"É como se eu tivesse voltado para casa depois na guerra e percebesse que nada jamais seria como antes. É como se eu odiasse café, pastel de feira e tudo que me lembra você. Deu vontade de nadar até onde meus braços aguentassem mergulhar, até onde meus ouvidos conseguissem suportar o zumbido, deu vontade de tropeçar e cair de cara no chão só para ser distraída e não ter que suportar ver você ali no restaurante que a gente costumava frequentar, só que agora com outra pessoa. Eu reparei que você estava comendo meu prato favorito e eu não sei o que pensar sobre isso. Queria te escrever uma carta até cada pedaço do meu corpo cansar, contando o que cada pedaço do meu corpo sentiu quando foi parar naquela calçada - que aliás eu não pretendo voltar nunca mais - e fui obrigada a ver o seu sorriso se promover a gargalhadas que um dia eu pensei que fosse minha. E foi aí que eu percebi que nada seu nunca mais vai ser completamente meu, nem sua boca, nem seu corpo, nem suas mãos, nem seus pés empurrando os meus antes da gente dormir. E eu dizia para todo mundo que estava tudo bem, eu acordava me olhava no espelho e dizia "tá tudo bem", mas depois de escolher aquela outra caminhada eu tenho certeza que eu tenho mentido por aí e eu odeio mentira. Então aqui agora nesse instante eu me torno completamente vulnerável e vivo o luto do nosso grande amor eu acho que essa é exceção, nosso grande amor que um dia também foi seu mas agora é completamente meu."