Tumgik
em-outras-palavras · 7 years
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Atividades Praticas Supervisionadas
  APS
 Janaina Moura de Oliveira RA: C7400I7  Bianca Machado da Silva RA: C726IA0  Leticia Casotti Zambroci RA: C6353B3                Atividades Praticas Supervisionadas Textos Reflexivos sobre  Literatura Brasileira Prosa                              São Paulo      2017  
    Modulo 1
    A carta de Pero Vaz de Caminha
     Durante a elaboração de nossa pesquisa foram encontrados diversos trabalhos de cunho acadêmico sobre a carta e o estilo de padre Vieira. Porém para essa tarefa escolhemos o TCC: “ A carta de Pero Vaz de Caminha: breve estudo das palavras gramaticais” e o Trabalho de Mestrado: “ O Sermão da Sexagésima: Uma arena de Vozes”.
TCC: A carta de Pero Vaz de Caminha: breve estudo das palavras gramaticais”
Centro Universitário de Brasília – UNICEUB
Fauldade de Ciencias da Educação – FACE
Curso de Letras
Brasilia, Novembro de 2005
       O Trabalho é voltado para estudos diacrônicos onde a intenção é compreender a evolução da língua portuguesa. A carta é escolhida como objeto de pesquisa por ser considerada pelo autor como o primeiro texto português escrito em território brasileiro. Nos séculos posteriores a sua escrita a carta não foi valorizada porem a partir do século XIX começou a ser considerada como a “certidão de nascimento do Brasil”.
    Desde então a carta ganhou uma grande importância nos estudos históricos brasileiros, tornando-se objeto de estudo inclusive na evolução da língua. De acordo com o autor deste TCC a escrita de caminha era muito próxima da língua falada na época, ou seja, ele escrevia como falava, assim o autor faz uma comparação com o modo de escrita das crianças que estão na fase de alfabetização, pois ambos são rodeados de uma escrita intuitiva e sem padrão pré-estabelecido, mantendo assim uma certa naturalidade.
      Para explicar o seu estudo da melhor forma possível o autor dividiu o trabalho três capítulos, onde o primeiro é totalmente dedicado a carta, falando sobre seu contexto histórico, o segundo capitulo é voltado para a gramatica em si, e o terceiro é direcionado para análise das palavras gramaticais na carta.
 Modulo 2
Til
Com base nas obras já lidas de José de Alencar, podemos perceber que muitas de suas obras possuem mulheres como protagonistas, essas normalmente são heroínas, são seres puros e angelicais que muitas vezes podem até errar, mas futuramente irão se redimir. Porém trata-se de um escritor homem falando sobre mulheres, muitas vezes ele as empondera, mostrando que são mulheres fortes, destemidas e guerreiras, mas esse emponderamento possui um certo limite, pois no final elas sempre voltam para o papel da mulher de acordo com a visão patriarcal, onde esta é submissa a algum homem (normalmente o marido); nessa visão, o homem evolui, tem suas conquistas e sua fama na sociedade, enquanto a mulher deve estar em casa com os braços abertos esperando para recebê-lo e sempre acatar a suas ordens. A ideologia patriarcal comum nas obras de Alencar pertence à burguesia, pois era assim que a sociedade funcionava na época, além disso, ele escrevia para a burguesia, onde existia a idealização da mulher perfeita que atrai o homem, o redime e o conquista.
Em Til a protagonista é a Berta, uma garota de 15 anos que vive no interior de São Paulo, ela é filha abastarda e órfã de mãe, é uma pessoa extremamente altruísta e caridosa, leva luz as pessoas (e até mesmo animais) marginalizados ou doentes, é uma garota pura, porém com uma personalidade forte e uma certa leveza. Esta é a típica heroína romântica, além disso, ela também possui traços da visão patriarcal de como a mulher deve ser, pois Berta podia ter aceitado ir para São Paulo com seu pai biológico, mas ela sede seu lugar a Miguel para que ele e Linda sejam felizes juntos enquanto ela permanece no interior cuidando dos mais necessitados.
Além desta visão geral da personagem, podemos ver a visão que Miguel tem de Berta:
“Alguma vez deixava o rapaz de seguir com o passo a menina, para acompanhá-la com a vista. De braços cruzados sobre a coronha da clavina de caça, fitava os grandes olhos pardos com tal possança d’alma, que mais parecia absorver e entranhar em si o gracioso vulto, do que enlevar-se em sua contemplação.” (capítulo 1, página 8)
No trecho acima, podemos ver o modo louvável como Berta é descrita por um observador, a pureza irradiando dela, colocando-a como alvo de contemplação, como uma obra de arte pura.
Resposta de Berta a Miguel:
“Acaso, em uma dessas ocasiões, voltou-se de chofre a menina para ver onde ficara o companheiro e deu com ele a fitá-la daquele modo estranho.
- Que me está olhando aí? Nunca me viu? Exclamou com surpresa, mas travada sempre de petulância que animava-lhe todos os movimentos.” (capítulo 1, página 8)
Nesse trecho o autor nos acrescenta mais características de Berta, colocando-a não só como uma mulher pura mas também como alguém forte, exatamente como toda boa heroína romântica deve ser. Quando Alencar escolhe a palavra “petulância” para descrever o modo como Berta fala, ele transforma seu sentido, a petulância deixa de ser um defeito ou algo negativo, pois o modo como ele coloca apenas confere um efeito atrativo a personagem, fazendo-a ser ainda mais interessante para o sexo oposto.
No primeiro capítulo o autor cria todo um ambiente descrevendo a campina em que Berta e Miguel estão, e como efeito de seu estilo, a descrição do ambiente se reflete na própria Berta. Ele descreve um lugar belo, natural, sereno e tranquilo como a própria Berta; com essa técnica ele envolve o leitor e forma em sua mente a personagem protagonista com um ideal feminino.
Além de todas essas técnicas, Alencar também constrói as outras personagens de uma maneira que resalta as qualidades da personagem principal, podemos perceber isso fazendo uma breve comparação entre o modo como o autor descreve Berta e Linda.
Linda é uma garota educada aos moldes da corte, é gentil, amiga, possui um bom coração e é apaixonada por Miguel. Alencar coloca Linda como uma típica moça da sociedade cortez; aquele tipo de mulher que você acha simpática e boa mas não fica arrebatado por ela. E é exatamente nesta descrição que podemos perceber a diferença entre Linda e Berta, pois Linda é o tipo de mulher padrão da sociedade da época, a mulher feita para ser esposa, aquela que os homens casam mas raramente amam com ardor. De certa forma, o modo como esta personagem é construída deixa Berta ainda mais em evidência, pois esta sim é envolta com algo a mais que atrai os homens.
 Modulo 3
Memórias de um Sargento de Milícias
 O grupo selecionou como objeto de pesquisa uma apostila do Objetivo que trata especialmente sobre o livro Memórias de um Sargento de Milícias e ao final contém cinco questões de vestibulares sobre esse —uma da UNICAMP-SP, duas da FUVEST e duas da UFLA-MG, respectivamente.
No enunciado da primeira questão é utilizado um trecho de Antônio Candido para mostrar os aspectos históricos da obra e para dizer ao aluno que a história é composta por pequenos relatos, com o intuito de posteriormente pergunta-lo quem é o personagem principal da trama e pedir para ele descrever um dos pequenos relatos. Esta questão é dissertativa e espera-se que o estudante tenha os conhecimentos básicos adquiridos ao ler um livro que trata-se de compreender o enredo e identificar as personagens.  
