apenasasombra

[apenasasombra]

E eu vou sempre te amar. Vou sempre te olhar nos olhos como se fosse a primeira vez. Como se fosse o primeiro oi. Como se eu ainda fosse a garota de cabelo preto e franja. E você um garoto com violão na mão e grandes sonhos. Eu juro que nunca vou me esquecer de como me faz sentir, como se o paraíso fosse aqui na terra. Você é tipo o sol da minha vida que consegue clarear minhas ideias. Contigo eu sou minha versão feliz. Eu vou sempre te amar. Mesmo quando não me amar de volta. Acho que tatuou minha alma com seu nome e nunca mais irá sair. Nem quero que saia. Só quero sentir como se pudesse voar do seu lado. Como se nossas mãos encaixadas na noite fria fosse o resumo da vida. E sentir como se as lagrimas que deixamos cair pelo outro, fossem apenas lembranças dolorosas. Distantes. De quem tentamos ser. E que agora, não somos. Quero ser tudo para você. E quero que seja aquele que eu possa correr quando quiser rir alto. Ou que me conforte quando eu precisar. Quero ser aquela que vai te abraçar e fazer a dor ir embora. E que vai te ouvir nas noites em que não puder dormir bem. Eu juro que vou sempre te amar. E até depois que morrer, juro que vou te amar. É mais forte que eu. É como respirar. Estar do seu lado é como pintar o céu escuro de rosa florescente. Como gritar no meio de uma rua vazia na madrugada. Eu só quero que me deixe permanecer contigo. Garoto. Eu vou ser a mulher mais feliz do mundo se puder ter um nós. Apenas me ame. Vamos ser tudo o que não fomos. Vamos ser luz. Vamos ser música. Vamos ser dois idiotas tentando fazer o amor acontecer.

apenasumagarotapaixonada

[apenasasombra]

Eu não to bem. Quero calar meus pensamentos que gritam seu nome. Quero me esquecer de todas as lembranças com seu sorriso. Eu sinto que nunca vou ser suficiente para ninguém. Eu sou uma droga. Mas a única que as pessoas não se viciam. O que foi verdade? Eu me pego pensando nisso as três da madrugada. Eu não durmo ou como. É como se eu vivesse em uma realidade paralela e as pessoas não vissem. Sou apenas eu nesse mundo. Tentando sobreviver. Eu não consigo parar de chorar. E dói a alma tão forte que caio no chão e peço por ajuda. Um socorro silencioso que grito para Deus. Eu peço para que me veja aqui e me dê paz. Me dê qualquer outro sentimento que não seja dor e decepção. Estou me matando por dentro. Eu ando me perguntando o que aconteceria se eu pulasse de um prédio ou na frente de um carro. Talvez, eu pudesse encontrar o descanso? Eu me obrigo a sorrir na frente dos outros, mas me esfaqueio por trás. Meus olhos tentam dizer aos outros tudo o que se passa na cabeça, mas eles estão ocupados com os próprios problemas. Acho que isso tudo começou quando aceitei um amor que não deveria. Eu amei por tantos anos sozinha, e agora estou sozinha de novo. Entende? Eles apenas fingiu. Foi apenas uma cena teatral aonde eu era a secundária. E ele está feliz com outra. Essa é a historia clichê não é mesmo? Eu deveria saber. Mas eu acreditei. E agora estou sem saber como me livrar de tudo. Estou morrendo por dentro. E me sinto em uma espiral que nunca vai ter fim.

apenasumagarotadesesperada apenasumasombrasofrendo

[apenasasombra]

Estou sentada no chão frio e minha blusa enorme não consegue me proteger por completo. O que está mais congelado? Minhas pernas ou meu coração? Eu coloquei a mala de lembranças debaixo da cama e por uma fresta elas gritam saudade. Eu tento ignorar e não ouvir, mas seu nome acaba ecoando pelo quarto. É agoniante acordar e não poder te falar um oi. E viver o dia tentando não esperar pelas suas mensagens. Estou apenas me levantando e tentando me afastar de tudo. O que dói mais? Saber que tudo foi mentira ou que mesmo assim, ainda sinto sua falta?

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[apenasasombra]

Você foi forte até aqui, e quer desistir? Eles sempre foram assim. Não se lembra? De quando tentaram te quebrar por ser diferente deles. De quando te diziam que não era suficiente apenas por eles não serem. Sempre foi assim. E você quer desistir? Por favor. Respire. Respire. Tente olhar para o céu e espere até amanhã. Reze para esse vazio ensurdecedor na alma cessar. Eu sei que consegue. Sempre viveu assim, tentando não escutar as vozes externas. Tentando ouvir apenas a sua voz silenciosa gritando para dar mais passos. É dificil ter que acordar quando o sonho está bom. A realidade é uma droga. As lagrimas caem sem que deixe. E o vazio esfaqueia sua alma. Sente que tem apenas você mesma. Talvez seja mesmo. Mas seja sua própria estrela guia. Dance pelo quarto mesmo cansada e olhe para suas coisas favoritas. Fique inventando historias que nunca irão acontecer ou conversando com a noite. Eu já te vi engolir a tristeza e continuar até que ela vá embora. Só continue. Seja forte. Eu desejo que amanhã seja um dia melhor para você. Eu realmente desejo.

