Índios
PROGRESSÃO TEXTUAL
Lamenta ter entregado todas as suas riquezas por ser convencido de amizade;
Lastima que fosse brincadeira quando cortavam pena de chão de linho nobre e pura seda (engano);
Quer explicar algo que não enxergam e falar do futuro (que não será igual à antigamente);
Remete a religião, comparando e fazendo analogia a guerra;
O eulírico fala diretamente com algum ser divino;
Quer acreditar na perfeição e felicidade das pessoas;
Indaga a falta de reconhecimento, tanto da terra como do conjunto;
Descreve a inocência e a guerra;
Ao ganhar o espelho tenta chorar, mas não consegue.
ANÁLISE CRÍTICA
Índios foi um texto cujo gênero é canção, composta por Renato Russo. Foi lançado em 1986, no álbum Dois da banda Legião Urbano, inspirado no pós-punk britânico com batida eletrônica. Tem 54 versos e é marcada pela repetição do verso “quem me dera ao menos uma vez” no início da maioria das estrofes.
O texto apresenta do primeiro ao sexta estrofe nota-se a menção a colonização da América central e do sul, remetendo a forma amigável dos visitantes, a visão dos povos brancos para com sua cultura e religião, fazendo a mudança tornar-se totalmente para os nativos que tentarão resistir nas estrofes da oitava até a décima segunda, mas toparão com a guerra, morte e a falta de reconhecimento, procurando ajuda divina nos refrãos, tentando entender o motivo dos acontecimentos, mas ainda aceita e crê na melhor parte do homem.
No poema pode-se observar o eulírico falando da simplicidade e do grande impacto que muitas vezes temos com o diferente. O título original inclui aspas, segundo o autor, são para detonar que o título refere-se não só aos primeiros habitantes do Brasil, mas a inocência ou ingenuidade imbuída no povo brasileiro desde os primórdios, sendo sempre ludibriado por seus governantes , além, do modo crítico, estranhismo e o interesse de querer entender os hábitos muitas vezes criticado ao novo, remetendo, portanto, a reflexão do leitor para com si e as possibilidades do “diferente”.
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Rockfilosofia
PROGRESSÃO TEXTUAL
Estudiosos tentam entender o fenômeno do Rock e as transformações da filosofia do rock;
O rock modificou filosofia tanto quanto o feminismo e a psicanálise;
O fenômeno é visto como uma expressão filosófica: pensamento = ação = expressão;
Demonstra a importância de cuidar do que os jovens ouvem, pois a atenção à música é um problema de educação e da politica, tendo em vista que os modos musicais alteram os sentimentos e o comportamento do jovem;
O rock é algo mais que radical, há determinado afeto que é ligado à força de contagio, a guitarra permite a “comunicação de energia” que mudou nossa forma de escutar, viver e pensar;
O gênero musical traz ao mundo uma autorização contra o autoritarismo, por meio da pratica estética que foi reprimida ao longo da história: o grito;
O grito é a compreensão da arte no lugar do belo;
O grito não é como uma poesia a voz humana. É o grito da guitarra elétrica, uma máquina que grita o que nunca um humano pode vozear, pois o mesmo emudeceu diante do processo histórico e da tecnologia;
O rock é o inconsciente musical da forma de um sintoma social elevado a fenômeno de massa de uma cultura marcada por um trauma;
O rock sobreviver entre nós é um sinal que estamos vivos.
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “Rockfilosofia” da autora Márcia Tiburi, foi publicado por meio da revista Cult e consiste em um artigo de opinião cuja intenção comunicativa é expor seu pensamento em relação a filosofia do rock. O artigo tem um sentido denotativo, ou seja, apresenta suas ideias de forma clara e sem metáforas a linguagem usada no texto é formal, seguindo a norma culta da escrita. O enunciador do texto é a própria autora por meio da revista Cult que circula tanto na forma digital quanto impressa, os coenunciadores são os apreciadores e assinantes da periódica.
A publicação aborda a filosofia existente no rock e apresenta uma abundância de informação acerca desse fenômeno social. Ao longo dos primeiros parágrafos é discorrido sobre a inquietude de alguns filósofos sobre a filosofia que há no rock e em um segundo momento do texto é relatado sobre o grito elétrico como uma pratica harmônica essencial, sugerindo que pensemos no rock como uma complexa pratica estética, política e com suas próprias especificidades.
Com base disso, podemos entender este fenômeno musical que é a filosofia do rock como algo embasado na liberdade e na expressão do grito de dor. Sendo assim, podemos entender que a obra é bem específica no tema e com uma perfeita progressão de ideias fazendo com que o texto ficasse extremamente coerente.
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Por dentro da Rockstar Games
PROGRESSÃO TEXTUAL
Em 1998, os escoceses Samuel e Dan Houser o “Rockstar Games”, uma filial da Take–Two Interative, com videogames voltados para o lazer dos adolescentes;
O mercado estendeu seu produto para a clientela adulta, desenvolvendo títulos que atraíram a atenção, sustando muitas polêmicas;
Os empresários entenderam que para seduzir os clientes não precisavam criar um simples passa tempo;
Obteve um sucesso esmagador, com obras inovadoras, cheios de humor negro e um universo violento, atraindo criticas;
No setor de videogames, as horas extras são consideradas cansativas e mal remuneradas, induzindo os servidores entrarem na justiça;
A polêmica foi uma oportunidade para a Internacional Games Developers Association (IGDA), uma organização norte-americana procurar melhorias nas condições de trabalho na indústria dos videogames.
ANÁLISE CRÍTICA
O “Por Dentro da Rockstar Games”possui gênero notícia, publicado na Le Monde Diplomatique Brasil em janeiro de 2019, página 33, com oito parágrafos, vocabulário de nível mediano cujo assunto possui enfoque na empresa “Rockstar Games”, produzido por Dominique Pinsolle.
Na obra, nota-se no primeiro parágrafo uma introdução descrevendo os fundadores, primeiro público alvo (jovens) e o segundo, os adultos. No segundo apresenta-se a estratégia para seduzir essa clientela que joga videogames, leem livro e gostam de música, em seguida, do terceiro ao quinto, o autor irá informar as principais formadoras de muitas críticas, sucesso, investimento e retorno, tornando-se reconhecido por criar jogos de ação subversivos. Logo após, do sexto ao oitavo parágrafo são descritas as polêmicas enfrentadas pela empresa no qual os funcionários trabalham mais de seis horas por dia, sem pagamentos extras e amparo judicial, visto que é um setor novo e com pouca cobertura sindical.
