Floresta, de Amelia Biagioni
FLORESTA
Minha sombra
minha paixão
minha razão
meu relâmpago
me disseram
que existem no universo quatro fomes
Minhas fomes
me gritaram
que o universo não se acalma com gemidos
mas com atos
Meus atos
me mostraram
que o universo é um obscura floresta errante
onde todo movimento é caçada.
Bosque
Mi sombra
mi pasión
mi razón
mi relámpago
me dijeron
que hay en el universo cuatro hambres
Mis hambres
me gritaron
que el universo no se calma con gemidos
sino con actos
Mis actos
me mostraron
que el universo es un oscuro andante bosque
donde todo movimiento es cacería.
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A Letra Muda, de Alejandro Félix Raimundo
A LETRA MUDA
Dizem que depois de ter terminado sua obra
Deus viu escrito em algum lugar a palavra orror
então, para disfarçar a inquietude que esta lhe causava
decidiu inventar o h
mas, ao chegar a primeira noite em que
se sentou para considerar alguns detalhes de sua obra
sua consciência, que recém começará a se desdobrar
não pode pronunciar essa letra.
La letra muda
Dicen que después de haber terminado su obra
Dios vio escrita en algún lado la palabra orror
entonces, para disimular la inquietud que ésta le causaba
decidió inventar la h
pero, al llegar la primera noche en la que
se sentó a considerar algunos detalles de su obra
su conciencia, que recién comenzaba a desdoblarse
no pudo esa letra pronunciar.
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[6 transcriações sobre um "haicai" do Yone Noguchi]
Meu labor atual como pessoa interessada em tradução e criação literária tem sido os poemas do Yone Noguchi, em especifico os 84 haicais de seu livro "Japaneses Hokkus". O livro é, em resumo, morno, mas eu apontaria diversos problemas deliciosos que eu venho encontrando e tratando de solucioná-los, ou compensá-los, da maneira mais acrobática possível.
Por exemplo, o senhor Noguchi toma certas liberdades. Liberdades demasiadas livres. Quem conhece haicai sabe que é um formato de poema escrito em terceto e com 5-7-5 respectivamente em cada verso. Pois bem, o sr. Noguchi sente-se livre para, em alguns poemas, não segui nenhum desses formatos. Alguns de seus haicais tem 4 versos, outros tem, no seu somatório silábico, mais do que 17 sílabas. Ele justifica-se no começo do livro, dizendo que “alguns desses poemas foram escritos na métrica das dezessete sílabas, e outros foram escritos mais livres de formas, mas o espírito do haicai, creio eu, corre por todos os poemas”. Não estou aqui pra julgar isso dele a fundo (ao menos não aqui, nesse post. Esse ano sai pela munganga edições esse livro dele e lá eu falarei mais sobre esses probleminhas talvez.), mas estou aqui pra apresentar 6 transcriações de um de seus "haicais".
Esse é o haicai de número 6 do livro, começa assim:
The faint shadow of the morning moon?
Nay, the snow falling on the earth.
The mist of blossoming flowers?
Nay, poetry smiling up the sky.
Como dá pra ver, é um haicai de 4 versos. E contém uma verve imagista muito bonita, se pensada com calma (coisa que só fui notar depois de ler trocentas vezes esse poema). Pois bem, eu disse acima que fiz uma transcriação, e isso se deve pelo fato d'eu não tomar as mesmas liberdades que o sr. Noguchi, mas liberdades diferentes. Como assim? Ora, a começar por a língua inglesa ter predominantemente palavras de uma ou duas sílabas, enquanto que no português as palavras contém em sua maioria três ou mais sílabas, logo seria quase impossível manter esse capricho nas imagens com a mesma contagem silábica de um haicai. Por isso chamei minhas versões de transcriações: pois são mais recortes, de dois versos geralmente, as vezes até três, contidos no poema. E por isso muitas versões também, pra tentar dar um norte fragmentário ao leitor do texto original, mesmo que seja mais uma leitura em estilhaço do que um texto similar ao original. Enfim. Nas 6 versões a seguir eu tentei seguir o padrão de terceto em todos os poemas, no esquema 5-7-5. Em alguns, beberiquei da liberdade do senhor Noguchi, mas não tanto, tendo alguns poemas não o esquema 5-7-5, mas o somatório total de sílabas resultando em 17 (que é o somatório de sílabas de um haicai).
Outra coisa é que essas minhas transcriações tenham algo de errado, mas isso se deve ao fato d'eu não conseguir achar muitos textos pra referenciar na tradução, i.é. textos que tratassem da tradução de haikai do inglês pra português; textos que tratassem de tradução em si, e por ai vai, mas se alguém souber de algum texto/livro/palestra sobre o assunto, por favor me mande <3
Enfim, sem enrolar, as versões:
1
És a débil sombra
Da lua auroral? Não, neve
És, caindo na terra.
2
És bruma de flores
Nascidas? Não, és poema
Sorrindo ao céu.
3
Sobre as cãs que no
Solo caiam a tíbia
Sombra da lua crástina.
4
Terra alva de neve
Sobre ti bruma de flores
Rebentas a rir
5
Débil é a sombra
Da lua auroreal sobre
O alvo chão de neve
6
Branco chão – parca
Lua sob a aurora –
Revoada de flores novas
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2 poemas de joaquín pasos
Muta parola
Aqui estão as palavras e eu quero ser protegido delas
Porque todas elas escondem sob seus casacos uma criança morta
E seu rosto é terrivelmente florido com um bigode e um par de óculos.
Pois o pior do mundo é uma palavra: dita ou desdita.
Não deixe-a vir, aquela palavra chinesa, amarela e amarela;
Aquela palavra em esperanto, camaleônica como a Sociedade das Nações;
Aquela palavra espanhola que soa aos ouvidos ocidentais como o badalo miúdo de uma igreja missionária em San Francisco.
Todas elas têm uma coloração suja;
as palavras russas, — sarapintadas como neve ensanguentada;
as francesas, — guardanapos com manchas de vinho e mel;
as alemãs de óxido de ferro;
as italianas com o som roto das cordas de mandolim
e essas palavras inglesas, — excelentes para tudo que tenha movimento, exceto a vida!