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[apenasasombra]

Eu tenho me sentido inchada, como se não falar o que sinto estivesse inflando minha alma. E meu corpo. Eu acordo de manhã e tento me convencer a levantar. É difícil ser obrigada a ficar pensando em como o dia pode ser bom. Esquecer a ansiedade que os meus passos trêmulos me causam. Eu odeio meus dias. Mas não me leve a mal, eu agradeço por viver. Por conseguir ir de um lado para o outro mesmo que errando. Mas mesmo assim, não consigo tirar esse sentimento do meu coração. Essa falta de animação. Eu pareço morta por dentro. Se não fosse a ansiedade, tudo seria mais real. Ela é a que me faz tremer, querer correr e gritar. Ela me faz sentir que sim, estou aqui. Mesmo que ajude a me matar. Eu só queria querer levantar. Querer ser quem eu era. Ou um novo eu. Eu queria sentir coisas. Dançar. Ver que não chove só aqui dentro. Quero o sol. Quero o verão. Deus. Eu me sinto cansada demais. Exausta. Me arrastando pelas horas tentando achar significado em tudo isso. Parece que estou perdendo minha voz aos poucos. Tenho que gritar. Fazer barulho. Ser terremoto. Ser tudo, menos essa garota calada que sofre em silencio. Isso está me matando. Eu estou morrendo. Conseguem ver? Estou me apagando a cada dia. Ouvindo vozes me dizendo que a estrada está mais curta. É tipo o fim dela. E eles nem conseguem ver isso. Sou apenas eu. Sozinha. Tentando nadar contra os tubarões que tentam me derrubar. Estou cansando de nadar. De tentar. Eu tenho me sentido parada. Como se nada pudesse fluir. Estou sendo puxada para baixo. E a água entrou em meu corpo e me asfixiou. E estou indo para baixo lentamente. Estou vendo diante dos meus olhos, que estou indo cada vez mais para baixo. E o pior? Estou calada. Apenas observando enquanto cada célula morre.

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[apenasasombra]

Eu estava tão sozinha que aceitei. Eu só tinha a solidão do meu lado e aceitei suas mentiras para me preencher. Hoje eu estou vendo elas evaporando e subindo feito uma fumaça negra que não me deixava enxergar. Eu fiquei sufocada por longos anos. Eu me deixei sufocar. Agora sei que quando algumas garotas dizem que são como garras que não consegue sair, elas dizem serio. A pessoa te enlaça em historias e te faz crer que duvidar demais é errado. Seu sexto sentido grita para você o que você deveria gritar para ele. Mas você se cala. Tem medo de perder mesmo que saiba que aquilo é pouco pra pessoa grande que é. Você é linda. Perfeita. Não precisa que ninguém te diga nada para que tenha que se sentir assim. Amor próprio não é se achar bonita na frente do espelho. Alias, também. Mas aprendi que é principalmente acordar e ver que merece mais. Você é isso tudo, por que aceita ele que é tão pouco? E ele te controla. Como se fosse uma marionete no jogo dele. O jogo sujo. Aquele que te empurra na areia e te deixa sem ar. Fica calada. Fica perdida. Acha que isso é tudo o que deve viver. Mas hoje eu descobri que não. Eu posso encarar a solidão e a tristeza. Quem nunca ficou de frente com a face do desespero? Mas o que define os corajosos é ficar. Encarar. Chorar e sofrer o tanto que precisar, para depois sorrir. Eu só tinha a solidão e achei que eu precisava dele. Mas quem precisa de mentiras e um montão de duvidas na cabeça? Você é mais que um xadrez. Mais que cartas viradas para baixo. Você é maravilhosa. E nesse mês de janeiro aprendeu a lição mais importante da sua vida, escute você mesma. Dentro da sua alma tem uma vozinha que sempre vai te dizer o que fazer. Ela é certeira. Ela é aquela amiga sincera que as vezes tenta ignorar. Não ignore. Ouça com atenção. Ela só quer o seu bem. Não precisa esperar os anos se passarem para perceber que você perdeu. Que era uma causa que você lutou sabendo que o fim não ia ser bom. O que não é seu não era para ser. Sei que é clichê. Sei que vão ler e achar que descobri o que muitos falam. Mas a verdade é que as vezes precisamos aprender sozinhos. Precisamos pagar para ver. E espero que nesse caso, vocês não paguem. Por que dói. É insano. É devastador.

