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Profundo

No peito, dores que não vão embora, Me acompanham até o fim da estrada, Violência que corta como navalha, Amor, às vezes, miragem na jornada.

Silêncio, meu porto seguro na tormenta, Minha mãe, sempre lutando e sofrendo, Dor que aperta, sufoca, não se contenta, Às vezes, parece que estou morrendo.

Anos de batalha pela sobrevivência, O medo, meu parceiro nas madrugadas, No silêncio, na escuridão da existência, Gritos lá fora, feridas desesperadas.

Violência vivida, marcada, presente, Me fazendo agir sem pensar duas vezes, Cuidar do outro como quem entende, Amor em mim brilha, apesar das breves.

Conheço meus medos, minha trajetória, No meio do caos, busco um rumo, Pequenos gestos de afeto, de memória, Onde encontrei forças? Que arrumo?

Força pra seguir, um enigma pra mim, Lealdade aos outros, um mistério, Fantasmas que assombram, que não têm fim, Mas na paz interna, encontro um império.

Luta contra a violência, minha sina, Reconstruindo-me, um dia de cada vez, Em versos me ergo, sou poesia divina, Na superação, sou eu, em paz e em prece. C.B

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TU

Sob o sol outonal, juntas seguimos, Nossas mãos entrelaçadas, firmes, Meu aroma se mescla ao teu, suave, E tua voz ecoa, serena, em minha mente.

Sou um mistério, à beira do recolhimento, Mas para ti, abro as portas do coração, Poucos conseguem tocar minha essência, Mas tu, menina, és exceção.

Quando outros me tocam, sinto-me sufocar, Peço que se afastem, que não perturbem Meu ser, mas contigo é diferente, Em tua presença, encontro meu centro.

Sou quietude, sou calmaria, Mas para ti, desvelo meus segredos, Pois és especial, és singular, E em teus olhos, o amor é revelado. Respeito tua jornada, tua liberdade, E se escolheres permanecer, Saibas que terás o melhor de mim, Em cada sorriso, em cada amanhecer.

Desejo amar como as folhas dançam ao vento, Livres e entregues ao ritmo do universo, E ser amada como o sol aquece a terra, Com constância e generosidade, sem reservas. C.B

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Bagunça

Entrego-me ao instante, creio nele com fervor, Mas será esse momento que decifrará tal amor? Junto-me à nova estação, em sua fusão, Dias de calor, dias de frio, e a chuva em profusão.

No dia seguinte, mergulho em pranto sem aviso, Assim como a chuva, com único desígnio preciso: Levar contigo o sujo, o impuro, a desilusão, Não permito que permaneças e bagunces meu coração.

Preguei o certo, meu momento vai além do instante, Estou presente aqui, se não me percebes, adiante, Saberás que este vínculo chegará ao seu fim, Assim como a chuva se despede, findando seu matiz.

Enrolo-me numa manta, sinto a poeira partir, Até o impuro, como nós, não consegue resistir, Todos buscamos o que é calmo, o que é puro, Até a natureza, por que seríamos diferentes, por apuro?

Se optares por ficar, por ironia, saiba que o momento Se entrelaça ao organizado, não à desordem, ao tormento, A bagunça é para quem não sabe o que quer, o vazio preencher, Mas são esses vazios que, por fim, irão perecer. C.B

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Destino

Te guio até o fim do trajeto incerto, Mas sinto que meu tempo contigo está perto do encerrado. Enquanto o destino se mostra tão deserto, Percebo que estamos num caminho rompido, desgastado.

Te levo pela estrada, enfrentando pedras no caminho, E te digo: senta, espera o vento forte chegar. Mas, menina, não percebes que esse desafio é só teu, sozinho? A remoção das barreiras está em teu próprio caminhar.

Quando pedes para que eu me vá, por não entender meu rumo, Retiro-me, pois compreendo: esse destino é teu e só teu. Ao regressar para casa, vejo que o caminho mudou de resumo, Quanto tempo te acompanhei? Foi tanto, nem sei mais, é verdade.

Era verão quando começamos, árvores em flor no horizonte, No outono, tudo caindo para o novo brotar, O inverno congela, mostrando o desafio que defronte, Será que na primavera, perceberás que o destino mudou, a brilhar?

