Tumgik
umbacalhau · 7 years
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Estou cansado, é claro, Estou cansado, é claro, Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: De nada me serviria sabê-lo, Pois o cansaço fica na mesma. A ferida dói como dói E não em função da causa que a produziu. Sim, estou cansado, E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto — Uma vontade de sono no corpo, Um desejo de não pensar na alma, E por cima de tudo uma transparência lúcida Do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de não ter já esperanças? Sou inteligente: eis tudo. Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, E há um certo prazer até no cansaço que isto me dá, Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa. . 24-6-1935 Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 78.
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umbacalhau · 7 years
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ENCHER A GAVETA
hoje eu li uma frase citada por uma amiga que tem “Esperança” no nome, o que por si já me torna mais sensível ao que ela traz. A frase era a seguinte: 
A gaveta da alegria já está cheia de ficar vazia!!🍄💙 -Alice no país das maravilhas.
Ultimamente o que tenho feito é acordar de manhã e já começo a esvaziar minhas gavetas. Olho ao redor e não encontro nada para colocar lá dentro. Posso olhar pela janela e perceber que o dia está lindo, azul, quente, brilhante, mas não consigo captá-lo, raptá-lo para dentro das minhas gavetas.
Vou conhecendo músicas que me fazem chorar: Nat King Cole (Unforgettable) ou Céu (Eu amo você), Arcade Fire (Photograph), Cícero (De passagem), as músicas dos blocos de carnaval da vida (bésame, bésame mucho / pra dor de amor, pra dor de amar não há melhor remédio do que visitar o mar...) e até acorder lindos que não sei descrever... Nenhuma dessas canções entram nas minhas gavetas, pra ficar. Elas passam pelo meu coração, eu as sinto mas não me é possível guardá-las nas gavetas.
Mas o fato é que estou cansada de me sentir de gaveta vazia, sem felicidade. Quero encher minhas gavetas! O destino está se economizando comigo, que injusto. Preciso abrir minhas gavetas, deixar entrar luz e alegria: sozinha eu não sei fazer muita coisa, me estimular, acreditar em mim. Não fui criada assim, não fui encorajada. Não é que eu leve isso como imutável e definidor, mas lutar e resistir nas entranhas da auto estima é exaustivo para mim, infelizmente. Mais fácil pra mim é ser agradável e gentil para o mundo me retribuir, do que partir de dentro de mim esse sentimento de paz de merecimento de felicidade.
Me sinto sozinha, só, solitária. Eu corro das caixas, de seus conteúdos, de seus vazios. Fujo de mim mesma. Adoraria poder me abraçar e me beijar e dizer para mim mesma que vai ficar tudo bem e, por fim, em mim acreditar!
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umbacalhau · 10 years
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Reclamam da existência da SAUDADE...
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umbacalhau · 10 years
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férias
no aparatamento da rua que sobe, de repente me foi imposta uma luz de dia a qual eu não estava acostumada. por sempre sair mais cedo do dia se formar dia, e chegar em casa sempre que a noite já arrisca meu corpo a caminhar apressado pelas ruas que descem, e depois para minha rua, a que sobe.
de primeira o acidente do rosto, que ficou encavernado uma semana, queimado. sem poder absorver essa luz de dia, de sol. rosto fechado, chateado, trancado no apartamento da rua que sobe.
várias tardes que nunca abavam, e acabaram nunca acabando mesmo. olhando envolta, calculando sozinha a rotina dos amigos e amores que poderiam vir aqui trocar uma ideia e um abraço comigo. que horas ela chega no centro? que horas ele sai do trabalho? hoje ele está de folga, imagina se ele chega... mas...
mas né.
ah, eu to reclamando de barriga cheia: isso pq hoje é 11/12/2013 e desde o primeiro dia de férias estou aqui dentro, eu e a geladeira e o sofá. sem caminhar longas distâncias, sem sentir o vento, sem sentir o sol arder na cabeça, nas costas.. apenas comendo e tomando coca-cola com a minha companheira. sinto as minhas pernas e braços assim, moles, brancos.
as férias as vezes parecem de mentirinha: mamãe liga ao menos 5 vezes ao dia. não suporto ouvir sua voz. (choro agora) toda vez que esse celular desgraçado toca é ela infernizando. a não ser ontem, que quem ligou foi meu pai. dentre amenidades me disse amanda, álcool também é droga, nunca mais beberei cerveja com álcool.. fiquei impressionada. com o fato de ele ligar, com o fato de dizer isso. meu pai nunca bebe. no máximo umas 2 cervejas em dia de churrasco. o que será que eles pensam de mim? que me largaram de férias pra eu passar o dia enchendo o cu de cachaça? o que eles esperam de mim? e por que, céus, por que eles tinham que ter estragado TUDO e ter me separado dos meus irmãos? 
não há férias que descansem meus nervos de saudade e frustração dessa família que tentei a todo custo ganhar para o lado do bem. não há luz de nenhum dia que acalme meus olhos: estes vazam, escorrer, ficam pingando, algum cano deve estar estragado porque é tanto choro meu deus...
hoje estou sozinha aqui dentro, tentando assistir Serra Pelada, tentando respirar direito, tentando não esperar que o amor ligue, que me chame, que chegue hoje ou amanhã. tentando não ser assim tão amanda. já que amada é fato que não sou.
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umbacalhau · 10 years
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Amor, de tarde (porque bluetooth rima com fufi)
Es una lástima que no estés conmigo cuando miro el reloj y son las cuatro y acabo la planilla y pienso diez minutos y estiro las piernas como todas las tardes y hago asi con los hombros para aflojar la espalda y me doblo los dedos y les saco mentiras.