A segunda questão exige do aluno um conhecimento interpretativo do livro para que esse escolha a alternativa que melhor contenha uma caracterização do comportamento do personagem principal, dos secundários e das situações que estes enfrentam no local em que vivem, o intuito aqui é que o estudante tenha assimilado que o segmento da narrativa procede nas camadas populares do Rio de Janeiro no período de D. João VI, tendo isso em mente chegará mais facilmente a resposta correta.
A questão número três requer a análise da posição do narrador de acordo com a interpretação de um trecho do livro em que ele expõe o caráter imoral do protagonista anti-herói através de uma narração cômico- irônica, a exigência para com o aluno muda de patamar, já não é uma análise das personagens e do enredo, mas sim uma análise sobre o narrador, seu tom neutro e como este dispõe uma escrita que mostra a oposição à tradição heroica e galante do romantismo, os tipos do Rio Colonial, a ordem e desordem, os tons caricaturais e os tons irônicos.
A quarta questão traz um trecho de análise de Antônio Candido sobre Sargento de Milícias, e por meio dele requer do aluno a atenção para o modo como o autor desenvolveu o livro e o que ele quis evidenciar da sociedade da época ao criar os seus personagens como “tipos Fixos”, isto é, de acordo com Candido, Manuel Antônio de Almeida escreveu sobre as normas, e não sobre as singularidades, portanto seus personagens não tem profundidade psicológica.
E a quinta questão solicita ao estudante uma comparação do livro com as características da prosa romântica, espera-se que o estudante saiba que em Memórias de um Sargento de Milícias desfilam personagens extraídas das camadas populares, designadas, muitas vezes, apenas pela profissão ou grupo social, ao contrário do que acontece comumente em romances românticos.
Podemos constatar que há questões de vestibulares que avaliam todos os aspectos de conhecimentos possíveis sobre uma obra literária. Em uma primeira camada, avalia-se o enredo e as personagens. Em uma segunda, como se caracteriza a narrativa. Em uma terceira, no que implica escolhas do autor feitas sobre a maneira de escrita. Em uma quarta, o valor sócio-histórico da obra. E em uma quinta, a relação da obra literária para com as outras que também pertence à mesma literatura.
Assim sendo, buscou-se com a escolha destas cinco questões para uma apostila, atingir os diversos níveis possíveis de conhecimento que um estudante precisará desenvolver para compreender uma obra literária e ser bem sucedido em uma prova de vestibular.
 Modulo 4
O cortiço
O cortiço trata-se de uma habitação coletiva localizada no bairro do Botafogo no Rio de Janeiro, onde vivem pessoas pobres. A obra é escrita com base nas estratégias naturalistas, que ao descrever a ambientação, mostram como o meio influencia os indivíduos corrompendo-os. O romance mostra, de modo fictício, como eram as ideologias e as relações sociais no Brasil do século XIX.
O método naturalista é utilizado na intenção de fazer uma crítica contundente e coerente sobre uma realidade corrompida. Aluísio combate, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por esse motivo os romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais vivem pessoas desvalidas de várias etnias; esses espaços acabam tornando-se personagens do romance. Podemos perceber isso em algumas partes do romance como quando o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem o habita.
Outros grandes exemplos dessa personificação do espaço podem ser encontrados nos seguintes momentos: quando o narrador diz “os olhos do cortiço se abrem”, ao invés de dizer “as janelas do cortiço se abrem”; e também quando a esposa de Jerônimo culpa o sol por todas as desgraças que acontecem em sua vida.
Podemos dizer que “O Cortiço” não é apenas um romance naturalista, mas também uma alegoria do Brasil, pois nos mostra situações recorrentes da época, como a questão do capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, como no livro temos a estalagem de João Romão junto aos pobres moradores do cortiço; e ao lado, temos a projeção social mais elevada que a de João Romão, que é o palacete com ares aristocráticos do burguês Miranda, que teme o crescimento do cortiço.
Aluísio se propõe a mostrar questões pertinentes no Brasil, algumas são bem atuais, como a questão da imensa desigualdade social; além disso, ele também mostra que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana.
A obra explora dois espaços diferentes, o primeiro é o cortiço, um amontoado de casebres mal-arranjados, onde viviam os pobres; esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes mais baixas, o cortiço funciona como um organismo vivo onde todos que ali vivem ou passam a viver são corrompidos. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão. O segundo espaço a ser explorado, fica ao lado do cortiço, que é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família; este cenário representa a burguesia ascendente do século XIX.
Podemos encontrar algumas marcas de tempo na obra, sabemos que esta se passa no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro do Botafogo, no Brasil século XIX; além disso, é possível perceber que a obra possui uma trajetória linear com princípio, meio e desfecho. E também temos a noção de tempo a partir do desenvolvimento do cortiço e do enriquecimento de João Romão.
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente que tudo sabe e tudo vê (característica típica naturalista). O narrador possui total poder na estrutura do romance, pois ele entra na mente dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências da raça, do meio e do momento histórico.
Devido à animalização dos personagens, característica típica do Naturalismo, as ações das personagens são baseadas em instintos naturais, como os instintos sexuais e de sobrevivência; podemos perceber isso na obra, pois esta trata de duas linhas de conduta, uma que trata das questões sociais, e outra que trata das questões individuais e sentimentais. Em relação às questões sociais temos como exemplo o personagem João Romão que passa por cima de tudo e de todos para se tornar um grande comerciante, mostrando um interesse individual e também uma crítica social. Já em relação às questões individuais e sentimentais temos o personagem Jerônimo que se casa com Rita Baiana não por amor, mas sim porque ele se sente atraído sexualmente por ela, o que mostra claramente a influência dos instintos sexuais, típicos do naturalismo.
A descrição do ambiente e das personagens é feita através de relatos de seus hábitos e ambições, bem marcados pelo uso de elementos auditivos, olfativos e visuais, evidenciando o relato fiel que o autor fez da realidade social daquele período. Além disso, a descrição dos ambientes é feita através do ponto de vista das personagens, descrita de modo que dê mais verossimilhança.
É importante ressaltar que os interesses iniciais do escritor eram o desenho e a pintura; ele trabalhou como caricaturista e, em 1876, viaja ao Rio de Janeiro para estudar Belas Artes. Este talento é sem duvida refletido em “O Cortiço”, pois o autor mostra o ambiente como uma pintura, tornando assim o próprio cortiço a personagem principal do livro. Azevedo age como desenhista e pintor ao escrever o livro, justapondo cenas que evidenciam o caos que se afundam as personagens do cortiço dirigido com autoritarismo por João Romão.
A linguagem utilizada no livro é repleta de vocabulário científico, como se o autor descrevesse os fatos partindo desta ótica, o que faz total sentindo, pois a obra de Aluísio Azevedo foi inspirada em “L’Assommoir” do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. Por ser uma obra naturalista, a intenção principal era fazer uma crítica à realidade corrompida da época.
