Tumgik
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Sinto falta de subir a sua rua, chegar no portão da sua casa, e já senti o cheiro do meu incenso preferido, aquele que você me deu de aniversário, quando ainda estávamos nos conhecendo.
Você, o colocava por que sabia que eu amava aquele cheiro, que me lembrava nós.
Depois de você, nunca mais consegui sentir o cheiro do meu incenso preferido, por que ele tinha o cheiro de você.
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Diário de quarentena
Qual lugar, o corpo lesico, ocupa em uma sala?
Como ele é visto?
Como é tratado?
Quais são as subjetividades desse corpo?
Como, esse corpo anda se expressa, comunica?
Como, esse corpo, fala no silencio?
Por que, há silenciamento, sob esse corpo?
Por que, esse corpo, e suas subjetividades, são constantemente julgados, e subjugados?
Qual lugar, o corpo lesbico, ocupa em uma sala?
Perguntas, que rodeiam, perpassam. Perguntas, sem respostas. Respostas, que não querem ser vistas, ouvidas, sentidas. Perguntas, e mais perguntas, num frenesi, em um looping constante, onde só cessa, quando o silencio se cala, quando os olhos se fecham, no tardar da noite.
Quais gritos silenciosos, esses corpos não manifestam?
Como, esse corpo lesbico, é invadido, Subjugado, ofendido, em uma sala?
Qual lugar, o corpo lesbico, ocupa em uma sala?
Não há lugar.
Vivemos tempos turbulentos, a quarentena, tem sido uma experiência bastante intensa, onde, não se sabe o que esperar do dia seguinte. Com o confinamento das pessoas em casa, me fez pensar em nós, LGBTs, que vivem com suas famílias. Penso, nas mulheres lésbicas, que residem na mesma casa com seus familiares. Penso, nas mulheres lésbicas, que já se “assumiram” para as famílias, e as que ainda não. Penso, nas lésbicas que “performam” ou não feminilidade. Penso que em certa medida, essas mulheres são oprimidas, julgadas, invadidas, por seus familiares de formas diferentes. Partindo do ponto das vencias, e realidades em que estão inseridas. Não é de hoje, que mulheres lésbicas, corpos lesbicos, são alvos de violências, das mais diversas. Para nós, todos os lugares são negados, como se não houvesse lugar, em canto algum. Em uma sociedade misógina e lesbofobica, parece não haver lugar para nós, nem mesmo na nossa casa, com as nossas famílias.
Confinadas, a nossa voz emudece, some. Essa mesma voz, que lá fora parecia ter mais força, mais vida.
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