Jogue-as fora, e dê ao homem o direito de falar sua própria língua, mesmo que desconhecida.
Tome de mim todo o léxico. Corte da minha língua qualquer língua.
E, nesta tarde, deixe-me ver as fotografias do branco livro do Silêncio.
Muta parola
Here are the words and I want to be protected against them
Because everyone of them hides under its coat a dead child
And its face is awfully flowered with a moustache and a pair of spectacles.
Because the worst on the world is a word: said or unsaid.
Don't let her come, that Chinese word, yellow and yellow;
That Speranto word, camaleonian like the League of Nations;
That Spanish word that sounds to western ears like the tiny bell of a mission church in San Francisco.
They all have a dirty color;
the Russian words, -- spotted like the bloody snow;
the French ones, -- napkins with drops of wine and honey;
the iron-oxide German ones;
the Italian mandoline's strings of rotten sound,
and these English words, -- good for all that means movement, but life!
Throw them away, and give to man the right to speak his own language, yet unknown.
Take from me the whole lexicon. Cut from my tongue any tongue.
And, this afternoon, let me see the pictures of the white book of Silence.
Tristes reflexões sobre felicidade
Ó Carinha feliz, seu chapéu está enrascado,
seus sapatos estão sorrindo
e você vive no Parque Alegre onde a Leda Viúva dança no carrossel,
neste lugar onde Felicidade não germina, mas é feita por máquinas,
mantida em caixas fotográficas,
comprimida em $ moedas,
coberta em contas bancárias — alegríssima alegria na coloridíssima cor de papier monnaie.
Os homens desejam ser animais e por isso vestem seus corpos com peles incalculáveis e as mulheres cantam e carregam penas pensando serem pássaros;
mas nenhum deles acredita em Humanidade e usam de Sorrisos e Linguagem como Marca Registrada da Espiritualidade,
e cá estão com todo entendimento o sorriso sofisticado,
esse sorriso carminado como chocolate esmaltado em pílulas de quinino
— os dentes
Ó Carinha feliz, uma vez que não se possa pipilar pelo buraco da fechadura nem andar no lombo do cavalo e nem ouvir um intermezzo sintônico sentirá que um acontecimento feliz está por vir,
e eu gosto dos funcionários dos correios, do apito das locomotivas, e dos aviões que partem.
Meu coração sobressalta cálidos desejos e eu os espalho em cartões postais de felicitações onomásticas
que mando aos meus amigos para fazê-los felizes igual a moça de um anúncio de revista.
Este é o caminho para a Felicidade.
Mas eu não acredito em barbas floridas, Carinha;
Mesmo assim você guarda uma pálida flor rosa como se fosse uma velha felicidade.
Sad reflexions on gaiety
O gay Guy, your hat is troubled,
your shoes are smiling
and you live in Joy Park where Merry Widow dances in the merry-go-round,
in this place where Joy does not grow but is made by machines,
kept in photographic boxes,
compressed in $ coings,
wrapped in bank-bills -- the most joyful joy in the most colorful color of papier monnaie.
Men wish to be animals and that is why they dress their body with priceless skins and women
sing and carry feathers thinking they are birds;
but anyone of them believes in Humanity and they use Smile and Language as the Trade Mark of Spirithood,
and here is with every acquaintance the sophisticated smile,
that rouged smile like chocolate enameled quinine pills
-- the teeth.
O gay Guy, once cannot pip through the keyhole nor walk on horse-back nor hear a sintonic intermezzo
without feeling that a merry event is coming,
and I like the postal clerks, the whistles of locomotives, and the leaving planes.
My heart is bumping hot desires and I spread them on post-cards for onomastic congratulations
that I send to my friends in order to make them happy like the magazine-announcement's young girl.
This is the way to Gaiety.
But I don't believe in flowered beards, Guy;
nevertheless you keep a pale-pink flower as if it were an old gladness.
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3 poemas de “A Book of Music”, do Jack Spicer.
IMPROVISAÇÕES SOBRE UMA FRASE DE POE
“Indefinição é um elemento da verdadeira música”.
A grandiosa concórdia do que
Não se curva por definição. A gaivota
Sozinha no cais grasnando a cabeça fora
De peixe nenhum, de nenhuma outra gaivota,
De nenhum oceano. Desprovida absolutamente de sentido
Igual uma trompa.
Nem mesmo é uma orquestra. Concórdia
Sozinha no cais. A grandiosa concórdia do que
Não se curva por definição. Nenhum peixe
Nenhuma outra gaivota, nenhum oceano — a verdadeira
Música.
IMPROVISATIONS ON A SENTENCE BY POE
"Indefiniteness is an element of the true music."
The grand concord of what
Does not stoop to definition. The seagull
Alone on the pier cawing its head off
Over no fish, no other seagull,
No ocean. As absolutely devoid of meaning
As a French horn.
It is not even an orchestra. Concord
Alone on a pier. The grand concord of what
Does not stoop to definition. No fish
No other seagull, no ocean - the true
Music.
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CANTATA
Ridículo
Como o espaço entre três violinos
Pode ameaçar toda nossa poesia.
Nos dispomos juntos como Lobinhos
num piquenique. Há uma algazarra.
Ameaças de chuva. Este momento de terror.
Estranho como todas as nossas crenças
Desaparecem.
CANTATA
Ridiculous
How the space between three violins
Can threaten all of our poetry.
We bunch together like Cub
Scouts at a picnic. There is a high scream.
Rain threatens. That moment of terror.
Strange how all our beliefs
Disappear.
