Somos um rio, nunca constantes, a água sempre corrente, como dizia Heraclito, “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou" e isso se aplica a nós mesmos
Mas pq nunca sinto que, mesmo sendo eu, mesmo sabendo que posso ter mudado, os textos que escrevi a dias atrás parecem de outro alguém.
Esta cena é tão especial para mim, a forma que ela se entrega completamente a criação, sem base, sem materiais bons e necessários, apenas com o que ela tem para trabalhar. Sucata. A forma dançante e a cor nos olhos como se colocasse toda sua vida naquele material. Criação. Caótica. Simplesmente, eu.
Eu percebi que eu mantenho uma máscara, uma casca, constantemente.
Estou a tanto tempo, a tantos anos, usando ela, que esqueci do meu eu. Talvez por isso eu confunda, o que sou eu, como eu sou, e o que eu criei para me encaixar.
Talvez por manter ela por tantos anos, ela agora faça parte de mim. Não faz sentido quebra-la, mas talvez, saber quando usá-la, seja a melhor opção.
Quebrar a mim mesma, agora, pode ser mais doloroso do que descobrir-me novamente.
É como se minha casca fosse a Vi, e meu interior, a Jinx. Me sinto presa a mim mesma, como uma borboleta que não consegue sair de seu próprio casulo, talvez por cômodo, talvez por medo, ou talvez apenas por não querer ser como sou. Isso tem me rasgado, estou correndo de mim mesma constantemente. Sem pausas para não criar mais conflitos.
Talvez eu seja tudo e ao mesmo tempo nada, mas isso não me faz especial. Acho que desde criança eu tenho essa fixação. Ser especial. Fazer brilhar os olhos alheios sendo única. Mas me sinto apagada num nível de me afogar em minha própria tristeza, na minha própria escuridão.