 Modulo 5
Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Caso da Vara
A criatividade de Machado manifesta-se logo no início do livro com a famosa passagem que virou clichê “não sou propriamente um autor defunto mas um defunto autor”, afinal, mesmo quem não leu o livro conhece esta frase. A partir daqui conhecemos então este defunto autor que decide principiar a sua história pela própria morte, ele, dessa maneira, revoluciona a estrutura cronológica do Romance brasileiro ao criar um tempo psicológico onde o mesmo escolhe a ordem em que nos apresentará os eventos.
Cubas, por trabalhar suas memórias no outro mundo, já tem justificado o uso da sua ironia, pois lá está além do julgamento do leitor que está cá no mundo dos vivos, em vista disso aquele se sente livre para contar as suas memórias da forma como melhor lhe convir. A ironia faz o leitor desconfiar das construções do narrador, uma vez que essa prevê sempre outros sentidos para o que é dito.  
Essa duplicidade de sentidos pode ser exemplificada no capitulo “Óbito do autor” onde um amigo do defunto profere o seguinte discurso “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade” e, logo após, Brás diz “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei”, inclinando-nos assim a pensar que existe por trás desta amizade um interesse, já que esse amigo recebe uma herança vinda de Brás.
Brás não tem um pudor ao revelar o que se passa por trás dos panos da sociedade da época, a maneira como o faz traz até um certo humor. Como no capitulo “Um episódio de 1814” no qual sua família oferece um jantar a membros importantes da sociedade (o juiz de fora, oficiais militares, comerciantes, letrados e funcionários da administração), onde, no decorrer do evento, o pequeno Brás de 9 anos é expulso da mesa de jantar e planejando sua vingança põe-se a espreitar o Dr. Vilaça, “quarenta e sete anos, casado e pai”.
Durante um passeio pela chácara, Dr. Vilaça penetra em uma moita com a D.Eusébia, irmã do sargento-mor Domingues, e beija-a, o pequeno Brás aproveita-se da situação e sai pela chácara a gritar “O Dr.Vilaça deu um beijo em D. Eusébia!”, o pai de Brás demonstra irritação com a indiscrição, entretanto no dia seguinte diverte-se com tal alvoroço. O humor dá-se pela traquinagem aprontada pelo menino que acaba por expor um ato criminoso, o adultério.
Este excerto é um exemplar das críticas feitas por Machado à elite da época, no decorrer do livro ele aborda muitos outros casos. Tal como o romance entre Virgília e Brás Cubas, os dois concretizam o amor adultero encontrando-se em uma casa alugada e tendo como cumplice a Dona Plácida, a narrativa deixa claro que a prática do adultério é muito mais vergonhoso para a mulher, ao passo que para o homem é uma conquista seduzir a mulher de outrem.
Ou como na história de Prudêncio, na qual a ironia encabe-se de propor que a estrutura social se incorpora ao indivíduo. Prudêncio fora escravo de Brás na infância e sofrera espancamentos do seu senhor, depois de alforriado, um dia Cubas o encontra, se espanta por vê-lo batendo em um negro fugitivo, pede que ele pare com aquilo e Prudêncio o atende. Prudêncio, que tinha passado a ser dono de escravo, nessa situação apenas repete a forma de tratamento a qual foi anteriormente exposto.
Levando em consideração que os Romances tradicionais sempre terminam com um final feliz e com o sucesso da personagem principal, o próprio Brás Cubas é uma grande ironia, ele é um membro da alta sociedade que teve a fortuna de não comprar o pão com o suor do próprio rosto, no entanto termina a sua vida com muitas negativas, não se casa, não consegue concluir o emplasto (medicamento que lhe traria glória na sociedade), não foi ministro e não teve filhos. Todas essas negativas demostram um insucesso diante da sociedade.
 O caso da vara:
A história de Damião até nos distraí do verdadeiro foco ao qual o título aludi, a vida eclesiástica foi-lhe imposta pelo seu pai e padrinho, este último foi quem o levou ao reitor, “Trago-lhe o grande homem que há de ser [...] —Venha, [...] venha o grande homem, contanto que seja também humilde e bom.”, entretanto Damião está a fugir do seminário, pois não quer ser padre. Ao longo do conto pode-se ver a ironia posta nesse personagem que de humildade e bondade não tem nada.
Damião logo recorre a Sinhá Rita com a intenção de que essa persuada seu padrinho para livrar-lhe do seminário. É na trama entre esses três personagens que Machado brinca com o psicológico e com a moral, em razão de inferirmos que Damião sabe que Sinhá Rita e seu padrinho tem um caso, e por isso resolve recorrer a ela.
Enchendo-lhe as mãos de beijos e suplicando-a Damião amacia o ego de Sinhá Rita para depois lançar lhe o desafio “Meu padrinho? [...] duvido que atenda a ninguém... — Não atende? Interrompeu Sinhá Rita ferida em seus brios. Ora, eu lhe mostro se atende ou não...”. Sinhá Rita aceita ajudar Damião mais para reafirmar sua autoridade sobre João Carneiro, ela o faz ir à casa do pai de Damião negociar com este.
Enquanto Damião aguarda a resposta chegamos ao foco da história e conhecemos a Lucrécia, cria de Sinhá Rita que rira ao ouvir uma anedota de Damião, e por isso é ameaçada “— Lucrécia, olha a vara!”. Pelo andar da narrativa podemos ver que a negrinha de onze anos já apanhou muito de Sinhá Rita e por ter sido ameaçada a levar o castigo de costume caso não terminasse sua tarefa, Damião sente pena dela e resolve apadrinha-la, afinal foi ele quem a fez rir.
Entretanto quando cai a noite e Sinhá Rita segurando Lucrécia pela mão pede a vara para Damião, este sem ter a resposta de ter conseguido ou não se livrar do seminário, hesita, e mesmo ouvindo as suplicas da menina, ele entrega a vara para Sinhá Rita com medo de que esta não o ajude a sair do seminário. É neste final que vemos a amoralidade do personagem que até o final preocupa-se apenas com os próprios interesses, mostrando não ter virtude alguma para participar do seminário.
E muito característico de Machado, o final do conto fica em aberto para que o leitor o imagine. O narrador nos conta que Damião entrega a vara à Sinhá Rita e para por ai, nos levando a pensar que Lucrécia apanhou, e nos deixando sem saber o desfecho da situação do Damião.
As críticas de Machado são sutis, elas são voltadas para a burguesia, mas olhando-a por dentro, isto é, ele costuma partir de um ponto psicológico, focando sua ironia e humor na moral dos personagens.
O Machado combate ao romantismo expondo a amoralidade e os defeitos dos seus personagens, que em sua maioria fazem parte da alta sociedades, estes que no romantismo eram heróis agora ficam à mercê do julgamento do leitor.
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado quebra os padrões da forma, o comum era um Romance ter cerca de 30 capítulos, e ele ultrapassa fazendo mais de 100 capítulos, sendo alguns extremamente curtos.
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em-outras-palavras · 7 years
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ATIVIDADE PRATICA SUPERVISIONADA SIMBOLISMO EM LIVRO DIDÁTICO
Alunas:
Janaina, Bianca e Leticia 4º e 5º semestre de Letras.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é analisar como um determinado livro didático escolhido, “Português – Literatura, Gramática, Produção de texto – Volume 2”, dos autores Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, ensina literatura brasileira aos alunos de ensino médio.
A análise baseia-se em: descrição do capítulo, análise do conteúdo e análise das questões. Além disso, foram analisadas também as citações feitas ao longo do texto, onde o livro citava críticos importantes como Alfredo Bosi. O capítulo escolhido para ser analisado foi sobre o Simbolismo, “Simbolismo: sugestão, mistério e musicalidade”.