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CANÇÃO FANTASMA
A in
capacidade de amar
A incapacidade
de amar
Amando
(Como todos os animaizinhos subindo a colina
juntos as pampas para escapar do bode e do tigre mau)
A incapacidade
Incapaz
(me diga por que nenhuma alva chama vem à terra
Quando relâmpagos atingem os galhos e os ramos secos)
Amando. Amando. Amando. A
In-
capacidade
(como se não houvesse mais nada nas montanhas exceto
àquilo de que ninguém quer escapar)
GHOST SONG
The in
ability to love
The inability
to love
In love
(Like all the small animals went up the hill
into the underbrush to escape from the goat and the bad tiger)
The inability
Inability
(tell me why no white flame comes up from the earth
when lightning strikes the twigs and the dry branches)
In love. In love. In love. The
In-
ability
(as if there were nothing left on the mountains but
what nobody wanted to escape from)
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+ lucille clifton
citações da tia margaret brown
Abraham Lincoln
tá igualzinho ao meu pai;
morto.
Homens brancos
caminhando por toda lua,
eles vão aonde eles querem.
Fale sobre Columbus,
qu'eu te conto quem descobriu
a América;
Martin Luther King
isso sim.
******
quotations from aunt margaret brown
Abraham Lincoln
just like my Daddy;
dead.
White men
just walking all on the moon,
he go where he want to go.
Talk about Columbus,
I tell you who discovered
America;
Martin Luther King
that’s who.
******
a poeta tem trinta e dois
ela sabe da coisas tanto
quanto os ratos,
o som do gato
o aroma do queijo
onde os buracos estão,
ela está confortável
abraçando paredes
se estremece sobre
a luz
e deixará desastre
quando puder.
******
the poet is thirty two
she has such knowledges as
rats have,
the sound of cat
the smell of cheese
where the holes are,
she is comfortable
hugging the walls
she trembles over herself
in the light
and she will leave disaster
when she can.
******
para prissly
garota
igual a uma coisa selvagem
se continuares com teu jeito amoroso
se não parares de se preocupar e temer
e notar coisas
e entender coisas
o povo irá te chamar de louca.
******
for prissly
girl
looking like a wild thing
if you keep on your loving way
if you don’t stop caring and fearing
and noticing things
and understanding things
people gone call you crazy
******
Mãe,
aqui estão os poemas
que você nunca escreveu
aqui estão as plantas
que você nunca cuidou,
tudo que sou
sou por ele
tudo que faço
faço por você.
******
Dear Mama,
here are the poems
you never wrote
here are the plants
you never grew,
all that i am
i am for him
all that i do
i do for you.
******
Querida
Te enviei sua caixa
como prometido
e espero que você goste
coloquei atum porque
você gosta deixe
seu quarto limpo (sorriso) e
estamos bem só
sinto muita saudade tua
meu bebê
não se apaixone por
estranhos
escreva quando você tiver tempo e
seja uma boa menina pra sua
Mãe.
******
Dear
I have sent you your box
as promised
and hope you like it all
I put in tuna fish because
you like it keep
your room clean (smile) and
we are all alright only
I misses you so much
my baby
don’t fall in love with no
stranger
write when you have time and
be a good girl for your
Mama
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lucille clifton - what the mirror said
o que o espelho diz
escuta,
vc é uma maravilha.
vc é uma cidade
de uma mulher.
vc tem uma geografia
só tua.
escuta,
alguém precisa de um mapa
pra te entender.
alguém precisa de coordenadas
para se mover ao teu lado.
escuta,
mulher,
você não é uma garota
anônima
de nenhures;
o homem com as mãos sobre ti
ele tem as mãos
sobre
uma pessoa
fuderosa!
listen,
you a wonder.
you a city
of a woman.
you got a geography
of your own.
listen,
somebody need a map
to understand you.
somebody need directions
to move around you.
listen,
woman,
you not a noplace
anonymous
girl;
mister with his hands on you
he got his hands on
some
damn
body!
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joaquín pasos
Tormenta
Nosso vento furioso grita pelas palmeiras gigantes
surdos bramidos descem do céu incendiados com línguas de leopardos
nosso vento furioso cai do alto.
O golpe do seu corpo sacode as raízes das grandes árvores
saem do chão os escaravelhos
as serpentes machos.
Nosso vento furioso segue seu caminho molhado
é o suco escuro da tarde que bebem os touros selvagens
é o castigador do campo.
Os homens ouvem em silêncio os gemidos do ar
com a alma quebrada, o corpo ao alto
os pés e a cara de barro.
As índias jovens saem ao pátio, rasgam suas camisas
oferecem ao vento seus seios nus, que ele se encarrega de afiar como vulcões.
* * * * *
CEMITÉRIO
A terra aborrecida dos homens que roncam
é aquela habitada pelos pássaros pobres,
pelas galinhas que comem pedras
as corujas que bramem de noite.
Uma gaiola de areia, uma urna de lodo
é a terra aborrecida dos homens que roncam.
Uma xícara negra, uma jarra seca,
um carvão, uma merda, uma concha.
Na terra aborrecida dos homens que roncam
onde vivem os pássaros tristes, os pássaros surdos,
as plantações de pedras, os semeados de vassouras.
Protejam os escaravelhos, cuidem dos sapos
o tesouro de esterco dos pássaros pobres.
Os pássaros enfermos, os vestidos de sombra,
os que habitam a terra dos homens que roncam.
Tenho uma triste lembrança dessa terra sem horas,
a picada dos pássaros, a que se desmorona.
Com morcegos me persegue à noite
seu horizonte de barro e sua lua de brenha.
Na terra aborrecida dos homens que roncam
se fez pedra meu sonho, e depois se fez pó.
* * * * *
GRANDE POEMA DO AMOR FORTE
Meu amor está com as asas abertas sobre o mar.
— Encostas, águas e espumas.
Meu amor brilha como as águas sobre as águas.
O mar é redondo.
O mar é pequeno.
Meu amor é uma alga marinha.
Meu amor é como um pássaro.
Meu amor é uma pérola de luz que cresce com a manhã.
Quero semear uma árvore com esta ilusão que tenho.
Eu quero um céu grande como um quintal para deixar
resvalar meu amor.
Sobre trilhos de vento.
Meu amor é azul e claro.
Quero fazer florescer esta rosa em broto.
Que tenho semeada no bolso.
Sol, sol! sol!
E água.
Meu amor é um menino esbelto dentro de uma jaqueta.
Eu o agarro e o ponho sobre a mesa como um boneco
e ele vive com seus olhos imensos.