O artigo jornalístico, portanto, expõe um tema atual, adentrando todo seu processo e desenvolvimento. Torna-se evidente sua imparcialidade, mas ao leitor cabe a reflexão quanto ao seu processo de formação e dos jogos, além da polêmica em que os funcionários e dono eclodiram. Mostra-se que o mundo virtual ainda é bem desprotegido judicialmente.
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Extrativismo Digital
PROGRESSÃO TEXTUAL
Evgeny Morozov, é um intelectual que lançou ataques profundos ao modo como se estruturavam o debate sobre a internet e o otimismo exacerbado em torno dela;
Lança livros de intervenção publicados em veículos internacionais formadores de opinião;
Opõe-se ao conjunto de narrativas corporativas produzidas pelo vale do silício;
As consequências de fenômenos estruturais mais profundos, especialmente à intersecção em políticas, finanças e direito;
Defende um projeto de natureza coletiva da propriedade de dados pessoais;
Fala da riqueza dos dados e os compara com o petróleo.
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “extrativismo digital” de Rafael Zanata faz uma resenha crítica sobre o livro “Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política”, publicada em abril de 2019,com o custo de vinte e três reais, além da frequência de 10 edições ao ano, com o foco nas resenhas literárias que servem para a discursão do interesse da sociedade, além de possuir linguagem formal, o autor remete sobre uma reflexão no atual mundo digital.
Em primeira instância, no parágrafo um ao quinto o autor descreve a obra no texto e o perfil de Evgeny Morozov ,uma crítica intelectual no ramo da economia política da comunicação e a governança da internet e do seu controle, assim como as principais empresas que o compõe, atribuindo um acervo de vários livros críticos e com “solucionismo” de tais crenças denominadas .
Por meio disso os parágrafos sexto ao décimo terceiro, o autor adentra mais sobre o conteúdo da obra que é uma tônica de textos discutindo sobre a tecnologia atual e suas consequências nos fenômenos estruturais entre politica, finança e dinheiro, remetendo as referencias intelectuais, fazendo concluir que a regulamentação geral de proteção dos dados pessoais e de instrumentos do direito concorrencial é tímido e insuficiente, defendendo um projeto com soluções para esse problema.
Em partida, nos parágrafos décimo quarto ao décimo sétimo ele fala sobre os dados e petróleo, descrevendo sobre a crítica feita ao capitalismo adotado pelo vale do silício, questionando a postura extrativista dos gigantes da tecnologia comparando a riqueza do petróleo e levando-nos a pensar sobre uma catástrofe de informações, colocando em pauta uma reinvenção de um ambientalismo digital.
Portanto, o crítico da resenha cabe-se de um posicionamento distinto, questionando-nos sobre o poder centralizado, ou ainda na catástrofe na qual essa realidade pode eventualmente tornar-se real. Ele propõe um novo modo de pensar sobre não só a tecnologia, mas todo o âmbito econômico, social e cultural na qual estamos sujeitos, de nossas mentes e nossa privacidade está sujeita ou simplesmente extraída de nós aos poucos.
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São Paulo 2028
PROGRESSÃO TEXTUAL
Com a drástica redução da desigualdade social e da violência, a cidade de São Paulo agora é segura, além da qualidade de vida que melhorou depois das medidas acerca da legalização das drogas e do salário mínimo;
Melhora no ensino infantil, com escolas de qualidade e em tempo integral, onde os pais podem deixar seus filhos sem nenhuma preocupação;
Reforço do SUS, que agora atende a todas as pessoas, independente de classe e a participação da população nas decisões públicas, gerando melhor acesso à cidade;
Transporte público de qualidade custeado pelos impostos, novas ciclovias e o estímulo à caminhada devido boa iluminação e a redução no uso do carro, diminuindo também a poluição do ar e sonora;
Saneamento Básico concluído e a recuperação dos rios que geram lazer, como no século passado: Conscientização do consumo de água;
Valorização do espaço público, por meio de parques e praças que oferecem mais opções de lazer para a população. Além da criação de projetos destinados aos jovens;
O governo proporciona uma cidade com boas condições para os cidadãos, estes retribuem cuidando do espaço público;
Os CEUs, no final de semana transforma-se em clube para os moradores do bairro, tornando-os mais próximos e elevando o bem-estar da população;
Lugar público para encontrar pessoas com uma boa música e dança, em uma perfeita celebração à vida;
Diversidade cultural, respeito a todas as formas de amor, um lugar dos sonhos para se viver.
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “São Paulo 2028” do autor Silvio Coccia Brava, foi publicado em janeiro de 2019 por meio do jornal “Le Monde Diplomatique Brasil”, pertence ao gênero editorial, que consiste em um artigo no qual se discute uma questão, apresentando um ponto de vista do jornal ou do redator-chefe, a intenção comunicativa que é informar um ponto de vista. A obra é escrita em prosa, com sentido predominantemente denotativo e linguagem formal. O enunciador é o jornal “Le Monde Diplomatique Brasil” e os coenunciadores são os leitores da revista, um público bem específico, crítico da política brasileira e com viabilidade financeira, pois se trata de um jornal pago.
Ao longo do texto, o autor apresenta uma visão utópica da cidade de São Paulo, em relação à saúde, segurança, lazer e educação. Mostra uma serie de ações que importaram diretamente no comportamento das pessoas e no meio em que estão inseridos.
Este editorial nos faz refletir em como o meio em que vivemos poderia ser diferente, embora seja “utópico” pensar em uma cidade assim atualmente, sabemos que com algumas medidas e investimentos seria possível alcançar uma cidade boa, com educação de qualidade, segurança pública eficientes e espaços públicos destinados ao lazer da população.