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[apenasasombra]

Quantas vezes um coração pode ser quebrado pela mesma pessoa? Me digam quantas vezes podemos sangrar até que não reste nada. Nem mesmo uma gota. Mesmo depois de ter tentado estancar o liquido vermelho que insistia em cair pelo chão. E eu tentei por anos. Acho que quase uma década. E tudo o que consegui foi mentiras embaladas em verdades. Ele me olhava nos olhos e mentia como se tudo o que saia da sua boca fosse real. Eu vivi um conto mentiroso. O pior? Acho que escolhi acreditar. Todas as vezes que me quebrei eu escolhi voltar, dizendo a mim mesma que tudo era real. Eu ignorei meu sexto sentido e ignorei quando todo o meu corpo gritava para correr. Sabe quantas vezes alguém pode matar a outra pessoa? Apenas com ações? Apenas com o que se dizia se amor. Eu chorei por anos e insisti nesse sofrimento. Eu acho que não sabia sair dele. Achei que eu merecia. Esse é o pior. Achar que aquele pouco que tinha era o que merecia. E eu que julgava tanto aquelas garotas bobas acreditando no amor fiel que todos sabiam não existir, bem... Eu me tornei uma delas. Me escondendo e acreditando apenas nele. Quando todos me diziam para correr. Eles tentaram me salvar. Esse é o pior. Eu tanto julguei e não percebi que aquilo era por mim. Eles me deram as mãos e eu a soltei para confiar no inseguro. Ele teceu uma historia aonde eu era a salvação. Me fez ver páginas bonitas e coloridas e me apeguei a isso. A tudo. A ele. Meu corpo e minha alma me diziam para sair. As estrelas piscavam falando saia. Até as nuvens escuras da noite pareciam meu sapato velho usado que eu usava para caminhar. Era como se todas as provas estivessem lá. Só meu cerebro que não. Só meu coração que não. O que faz com que alguém engane tanto? Minta tanto? Eu só gostaria de saber o que essa pessoa tem na vida. Eu posso estar quebrada e esgotada, mas tenho minha mente limpa. Eu não fiz nada para ninguém. E ele? Pode conviver sabendo tudo o que fez? Ou talvez nem se importe? Eu só espero que o carma chegue até ele. Que um dia, quando menos esperar, que a vida devolva o que ele me fez. Eu não farei nada. Não tenho forças e nem vontade. Eu só irei jogar nas mãos dos céus e esperar pelo troco. Pelo outro lado da moeda. Pelo tal carma que sempre pega todos desprevenidos. Um dia, quero que ele sinta tudo o que eu senti. A dor. A vontade de sumir. O cansaço. Esse sentimento de não ser suficiente nunca. Eu vou superar. Juro. Mas por hoje vou me deixar sentir a dor. Até que ela pare de doer. Ai vou me levantar e tentar de novo. Por que a vida é um livro em branco que quero preencher com amor. Mesmo que tenha que me quebrar muito. Ainda preencherei com amor.

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[apenasasombra]

Faz quanto tempo que não sento para escrever? Que não cuspo palavras que traduzem o que sinto. Acho que estava com medo de saber sequer como me sinto. De aprofundar naqueles cantos escuros aonde eu deixo tudo o que não quero ver. Aonde eu deixo você.  Um novo ano e estamos aqui de novo. Remando contra uma maré que sabemos que vamos perder. Pelo menos, eu sei que vou. A esperança de ter você é sempre tão fatal quanto a perda. E sempre acaba comigo chorando sem parar copiosamente pela noite. Me perguntando o motivo de ainda querer tanto algo que nunca me quis.  Essa é a razão? De eu ter fechado meus sentimentos em uma mala vazia debaixo da cama. Eu ignoro tudo que tem o seu nome. E quando estamos juntos eu apenas aproveito. Eu me desligo. Desligo daquela voz que grita que devo fugir. Corra. Mesmo com os pés descalços e sem a minha blusa favorita. Corra. Pela estrada cheia de carros e pessoas que te olharam feito louca. Corra. Não pare até estar sem folego tentando sobreviver enquanto pisa na terra e respira fundo. Na rotatória. Pare lá e corra novamente. Até que ele não possa de carro te alcançar. Não me fale da injustiça dele ser mais rápido, pois sempre foi. Ele chega até a linha final antes que possa piscar. E quando consegue, são lagrimas que escorrem. Por que ele te deixa mais rápido do que possa amar. E sempre foi assim. E faz quanto tempo que isso se repete? Um novo ano. Vai usar sua voz para gritar verdades ou para se calar? Vai usar suas pernas para sair pela porta ou se sentar ao lado daquele que no fim vai dizer que sente muito. Que tentou. Que vai se afastar para te ver feliz. Ele te afunda e vai embora depois que se afogou. E sente como se estivesse te salvando. Mas sabemos que vai morrer. Apenas vai morrer. Por isso, use esse ano para dizer que sente muito por tudo, que deve nadar para longe. Corra. Nade. Corra. Nade. Até que seja possivel ver uma luz dentro dessa escuridão interna. Até que ache algum sentimento que não seja apenas dor, sofrimento e arrependimento. Ache amor. Ache felicidade. Ache tudo o que sempre quis.