Por fim, desejamos analisar como a Literatura é ensinada no ensino médio de um modo descritivo e analítico, e para isso realizamos esse trabalho de pesquisa.
              1.    DESCRIÇÃO DO CAPITULO SIMBOLISMO
O capitulo, “Simbolismo: sugestão, mistério e musicalidade”, apresenta como introdução ao simbolismo a seção “Lendo a Imagem” onde traz a obra “Flora” de Sir Edward Burne-Jones de 1885, na sequência temos o poema “Violões que choram...” de João da Cruz e Souza na seção “Leitura”, que anexa à direita mini glossários explicativos contendo os termos pouco conhecidos e/ou arcaicos. A pintura e o poema são procedidos por questões que conduzem o leitor a percebe-los e interpreta-los por si com a sua própria bagagem.
Antes de dar início ao conteúdo propriamente dito, em uma caixa de texto à esquerda, um pequeno texto, com uma citação de Alfredo Bosi, acerca das similaridades entre o Romantismo e o Simbolismo nos é apresentado. E à direita o texto “Origem e principais características do Simbolismo” explica o surgimento do movimento literário, utiliza, como auxilio, para falar das características, estrofes de Cruz e Souza — que exprimem o como fazer poesia simbolista —, uma citação de Stephane Mallarmé contida em “História social da arte e da literatura”, e, como complemento visual, a pintura de Maurice Denis, Abril, 1892.
O próximo texto “O Simbolismo em Portugal” nos contextualiza e nos apresenta seus principais poetas, mencionando em especial o mais importante, que é Camilo Pessanha, trazendo um pedaço Clepsida e Viola Chinesa, este último na seção “Leitura” que além do glossário e das perguntas, contém também uma imagem da Solista Liu Fang e sua Viola Chinesa.
Chegamos ao texto “O Simbolismo no Brasil” que discorre sobre as origens da escola literária, faz um paralelo entre as diferenças do Parnasianismo e o Simbolismo, e apresenta detalhadamente seus principais escritores. Começando com Cruz e Souza, o texto nos traz uma breve biografia e dois poemas, “ Cristais” e “Região azul...” (em verso e em prosa respectivamente), e em uma caixa de texto à esquerda um pedaço do poema “Crianças Negras” é utilizado para exemplificar algumas características do autor.
O segundo autor exposto é o mineiro Alphonsus de Guimaraes, uma citação de “O Pensamento estético de Alceu Amoroso de Lima” serve de acréscimo às características da poesia do autor apresentadas, na seção leitura nos deparamos com os poemas “Hão de chorar por ela os cinamomos...” e “Ismália”, e com a pintura “O sonho” de Pierre Puvis de Chavannes, além dos glossários e das questões.
Francisca Júlia foi escolhida como a terceira representante, como auxílio imagético temos “musa impossível” de Victor Brecheret, e na seção leitura o poema “Ângelus” de Júlia. O quarto e último autor é Augusto dos Anjos, o poema “Eterna Mágoa” é posto como exemplificação das características apresentadas, na seção leitura é o poema “Versos Íntimos” que exemplifica a típica linguagem chocante do autor.
O Capitulo se encerra com a seção “Vale a Pena”, que indica aos leitores livros, filmes e sites a serem acessados, que podem complementar o aprendizado sobre o Simbolismo e também o Parnasianismo brasileiro.
 2.    ANALISE CONTEUDO DIDÁTICO DO CAPITULO SIMBOLISMO
 Este livro didático inicia o capítulo sobre Simbolismo com uma pintura e um poema dessa escola, pois a intenção do autor é fazer com que o aluno comece a aprender sem perceber, que aos poucos, analisando a imagem e o poema, o aluno vá incorporando as características da escola sem perceber e além disso, que exerça o seu senso crítico para analisar ambos.
Após essa preparação, o livro apresenta as origens e as principais características do Simbolismo. O autor poderia simplesmente ter apresentado apenas o que é Simbolismo e quais são suas características, porém ele coloca também as origens, porque para ele, é importante que o aluno saiba de onde vem essa escola literária e qual é a sua raiz. Ele explica como iniciou-se o Simbolismo e aos poucos o aluno vai entrando nessa realidade, porque não basta o aluno entender a escola literária, o autor quer que o aluno entre dentro de cada escola e pense como os escritores daquela época.
O Simbolismo iniciou-se no último decênio do século XIX, na França, quando ocorre uma reação contra o materialismo, surge um movimento artístico que valorizou o lado místico e espiritual, explorou o imaginário e o misterioso território dos sonhos, ou seja, o Simbolismo, na literatura ele inicia-se a partir de Charles Baudelaire, o principal poeta Francês da época. O livro explica as origens fazendo uma ponte entre o simbolismo do Brasil com o de outros países, nunca isolando o aluno a uma única realidade.
No lado esquerdo do livro é colocada uma caixa de texto onde o escritor compara o Romantismo com o Simbolismo e separa alguns pontos que eles têm em comum. Essa comparação é muito importante para que o aluno ancore seus conhecimentos e tenha um senso crítico em relação às escolas literárias e também para que o aluno saiba que uma escola não é completamente diferente da outra, além disso, para conhecer o novo é necessário citar o velho.
Além de toda essa explicação, o livro didático aponta um trecho do livro crítico “História social da arte e da literatura” de Stephane Mallarmé que serve como um argumento para o simbolismo.
“Sugerir, eis o sonho. É a perfeita utilização desse mistério
que constitui o símbolo: evocar pouco a pouco um objeto
para mostrar um estado d’alma, através de uma série
de decifrações. [...] Deve sempre haver um enigma
na poesia [...].”
MALLARMÉ, Stephane. In: HAUSER, Arnold.
História social da arte e da literatura.
Trad. De Álvaro Cabral.
São Paulo: Martins Fontes, 1998.
P. 935 (Fragmento).
 O livro utiliza argumentos de autoridade que levam o aluno a não ficar apenas no livro didático ou no estudo acadêmico, ele encaminha o aluno para o estudo científico através da maneira que constrói seu conteúdo e passa informações, citando muitas vezes críticos literários e livros de grandes nomes que podem ser utilizados pelos alunos como material extra de estudo.
O livro didático trata da literatura brasileira, porém, após falar sobre as origens do Simbolismo e de contextualizar o aluno, ele passa para o Simbolismo em Portugal, porque a nossa língua e cultura é herança de Portugal, então o autor novamente usa a estratégia da ancoragem fazendo um paralelo mais para frente com o Simbolismo brasileiro. Ao falar sobre Simbolismo português, o autor cita o maior escritor da época, Camilo Pessanha.
No início do livro, o primeiro poema a ser analisado chama-se “Violões que choram”, quando o autor fala sobre Camilo Pessanha, ele coloca o poema “Viola chinesa” fazendo assim uma certa intertextualidade entre os poemas, mostrando que de certa forma o escritor português serve de influência para o escritor brasileiro Cruz e Sousa. Dessa maneira o aluno faz, além de uma ligação de influência, uma ligação musical, pois ambos os poemas trazem a musicalidade e essa característica vai fixar-se na mente do aluno, o autor faz isso de propósito para guiar o pensamento do aluno e para que este, mais uma vez, aprenda sem perceber.