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O rei sou eu
PROGRESSÃO TEXTUAL
A tendência das relações se tornarem cada vez mais digitais, interferindo poder;
Foucault, divide o poder em Tanatopoder e Biopoder, onde um significa decidir sobre a vida e o outro controlá-la por meio da miúde, alimentação e prazeres;
Os poderes possuem uma continuidade, mas também diferenças que devem ser considerados, pois nelas as minorias políticas podem encontrar formas de transparecer, sendo assim, de base primitiva;
O Biopoder implica em uma submissão dócil e sem luta;
Poder digital acrescenta as antigas formas de governar;
No Tanatopoder sabemos quem manda, no Biopoder nos sentimos atraídos,no poder digital nos sentimos os poderosos;
O “pode” é exercido pelo individuo, em uma ideia falsa e virtual;
Não existe diferença, todos são reis de si mesmo;
Inconsciência da escravidão;
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “O Rei Sou Eu” foi retirado da revista Cult 244, chamada pacote de troia, a lei anticrime de Sérgio Moro, possui 52 páginas, tem como editora Marcia Tiburi, custa dezoito reais e noventa centavos, seu gênero é artigo, linguagem formal cujo público alvo são pessoas críticas que usam novas tecnologias e gostam de política.
Por seguinte, a autora discorre ao longo do texto sobre o Tanatopoder e o Biopoder, fazendo analogias que contribuem para o entendimento, além de traçar um elo como o poder digital que é uma espécie de continuação entre os dois, com uma diferença, encontra-se no mundo digital e ilude o poder em cada integrante.
Portanto, ao fim da leitura crítica, percebe-se o quão ilusório é o mundo tecnológico, fazendo poder à manipulação do indivíduo que supostamente o tem. Entendemos essa ilusão em comentários, por exemplo, mas ao conteúdo o dono se é maquiado, centralizando as informações e o controle.
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Complexo de vira-latas
PROGRESSÃO TEXTUAL
Contextualiza o texto, falando de sua republicação e da publicação original;
O “personagem da semana” do autor Nelson Rodrigues foi a seleção brasileira de futebol que já tinha perdido para a Suécia;
O pessimismo do brasileiro perante a copa e o “trauma” da copa passada, no qual o Brasil não ganhou;
O pânico da desilusão devido a derrota faz com que o brasileiro guarde a esperança para si;
O autor se declara patriotista e afirma acreditar na seleção;
Temos bons e grandes dons, mas o nosso complexo de vira-latas invalida as nossas qualidades;
Definição de complexo de vira-latas que concede a inferioridade que o se coloca diante do mundo.
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “complexo de vira-latas” do autor Nelson Rodrigues foi publicado no dia 31 de maio de 1958, na revista chamada Manchete Esportiva e foi republicado revista Cia das Letras. O gênero textual é uma crônica e possui a intenção comunicativa de criticar fatos do cotidiano. O texto é uma prosa e o sentido é predominantemente denotativo e uma linguagem formal verbal. O enunciador é o Nelson Rodrigues e os coenunciadores da revista é um público de elite, já que nesse período a taxa de analfabetismo no Brasil era alta e apenas os ricos tinham acesso à leitura.
Ao longo do texto, o autor descreve a seleção brasileira e o comportamento da população diante da copa do mundo de 1950, incredulidade devido ao resultado ruim das copas passadas, com isso o cronista fez um paralelo com o feito brasileiro de se inferiorizar e enaltecer o público de fora, chamando isso de “viralatismo”, fazendo a comparação com uma raça mista que não é valorizada pela sociedade.
Portanto, podemos concluir que o “viralatismo”, é uma característica do caráter brasileiro, já que o povo não tem fé em si, deixando evidente apenas os pontos negativos, valorizando a cultura estrangeira e ao seu patrimônio, menospreza. A localidade polui e vende por pouco, mesmo criado em 1958, esta obra se encaixa com a nossa atualidade, é como se fosse “genética” toda essa inferiorização da massa brasileira.
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Chapeuzinho Vermelho
PROGRESSÃO TEXTUAL
Descreve a bela menininha e a sua família;
Enfermidade de sua avó faz com que ela vá visitar;
Ocorre seu encontro com o lobo no caminho;
Chegada a casa da vovó, momento do clímax, um pouco depois a neta terá a grande surpresa;
Final trágico ou não.
ANÁLISE CRÍTICA 1
A primeira coletânea dos contos de fadas surgiu no século XVII, na França, organizada pelo poeta e advogado Charles Perrout, chapeuzinho vermelho, a obra escolhida para análise, foi de 1883, traduzida por Tatiana Belinky da primeira edição, vinda das narrativas orais, a narração descreve violência, envolvendo criança. Uma época onde a civilização ainda não havia inventado o conceito infância e assim são chamados devido sua origem na cultura céltico-bretã no qual a fada, um ser fantástico, tem importância fundamental.
Apresenta-se no conto, a descrição de uma bela menininha que comovida pela doença de sua vovó decide por meio de um pedido, ir visita-la em uma aldeia bem distante onde se aloja. No caminho, conhece um estranho lobo e por possuir tamanha inocência, não percebe o seu real interesse, dando um fim trágico à trama.
Por fim, o autor faz com que o leitor reflita sobre suas atitudes para com o próximo, buscando o entendimento da malícia e interesse, manipulando num tom lúdico a pessoa. Uma metáfora com a vida real, na qual existem vários “lobos” interessados em usurpar nossa inocência, além também de ser um texto intimidador, usado para impor o medo e a obediência em um indivíduo.
ANÁLISE CRÍTICA 2
A partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos irmãos Grim (Jacob e Wilhelm), que tinham por objetivo descobrir invariantes linguísticas originados nas narrativas orais. Influenciados pelo ideário cristão que já dominava o pensamento da época, fizeram diversas alterações no enredo na época, retirando o final triste.
O enredo descreve novamente uma linda menininha amável que por meio do pedido de sua mãe, sai pra visitar e levar uns mimos para avó que se encontrava doente e sozinha. No caminho, esbarra com um lobo faminto e oportunista que irá caber-se da inocência da pobre jovem, descobre o endereço de sua avó, pega o caminho mais curto e come as duas, porém, outro personagem irá reverter toda a trama.
Por fim, percebe-se que essa história possui um tom mais educativo, levando o leitor a uma reflexão de suas atitudes, mas ajustando um ideal bom e outro ruim, divino e o trágico de forma lúdica e educativa com menos violência, coagindo a obediência de uma forma indireta.