Meu amor é uma criança que imita a buzina do carro.
Pela rua, eu levo meu amor como uma cobra faceira,
amarrada no pescoço por um fio,
e ela se abraça a rua
e desenha a silhueta do terreno.
Cresce, cresce, pompa de sabão.
Seriguela na ponta de um ramo maduro,
garrafa do vidreiro,
balão de fumaça na boca de uma criança.
Tudo. Porque é esférico completamente
e envolve tudo.
E porque está cerrado sem junta.
Deixa que a bolota do meu amor,
brinque nos degraus da escada
e caia na água do teu lago.
(Meu amor, é fresco e suave como a languidez dos teus cabelos.)
Meu amor, mulher, é como tu mesma.
Por que essa flor explodiu?
Meu amor está com as asas abertas sobre o mundo.
Meu amor brilha como o mundo sobre o mundo.
Meu amor é redondo.
O mundo é pequeno?
— Meu amor é um mundo.
* * * * *
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alguns poemas da lola ridge
Dedicatória
(P/ minha Mãe)
Deixe qu’eu me embale de volta
Na escuridão
Das meias formas...
Dos placentários começos...
Deixe-me atiçar o attar do ar esperdiçado.
Elusivo... ironicamente fragrante
Como o lenço de uma rainha morta...
Deixe-me soprar o pó de ti...
Ressuscitar tua respiração
Pousada flácida como um leque
Na mão de uma rainha morta.
dedication
(To my Mother)
Let me cradle myself back
Into the darkness
Of the half shapes...
Of the cauled beginnings...
Let me stir the attar of unused air,
Elusive... ironically fragrant
As a dead queen's kerchief...
Let me blow the dust from off you...
Resurrect your breath
Lying limp as a fan
In a dead queen's hand.
* * * * *
O BECO
Por você ter quatro anos
a vela está toda trajada com um novo frufru.
E estrelas acenam para ti através do furo na cortina,
(exceto os grandes planetas rijos
muito gordos para se moverem tanto,)
você reverencia as estrelas de volta
quando ninguém está olhando.
Você sente pena da pobre cadeira de madeira
que sabe que não é bom se sentar nela,
e ninguém está triste, a não ser mamãe.
Você não gosta da mamãe triste
quando tem quatro anos,
então você finge
finge gostar do chá dourado e amargo —
você finge
que se você não bebê-lo muito rápido
um peixinho dourado
irá pensar que é uma lagoa
e virá a nascer nela.
: :
É quente a nossa rua
e a brisa é uma vassourinha suja
que varre o pó no nosso quarto
e os pedacinhos de papel do beco.
Você não pode brincar
com as crianças no beco
Mas você deve ser muito educada —
então você passa por elas e diz bom dia
e quando elas atiram cascas de banana
você atira elas de volta.
: :
Não há com quem brincar
e as moscas na janela
zunindo e zunindo...
...você pode puxar as pernas delas
e colocar alfinetes nos seus corpos
mas elas ainda ficam zunindo...
e mamãe diz:
Quando Nero era um garotinho
ele pegava moscas na janela da mãe
e puxava as pernas delas
e prendia alfinetes nos seus corpos
e ninguém amava ele.
Zunindo, moscas de pança azul —
zunindo, roda preta e nojenta
da máquina da mamãe —
você é a maior mosca de todas —
você tem o zunido mais alto.
Te ouço na aurora antes dos grilos.
Mas eu gosto do retrato do Dilúvio
e os bebezinhos se afogando...
Se você estivesse lá eu os teria salvo,
mas como não posso salvá-los
gosto de vê-los
se afogando.
: :
Quando mamãe compra do Ling Ho,
ele sorri
e pega pra ela as maiores nespereiras.
Os homens-verdes dão a ela um repolho
E ela o segura contra seu corpete preto
e diz mas que belo verde ele tem
e o põem sobre a mesa
como se fosse uma flor.
Mas no outro dia, cozinhamos e o comemos com sal.
Era o nosso jantar.
: :
Dia do Natal
Encontrei Janie no meu travesseiro.
Janie é feita de borracha,
Sua jaqueta azul e vermelha não sai.
O jantar de Natal foi verde e branco
frango e alface e ervilhas
e doses de óleo na salada
sorridente e cheia de luz
como ouro nos dentes da senhorita.
Mas mamãe diz gentilmente
Obrigada, mas vamos jantar fora.
Ela não deixava você pega uma ervilha
para colocar no buraco onde estava o apito
na nuca da Janie
para que Janie pudesse jantar algo
Então você foi ao parque com biscoitos
e chá preto em uma garrafa.
: :
Você se sente muito triste
quando sobe na cerca
para ver mamãe ao longe.
As mulheres no beco
prostram as cabeças pela porta
e a veem também.
Eu reconheço ela
pelo seu jeito de sustentar os ombros
até que seja somente um borrão
em uma correnteza de borrões—
até que ela seja engolida.
Mas suponha
que dia após dia
você está atenta ao rosto dela
e ela não volta?
Suponha
que era para ela cair do cordão de rostos brancos
como a pérola da minha corrente
que eu nunca achei de novo?
: :
Mabel cuida de você enquanto mamãe está fora,
ela lava enquanto canta
Três ratos cegos!
todos fugiram da mulher do fazendeiro
que cortou suas caudas
com uma faca de trinchar—
O vento sopra os lençóis de Mabel,
do jeito que você sopra num saco antes de estourá-lo.
O vento tem um cheiro ensaboado.
É o sol mais pesado
que deita sobre você sem peso nenhum
e te faz se sentir feliz
e engelhada como água borbulhante.
Não há sol na casa vazia —
casa de aspecto arteiro —
você não enxerga por suas janelas
que te observam pelos cantos.
Talvez uma grande aranha esteja lá
fiando linhas cinzas sobre as janelas
até que elas pareçam com o rosto de gente morta...
Jimmie diz:
O cabelo de Jimmie é branco como um ratinho branco
Seus cílios são dourados como a aliança da mamãe
e sua boca parece calma e macia
como uma flor molhada de chuva.