Após contextualizar o Simbolismo em Portugal, o livro passa para o Simbolismo no Brasil, porém o autor já inicia esse tópico fazendo uma pergunta “Por que o Simbolismo não suplantou o Parnasianismo?” seguida de um texto respondendo-a, o autor faz isso porque quer fazer com que o aluno pense e não apenas absorva informações. Logo após o texto, existe um trecho de “História concisa da literatura brasileira” de Alfredo Bosi, que é um crítico literário muito aclamado, falando sobre o Parnasianismo, de certa forma respondendo a questão feita anteriormente, trazendo assim uma base científica para o aluno.
O livro valoriza o estilo de cada escritor, por isso ele coloca a biografia resumida de cada autor para que o aluno entenda que apesar de estarem todos na mesma época e na mesma escola literária, cada um possui suas características de escrita, então é possível que o aluno compare um autor com outro e perceba seus diferentes estilos.
A penúltima escritora a ser citada é a Francisca Júlia, pela primeira vez na literatura temos uma voz feminina, uma mulher como uma das representantes de uma determinada escola literária, algo que não encontramos nas escolas anteriores, o fato de o livro citar essa escritora é muito importante pois pela primeira vez uma mulher ganha voz em um espaço literário e o autor passa isso para o aluno, permitindo também que o aluno possa comparar um poema feminino com um poema masculino, além de poder conhecer diferentes obras da época.
  Ângelus
Desmaia a tarde. Além, pouco e pouco, no poente,
O sol, rei fatigado, em seu leito adormece:
Uma ave canta, ao longe; o ar pesado estremece
Do Ângelus ao soluço agoniado e plangente.
 Salmos cheios de dor, impregnados de prece,
Sobem da terra ao céu numa ascensão ardente.
E enquanto o vento chora e o crepúsculo desce,
A ave-maria vai cantando, tristemente.
 Nest’hora, muita vez, em que fala a saudade
Pela bocada noite e pelo som que passa,
Lausperene de amor cuja mágoa me invade,
 Quisera ser o som, ser a noite, ébria e douda
De trevas, o silêncio, esta nuvem que esvoaça,
Ou fundir-me na luz e desfazer-me toda.
 SILVA, Francisca Júlia da. Disponível em:
<http://www.cidadedigital.ma.gov.br/
Biblioteca_digital/Julia_da_silva/
Julia_da_silva-poesia.pdf>.
Acesso em: 24 fev. 210.
             O último escritor a ser citado no livro é Augusto dos Anjos, um poeta muito polêmico na época do Simbolismo, o livro traz a opinião da critica sobre este escritor e diz que ele criou uma expressão poética muito original em que há inúmeros temas tirados das ciências naturais para falar da morte. Ele tem uma linguagem única que faz com que o aluno saiba que apesar de todos esses escritores fazerem parte da mesma escola literária, cada um vai ter sua identidade, eles seguem uma tendência por serem da mesma escola, mas vão ter a sua individualidade, por isso o livro cita o escritor Augusto dos Anjos e por isso ele é colocado como o último autor citado no livro, além disso, o autor coloca um tópico com o nome “Linguagem que choca”, colocando a questão da linguagem na poesia de Augusto dos Anjos que também interfere na posição dele.
 3.    ANALISE QUESTÕES DIDATICAS DO CAPITULO SIMBOLISMO
Durante a elaboração desse trabalho de pesquisa nós podemos perceber que as questões que acompanham os conteúdos dos livros didáticos são muito importantes para que o aluno aprenda a matéria ensinada e também para testar e exercitar o seu senso critico. O capitulo que trata de simbolismo do livro didático apresenta 4 blocos de questões, que para os fins desse trabalho chamaremos de conjuntos, e uma analise de cada um desses conjuntos será apresentada a seguir.
3.1        Primeiro Conjunto
Este primeiro conjunto de questões aparece antes mesmo que o livro apresente para o aluno o que é o simbolismo e suas características, as questões desse modo são uma preparação para o conteúdo que virá nas paginas seguintes e de um modo implícito leva ao aluno esta nova escola literária. As perguntas são baseadas no quadro Flora de Sir Edward Burne Jones e no poema Violões que choram de Cruz e Sousa.
VIOLÕES QUE CHORAM (Cruz e Souza) Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.
 Noites de além, remotas, que eu recordo,
noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.
Sutis palpitações à luz da lua
anseio dos momentos mais saudosos,
quando lá choram na deserta rua
as cordas vivas dos violões chorosos.
 Quando os sons dos violões vão soluçando,
quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.
 Harmonias que pungem, que laceram,
dedos nervosos e ágeis que percorrem
cordas e um mundo de dolências geram,
gemidos, prantos, que no espaço morrem...
 E sons soturnos, suspiradas mágoas,
mágoas amargas e melancolias,
no sussurro monótono das águas,
BURNE-JONES,Edward.Flora. c. 1885, Pastel sobre    papel,152,1 x 57,8 cm
               noturnamente, entre ramagens frias.
 Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
 As questões trazem indagações comparativas, dando informações que guiam o pensamento do aluno a primeira pede uma analise do quadro, sendo que na segunda o enunciado já destaca a presença de ambientes noturnos nas duas obras e pede que o aluno faça uma comparação entre o quadro e o poema. A terceira já pede ao aluno que faça uma leitura em voz alta das duas primeira estrofes do poema prestando atenção na musicalidade dos versos, em seguida pede para que o estudante encontre os fonemas consonantais que se repetem nessas mesma estrofe e pergunta o que, na opinião do aluno, essa repetição sugere.
Depois dessas questões o aluno a é levado a pensar na estrutura sintática do poema porém sem nunca deixar de lado o aspecto literário e poético, como podemos ver na questão quatro que pergunta ao aluno se a estrutura sintática fosse mais tradicional o efeito sonoro ainda seria o mesmo e pede para que o mesmo explique sua resposta.
E para finalizar esse primeiro conjunto de perguntas que prepara a mente do aluno para ancorar o novo conteúdo, a ultima questão questiona o estudante sobre a importância da musica para o eu lírico, levando o aluno a pensar criticamente sobre poema e sobre quadro sem que tenha consciência explicita disso.
3.2        Segundo Conjunto
O segundo conjunto de questões aparece após uma explicação da escola literária simbolista e de uma explicação de suas origens, porem antes de ancorar o simbolismo no Brasil o livro mostra um pouco do simbolismo em Portugal e apresenta o autor Camilo Pessanha logo as questões que aparecem trazem uma comparação entre e Cruz e Sousa.
   VIOLA CHINESA
(Camilo Pessanha)
Vai adormecendo a parlenda  Sem que amadornado eu atenda  A lengalenga fastidiosa. Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,  Ao longo da viola morosa,  Vai adormecendo a parlenda. Mas que cicatriz melindrosa 
Há nele, que essa viola ofenda  E faz que as asitas distenda  Numa agitação dolorosa? Ao longo da viola, morosa...
 Ao longo da viola morosa  
 A primeira questão pede para que o aluno observe a repetição de fonemas do poema Viola Chinesa de Pessanha com os fonemas observados no Poemas Violões que choram de Cruz e Sousa, e com isso o livro faz com que o aluno amarre sempre um conteúdo a outro.
