais, quando olho para o vidro dos caixões lacrados, pela crueldade dos atiradores treinados para nos matar, no reflexo das cachoeiras que escorrem de meus olhos tudo que vejo sou eu mesmo, poderia ser eu, fui eu, somos nós. 
Hoje sou corpo pós-atlântico, ameaça e ameaçado, não carrego mais as costas marcadas, mas vivo com as cicatrizes do tráfico, não carrego mais grilhões no pescoço, mas ainda querem me ver contente quando só recebo osso, não vivo mais na senzala, mas sou alvejado, até em ventre sagrado, pelas balas dos caras de farda.
São tantos furos, tantas balas, que meu corpo já é usado de mapa. Minha pele é exposta igual aquele quadro na sua sala. Eu já estou cansado, muitas lutas, muitos lutos, não sei mais o quanto de mim ainda está vivo. Tenho um grito parado no ar… Mais uma bala entrou sem avisar. Na minha terra não era assim… Aqui é choro sem fim, dor maior que o mundo. Escrevo de longe, fui morto por um banzo profundo
12/06/2021 21:00 Huiris Rosa
SP/ZN/BR
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quemetransborde · 2 years
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Sou feita de retalhos.
Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma.
Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior...
Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade...
Que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa
(Cris Pizzimenti)
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quemetransborde · 2 years
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que estranha a vida que passa e nem se importa de me conturbar. esse tremelique que ela causa e se transforma em terremoto. destrói lares, sentimentos e momentos. as paredes da minha casa estão até rachadas. sem conserto; vou ter que me abandonar. 
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quemetransborde · 2 years
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quemetransborde · 3 years
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vitoria,
crescer destruiu meus sonhos e perspectivas. sei hoje que faz parte da vida, mas ainda dói quando lembro daquela garota que sorria falando do futuro. ela já não existe mais em mim, porque a vida a arrancou com armas afiadas. aquela risada nunca mais ouvi e os textos felizes de um amor promissor eu nunca mais li, nem sei se aquelas palavras ainda existem no meu vocabulário. a realidade veio sorrateira; esmagou meu peito e tirou muito do bom que havia em mim. ás vezes fico bem, como se tivesse sido anestesiada por uma dose alta de esquecimento. mas então o sentimento volta, nas pontas dos pés, sem fazer barulho, tira meu ar e me prende. eu estagno. 
e lembro de você: essa versão minha que não volta mais. 
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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dias e dias
tem dias que é difícil sair da cama. 
naquele tempo, as coisas eram diferentes. 
a pressa que um dia tive, a vida corrida da qual eu tentava fugir, dos dias que não duravam. do nascer do sol às 5h, do ônibus lotado, da gritaria, das tarefas, do desrespeito, da humilhação.
hoje eles se estendem, 
só que permaneço deitada.
fugindo de mim. 
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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que viagem é essa vida
doída, sofrida
passa num piscar de olhos
e depois estagna
(é como se tivesse um obstáculo na estrada)
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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Black Love 🤎
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quemetransborde · 3 years
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quemetransborde · 3 years
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partir/fugir
eu fujo quando escuto os passos atrás de mim
não sei se a respiração ofegante é sua ou minha
se o ar ficou pesado quando você chegou
ou quando eu decidi partir
fujo de você 
das raízes que criou em mim
eu as corto com uma faca sem afiá-la
nem te deixam marca
mas tiram minhas forças
(espero sobreviver quando conseguir
te tirar de mim)
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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sanidade
e eu, com toda minha loucura, partilhei contigo todo o resto da minha sanidade. permiti tua morada em quem eu sou, me tornando tudo que você queria ser. me fiz por você e me desfiz em ti. quando clamou por alguém, fui a primeira a te ouvir. e quando liguei, você nem atendeu.