Você não acreditaria que Jimmie é diferente...
até que ele lhe mostrou...
: :
Cegos lençóis molhados
brandindo nas linhas...
sol nos teus olhos,
sol dourado-escuro
pleno de pontinhos pretos,
você tem que piscar e piscar...
olhos redondos de Jimmie...
macacão azul de Jimmie...
sombra azul na parede...
todo o mundo imóvel
como quando o relógio para...
ruas imóveis... gente imóvel...
nenhuma rua... nenhuma gente
apenas o céu e a parede...
sol brilhando forte como Deus
sob você e Jimmie...
sombra como um tecido violeta
arrastando da parede...
Selvagens lençóis molhados
brandindo no vento...
grandes chinelos nos pés brandindo também...
grande rosto de balão
correndo para o beco...
casas fechando de novo...
janelas parecendo redondas...
... Mabel te puxa pro portão e te sacode
e diz para você não dizer pra mamãe...
e você pensa
se Deus estragou Jimmie.
THE ALLEY
Because you are four years old
the candle is all dressed up in a new frill.
And stars nod to you through the hole in the curtain,
(except the big stiff planets
too fat to move about much,)
and you curtsey back to the stars
when no one is looking.
You feel sorry for the poor wooden chair
that knows it isn’t nice to sit on,
and no one is sad but mama.
You don’t like mama to be sad
when you are four years old,
so you pretend
you like the bitter gold-pale tea—
you pretend
if you don’t drink it up pretty quick
a little gold-fish
will think it is a pond
and come and get born in it.
: :
It’s hot in our street
and the breeze is a dirty little broom
that sweeps dust into our room
and bits of paper out of the alley.
You are not let to play
with the children in the alley
But you must be very polite—
so you pass them and say good day
and when they fling banana skins
you fling them back again.
: :
There is no one to play with
and the flies on the window
buzz and buzz…
…you can pull out their legs
and stick pins in their bodies
but still they buzz…
and mama says:
When Nero was a little boy
he caught flies on his mama’s window
and pulled out their legs
and stuck pins in their bodies
and nobody loved him.
Buzz, blue-bellied flies—
buzz, nasty black wheel
of mama’s machine—
you are the biggest fly of all—
you have the loudest buzz.
I hear you at dawn before the locusts.
But I like the picture of the Flood
and the little babies getting drowned….
If I were there I would save them,
but as I can’t save them
I like to watch them
getting drowned.
: :
When mama buys of Ling Ho,
he smiles very wide
and picks her the largest loquots.
The greens-man gave her a cabbage
and she held it against her black bodice
and said what a beautiful green it was
and put it on the table
as though it had been a flower.
But next day we boiled and ate it with salt.
It was our dinner.
: :
Christmas day
I found Janie on my pillow.
Janie is made of rubber.
Her red and blue jacket won’t come off.
Christmas dinner was green and white
chicken and lettuce and peas
and drops of oil on the salad
smiley and full of light
like the gold on the lady’s teeth.
But mama said politely
Thank you, we are dining out.
She wouldn’t let you take one pea
to put in the hole where the whistle was
at the back of Janie’s head,
so Janie should have some dinner
So you went to the park with biscuits
and black tea in a bottle.
: :
You feel very sad
when you climb on the fence
to watch mama out of sight.
The women in the alley
poke their heads out of doorways
and watch her too.
You know her
by the way she holds her shoulders
till she is only a speck
in a chain of specks—
till she is swallowed up.
But suppose
that day after day
you were to watch for her face
and it didn’t come back?
Suppose
it were to drop out of the string of white faces
like the pearl out of my chain
I never found again?
: :
Mabel minds you while mama is out,
she washes while she sings
Three blind mice!
they all run away from the farmer’s wife
who cut off their tails
with a carving knife—
Wind blows out Mabel’s sheets,
way you blow in a bag before you burst it.
Wind has a soapy smell.
It’s heavier’n sun
that lies all over you without any weight
and makes you feel happy
and crinkly like bubbling water.
There’s no sun on the empty house—
sly-looking house—
you can’t see in its windows
that watch you out of their corners.
Perhaps there’s a big spider there
spinning gray threads over the windows
till they look like dead people’s faces….
Jimmie says:
Jimmie’s hair is white as a white mouse.
His lashes are gold as mama’s wedding ring
and his mouth feels cool and smooth
like a flower wet with rain.
You wouldn’t believe Jimmie was different…
till he showed you….
: :
Blind wet sheets
flapping on the lines…
sun in your eyes,
dark gold sun
full of little black spots,
you have to blink and blink…
round eyes of Jimmie….
Jimmie’s blue jumper…
blue shadow of wall…
all the world holding still
as when a clock stops…
streets still… people still…
no streets… no people…
only sky and wall…
sun glaring bright as God
down at you and Jimmie…
shadow like a purple cloth
trailing off the wall…
Wild wet sheets
flapping in the wind…
big slippered feet flapping too…
big-balloon-face
rushing up the alley…
houses closing up again…
windows looking round…
… Mabel pulls you in the gate and shakes you
and tells you not to tell your mama…
And you wonder
if God has spoiled Jimmie.
* * * * *
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Luís Omar Cáceres [1904 - 1943]
Omar Cáceres foi um poeta chileno que, por conta da sua vida e morta misteriosa, tornou-se a figura de um “poeta maldito”.
Publicou somente um livro durante vida: “Defensa de Ídolo” (1934), com prólogo de Vicente Huidobro, que causou grande impacto na época, por conta do seu conteúdo vanguardista. Na impressão da primeira tiragem, vendo o número enorme de erratas nos exemplares, Omar tomou todos os exemplares que pode e os queimou numa fogueira. Por sorte, alguns exemplares não foram queimados e, em 1996, o poeta Pedro Lastra reeditou o livro.
Sua morte é confusa: Na primeira semana de setembro de 1943, seu corpo foi encontrado com a cabeça quebrada e os bolsos fazia numa zona rural próxima de Santiago, no Chile. Alguns falam que ele foi assassinado, outros dizem que se suicidou.