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ques.ti.o.nar
PROGRESSÃO TEXTUAL
Sentido da palavra “questionar” de acordo com o dicionário;
Significado conotativo da palavra “questionar”.
ANÁLISE CRÍTICA
O texto “ques.ti.o.nar” cujo gênero é anúncio publicitário, foi publicado no dia 13 de março de 2019, em uma revista física chamada Pequi 150, cujo valor é de vinte e dois reais, intervalos mensais, idealizada pelo banqueiro João Moreira Salles, praticando jornalismo literário, com pautas pouco convencionais.
Percebemos que o enunciador é bem cauteloso com suas palavras, se cabendo da linguagem conotativa e a denotativa para expor a empresa que além de prestadora de serviços, é uma das mais renomadas britânicas. Já o coenunciador ajuda a abrilhantar ainda mais a complexidade. Exigente e participativo ele dá seu significado, ou seja, participa da obra.
Por fim, ao depreendermos no texto, percebe-se que a sua intencionalidade discursiva é promover os serviços da empresa PWC de forma inteligente, inovadora e de qualidade, “brincando” apenas com um significado de uma palavra.
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ques.ti.o.nar
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Chapeuzinho Vermelho
POR IRMÃOS GRIMM | POR CHARLES PERRAULT
CHAPEUZINHO VERMELHO POR IRMÃOS GRIMM
Era uma vez uma jovem, pequena, doce, que todos amavam, e,
acima de todos, sua avó, que era ignorante, pois queria dar tudo à
criança. Uma vez lhe deu de presente um capuzinho de veludo
vermelho, que lhe caiu tão bem que nenhum outro queria usar; por
causa disso, somente a chamavam de Chapeuzinho Vermelho. Um dia,
falou-me sua mãe:
— Vem, Chapeuzinho Vermelho, pois tens de levar um pedaço de
bolo e uma garrafa de vinho para tua avó, ela está doente e fraca, e vai
deliciar-se com isso. Põe-te a caminho, antes que fique muito quente, e,
quando saíres, vai bonita, honesta e não corras pelo caminho, senão
cais e a garrafa quebrará e a vovó nada terá. E quando chegares ao seu
quarto, não te esqueças de dar bom dia, e não espies primeiramente o
que há pelos cantos.
— Agora mesmo eu farei tudo muito bem, disse Chapeuzinho
Vermelho à sua mãe e a seguir lhe deu a mão. A avó mora além da
floresta, a meia hora do povoado. Logo que Chapeuzinho Vermelho
chegou à floresta, encontrou-a o lobo. Chapeuzinho Vermelho, porém,
não sabia que se tratava de um animal feroz, e não teve medo dele.
— Bom dia, Chapeuzinho Vermelho disse ele.
— Agradecida, lobo.
— Onde vais tão cedo?
— À casa da vovó.
— Que trazes sob o avental?
— Bolo e vinho, que ontem nós preparamos, pois a vovó está
doente e abatida e desejamos que melhore e se fortaleça com isso.
— Chapeuzinho Vermelho, onde mora tua avó?
— A uns bons quinze minutos além da floresta, sob os três
grandes carvalhos, ali fica sua casa, depois das avelaneiras, não há
como errar, responde Chapeuzinho Vermelho. O lobo pensou com seus
botões:
— A jovem coisa tenra, que é um bom bocado, terá melhor sabor
que a velha; deves começar astucioso, para que devores ambas.
— Aproximou-se de Chapeuzinho Vermelho, falando-lhe então:
— Chapeuzinho Vermelho, vê que lindas flores estão a tua volta,
por que não olhas ao redor? Eu creio, pareces nem ouvir como os
pássaros cantam amorosamente. Vais tão ligeira, como quando vais à
escola, e é tão agradável viver na floresta...
Chapeuzinho Vermelho arregalou os olhos e, quando ela viu como
os raios do sol, por entre as flores, aqui e ali, dançavam, tudo cheio das
mais belas flores, exclamou:
— Se eu colher para vovó frescos ramalhetes, isso fará com que
ela também se alegre; ainda é tão cedo que chegarei bem a tempo. Sai
do caminho para o interior da floresta e colhe flores; e quando colhia
uma, mais se demorava em outra mais bonita, e, correndo, se foi mais
floresta adentro. O lobo, foi diretamente à casa da vovó e bateu na
porta.
— Quem está aí fora?
— Chapeuzinho Vermelho, que traz bolo e vinho. Abra.
— Empurra a tranca, grita à avó, eu estou fraca e não posso
levantar-me. O lobo levantou a tranca, a porta abriu-se e ele foi, sem
dizer uma palavra, direto à cama da avó, e devorou-a. Depois, meteu-se
nas roupas dela, colocou sua touca, deitou-se em sua cama e cobriu-se
com os lençóis.
Chapeuzinho Vermelho, no entanto, continuava colhendo flores, e
quando as tinha muitíssimas, que mais nenhuma podia apanhar,
lembrou-se da avó, e pôs-se a caminho da casa desta. Assustou-se,
pois encontrou a porta aberta e, como entrasse no quarto, pareceu-lhe
estranho lá dentro.
— Oh! Meu Deus, como sinto medo; não me sinto muito bem hoje,
e antes não viesse à casa da avó. Ela disse:
— Bom dia! , porém, sem nenhuma resposta. A seguir, foi em
direção à cama e puxou o lençol: lá estava deitada a avó, que tinha a
touca sobre o rosto. Ficou intrigada.
— Oh, vovó, para que tens grandes orelhas?
— Para que possa melhor ouvir-te!
— Oh! Vovó, para que tens grandes olhos?
— Para que te possa ver melhor!
— Oh!, vovó, para que tens grandes mãos?
— Para que te possa melhor acariciar.
— Mas, vovó, para que tens uma terrível boca enorme?
— Para que eu possa melhor comer-te.