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[apenasasombra]

28. Consegue dizer o que mudou em você? 28. Consegue contar as vezes que chorou sem saber o que fazer? São alguns muitos anos tentando acertar e errando. É estranho dizer que eu aprendi mais assim. Cada vez que gritei para o céu pedindo por um sinal, as vezes que lagrimas escorreram enquanto eu tentava abafar o som no travesseiro. É reconfortante pensar que cheguei até aqui. Mesmo com os dias chuvosos e pisando sempre em poças no chão. Eu enfrentei a falta voz, enfrentei o medo de ser apenas eu. Não digo que melhorei e que sou quem eu queria ser totalmente. Mas sou um pouquinho mais eu. Um pouco mais faladora, que sabe dizer não e que não tem medo de dançar em pleno sol. 28. Consegue saber quantos já amou? 28. Achou que estaria na mesma casa com um quarto vazio? Eu imaginei uma vida tão surreal que a realidade me puxou um monte. Eu percebi esse ano que devo dizer mais obrigada pelos segundos de felicidade. Estou em meu quarto aonde posso dançar até cansar, com meu pai que respiro aliviada sempre que ouço seu carro entrando pela garagem. Estou com meu rato cor de rosa e minhas velhas manias. Tudo bem não ser a vida que imaginei. Eu estou aprendendo que tudo tem um sentido. Estou aqui por alguma razão. Mesmo que eu não saiba qual. 28. Consegue sorrir até a madrugada chegar? Consegue se segurar a esses segundos e quando adormecer, sonhar com o que viveu?

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[apenasasombra]