***
ILUMINAÇÃO DO EU
Chorando suas brunidas densidades
ao redor das tardes iguais, simultâneas,
aqui está o magro, difícil dia se apresenta,
fiel a seu ritmo adusto, puro, subjugado.
Suas infinitas folhas, que assinalam intensamente o limite,
desde onde emerge reverdecido de lados profundos,
giram sobre minha jovem vontade, amorosa e viril,
assim como cantando eu o dizia esta manhã.
Porque estou aqui, oh monumento de luz,
sempre pra ti inclinado, estrangeiro de mim mesmo,
presto a tua súbita irradiação de espadas,
fixo à tua altiva significação de espectro,
oh luz de solidões direitas, de inflexíveis alturas e equatoriais sucessos.
E bem,
começa a rodar esta perfeição em tua planura,
posso agora dizer tudo, recolher tudo:
irrompe, surge, desta lâmpada, aos pedaços,
noturno poema que eu escrevo com letras imprecisas,
noite de azulada tormenta, oh retidão incomparável.
Eu sou aquele que domina essa extensão gozosa,
aquele que vela o sono dos amigos,
aquele que esteve sempre pronto,
aquele que dobra essa fatiga que adelgaça todos os espelhos.
Agora surpreendo meu rosto na água dessas despedidas profundas,
nos biombos destes últimos soluços,
porque estou detrás de cada coisa
chorando o que levaram de mim mesmo.
E amo o calor desta carne dolorosa que me ampara,
a sombra sensual desta tristeza nua que roubei dos anjos,
o anel da minha respiração, recém lavrado...
És tudo que resta, oh ansiedade.
Descola, então, em meus soluços teus profundos chumbos de sossego,
acelera essas chamas, essas altas disciplinas,
essa ordem que sorri nos meus joelhos,
mórbida luz de todos os sinos.
Nem um só pensamento, oh poetas,
os poemas EXISTEM,
nos aguardam!
***
SEGUNDA FORMA
Diante do teu espelho não poderias te suicidar:
és igual a mim porque me amas
e na hábil mortalha de raiva incorporas
a exatidão crescente do meu espírito.
Indócil à esse augusto e veloz deserto,
encontras, padeces uma morte nova;
ao abandono da tua própria leveza assistes,
como um manancial rindo da sua pena.
Então descendo a tua exígua e extrema realidade, a tua firmeza,
desentendido de rancores e passos deste mundo;
cruzando a pálida paisagem dos desejos olvidados,
sacudido de memórias, de inclementes e efêmeros despojos, te turvo de paixão.
Uma estrela cega finca sua diversidade no nosso ser,
exatamente até seu espelho sem travas, alcançando-o;
ondeando um só coração de infinito à infinito, é dizer,
até o dia que se acostumaram à seus dois reis de vidro!
***
5.
Paisagem infinita,
minha solidão flor desesperada,
ascende até o som mais alto.
Nu,
minha atmosfera iluminada, moeda que não entrego,
se sacodem as noites assombradas
e recolho os astros nos meus olhos como frutos
instantâneos.
Acima, o beijo sangrento nas labaredas do vento.
Ah, os horizontes
anéis impossíveis.
Amanhecer de caminhos sonoros que se cruzam,
seu nome ainda golpeia o duro rosto do silêncio.
Contenho, não obstante, as palavras,
o salto estrelado dos seus mundos,até que um dia crave em meu sonho
os-ci-lan-do
como uma espada!
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antologia das músicas que me mataram um pouco part. 1
Vida & Morte na Praia
I.
Ontem à noite, eu dirigi até Harper’s Ferry e pensei em ti
haviam placas na estrada que me avisavam de placas de pare
o limite de velocidade ia diminuindo em dez
enquanto estávamos a meio caminho de entrar na cidade
estava quase chovendo na estação de trem
arremessamos pedras no rio
o rio sob os trilhos do trem
E quando o trem veio ele era tão grande e poderosos
quando ele surgiu na estaçãozinha
eu quis abraçar o trem
mas o condutor olhou engraçado pra mim
então tivemos que dar tchau e ir embora
o tabuleiro de monopoly ainda no banco de trás
levou aquele pesadelo faltando um turno para sair da cidade
correndo pelos limites de velocidade decrescente de novo
O que eu devo fazer? Tomar café da manhã
O que eu devo fazer? Almoçar
O que eu devo fazer? Jantar
O que eu devo fazer? Ir pra cama
Pra onde devo ir? Pro mercado
Pra onde devo ir? Procurar emprego
Pra onde devo ir? Ver um amigo
Pra onde devo ir? Ir pra cama
Escrevi morte na praia quando pensei que você estava sendo levada
Escrevi funeral na praia quando soube que levaram você
Escrevi viados da praia, e bem não era sobre você
mas podia ter sido. Bem não não poderia
Passei uma semana em Ocean City
e voltei para descobrir que você tinha partido
Passei uma semana Illinois
e voltei para descobrir que você ainda estava desaparecida
Fingi que tava bêbado quando sai pra ver meus amigos
Nunca sai pra ver meus amigos
Estávamos todos em S-----
e eu ri e mudei de assunto
ela disse “qual é a dessa estampa de cachorro”
e eu disse “você tem algo contra
cães”
Eu quase que completamente não tenho alma
Eu sou incapaz de ser humano
Eu sou incapaz de ser desumano
Estou vivendo incontrolavelmente
Deve ser antidepressão
como um amigo meu sugeriu
porque não é a tristeza que te machuca
é a reação cerebral contra você
Não é suficiente amar o irreal
Sou inseparável do impossível
Quero que a gravidade pare para mim
Minha alma tem saudades por um foragido das leis da natureza
Quero uma cutscene
Quero um corte do teu rosto para o meu
Quero um corte quero
o próximo vídeo relacionado
Eu não quero enlouquecer
Eu não quero ter esquizofrenia
O oceano lavou teu túmulo
II.