Mal acabara de responder, o lobo deu um salto para fora da cama
e engoliu a pobre Chapeuzinho Vermelho. Quando o lobo já havia
acalmado seu apetite, tornou a deitar-se na cama, dormiu e começou a
roncar ruidosamente. O caçador passava perto da casa e exclamou:
— Como a velha senhora ronca! Tu deves averiguar se lhe faz
falta alguma coisa. Entrou ele no quarto e, como se aproximasse da
cama, viu que o lobo estava deitado.
— Acho-te aqui, seu velho pecador, disse ele, eu te procurava a
muito tempo. Então pegou a espingarda que trazia, mas, pensou que o
lobo podia não ter digerido a vovó e, então, ela ainda podia ser salva.
Por isso, não atirou, mas apanhou uma tesoura, a fim de abrir a barriga
do lobo dorminhoco. Quando fizera um par de talhos, eis que viu o
Chapeuzinho Vermelho brilhar, e outro par de talhos mais, salta a jovem
para fora e grita. Ah! Como estava assustada, como estava tão escuro
na barriga do lobo! E então saiu a velha avó também viva, mal podia
respirar. Chapeuzinho Vermelho apanhou depressa grandes pedras,
para encher a barriga do lobo e, como ele acordasse, quis pular alto,
mas as pedras estavam tão pesadas que ele foi caindo e morreu.
Aí ficaram todos os três satisfeitos. O caçador tirou a pele do lobo
e partiu com ela. A vovó comeu o bolo e bebeu o vinho que
Chapeuzinho Vermelho trouxera, e melhorou depressa. Então, falou a
Chapeuzinho Vermelho:
— Não queiras mais, em toda a sua vida, sair sozinha do caminho
para a floresta, se isto tua mãe proibiu.
CHAPEUZINHO VERMELHO POR CHARLES PERRAULT
Era uma vez uma menina que vivia numa aldeia; era a coisa mais
linda que se podia imaginar. Sua mãe era louca por ela, e a avó mais
louca ainda. A boa velhinha mandou fazer para ela um chapeuzinho
vermelho, e esse chapéu assentou-lhe tão bem que a menina passou a
ser chamada por todo mundo de Chapeuzinho Vermelho.
Um dia, tendo feito alguns bolos, sua mãe disse-lhe:
— Vá ver como está passando a sua avó, pois fiquei sabendo que
ela está um pouco adoentada. Leve-lhe um bolo e este potezinho de
manteiga. Chapeuzinho Vermelho partiu logo para a casa da avó, que
morava numa aldeia vizinha. Ao atravessar a floresta, ela encontrou o
Sr. Lobo, que ficou louco de vontade de comê-la; não ousou fazer isso,
porém, por causa da presença de alguns lenhadores na floresta.
Perguntou a ela aonde ia, e a pobre menina, que ignorava ser perigoso
parar para conversar com um lobo, respondeu:
— Vou à casa da minha avó, para levar-lhe um bolo e um
potezinho de manteiga que mamãe mandou.
— Ela mora muito longe? — quis saber o Lobo.
— Mora, sim! — falou Chapeuzinho Vermelho.
—Mora depois daquele moinho que se avista lá longe, muito longe,
na primeira casa da aldeia.
— Muito bem — disse o Lobo.
— Eu também vou visitá-la. Eu sigo por este caminho aqui, e você
por aquele lá. Vamos ver quem chega primeiro.
O Lobo saiu correndo a toda velocidade pelo caminho mais curto,
enquanto a menina seguia pelo caminho mais longo, distraindo-se a
colher avelãs, a correr atrás das borboletas e a fazer um buquê com as
florzinhas que ia encontrando.
O Lobo não levou muito tempo para chegar à casa da avó. Ele
bate: toc, toc.
— Quem é? — pergunta a avó.
— É a sua neta, Chapeuzinho Vermelho. — falou o Lobo,
disfarçando a voz.
— Trouxe para a senhora um bolo e um potezinho de manteiga,
que minha mãe mandou.
A boa avozinha, que estava acamada porque não se sentia muito
bem, gritou-lhe:
— Levante a aldraba, que o ferrolho sobe.
O Lobo fez isso e a porta se abriu. Ele lançou-se sobre a boa
mulher e a devorou num segundo, pois fazia mais de três dias que não
comia. Em seguida, fechou a porta e se deitou na cama da avó, à
espera de Chapeuzinho Vermelho. Passado algum tempo ela bateu à
porta: toc, toc.
— Quem é?
Chapeuzinho Vermelho, ao ouvir a voz grossa do Lobo, a princípio,
ficou com medo; mas, supondo que a avó estivesse rouca, respondeu:
— É sua neta, Chapeuzinho Vermelho, que traz para a senhora
um bolo e um potezinho de manteiga, que mamãe mandou.
O Lobo gritou-lhe, adoçando um pouco a voz:
— Levante a aldraba, que o ferrolho sobe.
Chapeuzinho Vermelho fez isso e a porta se abriu. O Lobo, vendo-
a entrar, disse-lhe, escondido sob as cobertas:
— Ponha o bolo e o potezinho de manteiga sobre a arca e venha
deitar aqui comigo. Chapeuzinho Vermelho despiu-se e se meteu na
cama, onde ficou muito admirada ao ver como a avó estava esquisita,
em seu traje de dormir. Disse a ela:
— Vovó, como são grandes os seus braços!
— É para melhor te abraçar, minha filha!
— Vovó, como são grandes as suas pernas!
— É para poder correr melhor, minha netinha!
— Vovó, como são grandes as suas orelhas!
— É para ouvir melhor, netinha!
— Vovó, como são grandes os seus dentes!
— É para te comer!
E assim dizendo, o malvado lobo se atirou sobre Chapeuzinho
Vermelho e a comeu.
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O fim do sonho americano
“O fim do sonho americano” mostra que, a desigualdade vem da super riqueza acumulada e concentrada numa pequena parte da população. São apresentado 10 princípios da concentração de poder. Comparando a economia atual dos Estados Unidos com a década de 50 e 60, o documentário apresenta o ciclo constante de aumento de riqueza e de poder. Nos princípios apresentados por Noam Chomsky, se mostra como a diminuição da democracia é utilizada para que os mais ricos sejam privilegiados; de como tentam manipular jovens afastando-os da política, moldando seus pensamentos.
Antigamente, a maior parte dos impostos era paga pelo ricos, atualmente os mais pobres sustentam os mais ricos, além de empresas que lucram bilhões e sofrem isenção fiscal.