Volto para meu espaço, abro livros em páginas ao acaso, Retorno ao meu ser, deixando o trajeto perdido para trás, Pegadas se apagaram, num eco do passado, num laço, Mas em meu coração, abro espaço para o novo, para o que se faz.

A primavera anseia por cores, e eu também, Em meu íntimo, busco a renovação, o amanhã que vem. C.B

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Mergulho

No eco dos teus olhos, eu me perco, Como se já conhecesse cada recôndito verso, Mas tu, querida, mal sabes de mim, Meus desejos ocultos, trancados assim.

Te fito, buscando decifrar teu ser, Mas teus segredos estão além do meu querer, No final da noite, quando o silêncio vem, Eu me pergunto onde está quem tu és, quem vem.

Liberto-me ao dormir, desvendando a ilusão, Mas tua verdadeira essência foge da minha mão, Quando, querida, irás me conhecer de fato? Permitir-me mergulhar no teu retrato?

Anseio entender teu ser, medos, desejos sem fim, Mas eles se escondem, longe de mim, Até quando mostrarás somente o que quer? Tua ausência entrega, mas eu te respeito, mulher.

Há momentos em que devemos apenas aceitar, Que te decifrar não é algo que posso alcançar, Teu segredo está guardado, até de ti mesma, Mas no fundo, buscamos a mesma promessa.

Embora em tempos distintos, é verdade, Ainda espero o dia em que conhecer-te de verdade. C.B

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Harmonia

Ao tocar as teclas, a alma se ilumina, O som do piano desperta a essência divina. A música, pulsante, tem vida em meu ser, É nela que encontro a verdade do viver.

Na dança das notas, admiro a geometria, Onde cada acorde encontra sua harmonia. O bemol e o sustenido, com toques únicos, Em cada compasso, revelam seus brilhos líricos.

Assim como as teclas encontram seu dedo certo, E a partitura dita o ritmo, o compasso correto, Vejo a vida em seu fluxo nomeado e preciso, Esquerda e direita, num eterno compromisso.

O piano, em sua complexidade e beleza, Conduz-me ao presente, à minha pureza. Eu, unicamente eu, no controle da sinfonia, Conduzo, com leveza, a melodia sincronia. C.B

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Viver

A vida nos desafia, nos coloca à prova, Nos enfraquece, nos faz sentir perdidos. Mas também é uma dádiva, uma jornada louca, Onde conquistamos momentos, felicidade, o amor prometido.

É para os corajosos, os que encaram o medo de frente, Os que mesmo tremendo, seguem em frente com determinação. Em situações desafiadoras, é preciso ser valente, Desistir de velhos caminhos, recomeçar com o coração. Aprendi a importância de viver ao perder minha melhor amiga, Quem amava tanto, agora uma estrela no céu. Perto dos trinta, compreendo: viver é uma jornada desafiadora, Reinventar-se, amar-se, conectar-se, em um ciclo sem igual.

2023 me trouxe uma reflexão profunda: Como marcar minha vida com significado? Como deixar um legado que ressoe além do tempo, E inspire outros a viver com amor, coragem e cuidado?

A resposta não é simples, mas sei que começa com a coragem, De abraçar a vida com todas as suas nuances. De seguir em frente, mesmo quando o caminho é incerto, E encontrar beleza nas pequenas coisas, nos momentos em abundância. C.B

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Reencontro

No labirinto da vida, sinto um desencaixe, Pensava encontrar-me, mas me perco no trajeto. Cada passo parece me afastar do meu verdadeiro eu, Seguindo um padrão que não ecoa meu som interno.

Quando penso que estou encaixando nos moldes alheios, Sinto-me mais distante de minha própria essência. É como dançar uma música que não reconheço, Em um ritmo que não pulsa em meu coração.

Então, corajosamente, eu reinicio, Aperto o botão do recomeço e retorno ao meu centro. É aqui, no silêncio do meu ser, que encontro a verdade, E descubro o caminho que é só meu, autêntico e pleno. C.B

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Compartilhar

A beleza está nas histórias que as pessoas compartilham, Nos detalhes de suas vidas, nos sonhos que almejam. Gosto de decifrar suas atitudes, de oferecer meu abraço, De estar presente, de compartilhar o espaço.