Ontem à noite sonhei que ele tentava te matar
Acordei e eu estava tentando te matar
Faz um ano que nos conhecemos
Eu não sei se somos namorados ainda
Você tem algum crime que
nós podemos usar para matar o tempo estou
ficando sem drogar para tentar
Nós dissemos que odiamos humanos
Nós queríamos ser humanos
Pegue comida coma pegue mais comida coma pegue
mais comida coma
Um livro da arte de Aubrey Beardsley
me corrompeu quando mais jovem
agora estou preso dentro da minha juventude
e você está apaixonada por jovens quase velhos
Obrigado deus pelas coisas pequenas e e
foda-se deus se eles são pequenas coisas estou
ficando sem preces para cantar
E logo logo vou encontrar uma jovem massa
e satanista com aparelhos e um
capital ou Outro significante
e você pode leva-lo para a casa da sua mãe e
dizer mainha, esse é meu mano
Nós dissemos que odiamos humanos
Nós queríamos ser humanos
Pegue comida coma pegue mais comida coma pegue
mais comida coma
Seja comido por aquele que tu ama
quando eles colocam os lábios ao seu redor
você pode sentir o sorriso deles de dentro
III.
Ontem à noite sonhei que ele tentava te matar
Acordei e eu estava tentando te matar
Seus ouvidos se enfeitaram
Eu me enfeitei quando seus ouvidos se enfeitaram
você estava tudo ao redor
e eu pensei que fosse pra mim
pensei que você estava usando seus sonares pra mim
Os antigos o viram chegar
você pode ver que eles tentaram avisá-los
nas fábulas que eles contavam para seus filhos
mas eles caíram das suas cabeças pela manhã
Eles dizem que sexo pode ser assustador
mas as crianças não estão ouvindo
e as crianças cortaram tudo
com exceção dos beijos e das canções
quando eles finalmente acharam sua casa
nos estúdios W--- D-----
e então todos cresceram
com seus esquemas fundamentais fudidos
mas existem muitos peixes no mar
existem muitos peixes em ternos de negócios
que falam e andam em pés humanos
e visitam médicos, e tem joelhos fracos
oh por favor me deixe entrar no seu culto
eu pintarei meu rosto nas tuas cores
você tem um rosto realmente bonito
eu tive uma morte precoce
O oceano lavou seu túmulo
O oceano lavou seu túmulo
(como está teu rosto? como está teu corpo?)
(NÓS ESTAMOS COM MUITO MEDO PRA FAZER ALGUMA MERDA)
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Peter Orlovsky (1933 -2010)
Peter Orlovsky, também conhecido como o boy do Ginsberg, foi um poeta e ator.
Cresceu na pobreza, tendo que, bem jovem, largar o colégio para ajudar sua família a se manter.
Conheceu Ginsberg quando estava servido de modelo para o pintor Robert La Vigne, em dezembro de 1954. Até esse momento de sua vida, não havia pensado ainda em se tornar poeta, mas com o incentivo de Ginsberg, Peter começou a escrever em 1957 enquanto viajava por Paris junto ao próprio Allen.
Viajou com diversos beats por todo o mundo - Oriente Médio, África, India, Europa. E manteve um relacionamento aberto com Ginsberg até sua morte, em 1997.
Publicou 3 livros solo - Dear Allen, Ship will land Jan 23, 58 (1971); Lepers Cry (1972) e Clean Asshole Poems & Smiling Vegetable Songs (1978) (reprinted 1992) - e um em conjunto com Allen Ginsberg: Straight Hearts' Delight: Love Poems and Selected Letters (with Allen Ginsberg) (1980). Também participou de diversas antologias e revistas, além de aparecer em alguns filmes, como Couch (1965), do Andy Warhol.
Notei que sua obra, apesar de pouca, é totalmente ofuscada pela figura-mor do Ginsberg. Seus poemas são bastante escassos também pela internet, foi uma pequena odisséia conseguir essa seleção de poemas:
§
NOTA BIOGRÁFICA
“Minha biografia é: nasci em julho de 1933. Cresci com pés sujos & risos. Não podia suportar a poeira então tirei meu nariz. Problemas na escola: sempre pensando sonhando tristes problemas mistérosos. Sai da escola no meio do último trimestre & me perdi trabalhando na enfermaria escorregadia d’um Hospital Psiquiátrico de idosos. Amo pretzles & não lembro mais dos sonhos. Alguém por favor me compre uma montanha com uma caverna no topo. Eu não faro mais. Queria ser fazendeiro fui pro ensino médio por isso & trabalhei duro, duro, te conto, trabalhei muito, você ficaria espantado. Fiz levantamento de peso com paradas de ônibus. Tenho que aproveitar bacon queimado com ajuda das mãe. Fito meus pés muitão & preciso me disfazer das pranóicas nuvens repintinas. Curto esfregar assoalhos, limpando vomito de gato. Curto nandar m‘baixo d’água. Quero a lua por diversão. Comecei a curtir o estado em branco da mente, especialmente no banho. Nesse verão comecei a curtir moscas fazendo coscas no meu nariz & no rosto. Exijo que mijo seja vendido no mercado, isso ajudaria as pessoas a conhecerem umas azoutras. Q.I 90 na escola, agora Q.I especializado é milhares.”
Peter Orlovsky
No livro: The New American Poetry 1945 - 1960
§
PIRMEIRO POEMA
Um arco-íris vem desaguando na minha janela, estou eletrizado.
Canções estouram do meu peito, todos os meus choros param, mestério preenche o ar.
Olho para os meus sopatos debaixo da cama.
Uma colorida mulher gorda se torna minha mãe.
Não tenho nenhum dente falso ainda. De repente dez crianças sentam no meu colo.
Minha barba cresce em um dia.
Bebo uma garrafa oda de vinho de olhos fechados.
Desenho no papel e sinto com se tivesse dois anos de novo. Quero que todo mundo fale comigo.
Esvazio o lixo na meza.
Convido milhares de garrafas para meu quarto, chamo eles depercevejos de Junho.
Uso minha máquina de escrever como travesseiro.
Uma colher se torna um garfo diante dos meus olhos.
Vagabundos me dão todo o seu dinheiro.
Tudo que preciso é de um espelho para o resto da minha vida.
Meus premeiros cincos de vida vivi num galinheiro sem bacon o suficiente.