Se mostra como é dada a falsa liberdade econômica entregue aos pobres e aos trabalhadores, que pensam ter algum poder dentro da sociedade por causa de seus bens materiais. Por fim, Chomsky fala sobre a incansável luta pelos direitos do povo, que sempre vai fazer história.
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O rei sou eu
POR MÁRCIA TIBURI
Em nossa sociedade, as relações tendem a se tornar cada vez mais digitais e, portanto, virtuais. Ora, poder é uma questão de relação. Mudam as relações, muda o poder e vice-versa. Mas há condições para essas mudanças e, em nossa época, precisamos ter consciência de que essas condições incluem a atual tecnologia digital que promove um mundo virtual.
Assim como Foucault dividiu o poder em tanatopoder (poder de decidir sobre a morte de outrem) e biopoder (poder de controlar a vida por meio da saúde, da alimentação e dos prazeres), referindo-se à estrutura de um antigo regime tirânico – e ameaçador – e de um novo regime democrático – de sedução –, podemos falar de um poder analógico e um poder digital. O poder analógico cria instituições. O poder digital cria o virtual que prescinde de instituições.
Assim como tanatopoder e biopoder coexistem, entre poder analógico e digital também há uma continuidade. Mas há diferenças que devem ser consideradas, porque é nelas que se pode encontrar a chave para que minorias políticas possam transformar o poder que hoje as oprime. O poder antigo ainda em vigência é um poder baseado na administração medida de força e fragilidade física. As atitudes fisicamente violentas são todas ligadas à ideia do tanatopoder. Toda forma de assassinato é produzida dentro do circuito do tanatopoder.
O poder da morte promete ou realiza a morte. A morte é o seu capital em um jogo de promessa e realização. Essa é a base mais primitiva do poder. O biopoder é um poder moderno, um poder ligado ao controle das populações partindo da premissa de que as pessoas desejam viver e podem se submeter a ele. Podemos dizer que o tanatopoder diz respeito à luta entre senhor e escravo em que os escravos eram rebaixados, submetidos ou mortos, mas combatiam essa situação. Já o biopoder implica a submissão dócil a uma sedução, sem luta. Se o tanatopoder usava um discurso primitivo e muita força, o biopoder incrementa o discurso, inclusive estimula a participação de cada um na ordem do discurso, e usa menos força bruta, pelo menos aparentemente.
Assim como tanatopoder e biopoder não existem de maneira estanque, o primeiro não é substituído pelo segundo. O que chamo de poder digital, possível a partir da presença das novas tecnologias, e aquele que se acrescenta às antigas formas do poder. Isso que dizer que precisamos somar ao poder tradicional, antigo e moderno, as qualidades da vida digital e sua produção do virtual.
O poder digital é o poder gerador de uma específica virtualidade e simulação. Se no tanatopoder sabemos quem manda, se no biopoder nos sentimos seduzidos, no poder digital sentimos como se fôssemos nós mesmos os poderosos. Não somos mais ameaçados pelo soberano ou seduzidos pela democracia, somos convocados por nós mesmos a realizar o elo entre os mundos. Se o soberano no antigo regime era o rei, se no regime moderno é a democracia, no mundo em que a democracia não mais importa, no mundo pós-democrático, o poder e exercido pelo individuo tomado por uma idéia de soberania que não é simplesmente falsa, é virtual. A soberania é virtual e a democracia não mais importa. O poder digital inclui a perspectiva soberana fazendo com que o individuo assuma o lugar de antigo rei. Não há mais rei, então, o rei sou eu, eis o seu cogito. Ele se sente exercendo o poder, que antes era do gládio, nas teclas do computador. Ao comprar com um cartão de crédito, ao escrever um post, ao xingar uma personalidade diretamente nas redes sociais, o individuo exerce o seu poder como um imperador. O sujeito do gozo perverso é a encarnação do tirano que goza das vantagens da democracia que ele não respeita. Não há diferença entre o individuo banal, peão do poder digital, e o rei ou o presidente, o pop star famoso ou o guru. “O rei sou eu” é o enunciado básico do novo soberano no reino digital. Cada um é, no poder digital, um rei em si mesmo que sobrevive na inconsciência de sua servidão.
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Complexo de vira-latas
POR NELSON RODRIGUES
(Texto editado na revista Manchete esportiva, a 31 de maio de 1958, e
republicado em À sombra das chuteiras imortais - crônicas de futebol
(organização de Ruy Castro para a Cia. das Letras, São Paulo, 1993).
Trata-se da última crônica antes da estréia do Brasil na Copa de 1958,
que, como se sabe, foi a primeira vencida pela Seleção brasileira.
Nelson mantinha, nesta publicação, uma coluna chamada "Personagem
da semana", o que explica o começo do texto.)
Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da
semana. Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo
mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos,
por toda parte, há quem esbraveje: - "O Brasil não vai nem se
classificar!". E, aqui, eu pergunto: - não será esta atitude negativa o
disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?
Eis a verdade, amigos: - desde 50 que o nosso futebol tem pudor
de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última
batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma
humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem
que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos
ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar
uma dor tão grande. O tempo em vão sobre a derrota. Dirse-ia que foi
ontem, e não há oito anos, que, aos berros, Obdulio arrancou, de nós, o
título. Eu disse "arrancou" como poderia dizer: - "extraiu" de nós o título
como se fosse um dente.
E, hoje, se negamos o escrete de 58, não tenhamos dúvidas: - é
ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar
na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: - o pânico de uma nova e
irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer
esperança. Só imagino uma coisa: - se o Brasil vence na Suécia, e volta
campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos,
rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no
hospício.
Mas vejamos: - o escrete brasileiro tem, realmente, possibilidades
concretas? Eu poderia responder, simplesmente, "não". Mas eis a
verdade: - eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: - sou de um
patriotismo inatual e agressivo, digno de um granadeiro bigodudo.
Tenho visto jogadores de outros países, inclusive os ex-fabulosos
húngaros, que apanharam, aqui, do aspirante-enxertado Flamengo. Pois
bem: - não vi ninguém que se comparasse aos nossos. Fala-se num
Puskas. Eu contra-argumento com um Ademir, um Didi, um Leônidas,
um Jair, um Zizinho.