Em seguida na segunda questão o livro apresenta a definição de refrão encontrada no Dicionário Eletrônico da língua portuguesa e questiona o aluno se poema analisado aparece um ou mais refrãos e pede para que eles expliquem o efeito que eles provocam no poema.
A terceira questão pede ao aluno que identifique o estado de espírito do eu lírico na primeira estrofe e em seguida que mostre o que mudou na terceira estrofe, fazendo com o aluno leia atentamente o poema e se perceba os detalhes. E finalizando esse segundo bloco a quarta pergunta questiona o estudante sobre as característica simbolistas encontradas no poema, mais uma vez fazendo com que o aluno entrelace os conhecimentos que vai adquirindo.
3.3        Terceiro Conjunto
O terceiro conjunto aparece depois do livro já ter apresentado ao aluno como o simbolismo aparece no Brasil e ter começado a apresentar os principais autores e suas biografias de forma resumida. Como Cruz e Sousa vem sendo abordado desde o começo do capitulo, esse terceiro conjunto de questões esta voltado para os poemas Hão de chorar por ela os cinamomos e Ismalia de Alphonsus de Guimaraens.
Hão de chorar por ela os cinamomos (Alphonsus de Guimaraens)
Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia. As estrelas dirão — "Ai! nada somos, Pois ela se morreu silente e fria.. . " E pondo os olhos nela como pomos, Hão de chorar a irmã que lhes sorria. A lua, que lhe foi mãe carinhosa, Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la Entre lírios e pétalas de rosa. Os meus sonhos de amor serão defuntos... E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?"
Ismália 
(Alphonsus de Guimaraens)
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
 Essas questões são voltadas para o conteúdo do poemas e são um exercício de tudo que o aluno viu até o momento e o estudante é convidado a fazer uma analise comparativa dos dois poemas acima, analisando seus versos, e sua musicalidade mostrando os pontos que eles tem em comum e suas características individuais.
3.4        Quarto Conjunto
Este quarto conjunto aparece depois do aluno ter sido apresentado ao poeta Augusto dos Anjos e ter sido contextualizado sobre o estilo do autor. As questões giram em torno do conteúdo apresentado e do poema Versos Íntimos.
Versos Íntimos
(Augusto dos Anjos)
Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
 A primeira questão afirma que p eu-lírico se dirige ao interlocutor e o aluno é questionado sobre como é possível perceber isso, e solicitado a justificar a sua resposta como elementos encontrados no poema. Podemos perceber que as questões foram aumentando de grau de dificuldade conforme os conteúdos foram sendo apresentados e conhecimento e sendo critico do aluno foi sendo pedido cada vez em maior grau.
A última questão desse conjunto foi apresentada com base na opinião que a critica literária mais reconhecida tem sobre Augusto dos anjos e o aluno é solicitado a escrever um texto reflexivo sobre o simbolismo, poema Versos Íntimos e a opinião critica de modo a coroar todo o conhecimento adquirido nesse capitulo.
                  4.    CONCLUSÃO
Logo no início de cada capitulo é possível perceber que o livro não trabalha apenas com a exposição de conteúdo, ao iniciar com indagações acerca de uma pintura e um poema a aprendizagem está sendo estimulada visualmente, criticamente e também está sendo ancorada nos conhecimentos prévios do aluno.
A ancoragem de conhecimentos não se limita apenas aos conhecimentos prévios do aluno, o livro faz menções a outras escolas literárias, como Romantismo e Parnasianismo, e explica também o Simbolismo em outros países, como França e Portugal. Também explora amplamente o aspecto visual utilizando pinturas que justificam as características simbolistas apresentadas, entre os pintores exibidos temos Maurice Denis e Pierre Puvis de Chavannes.
Uma de suas estratégias é o argumento de autoridade, que é muito +utilizado através de várias citações, entre os autores mencionados estão Alfredo Bosi, Stephane Mallarmé e Alceu Amoroso de Lima, além de trazerem credibilidade ao conteúdo são fontes que os alunos podem utilizar para complementar seus estudos.
Como explicações generalizadas não seriam o suficiente para resumir uma escola literária o livro traz também breves bibliografias dos escritores brasileiros, suas características peculiares e poemas dos escritores mencionados para que o aluno tenha contato direto e possa aplicar todas as teorias mencionadas nos textos.
As questões distribuídas pelo livro são de grande importância, pois são elas as principais responsáveis por conduzir o aluno a um pensamento crítico. Elas se localizam ao final de cada assunto propositalmente para fazer o aluno refletir sobre o que leu, podendo assim melhor consolidar as novas informações.
Assim podemos dizer que o livro utiliza de várias estratégias para estimular o aprendizado, e essa diversidade proporciona um maior alcance a diferentes tipos de mentes pensantes, desta forma podendo ser um ótimo material de auxílio ao professor ou um objeto de estudo pessoal.
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Letras
As musicas a seguir são respectivamente em Italiano, Espanhol e Português , e foram lançadas respectivamente 2001, 2000 e 1982 ouvindo-as e lendo suas letras podemos perceber as semelhanças e diferenças entre as línguas neolatinas em diferentes épocas da história e em diferentes lugares,levando em consideração o nascimento e a trajetória dessas línguas (estudado anteriormente e presente nos post anteriores) podemos ver não só na pronuncia como também na escrita.Abaixo estão as letras e no próximo post terá as musicas ou clipes musicais de cada letra.
Imbranato
Tiziano Ferro
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È iniziato tutto per un tuo capriccio
Io non mi fidavo, era solo sesso
Ma il sesso è un'attitudine
Come il'arte in genere
E forse l'ho capito e sono qui
 Scusa sai se provo a insistere
Divento insopportabile, io sono
Ma ti amo, ti amo, ti amo
Ci risiamo, va bene, è antico, ma ti amo
 Scusa se ti amo e se ci conosciamo
Da due mesi o poco più
Scusa se non parlo piano
Ma se non urlo muoio
Non so se sai che ti amo
Scusami se rido, dall'imbarazzo cedo
Ti guardo fisso e tremo
All'idea di averti accanto
E sentirmi tuo soltanto
E sono qui che parlo emozionato
E sono un imbranato!
 Ciao, come stai? Domanda inutile!
Ma a me l'amore mi rende prevedibile
Parlo poco, lo so, è strano, guido piano
Sarà il vento, sarà il tempo, sarà fuoco
 Scusa se ti amo e se ci conosciamo
Da due mesi o poco più
Scusa se non parlo piano
Ma se non urlo muoio
Non so se sai che ti amo
Scusami se rido, dall'imbarazzo cedo
Ti guardo fisso e tremo
All'idea di averti accanto
E sentirmi tuo soltanto
E sono qui che parlo emozionato
E sono un imbranato!
E sono un imbranato!