Séculos atrás, me chamaram de bruxa… Eu estou sentada em uma cadeira de madeira velha, debaixo de um toldo empoeirado. Numa varanda de casa abandonada esperando a chuva passar. Todos passam correndo como se pudessem derreter com as gotas geladas. E eu apenas continuo sentada rindo internamente pelo desespero alheio. Deveriam parar um pouco, respirar e olhar para o céu. Totalmente escuro e sem estrelas. Totalmente absorto a toda essa confusão na terra. -Precisa de ajuda? - um jovem cavalheiro para a minha frente. Tem  o cabelo preto liso e penteado para um lado. Exibe uma blusa social branca e calça de linho preta. Em suas mãos carrega um guarda chuva preto que parece recém comprado. -Eu a pedi? - digo secamente. -Eu sei ouvir de longe pedidos de ajuda.  -Dessa vez meu caro jovem, está errado. Quero apenas permanecer nessa varanda velha até que a ultima gota caia.  Ele olha para o céu e exibe um meio sorriso. Dentes brancos e perfeitos brilham sob meus olhos. Em seguida fecha o guarda chuva e anda lentamente em minha direção.  -Eu ficarei aqui para ter certeza de que ninguém a incomodará. Arrumo meu cabelo preto azulado mostrando desconforto. Me sinto agradecida por meu vestido pomposo ocupar toda a cadeira.  -Uma jovem não seria bem vista a essa hora da noite com um jovem homem - digo num sussurro.  -Ficarei de pé com alguns metros nos separando - ele dá alguns passos para o lado e me encara - que tal assim madame? Bufo de ansiedade. Meu pobre pai me mataria se me visse ao lado do sexo oposto. Ainda mais quando ele está tão ocupado me arrumando um marido. Sim. Estamos na época na qual o meu pai escolhe por mim. Provavelmente alguém que tenha um pouco de dinheiro e queira pagar pela minha beleza. Meus olhos verdes conseguem chamar a atenção de toda a aldeia. Não digo que sou linda, mas aqui é pouco comum olhos brilhantes. Dizem que herdei da minha avó, mas nunca a conheci. -Posso saber sua graça? - Ele me encara curioso. Consigo prestar atenção na sua pele branca e pálida. E seus lábios rosados se destacam em seu rosto. -Não nos veremos novamente.  -Sou Derick - ele diz rapidamente. -Não te verei novamente, Derick - digo antes de me levantar.  -Não disse que ia esperar a chuva?  Ando em direção aos degraus da varanda. A chuva continua forte e posso ver a rua vazia. Todos aqueles que julguei desesperados por correr, devem estar se secando em casa agora. Droga. Ou que ruim? Sou uma dama, não deveria falar palavrões. Minha mãe diz que moças que proferem palavras do tipo não se casam. Homens não gostam disso e das desobedientes. É errado achar que costumes assim não são normais?  -E então? - Derick me tira dos meus devaneios. Olho para seus olhos castanhos e me assusto ao perceber que ele agora está ao meu lado. -Tenho que ir embora. Melhor uma dama molhada a uma que chega tarde em sua residência.  -Leve meu guarda chuva. -E você? -Eu serei uma das pessoas que viu correndo pelas vielas - fico envergonhada ao perceber como ele havia me observado antes - ficou corada? Droga. Sempre que fico sem graça minhas bochechas ficam rosadas. Elas me entregam em diversas situações constrangedoras.  -Aceito sua proposta.  Antes que eu sequer consiga alcançar seu guarda chuva, ele segura minha mão com a livre dele. Por um misero segundo, sinto seu calor. Sinto seus olhos hipnotizando os meus. A chuva para de existir. A vila e a cidade pequena somem.  -Só me diga seu nome.  -Eu… -Nome - ele diz ao me soltar e entregar o que quero.  Pego rapidamente e o abro. Vou em direção a chuva e sinto quando meus sapatos batem contra o chão ensopado. As gotas conseguem adentrar o guarda chuva e tocar meu vestido verde escuro.  -Obrigada - grito antes de começar a andar em direção a minha casa.  -Olhos verdes.  -O que?  -Te chamarei de olhos verdes - ele diz por fim.  …….. Chego em casa um pouco molhada mas nada muito serio. Meu pai está na porta e parece discutir com alguém. Minha mãe e minhas duas irmãs olham tudo de longe pela janela de vidro. Consigo ouvir a conversa enquanto eu ando rapidamente para dentro de casa.  -Eu pagarei a divida. Mas não com minha filha - meu pai grita. -Espero faz meses pelo pagamento. Sabe que meu filho mais velho necessita de esposa. -Não quero atrelar a minha família a de agiotas.  -Que você fez muito bom uso para construir essa sua casa - ele diz apontando para nossa casa recém pronta.  Morávamos em um pequeno casebre no meio da floresta. Mas meu pai sabia que lá nunca íamos mudar de vida. Ele iria ser para sempre um agricultor e talvez, nem nos casássemos. E assim, um ano e meio atrás ele pegou dinheiro emprestado com o senhor Frederick e começou a construir nosso novo lar. Demoro alguns meses, já que ele tinha que se deslocar sempre para o novo terreno.  -Ou vocês saem ou ela se casa - ele gritou. Minha mãe correu ao meu encontro e me abraçou assim que fechei a porta. Lagrimas corriam pelo seu rosto e nesse momento percebi o que aconteceria. A divida seria paga. Eu seria o pagamento.  ..... Estou com um vestido branco bordado pela minha mãe. Seus dedos de senhora ainda conseguem costurar todas as minhas roupas. Alias, perdoem pela indelicadeza de não dizer minha idade. Tenho dezenove anos e me chamo Catherine. Catherine Fernsby. E estou olhando pela janela vendo todos aqueles convidados do senhor Frederick chegarem para o casamento. O meu casamento. Acolhida em meus quarto com madeira no chão e paredes brancas. Uma cama simples e roupas em cima de uma escrivaninha. E com um tapete que achei na feira, vermelho com símbolos do universo. Como aqueles gregos, dos grandes deuses. Meu pai sempre me pede para escondê-lo quando temos visitas. O desconhecido é perigoso. -Filha, acho que o noivo chegou - minha mãe grita de emoção. Eu sinto meu coração acelerar. Só sabia que o sobrenome seria Bennet. Mas nunca o vi pessoalmente. Estranho? Nessa época o amor não existe, e a vontade dos noivos é inexistente. Casamento é transação.  -Estou tão orgulhosa da minha filha mais velha finalmente estar se tornando uma moça completa - ela arruma meu cabelo com uma flor branca na lateral. Me dá um beijo no rosto rápido e completa - seu dia será inesquecível.  Sorrio sem graça e olho pela janela novamente. Não vejo o noivo. Apenas os convidados e o senhor Federick se gabando de como o filho achou uma moça bonita. Desgraçando nossa família com essa união de camponeses com agiotas. Sabe se lá o que eles já fizeram nessa vida.  -Está na hora do casório - minha mãe me empurra até a porta e juntas vamos até um pequeno deque de madeira no quintal. Os convidados estão de pé e exibem roupas pomposas e de cores diversas. Olho para o céu e está nublado. Um dia feio. O pensamento de que talvez algo deva dar errado me passa rapidamente. Sou muito sensitiva. E dias nublado são sempre perigosos.  -O noivo! - meu pai diz ao se virar e vê-lo andando em nossa direção. Sinto um frio na espinha e me viro. Demoro a entender o que exatamente eu estava vendo, ou quem. -Derick? - quase engasgo ao dizer. -Olhos verdes?! - ele diz com a voz falhada.  Qual a probabilidade de eu me casar com o estranho que conheci noites atrás? Especificadamente três meses atrás.  -Vamos entregar um dote, pois Derick insistiu nisso - Frederick disse a contra gosto.  Recebo dele uma caixa vermelha com um anel com esmeralda verde. Eu sorrio ao lembrar de como ele me chama. Será que pensou em mim quando escolheu o presente para a noiva desconhecida?  Olho para o noivo e o vejo pálido. Nervoso. Como se algo estivesse errado. -Derick? - sussurro.  -Coloque o anel! Vamos oficializar o casório! - Fredeck grita com firmeza.  Os convidados estão ansiosos. Meu pai me olha com desgosto mas implora com os olhos para que continue. O céu fica mais escuro e nem parece três horas da tarde. Respiro fundo e olho para Derick. Ele está serrando os punhos e respirando com dificuldade. Olho preocupada sem saber o que fazer. -Coloque o anel! - todos gritam.  Derick a cada segundo fica mais pálido. O céu fica mais escuro. Seu paletó preto parece destacar sua falta de cor. Minhas mãos tremem e o anel verde exibe uma cor que irrita meus olhos. Tudo parece acontecer em câmera lenta, mas sei que são segundos.  Coloco o anel e Derick cai no chão. Tampo minha boca com as mãos para não grita de horror. Ele parece lutar para respirar. Todos se aproximam e seu pai o sacode como se fosse ajudá-lo. Eu consigo ver o brilho dos seus olhos indo embora e ele parando de tentar. Cinco segundos e o silêncio já tomava conta do recinto.  Ele está morto.  -Você fez isso com ele! - grita o senhor Frederick apontando o dedo em minha direção. -O que?! - falo incrédula.  -Ele estava bem antes de vim até aqui e você o matar! Bruxa dos olhos verdes!  Rapidamente passei de noiva para bruxa. Todos gritam e andam em minha direção. Engulo em seco. O dia vira noite. A escuridão toma conta de toda a cidade.  Meu pai me protege daqueles que estão mais próximos e grita: fuja! Eu saio correndo com os pés descalços sem me importar se os machuco. A flor branca presa em meu cabelo cai e lagrimas me seguem. O que farei? Consigo ouvir atrás de mim as pessoas me caçando. Minha mãe uiva de desespero e reza para que eu escape. Eu só corro. Sem saber exatamente para aonde eu deveria ir.  Perco noção do tempo e sinto que vou ser pega. Chego até um precipício e sinto meu pé esquerdo flutuando no abismo. Os convidados estão logo atrás poucos passos. Eles vão me queimar. Esse é o destino das bruxas em todo o mundo. Não podemos ser inteligentes, independentes ou bonitas. Somos bruxas. Qualquer uma pode ser fadada a queimar na fogueira da eternidade. E não é uma coisa boa. Você sente o cheiro de pele queimada. Consegue ver a dor virar cinzas diante de seus olhos. Eu não serei queimada. Serei bruxa. Mas queimada nunca. Olho para o céu e vejo um fio de raio de sol escapando. Exibo um meio sorriso e fecho meus olhos. Esse é meu pedido de ajuda.  "Se realmente tenho um pedido, quero apenas ter a chance de me apaixonar por quem eu quiser. Ser quem eu quiser. E não queimar por isso." E pulo. Pulo dentro do precipício rumo a morte que me espera no fundo.  E o engraçado, é que percebo que nunca me senti tão viva.