Es una lástima que no estés conmigo cuando miro el reloj y son las cinco y soy una manija que calcula intereses o dos manos que saltan sobre cuarenta teclas o un oído que escucha como ladra el teléfono o un tipo que hace números y les saca verdades.
Es una lástima que no estés conmigo cuando miro el reloj y son las seis. Podrías acercarte de sorpresa y decirme “¿Qué tal?” y quedaríamos yo con la mancha roja de tus labios tú con el tizne azul de mi carbónico.
Mario Benedetti
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umbacalhau · 11 years
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:3
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umbacalhau · 11 years
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Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Cairo, O Pastor Amoroso
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umbacalhau · 11 years
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Hoje estou com a sensação de que nada adiantaria.
Nem que ele chegasse aqui em casa agora, a noite quente e bonita. Nem que trouxesse uma flor colorida, daquelas que ele nunca me deu.
Nem que sorrisse manhoso, nem que apertasse meu corpo no melhor dos seus abraços. 
Hoje estou com a sensação de que amanhã de manhã não acordarei de um sonho de uma noite e de uma vida inteira. Que acordarei pensando em qualquer outra coisa.
Hoje estou triste.
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umbacalhau · 11 years
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A Ship in Stormy Seas, Ivan Konstantinovich Aivazovsky. Russian (1817 - 1900)
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umbacalhau · 11 years
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uma parnasiana
Remorso (Olavo Bilac) Às vezes, uma dor me desespera... Nestas ânsias e dúvidas em que ando. Cismo e padeço, neste outono, quando Calculo o que perdi na primavera. Versos e amores sufoquei calando, Sem os gozar numa explosão sincera... Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera Mais viver, mais penar e amar cantando! Sinto o que desperdicei na juventude; Choro, neste começo de velhice, Mártir da hipocrisia ou da virtude, Os beijos que não tive por tolice, Por timidez o que sofrer não pude, E por pudor os versos que não disse!
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umbacalhau · 11 years
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via BeFunky http://www.befunky.com
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umbacalhau · 11 years
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(..) Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e
banais que eram sempre certeza e segurança.
Carlos Drummond de Andrade
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umbacalhau · 11 years
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Troco estádios por bibliotecas.
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umbacalhau · 11 years
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Há hora de somar
E hora de dividir.
Há tempo de esperar
E tempo de decidir.
Tempos de resistir.
Tempos de explodir.
Tempo de criar asas, romper as cascas
Porque é tempo de partir.
Partir partido,
Parir futuros,
Partilhar amanheceres
Há tanto tempo esquecidos.
Lá no passado tínhamos um futuro
Lá no futuro tem um presente
Pronto pra nascer
Só esperando você se decidir.
Porque são tempos de decidir,
Dissidiar, dissuadir,
Tempos de dizer
Que não são tempos de esperar
Tempos de dizer:
Não mais em nosso nome!
Se não pode se vestir com nossos sonhos
Não fale em nosso nome.
Não mais construir casas
Para que os ricos morem.
Não mais fazer o pão
Que o explorador come.
Não mais em nosso nome!
Não mais nosso suor, o teu descanso.
Não mais nosso sangue, tua vida.
Não mais nossa miséria, tua riqueza.
Tempos de dizer
Que não são tempos de calar
Diante da injustiça e da mentira.
É tempo de lutar
É tempo de festa, tempo de cantar
As velhas canções e as que ainda vamos inventar.
Tempos de criar, tempos de escolher.
Tempos de plantar os tempos que iremos colher.
É tempo de dar nome aos bois,
De levantar a cabeça
Acima da boiada,
Porque é tempo de tudo ou nada.
É tempo de rebeldia.
São tempos de rebelião.
É tempo de dissidência.
Já é tempo dos corações pularem fora do peito
Em passeata, em multidão
Porque é tempo de dissidência
É tempo de revolução
[Dissidência ou a arte de dissidiar- Por Mauro Iasi]
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umbacalhau · 11 years
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chico
"Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
  Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir"
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umbacalhau · 11 years
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Carlos Drummond de Andrade
O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.
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umbacalhau · 11 years
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Um dia cinza na cidade. Estou andando sob a chuva pela quinta ou sexta vez hoje. Depois da noite anterior,  uma passeata sob uma fria chuva de início de inverno... 
Mas cá estou caminhando na chuva e pensando... que ela cai na minha cabeça e rola pelos meus cabelos até chegar às costas do casaco e ali permanecer. Tempo úmido. Quantos pingos já caíram na minha cabeça hoje? Quantos ainda vão rolar cabelo abaixo? Quantos, quantos? Quantas vezes já me decepcionei... nos últimos 21 anos? Quantas vezes tentei escrever direito e acabo apenas me queixando sem evidenciar a beleza do  casamento das palavras? Meu autor preferido, ao entrar na universidade descobri que não passava de um velho pedante. A minha melhor amiga, a que juramos ficar velhas juntas, quantas vezes a vi esse ano hein? Uma! Apenas uma vez! Na segunda eu não fui ao seu encontro, esqueci, tinha pedágio pra juntar dinheiro pro CONUNE. Quantas vezes jurei pra mim e pro mundo que sim, desta vez eu estava amando o amor mais verdadeiro e insubstituível e irremediável e todos eles voaram ora levados pelos ventos do tempo, ora fugiram voando de mim, ora voando em volta sem jamais pousar aqui comigo. Quantas vezes procurei esse lar que desejo tanto, quantos jornais circulados, xícaras, panos, planos, quantos sonhos eu tive que sonhava num quarto na parte mais querida da cidade que hoje está cinza? E desta vez também pensei que fosse a certa, mas de novo não era e de novo eu me perdi nas palavras de um texto-queixume idiota e pequeno-burguês.
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