A pura, a santa verdade é a seguinte: - qualquer jogador brasileiro,
quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é
algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em
suma: - temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por
vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia
chamar de "complexo de vira-latas". Estou a imaginar o espanto do
leitor: - "O que vem a ser isso?". Eu explico.
Por "complexo de vira-latas" entendo eu a inferioridade em que o
brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto
em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos
julgamos "os maiores" é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que
perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe
brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo,
espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos
superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do
empate. Pois bem: - e perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: - porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos.
Eu vos digo: - o problema do escrete não é mais de futebol, nem
de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si
mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-lata e
que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que se
convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de
dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: - para o escrete,
ser ou não ser vira-latas, eis a questão.
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Índios
POR RENATO RUSSO
Quem me dera, ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha
Quem me dera, ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera, ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente
Quem me dera, ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Quem me dera, ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
É só maldade então, deixar um Deus tão triste
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi
Quem me dera, ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes
Quem me dera, ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado
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Rockfilosofia
POR MÁRCIA TIBURI
Gênero musical foi tão radical para a cultura quanto a psicanálise e o feminismo
Filósofos pelo mundo afora vêm se dedicando a compreender o
fenômeno do rock. Na França e nos Estados Unidos, pensadores
escrevem filosofias e ontologias do rock. No Brasil, Daniel Lins vem
falando do encontro entre Bob Dylan e Gilles Deleuze. Esta que vos
escreve trabalha em um diálogo/rock com o músico Thedy Corrêa.
Podemos estabelecer diálogos entre bandas e estilos da vasta história
do rock e filósofos da tradição. Podemos tentar entender o que há de
filosófico nas letras, canções e performances do rock. A questão do rock
é cultural e antropológica e, quando a tratamos como questão filosófica,
há um mundo de reflexões a serem construídas.
Podemos vê-lo como questão de linguagem baseada em uma
ontologia (do modo existência) da obra gravada. Podemos pensar
também no que seria a filosofia depois do advento do rock, pois ele foi
uma transformação tão radical da cultura quanto foram a psicanálise e o
feminismo, a partir dos quais devemos também pensar a filosofia como
experiência reflexiva de um tempo.
Podemos falar de rock como um “cogito do tempo”, como o
chamou o filósofo francês Jean-Luc Nancy. Podemos também entender
em que sentido o rock é ele mesmo uma expressão filosófica, um
método como pensamento-ação-expressão e, nesse sentido, como a
própria filosofia pode ser ela mesma um tanto “rock”. Ou rockfilosofia,
aquela que, contagiada de rock, propõe pensar dançando, provocando,
causando efeitos e livrando-nos de todo autoritarismo.
O grito elétrico como prática estética essencial
Foi Jean-Luc Nancy quem percebeu que o problema do rock já
estava de certo modo posto na República, de Platão. No livro quarto da
utopia platônica, a atenção à música é um problema de educação e de
política. A ideia que vinga no texto é a de que é preciso cuidar do que os
jovens ouvem, já que “não se podem mudar os modos da música sem
abalar as mais importantes leis da cidade”.
Se os modos musicais são sistemas harmônicos que têm
correspondência nos afetos é porque eles alteram o modo de ver o
mundo. Alteram o sentimento e o comportamento dos jovens. Por exemplo, o modo dórico tem a ver com as virtudes cívicas; o frígio, com as virtudes guerreiras; o lídio, condenado por Platão, com os maus costumes e a embriaguez. A sensação de periculosidade do rock tem sua pré-história.
Nancy vê o rock como algo mais do que musical. Há nele
determinado afeto, um pathos. Tal pathos tem a ver com a força de
contágio que as culturas – até mesmo Platão – perceberam estar na
música. No caso do rock, esse pathos tem a ver com “eletricidade”. Tal
é, para o filósofo francês, o signo sensível e simbólico do rock. A
guitarra elétrica é o instrumento no qual ela se concentra. Ela é o meio
que permite a “comunicação de energia” constitutiva do rock, que mudou
nosso modo de escutar, de viver e de pensar.
Proponho que pensemos o rock como uma complexa prática
estética que é também política e que, tendo sua própria especificidade
ontológica como manifestação de vontade (no sentido da vontade da
natureza de que falou Schopenhauer), afeta o sentido do mundo. Quero
dizer que o que o rock traz ao mundo é uma autorização contra o
autoritarismo. Ele faz isso por meio da prática estética que foi recalcada
ao longo da história: o grito.
A questão do grito é antiga. A importante obra sobre a escultura do
Laocoonte, escrita por Lessing no século 18, põe uma questão simples:
poderíamos chamar de bela a escultura, caso a boca de Laocoonte
estivesse escancarada? A representação do grito de dor podia mostrar o
feio na arte no lugar do belo. A compreensão da arte naquele tempo
como representação da beleza – e o inevitável ocultamento – estaria
comprometida.
Assim como a arte contemporânea, o que o rock vem fazer no
contexto da cultura é justamente mostrar o que não deveria ser
mostrado – o que abala a estrutura da cidade, como na República, de
Platão. Seu índice é o grito. Como o Uivo, poema de Allen Ginsberg,
poeta que encantava figuras como Bob Dylan. Só que o grito do rock
não é apenas o uivo da poesia, não é apenas o grito da voz humana do cantor. Ele é o grito da guitarra elétrica, da máquina, o grito que nenhum humano pode dar desde que o próprio humano emudeceu diante do processo histórico e da tecnologia.
O grito do rock é elétrico, é o elétrico como grito. O grito ou a
explosão do que, não devendo ser mostrado, todavia apareceu. Isso que
nos encanta enquanto nos ensandece, nos irrita, nos afronta e, ao
mesmo tempo, quer salvar alguma coisa em nós.
Salvar o quê? O grito é descarga da dor, a interpelação que obriga o
outro a ouvir, mesmo quando o que ele diz é apenas mudez. O rock é o
inconsciente musical, assim como a fotografia é o inconsciente ótico, na
forma de um sintoma social elevado a fenômeno de massa de uma
cultura marcada por uma ferida – um trauma – que não deixa de se
abrir. Nesse contexto, que o rock sobreviva entre nós é um sinal de que
ainda estamos vivos.