[apenasasombra]

-Você, Derick, continuou me puxando para baixo. Mesmo quando eu gritei que me afogaria. Nem ao menos se mostrou misericordioso. Apenas permaneceu com suas mãos geladas me empurrando para o fim. -Catherine... -Sabe o quanto doeu te amar por oito anos e só receber em troca lagrimas? -Você também errou - ele grita.  E lá vem ele. Jogando a culpa para a vítima. Querendo de novo me quebrar mais para que ele seja o único que pode me juntar. -Sim. Mas imaginou como foi ter que engolir todas as suas mentiras? Pensar sempre que seria a última?  Ele passa a mãos no cabelo preto, que agora está tão curto que nem faz nenhum movimento. Sua barba está grande e já nem parece aquele que conheci. Seus olhos estão sem cor e sua alma parece apagada. É isso que ganha quando tenta roubar? O carma salva os que sofrem e derruba os que esfaqueiam sem pensar? -Eu só quero dizer que eu queria te ver essa última vez. Eu só quero te dizer que você me matou. Por longos oito anos. E agora estou aqui de pé, depois de algumas semanas sem ver seu rosto, te dizendo que escolhi viver. -Você fala como se eu fosse um monstro. -Alguém que se acha o dono da razão quando na verdade, nem sabe o que é. Alguém que conheceu uma garota de dezoito anos e a segurou para que não fugisse. Não podia ser de ninguém, mas também não era sua. Alguém assim, é o que? -Catherine, você pode se arrepender - ele diz em tom de ameaça. -O engraçado é que não me arrependo desse tempo. Eu sei que hoje sou mais forte pelas lagrimas. Sou mais paciente por causa dos gritos de socorro. Eu não sei de tudo, mas sei que não me arrependerei. -Faça o que quiser - antes que ele saia, eu seguro em seu braço esquerdo com uma tatuagem de anjo. -Eu sou a carta que deveria ter olhado.  -O que? - ele diz sem entender. -Oito anos atrás. Me disse algo que nunca vou esquecer. Que sou uma carta virada para baixo e que não me escolheria por que não iria saber o que eu poderia ser. Mas para a sua informação, eu sou a carta que deveria ter escolhido. -Adeus Catherine - ele desgruda meus dedos do seu braço e sai sem olhar para trás. E assim acaba um amor. Um que me tirou de mim mesma por tanto tempo. Que me fez achar que eu merecia aquilo. Que eu colhi aquilo. Mas sempre merece mais. E eu entendi que posso hoje ser melhor que ontem. Que eu mereço o que acho que mereço. E não era ele. Não era seu amor falso.  Essa historia não é sobre um romance, é sobre um assassinato. Sobre segurar a mão de quem te mata por dentro. Sorrir para quem te esfaqueia com mentiras. Essa historia é sobre acordar um dia e perceber que não consegue mais sangrar. Que mesmo que esteja quebrada, você pode sempre se reconstruir.

apenasumcolapso apenasumahistoria

[apenasasombra]