Como amar sem entender suas nuances? A magia está no brilho dos olhos, nas alegrias e nuances. Não me contento com superficialidades, Pois cada encontro é um pequeno infinito de realidades.

Pequenos gestos, breves momentos, São fragmentos de amor, em suas sutilezas. Nada é em vão, mesmo que breve, Pois cada história compartilhada é uma beleza.

C.B

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Alma

Alma livre, ao sabor do vento a bailar, Leva-me onde minha essência quer chegar. Para o abraço do tempo, enfim encontrar, E descobrir a felicidade no ser, no amar. C.B

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Passos

Ao me olhar, encontrarás um mar de estrelas, Brilhando dentro dos meus olhos, a luz mais bela. Ao te ver, cada estrela se agita, radiante, Testemunhas do amor que pulsa, vibrante.

Se me tocares, sentirás meu corpo tremer, Um terremoto de emoções, intenso e envolvente. Culpa do teu toque, que incendeia minha pele, Despertando desejos que não posso conter.

Ao me ler, descobrirás um poema em mim, Versos que cantam sobre nós, sobre o que poderíamos ser. Sobre um talvez que se transforma em certeza, E uma promessa de outra vida, onde tu és minha beleza.

Te espero, paciente, no meio-fio da estrada, Com um vinho para brindarmos ao nosso amor, Uma praia à espera de nossos passos na areia, E um beijo que selará nosso destino com fervor.

C.B

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Sentir

Sinta, se puder, com toda a intensidade, Deixe as emoções fluírem, sem resistência. Solte, liberte-se, em plena liberdade, Mas não solte a si mesmo, em sua essência.

A vida clama por viver, por afeto, por calor, Cada toque, cada gesto, uma canção. Olho-me no espelho, vejo os traços do tempo, e então, A jornada até aqui, um mar de valor.

Recordo os lugares, os rostos, os momentos, Onde a paz reinava, e a ansiedade era rara. Em cada sorriso, sentia-me contente, Amada pelo mundo, em sua aura clara.

Pelo melhor amigo, pela família, pela rua, Cada desconhecido, com um olhar de amor. Na dança de uma criança, a alegria sua, Mensagens noturnas, um toque de calor.

O bom dia matinal, da mãe, tão doce, Um fio invisível, ligando corações. Em cada gesto, cada palavra, o amor se conhece, Sou amado por todos, em diversas expressões. C.B

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Despertar

Ao despertar, mergulho em conversa franca, Duas horas passam, como um abraço longo. Minha amiga, em cuidado, traz café e lanche, Rodeada de amor, meu coração se alonga.

Intensidade define esta jornada nova, Primeira semana, medicamentos na mão. Emoções, como ondas, fluem sem prova, Entre o bem-estar e a dor, o coração.

Almofadas verdes, presente da irmã querida, Acolhem-me num mar de esmeralda e calma. Músicas profundas, ouvidos cativam, a vida, Cochilo suave, minha alma se embala.

Na tela, um programa, mas minha mente, Absorta em reflexões, não se rende à TV. Observo as mãos, estáveis, presentes, E imagino-me, no mar, livre e de fé.

Mensagens de amigos, convites calorosos, Presença desejada, em show ou na conversa. Amor que se mostra em gestos amorosos, Nem sempre em palavras, mas sempre imersa.

Quem amo, talvez distante, silencioso, Mas o amor transborda em cada detalhe. Na quietude deste momento, grandioso, Sinto-me amada, num abraço universal.

C.B

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A Coragem

Na manhã que me pediram coragem, Vacilei, resisti, mas a tive ao final. E, no entanto, agora, um arrependimento vagueia, Pois sua sombra paira sobre mim. A coragem, uma escolha desafiadora,

Que naquele instante, relutante, abracei. Mas oh, como desejo recuar, E desfazer o passo que então tracei. Pois dentro desse ato de bravura, Sinto o peso de uma decisão impetuosa.

E ainda assim, mesmo em desgosto, Percebo o alívio que trouxe à minha alma angustiada. Permanecer no desconforto teria sido fácil, Mas à custa de minhas noites de sono, À custa de minha paz interior. Então, por mais doloroso que seja agora, A coragem, talvez, fosse o único caminho. - C.B