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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ensino médio e meus traumas durante e pós
toda hora a minha cabeça martela a mesma frase: “eu não tenho beleza, talento ou inteligência”. 
nunca me olhei no espelho e gostei do que vi. e quando me elogiavam, eu só queria dizer para que parassem de mentir. o garoto que eu gostava olhava para a minha colega bonita e nunca para mim. foi no ensino médio que caiu a ficha de que eu não era capaz de entender um movimento uniformemente variado de física ou fazer uma conta de logaritmos de matemática. me senti um lixo. achei que nunca seria capaz de entender isso, e mesmo tendo estudo tanto para reverter essa situação, eu sempre me fodi. meus amigos só pegavam no caderno um dia antes, enquanto eu no mesmo dia em que o professor dizia que teria prova, já começava a estudar. mas não adiantava. lixo, lixo, lixo, lixo. minha cabeça só dizia isso. achei que tinha algum talento na escrita, mas o português me veio com três socos na boca do estômago quando eu não consegui escrever uma redação e a entreguei em branco. a professora me disse com desdém: “você se superou agora, vitoria”. 
achei que ia mudar alguma coisa na minha vida quando o ano mudou. prometi a mim mesma que tentaria não me sentir uma incapaz vendo os outros passarem nas universidades e eu ficando para trás. 
não consegui cumprir essa promessa, porque toda hora martela na minha cabeça: “eu não tenho beleza, talento ou inteligência”. 
- vitoria
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quemetransborde · 3 years
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sou as lágrimas que derramo 
os gritos sem som 
o suor nas mãos 
a angustia no peito
o ar que falta em meus pulmões
sou eu a que não escuto
a que mente
e pressente nesses dias sujos
o mal do mundo
a que corre, a que discorre, a que dita, a que acredita
a que te evita
sou o autoconhecimento que persigo
(e ao mesmo tempo fujo, 
porque dói demais me entender
e saber que não sou mais do que isso)
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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“não há outra como você”, ele me disse
não queria falar sobre isso de novo,
mas acho que preciso falar acerca da solidão que sinto
sobre o que entendi e me disseram ser drama. 
sobre a minha inseguraça.
recebo e aceito o pouco que me dão. acho suficiente porque nunca tive mais que isso. meus amores vem e vão. ficam e falam que não há outra como eu (”por onde você andou esse tempo todo?”), e depois de um tempo foram embora. (“a história da preterida agora?”). e me repito: talvez não me aguentaram, não me quiseram. e me disseram: você não se abre, não fala, não demonstra, não age. aí que me ponho a pensar: se tento falar, se despedem. se me calo, nem me pedem pra ficar. porque sempre ganhei pouco demais pra dar muito e me fechei no meu casulo. pra abrir, precisa de persistência, mas não queria ser assim, porque causa impaciência. 
queria ser como as outras: tão fácil, tão rápido, tão simples. pra elas, não demora pra chegar e demora pra sair. recebem flores, jantares, amores. não se sentem só. pra mim, a foda de fim de semena. a não assumida, a ferida aberta que não se cura quando me vejo sendo escondida. ficam por tempos e me enrolam, ou se vão tão rápido que nem lembro se realmente estiveram aqui. 
e pode me chamar de dramática ou lunática. 
nem queria falar sobre isso de novo,
mas preciso explanar do que pra mim é tão pouco 
(e do que queria sentir muito).
- vitoria (quemetransborde)
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quemetransborde · 3 years
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vitoria,
crescer destruiu meus sonhos e perspectivas. sei hoje que faz parte da vida, mas ainda dói quando lembro daquela garota que sorria falando do futuro. ela já não existe mais em mim, porque a vida a arrancou com armas afiadas. aquela risada nunca mais ouvi e os textos felizes de um amor promissor eu nunca mais li, nem sei se aquelas palavras ainda existem no meu vocabulário. a realidade veio sorrateira; esmagou meu peito e tirou muito do bom que havia em mim. ás vezes fico bem, como se tivesse sido anestesiada por uma dose alta de esquecimento. mas então o sentimento volta, nas pontas dos pés, sem fazer barulho, tira meu ar e me prende. eu estagno. 
e lembro de você: essa versão minha que não volta mais. 
- vitoria (quemetransborde)
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