Sabe aquela mão que te tocou por longos meses? Ela parece tão fria agora. Como se não coubesse mais em seu rosto. Como se precisasse dela longe. Não consegue mais imaginar sua mão entrelaçada a ela. Isso por culpa dele. Pelas mentiras e pela forma que te fez afundar mais e mais esses meses. Você quase morreu. Quase se afogou nas lagrimas interminaveis pela madrugada. E ele apenas assistiu. Fingindo estar certo, fingindo que aquele era seu melhor. Te destruiu. E ficou todos os dias com aquele sorriso cínico no rosto. Era você contra aquelas palavras afiadas. E todas as suas armaduras estavam no chão, apenas tentou amar mais que as facas rápidas contra seu corpo. Mas no final, restou apenas uma garota quebrada e uma mão gelada. Ele até o ultimo segundo gritou que era verdade, empurrando tudo o que sempre fez. E você... Bem... Acho que não restou sangue para ser derramado. E agora se vê olhando para tudo o que foi e se culpando pela perda de tempo. Se culpando por ter tentado tanto. O amor vale isso tudo? Acho que foi fundo demais. Seu problema foi ter visto faísca aonde só havia mentiras. Ter visto a alma, aonde só tinha o mais profundo abismo escuro. Sabe aquela mão que te tocou por oito anos? Ela está desaparecendo agora diante dos seus olhos. E por mais que sofra, sei que no fundo, sente um alivio. Está finalmente respirando.

apenasumsentimentodeperda apenasumsentimentodeliberdade vocevaificarbem

[apenasasombra]

O dia foi estranho. Calmo. Se eu fosse embora hoje diria que fui feliz. Se tivesse que partir, eu apenas teria uma mala cheia de momentos felizes para levar. Claro que chorei muito, mas eu sei que se partir eu só quero levar os sorrisos. As vezes que dancei pelo quarto sem parar, que abracei até meus braços doerem e que amei antes de ser quebrada. Se eu fosse hoje, diria que entendi o sentido da vida. Que é apenas sobre tentar e tentar. Sobre andar descalça e mesmo com calos, rodar na chuva. É gritar o que acha sem magoar, e tentar ser forte sempre. É agradecer pelas vezes que seu pai mesmo cansado se preocupou com você. Como seu irmão mais velho te protegeu mesmo quando estava errada. E como sua irmã ficou do seu lado para te fazer esquecer de tudo quando via que ia desmoronar. Eu vi que a vida é sobre acordar com dor e mesmo assim agradecer. Respirar. Respirar. Olhar para o céu e sentir que seu coração bate forte. Sentir o vento sobre sua face e mesmo gelado, continuar ali. É sobre acordar a noite e ver seu avô segurando forte sua mão, te dizendo que vai ficar tudo bem. Não precisa ter medo. Você chegou até aqui. Amou até cair. Riu até a barriga doer. E mesmo quando todos jogavam pedras, você tentava pegar. Guardá-las. Proteger. O dia foi silencioso. Como se quisesse me dar horas de paz para descansar. Para olhar para minha casa e me sentir no meu lar. Para olhar para os quartos vazios e lembrar de quando todos estavam ali, como era barulhento e reconfortante. A vida é agradecer. É agradecer os anos que viveu e ficou bem. É agradecer pelas pessoas que conheceu e pelas vezes que se sentiu nas nuvens. Se eu tiver que partir, posso dizer que fui feliz. Obrigada. Eu fui feliz.

apenasumsentimentoestranho apenasumasensaçao

[apenasasombra]

Chuva. Depois de meses e meses. Ela cai gelada e sem parar. Forte e destemida. Trovões e raios. O céu parece gritar que está chorando tudo o que segurou. Será que depois disso vai se sentir melhor? Ou mais vazio? Eu acho que as vezes chove tanto dentro de mim que depois me sinto sem nada. Como se deixasse tudo sair e ao respirar, só restasse o silencio. Consegue ouvir? Quando as palavras fogem e está escuro, o que resta? Eu nesse ano colecionei sentimentos que nunca imaginei ter. Um ano difícil. Me fazendo construir uma longa camada na minha alma para sobreviver. Me fez ver que todas aquelas mentiras que guardei dentro de mim, estão superficiais. Que todas as vezes que achei que estava tudo bem, na verdade eu estava sangrando. E me fez ver que preciso de ajuda de vez em quando, que devo aprender a gritar. Entende? Tenho que deixar alguém me ver e dizer qual verdade devo seguir. Se estou perdida, alguém tem que me guiar. E esse ano me fez ver que devo ter medo de mim mesma e não dos outros.  O vento está tão forte que a janela treme. Parece que quer levar tudo junto com ele. Se sente sozinho? O vidro fica gelado, e consigo desenhar nele. A noite com tempestade parece externar minha alma. É muito louco? Eu me sentir em casa com o caos lá fora. Me sinto bem. Consigo pela primeira vez em meses sentir que tudo vai ficar bem. Que tudo bem eu estar tão vacilante, que tudo vai melhorar. A chuva vai cair, mas depois vai parar. A terra vai secar e o céu vai ficar claro como se nada houvesse acontecido. E tempo depois vai acontecer tudo de novo. Agora eu sei que esses meses eu fraquejei, e vou continuar assim por uns meses ainda. Mas estou aprendendo a andar novamente. Um dia de cada vez. Um segundo por vez. Respirando fundo. Tentando ser sincera comigo mesma. E o mais importante, sempre tentando viver.