Io, si
Ah, ma ti amo
 Pero Me Acuerdo de Tí
Christina Aguilera
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Ahora que ya mi vida se encuentra normal, ooh
Que tengo en casa quien sueña con verme llegar, ooh ohh
Ahora puedo decir que me encuentro de pie
Ahora que, me va muy bien
 Ahora que con el tiempo logre superar, mmhmm
Aquel amor que por poco me llega a matar, no ooh
Ahora ya (ahora ya), no hay más dolor (no hay más dolor)
Ahora al fin, vuelvo a ser yo
 Pero me acuerdo de tí
Y otra vez pierdo la calma
Pero me acuerdo de tí
Y se me desgarra el alma
Pero me acuerdo de tí
Y se borra mi sonrisa
Pero me acuerdo de tí
Y mi mundo se hace trizas, ooh ohh
 Ahora que mi futuro comienza a brillar, mmhmm
Ahora que me han devuelto la seguridad, oh ooh
Ahora ya (ahora ya), no hay más dolor (no hay más dolor)
Ahora al fin, vuelvo a ser yo
 Pero me acuerdo de tí
Y otra vez pierdo la calma
Pero me acuerdo de tí
Y se me desgarra el alma
Pero me acuerdo de tí
Y se borra mi sonrisa
Pero me acuerdo de tí
Y mi mundo se hace trizas
 Ohh ooh ohh
Pero me acuerdo de tí
No ohhh...no no
Pero me acuerdo de tí
Y se me desgarra el alma
Oh, pero me acuerdo de tí
Mi sonrisa
Pero me acuerdo de tí
Mi mundo trizas
 Pero me acuerdo de tí
Ooh, ahh
Pero me acuerdo de tí
Oh, pero me, pero me, pero me
Pero me acuerdo de tí, oh ah
Pero me acuerdo de tí, oh ooh ohh oh
Pero me acuerdo de ti
 Samurai
Djavan
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Ai
Quanto querer
Cabe em meu coração
Ai
Me faz sofrer
Faz que me mata
E se não mata, fere
 Vai
Sem me dizer
Na casa da paixão
Sai
Quando bem quer
Traz uma praga
E me afaga a pele
 Crescei, luar
Pra iluminar as trevas
Fundas da paixão
Eu quis lutar
Contra o poder do amor
Caí nos pés do vencedor
Para ser o serviçal
De um samurai
Mas eu tô tão feliz!
Dizem que o amor atrai
Fonte : http://letras.mus.br/
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em-outras-palavras · 9 years
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Fonte : www.lucaslima.com
A língua ainda hoje esta sujeita a mudanças,tanto na escrita quanto na fala, a exemplo disse temos a criação do novo acordo ortográfico.
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Fonte: www.multirio.rj.gov.br
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em-outras-palavras · 9 years
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A conversão dos bárbaros ao cristianismo e a adoção do latim por esses povos foi o que garantiu o desenvolvimento das línguas românicas e preservação do latim.
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em-outras-palavras · 9 years
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Idade Média
   A queda do Império Romano, motivada pela própria crise interna e pelas invasões bárbaras, acentuou o processo de variação do latim vulgar. A entrada de inúmeros povos de línguas diferentes poderia ter extinguido o latim naquela ocasião e os romances poderiam nem existir, se não fosse por um fator: a cristianização dos povos bárbaros. O latim literário é o que fiou conservado na literatura, mas há também o latim usado em obras teológicas e nos textos litúrgicos cristãos, que, embora menos conservador que o literário, pois mais simplificado no que concerne à sintaxe e ao léxico ,   não incorporou vulgarismos e germanismos, constituindo, assim, o chamado latim eclesiástico, ou “latim da igreja”. Inúmeros termos gregos também se incorporam ao latim  nessa época, principalmente os relacionados à liturgia, como, por exemplo, as palavras eucaristia e parábola.  A inserção proposital de vulgarismos na língua escrita serve para facilitar a compreensão dos textos. Não por acaso a tradução da Bíblia ao latim feita por São Jerônimo é conhecida como Vulgata. No século VII, os sermões passaram a ser feitos em língua vulgar.
   Embora o latim não tenha sobrevivido em todo o império, diversos povos invasores acabaram adotando a língua do povo vencido, pois havia entre os bárbaros um ideal de restauração de Roma. A esse fenômeno de adoção, pelo vencedor, da língua do povo vencido dá-se o nome de superestrato. A palavra romanus servia como distinção dos povos latinizados e a romanização garantia prestígio a quem praticava o romance. Restaram, no entanto, diversas heranças do superestrato germânico, no léxico, na toponímia e na antroponímia. A influência germânica pode ser maior ou menor dependendo da língua. No francês, por exemplo, o superestrato influenciou a fonética e a morfossintaxe. Em alguns dialetos italianos, a influência é grande, mas restringe-se ao léxico. Nas línguas ibéricas é notável a herança na toponímia (Sendim, Guimarães) e antroponímia (Rodrigo, Álvaro), deixada pelos suevos e visigodos que ocuparam a Península. Cabe lembrar que muito do vocabulário de origem germânica já se havia incorporado ao latim vulgar, estando, inclusive, difundidos por todo o antigo império.
   Já no século VIII, a expansão islâmica mudou a situação dos romances. No norte da África acabam por se tornar um substrato, enquanto na Península Ibérica, a partir da formação de uma cultura moçárabe, o romance ibérico vai conviver lado a lado com o árabe, em situação de adstrato. Deve-se a isso a forte presença lexical árabe no espanhol e no português. Se analisarmos as variações dialetais dessas línguas, vemos que termos árabes são mais comuns ao sul da península, principalmente nos topônimos. Isso se deve à presença por mais tempo dos árabes ao Sul, e ao fato de a Reconquista ter-se iniciado no Norte, dirigindo-se posteriormente ao Sul. No galego (língua falada na Galícia) é menor a influência árabe, pois o noroeste da Península não chegou a ser invadido, tendo-se preservado naquela região o romance ibérico. Vale lembrar, entretanto, que nem todas as palavras árabes são oriundas da ocupação da Península Ibérica. Muitas chegaram ao italiano e ao português na Baixa Idade Média, por meio dos contatos comerciais com o Oriente e das Grandes Navegações.
   O próprio contexto social medieval de estratificação e ruralização, ao mesmo tempo em que contribuiu para a variação e diferenciação dos romances, promoveram o latim culto (já distinto da forma clássica), que era utilizado como língua franca de comunicação e língua oficial da Igreja. Começa, assim,  a dar-se, por fim, um processo duplo de influências entre romances e latim literário, que será acentuado no Renascimento.
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em-outras-palavras · 9 years
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   Podem-se perceber muitos elementos comuns entre o léxico das línguas românicas. A tabela acima é um bom exemplo dessa comparação. Os diversos elementos distintivos, denunciam, porém, elementos da história interna e externa da línguas, como influências culturais e aspectos morfológicos e sintáticos. A diferença acentuada nos vocábulos dragostea e cuvânt são exemplos de empréstimo e influência eslava para léxicos romenos relacionados a conceitos abstratos, dada a ausência do convívio com o latim culto na antiga Dácia. Se analisarmos a pronúncia em diferentes línguas do vocábulo grafado como casa em várias delas, ou a diferença de adaptação da pronúncia “ct” de “lacte” e “noctem” em cada uma das línguas da tabela, percebe-se soluções diferentes advindas da variação, que aos poucos foram diferenciando e transformando o latim em línguas independentes e muitas vezes sem inteligibilidade entre si. Outro aspecto a ser notado é a diferença do verbo comer. Enquanto nas outras línguas, a palavra provém do latim manducare (mastigar, com significado extendido na variante popular), as variantes ibéricas passaram a realizar a forma clássica edere acompanhada da conjunção “cum”, evitando homofonia com o verbo esse, e passando a significar “comer com”. Eis outro exemplo da variação diatópica do latim vulgar.    Por fim, apontamos as peculiaridades do sardo, língua com caráter mais conservador. A preservação de palavras como “domo” é indicativo não de que o romance sardo estaria mais próximo do latim clássico, mas de que este provém de uma forma mais arcaica do próprio latim vulgar, com reflexos inclusive na fonética, como se vê na conservação de formas como “manicare”. Historicamente, outro fator para a diferenciação do sardo entre outras línguas faladas na Itália é ter o catalão como adstrato na Sardenha por alguns séculos, deixando empréstimos léxicos e influências fonéticas.
