Tumgik
aiko-23 · 6 years
Text
Canção das estações
Canção de outono
Folhas que caem
Cantando a vida dos antepassados
Chuva de vida
Banhada de morte
Cores se exaurindo
Aquarela do mundo
O adeus não dito
Implícito
Um novo começo se inicia
A canção do galho
Que nada tinha
Canção de inverno
O sopro
Assobio do vento
Gelo, neve
Árvore agora se abraça
Se encolhe
Se junta
Se agarra
Protege os galhos ainda carecas
Canta as raizes, força
A determinação de continuar
Sol
Uma fresta de esperança
Canção de primavera
Fênix das estações
Cores que transbordam
Num mar de vida
Flores dançam
Galhos comemoram sua chegado
A graça da chuva
Que banha os corpos
Renova o espírito
Canção das flores
Fruto no pomar de quem o planta
Árvore misericordiosa
Abraça a vida dentro de si
Canção de verão
Árvores dançam
O antigo cântico
Vapor, gotas sobem e descem
Planta que resguarda sua força
Que se prepara para a crise
Folhas cantam sob o sol quente
Absorvendo a energia
O poder da sobrevivência
Nesse mundo
Território hostil
Onde para se ganhar é preciso se perder
-
E o ciclo da árvore continua
Se repete incansavelmente
Cantam as estações do ano
Dança o tempo
1 note · View note
aiko-23 · 7 years
Text
Chuva de verão
Uma nuvem negra cobriu o céu.
De alguma forma, eu sabia que ela viria.
De alguma maneira, eu a senti.
Antes mesmo d’ela ter cruzado a fronteira.
Antes mesmo de seus pés terem tocado o chão.
Gotas de água chocavam-se furiosamente contra o vidro.
Eu senti quando ela se aproximou.
E vi quando postou-se bem diante de mim.
Luz.
Ela estende sua mão.
Trovão.
Para minha grande surpresa
Seus olhos não eram escuros e vazios, como descreviam as lendas.
As gotas que caiam tornaram-se mais amenas.
Seus cabelos eram tão brancos quanto a neve.
O céu já não era mais tão escuro.
E sua boca esboçava um riso.
Quase como a risada de uma criança.
Um sorriso derradeiro se fez em meu rosto.
A chuva agora era límpida e caia serena.
Eu sabia que havia chegado a hora.
Eu pego sua mão.
Respiro fundo uma última vez.
E sem nenhum arrependimento, eu deixo este mundo.
Parou de chover.
1 note · View note
aiko-23 · 7 years
Text
Vazio
Vazio que preenche o buraco
Do que não se pode preencher
Inunda meu corpo
Transborda minha alma
Vazio
É tudo que eu sinto
Pelo simples fato
De não sentir nada
E a dor não passa
Aquela velha cicatriz
Que se esqueceu de curar
Ferida sem casca
Vazio que habita minhas noites
Consome meus dias
Devora meus pensamentos
E rasga meu corpo
Vazio que habita o inabitável
Descolore
Aquilo que já não tem mais cor
Mata o que já está morto
1 note · View note
aiko-23 · 7 years
Text
Fogo
Faíscas dançam
Uma dança inconstante
Incandescente, inconsequente
Sombras pairam sobre a parede
Curvando-se perante à luz
O fogo que é um mar
Ondas brilhantes e tremeluzentes
Que dançam sob a brisa
Durante uma grande tempestade
De amor e ódio
Lenha e fogo crepitam
Lutando incansavelmente,
Uma luta majestosa, gloriosa
A chama que (en)canta, convida
Hipnotiza os olhos de quem vê
Um pedaço flamejante de vida
Que enfeitiça e fascina.
O fogo tremeluzente
Equilibra-se sobre a vela,
Um grande número circense
A chama intensa, de tal magnitude
Que destrói, sufoca, dança
Grita e chora descontroladamente
O fogo que é comparado à paixão
E o calor que provoca medo
A mesma luz calma e suave
Que aquece, abraça, acolhe
A labareda que ilumina o caminho
Que aconchega nas noites frias
E nas mais manhãs chuvosas
Faíscas mágicas
Passeiam pela escuridão
Sua melodia e beleza
Que assustam e cativam
Qualquer um
Com o dom de enxergar
1 note · View note