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[apenasasombra]

Me sentindo em casa. Enquanto pedimos uma bebida e falamos de coisas banais. Enquanto eu olho para nós crescidas e com tantos machucados da vida, eu me sinto em casa. Rimos alto e ouço as vozes tão familiares. Até o olhar, a forma de dizer: tudo vai ficar bem, é confortante. Estou me sentido melhor que em todos os outros dias dos ultimos meses. Obrigada. Por me fazer agradecer por estar viva para ter esse momento. Por me fazer sentir que estou viva e não só existindo. É bom ter alguém que grita nostalgia as vezes. É bom ter aquele sentimento de felicidade que senti na infância. Sem precisar ter medo das sombras que invadem meu quarto, Sem precisar ter que gritar sobre as facadas que resisto diariamente. Eu sei que me perguntaram se estou bem, e meu coração doeu. Vocês viram na minha alma não é mesmo? Tantos anos juntas chorando e lutando contra o mundo nos ver o que a outra precisa apenas com um olhar. De alguma forma, vocês sabiam mesmo sem me ver por tanto tempo. As pessoas que ficaram não notaram nada, mas vocês me enxergaram. Obrigada. Pela simples pergunta. Por conseguirem ver o que as outras pessoas ignoraram. Obrigada. Eu sei que fingi que estou bem, mas eu só precisava da felicidade. Um respiro sem dor. Um riso sem lagrima. Eu precisava desesperadamente daquelas horas sem me lembrar de nada. Eu não estou bem. Mas minha alma vibrou ao saber que alguém por mais longe que esteja, conseguiu ouvir. Obrigada. Eu me senti em casa. Enquanto pedimos as bebidas, falamos do passado e cantamos o presente. Eu me senti em casa. Depois de anos sem me lembrar como é, eu me senti bem. Obrigada.

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[apenasasombra]

E você acha que melhorou. E então pisca e as lagrimas escorrem descontroladas. Tenta correr para uma rua vazia antes que todos te vejam fraquejar. Mas é tarde. Todos conseguem ver o quão falsa você é. E quer saber? Nem se importam. Apenas fecham os olhos e esperam que outra pessoa a ajude. É complicado demais perguntar os motivos da tristeza. Oferecer socorro. Então, você fica naquela rua vazia sentada em uma calçada quente. Com aquele seu jeans surrado e uma blusa descorada que deveria estar aposentada. Fica com seu cabelo preso por estar sujo e sua maquiagem borrada. Suas mãos tremem e seu coração está machucado. O tempo passa. As horas voam. E os poucos que passam por ali acham complicado demais ir até você. É apenas um problema que eles não querem ter que lidar. É apenas uma alma tão quebrada como a deles, mas que está deixando transparecer. Isso não deveria ser um sinal de alerta? Se você finge, talvez esteja bem. Quando para de atuar, sinal vermelho. Parem. Ajudem. Mas você é apenas um mobiliário dessa calçada, um motivo para eles evitarem aquela rua. E suas lagrimas continuam e se pergunta o que fez. Quais os motivos te levaram a aquela encruzilhada vazia. E você sabe que foram tantos. Foi aquela palavra não dita, aquela critica que engoliu ou o medo que deixou dominar. Foram anos e anos de negligencia. De você achando que superaria. E você acha que vai melhorar. Mas só consegue permanecer sentada esperando que alguém não te ignore e estenda a mão.

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[apenasasombra]

Um dia acorda e percebe que morreu. As lagrimas te afogaram. E as palavras não ditas te sufocaram. As pessoas ao seu redor te deixaram sem socorro. E aqueles amores que jurava terem solução, sequer souberam sobre você. Se tornou uma sombra na vida de todo mundo. Tipo, sabe aquela garota? A que parecia a beira de um precipício sempre e mesmo assim sorria. A que enquanto chovia por dentro, era sol por fora. Eles não deviam confiar em quem é assim. Não acha? Quem menos mostra mais sente. Quem menos pede mais precisa de ajuda. O mundo deveria saber. Que ela morreu tentando entender aqueles sentimentos que a preenchiam. Era facada atrás de facada. Ela acordava pegando os pedaços da alma no chão. Sim, um dia acorda e percebe que morreu. E todas as noites sem dormir pensando no que fazer, nem fazem mais sentido. Os passos trêmulos parecem mais certeiros. Depois que se foi, conseguiu perceber que era só você e você. E todos aqueles que se diziam do seu lado, hoje nem se lembram mais do tom da sua voz. Nem da sua banda favorita. Eles nem mesmo sabem onde aquele seu rato rosa está. Uma sombra. Um passado. Você é só um vento que passou e foi embora. E todas as vezes que tentou agradar alguém, parece idiota agora. Sempre que chorou por se sentir menos, parece longe. É engraçado, precisa morrer para ver que não fará falta. Que só precisava de uma garrafa da sua melhor bebida, uma musica dançante e uma blusa grande. Só precisava rodopiar pelo quarto esquecendo o mundo, sem coreografia, você e o escuro e seus goles molhados. Apenas dançar sem ritmo até que toda a dor fique mais suportável. Até que o som da musica seja mais alto do que os julgamentos sem procedência. Apenas beba até que possa dormir até o dia seguinte. Para que um dia quando acordar, veja que ainda está viva. E que mesmo que ninguém sinta falta, você viveu.

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