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A ciência, a cultura e a política na formação das línguas românicas
   Diversos movimentos culturais na história receberam o nome de Renascimento. Dois deles possuem relevância para o processo de formação das línguas neolatinas: o Renascimento Carolíngio, no final do século VIII, e o chamado Renascimento Cultural, movimento artístico e intelectual que buscou resgatar a cultura clássica na Europa entre os séculos XIV e XVI. Ambos se destacam por trazer um avivamento ao latim clássico, seja por meio de obras religiosas, como no primeiro, ou através da busca pelo conhecimento e pela cultura da Antiguidade Clássica, com a volta à tona de obras literárias e filosóficas gregas e latinas, no segundo. O surgimento das universidades no século XII, com o ensino de retórica e gramática também foi responsável pela continuidade do uso do latim.
   Dessa forma, temos que o latim literário, ao longo de toda a Idade Média, conviveu com os romances como um adstrato. Embora fosse dominado apenas pelas classes cultas, principalmente ligadas à Igreja, o latim culto sempre esteve presente.  Nessas condições, pode-se dizer que havia uma mútua influência entre essas línguas, pois ao passo que diversos vulgarismos entravam no latim escrito, ao se desenvolverem as primeiras formas escritas dos romanços, incorporaram-se diversos termos do latim culto, principalmente no léxico relacionado à ciência e a termos mais abstratos; ou na morfologia, através do empréstimo de sufixos e prefixos.  Por exemplo, ainda que se diga grau, as palavras derivadas desta partem de um radical latino, originando gradual, gradativo. O mesmo ocorre com as derivações do verbo ouvir, gerando audição, inaudível, além de muitos outros casos.
   A influência da cultura clássica no pensamento renascentista foi também a responsável pela gramatização das novas línguas. A partir desse processo, as línguas neolatinas obtiveram maior prestígio, algumas delas já chegando a ocupar o papel político e administrativo que só cabia ao latim. Devido a essa relação entre política e língua, muitos idiomas acabaram por se difundir mais do que outros. A existência de um estado nacional que promova cultural e politicamente a língua é fundamental para a difusão desta. Línguas que não têm um papel político e cultural de prestígio tendem a se restringir na comunidade, submentendo-se ao preconceito linguístico e à estigmatização, como ocorreu com o galego, que durante séculos foi considerada uma língua inferior, rural, das classes pobres. O termo “dialeto” é usado pejorativamente nesse sentido, dando a entender que tais línguas sem prestígio não têm sequer uma autonomia.
   A literatura conta também com um grande papel difusor nesses casos. O italiano padrão, por exemplo, é baseado na língua utilizada nas obras de Dante. Não significa, porém, que ter uma grande produção literária num idioma garanta sua sobrevivência e estabilidade futura. Um exemplo para esse caso é o provençal, que possui uma vasta literatura, principalmente medieval, mas jamais se tornou língua nacional de prestígio. No caso francês, principalmente após a Revolução Francesa, privilegiou-se o dialeto da Îlle de France, que deu base à língua francesa culta atual, enquanto as outras línguas ficaram sob o rótulo de ruralidade e arcaismo, associadas à velha nobreza feudal.
       A formação do Estado espanhol sob uma monarquia castelhana garantiu a soberania da língua de Castela sobre as outras, tendo-se restringido e chegado quase à extinção línguas como o leonês, do qual restam poucos falares isolados, o aranês, dialeto do occitano falado no Vale de Aran, e o asturiano, originário da região de Astúrias, muito próximo do mirandês, língua que por sua vez já conseguiu reconhecimento e oficialidade em Portugal.
   Assim, a partir da formação dos Estados Nacionais europeus na Idade Moderna e das Grandes Navegações, temos a grande difusão das línguas românicas pelo mundo. Levadas aos outros continentes pelos europeus, outros contatos linguísticos enriqueceram a variação e as variedades das línguas neolatinas.  É dessa forma, por fim, que se estabelece uma relação entre a política e a história das línguas. Não só de processos linguísticos depende a história de um idioma, mas de um curso histórico-social, imprevisível, capaz de levar a grandes dimensões um pequeno dialeto com poucos falantes, ou de levar à morte uma língua que teve prestígio por séculos.
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A formação das línguas românticas
   Até o século III a.C., o latim, hoje, protótipo da língua erudita, não passava de uma língua de camponeses, mercadores e soldados. Confrontada a uma situação geográfica desconfortável, entre duas grandes potências que mantinham relações comerciais intensas, etruscos e gregos, Roma via-se condenada ou a desaparecer ou a desenvolver-se. Privilegiada pelo Tibre, conseguiu dominar seus incômodos vizinhos e, foi no século II a.C., que sua dominação ampliou-se realmente e estendeu-se largamente para o leste.
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   No momento de seu apogeu, no século II d.C., o Império Romano estendia-se do Atlântico ao mar Cáspio. A fim de adquirir e de manter estabilidade de suas instituições, precisava de um corpo administrativo sólido, regido por leis precisas, por meio de uma língua sem equívocos, pois agrupava populações muito diversas. O latim, inicialmente língua de camponeses, tinha de exprimir sem ambiguidade, assim, o direito, a organização da vida pública à época de sua expansão, em uma forma escrita idêntica para todos. Desse modo, constituiu-se tal como os séculos perpetuaram, o qual tem-se a impressão de que foi fixado de modo definitivo.    Tornando-se, graças à administração, ao direito, à literatura e à escola, a língua comum de povos com origens muito diferentes, a língua latina conheceu a seguir, uma nova expansão, facilitada pela difusão do cristianismo. O latim, como língua da Igreja, serviu de ponto de união e de veículo privilegiado para transmitir a “boa nova”. Mas enquanto a língua escrita era difundida como um latim perfeitamente codificado, o latim falado, aberto às inovações, paralelamente desenvolvia-se, influenciado pelas línguas dos povos vencidos. A própria Grécia foi conquistada e tornou-se uma província romana, mas resistindo à sua maneira, como diria o poeta Horácio, “A Grécia submissa dominou seu feroz vencedor e introduziu as artes no rústico Lácio…”. Também deixaram traços na língua latina os etruscos, sobretudo pela presença do sufixo -na (lanterna, persona), e os galeuses, cujo bilinguismo durou vários séculos, o que explica os muitos elementos de origem céltica no latim, particularmente, na área dos transportes (carrus).    O latim vulgar, em contato com diferentes populações, diversificava-se numa multiplicidade de línguas, de tal modo que no fim do século V, o latim falado já não era mais latim. Mas foram precisos três séculos para tomar-se consciência disso nas diferentes regiões em que se manifestariam as línguas românicas diferenciadas. Na França, por exemplo, em 813, o Concílio de Tours recomendou aos padres que rezassem as homilias “in rusticam romanam linguam”, sinal de que já há muito tempo os fiéis não entendiam mais o latim e falavam uma língua muito modificada.
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