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Por dentro da Rockstar Games
POR: DOMINIQUE PINSOLLE
Quando, em 1998, os escoceses Samuel e Dan Houser fundaram
a Rockstar Games, uma filial da Take-Two Interative, os videogames
eram ainda, em grande parte, identificados com uma forma de lazer
para adolescentes, sem grande interesse. À medida que o mercado
se estendeu a uma clientela adulta, a Rockstar passou a desenvolver
títulos que atraíam a atenção por sua originalidade e caráter
provocador. Nos diversos jogos de Grand Theft Auto (GTA), o jogador
encarna um criminoso em um universo urbano aberto, o que suscitou
bom número de polêmicas. Acusada de incitar a juventude ao crime e
à violência, a empresa dos irmãos Houser logo começou a gozar de
uma reputação maligna... cuidadosamente cultivada.
Os dois empresários compreenderam que, para seduzir uma
clientela ao seu estilo, simples passatempos não bastavam. Seus
jogos foram concebidos como verdadeiras obras, que necessitam de
investimentos pesados (mais de US$ 250 milhões para o GTA V) e um
trabalho artístico meticuloso. “Era para um público cuja existência
havíamos detectado”, explica Dan Houser. “Pessoas que jogam
videogame, leem livros e gostam de música.”
A receita obteve um sucesso esmagador com o GTA IV, lançado
em 2008. Esse episódio põe em cena um imigrante que tenta, em vão,
viver o sonho norte-americano. Foi saudado pelo Libération (28 abr.
2008) como “o maior jogo do mundo”, antes de ser considerado “uma
obra-prima” que “retoma a tradição dos grandes afrescos sociais
analíticos, como os de Balzac, Zola ou Welles”. O episódio seguinte,
lançado em 2013, foi considerado decepcionante quanto ao tema, mas
seu humor negro, inscrito num universo de filme de ação ultraviolento
e por vezes estapafúrdio, seduziu os críticos. Colou-se então um rótulo
à série principal da Rockstar: L’Express falou em “jogo de ação
subversivo” (14 set. 2013); Stratégies, em “filão subversivo” (14 nov.
2013); e Le Monde percebeu um “espírito subversivo” (20 dez. 2013).
“Para os editores [como a Rockstar], a senha se resume a uma
palavra: subversivo”, já havia dito Le Figaro (6 jun. 2012). Comentários
similares se multiplicaram com variantes: por exemplo, o “espírito
punk” atribuído ao jogo por Les Inrockuptibles (22 maio 2010). A sátira, a paródia e a transgressão alimentam o GTA e outras produções da Rockstar. Dissertando sobre a liberdade concedida ao jogador em Red Dead Redemption (um bangue-bangue que se desenrola durante a Revolução Mexicana), Dan Houser conclui que seus produtos “são talvez mais anarquistas espiritualmente” que os jogos de ação concorrentes.
Os GTA seriam até “anticapitalistas”, uma vez que, por
sua violência incontida, denunciariam a da sociedade norte-americana:
“Dizem que o mercado não é justo”, continua Houser, “e que esse nem
sempre é o melhor caminho a seguir. Não são sequer os mais fortes
que sobrevivem nele, apenas os que aproveitam a oportunidade”.
Se a interpretação ideológica dos conteúdos pode ensejar
análises contraditórias sem fim, o elogio sistemático de seu caráter
supostamente subversivo tende a ocultar uma evidência: esse
posicionamento específico num mercado em plena expansão foi
concebido também para ganhar dinheiro. Com mais de US$ 90
milhões em vendas e US$ 6 bilhões em receitas, o GTA V mostra uma
rentabilidade sem precedentes.
Para obter esses resultados, os métodos escolhidos não primam
pelo caráter “subversivo”. No setor dos videogames, as “horas de
aperto” (crunch time) são consideradas estafantes e não forçosamente
remuneradas à altura. Dan Houser pode orgulhar-se de ter
“conseguido fazer um tipo novo de empresa”, mas a Rockstar não
parece tratar seus funcionários melhor que os concorrentes.
Em 2006, os assalariados do estúdio de San Diego entraram na
justiça para garantir o pagamento de horas extras. Quatro anos
depois, a pressão sobre eles, quando da finalização de Red Dead
Redemption, foi denunciada por centenas de esposas e companheiras.
A gestão dos projetos pela sede da empresa (em Nova York) foi então
descrita por um de seus antigos empregados como autoritária e
instável. Comparada ao olho de Sauron (o órgão que permite ao tirano
maléfico de O Senhor dos Anéis, a trilogia de J. R. R. Tolkien, vigiar
seus inimigos), a direção da Rockstar reagiu petulantemente,
publicando papéis de parede que ridicularizavam as acusações.
Semanas de 72 horas
Essa polêmica foi uma oportunidade para a International Game
Developers Association (IGDA), uma organização norte-americana que
procura melhorar as condições de trabalho na indústria dos
videogames, ressaltar as dificuldades mais comumente encontradas
pelos assalariados – quase sempre jovens e sem filhos – num setor
com pouca cobertura sindical. Em 2015, um “inspetor de qualidade”
para o GTA ainda falava sobre suas semanas “horríveis” de 72 horas
de trabalho, em grande parte noturno.
Isso não impediu Dan Houser
de se gabar das cem horas de trabalho semanal que alguns
colaboradores tiveram de cumprir em várias ocasiões, em 2018, para
terminar o Red Dead Redemption II, suscitando mais uma polêmica.
O ex-presidente da Rockstar North, a filial da Rockstar Games
especializada no desenvolvimento do GTA, havia, contudo, prevenido
o milhar de pessoas que trabalhavam para a firma: “Se vocês
quiserem chegar a uma produção de qualidade, trabalhem duro. A
Nasa não envia cápsulas espaciais à Lua com empregados
trabalhando apenas seis horas por dia. [...] A indústria dos
videogames é um setor no qual é preciso amar os jogos; e, quando as
pessoas amam alguma coisa, consagram a ela o máximo de tempo”.
Decididamente, as audácias formais vão bem com o conformismo
econômico.
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