Minha mãe me mostrava seu rosto de bruxa à noite e contava histórias de barbas azuis.
Meus sonhos me levantaram da cama.
Sonhei que pulava na boca de uma arma para lutar com uma bala.
Conheci Kafka e ele pulou sobre um prédio para ficar longe de mim.
Meu corpo se transformou em açúcar, derramado no chá encontrei o significado da vida
Tudo que eu precisava era de tinta para ser um menino negro.
Ando pela rua à procura de olhos que acariciem meu rosto.
Cantei em elevadores acreditando que estava indo pro paraíso.
Saí no 86ºandar e andei pelo corredor procurando por bundas frescas.
Meus gozos se transformaram em um dólar de prata na cama.
Olho pela janela e não vejo ninguém, desço para a rua, olho pra janela e não vejo ninguém.
Então eu falei com o hidrante, perguntando “Você tem lágrimas maiores do que as minhas?”
Ninguém por perto, mijo em qualquer lugar.
Minha trombeta de Gabriel, minha trombeta de Gabriel: revelam-se os ânimos, meu júbilo fresco.
24 Nov 1957, Paris
FRIST POEM
A rainbow comes pouring into my window, I am electrified.
Songs burst from my breast, all my crying stops, mistory fills
the air.
I look for my shues under my bed.
A fat colored woman becomes my mother.
I have no false teeth yet. Suddenly ten children sit on my lap.
I grow a beard in one day.
I drink a hole bottle of wine with my eyes shut.
I draw on paper and I feel I am two again. I want everybody to
talk to me.
I empty the garbage on the tabol.
I invite thousands of bottles into my room, June bugs I call them.
I use the typewritter as my pillow.
A spoon becomes a fork before my eyes.
Bums give all their money to me.
All I need is a mirror for the rest of my life.
My frist five years I lived in chicken coups with not enough
bacon.
My mother showed her witch face in the night and told stories of
blue beards.
My dreams lifted me right out of my bed.
I dreamt I jumped into the nozzle of a gun to fight it out with a
bullet.
I met Kafka and he jumped over a building to get away from me.
My body turned into sugar, poured into tea I found the meaning
of life
All I needed was ink to be a black boy.
I walk on the street looking for eyes that will caress my face.
I sang in the elevators believing I was going to heaven.
I got off at the 86th floor, walked down the corridor looking for
fresh butts.
My comes turns into a silver dollar on the bed.
I look out the window and see nobody, I go down to the street,
look up at my window and see nobody.
So I talk to the fire hydrant, asking "Do you have bigger tears
then I do?"
Nobody around, I piss anywhere.
My Gabriel horns, my Gabriel horns: unfold the cheerfulies,
my gay jubilation.
Nov. 24th, 1957, Paris
§
MINHA CAMA ESTÁ COBERTA DE AMARELO
Minha cama está coberta de amarelo – Ó sol, eu sento em ti
Ó campo dourado eu deito em ti
Ó dinheiro eu sonho contigo
Mais, e mais, chora a cama – fale mais comigo –
Ó cama que suportou o peso do mundo –
todos os sonhos perdidos deitam em ti
Ó cama que não cresce cabelo, que não pode ser fodida
ou pode ser fodida
Ó cama migalhas de todas as idades espalhadas em ti
Ó cama amarela marche para o sol ‘nde tua jornada estará completa
Ó 22 kg de cama que suporta mais 181 kg –
Quão forte tu és
Ó cama, apenas para homens & não para animais
Cama amarela quando os animais terão direitos iguais?
Ó cama de 4 pernas construída para sempre neste chão
Ó cama amarela todas as notícias do mundo
Deitam-se em ti uma hora ou outra
1957, Paris
My Bed is Covered Yellow
My bed is covered yellow - Oh Sun, I sit on you
Oh golden field I lay on you
Oh money I dream of you
More, More, cried the bed - talk to me more -
Oh bed that taked the weight of the world -
all the lost dreams laid on you
Oh bed that grows no hair, that cannot be fucked
or can be fucked
Oh bed crumbs of all ages spiled on you
Oh yellow bed march to the sun whear yr journey will be done
Oh 50 lbs. of bed that takes 400 more lbs-
how strong you are
Oh bed, only for man & not for animals
yellow bed when will the animals have equal rights?
Oh 4 legged bed off the floor forever built
Oh yellow bed all the news of the world
lay on you at one time or another
1957, Paris
§
Haikai do Gato
O gato vomitando por todos os quartos
É o meu paraíso limpar o vômito
Bem! Cá estou na cidade agradando o piso
Cat Haiku
Cat throughing up in all the rooms
Is that my heaven to clean up vomit
Well! Here I am in the city tickling floors
§
Muitas cadeiras são sozinhas
no mundo
Many chairs are alone in the
world
§
Quando algo e nada
são misturados juntos
você tem alguma coisa
When something and nothing
get mixed together
you get anything
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+ Robinson Jeffers
Robinson Jeffers. Nasceu em 10 de Janeiro de 1887, em Allegheny, Pennsylvania. Era um homem isolado dos holofotes, viveu de modo solitário, escrevendo sobre os diferentes aspectos da natureza, do selvagem.
Escrevia majoritariamente em verso livre; isso fez com que a cena literária da época ficasse chocada com sua escrita, carregada de filosofia Nietzcheana.
Não aceitava a ideia de métrica como parte fundamental de um poema, pois era algo imposta pelo homem e não era parte fundamental da sua natureza.
Cunhou o termo Inumanismo [inhumanism], a crença de que a humanidade é deveras auto-centrada em si própria e muito indiferente à "estonteante beleza das coisas.", mas sua maneira de pensar ou sentir não é pessimista ou misantropa, mas sim instintiva, de modo a satisfazer nossa necessidade de admirar grandezas e alegrar-se com a beleza das coisas.
Influenciou muita gente, como Gary Snyder, Mark Jarman e William Everson. Bukowski dizia que ele era um dos seus poetas favoritos.
Jeffers morreu aos 75 anos, em Carmel, California
§
REFLUXO DO OCASO
O oceano não ficava tão quieto assim há muito tempo, cinco garças noturnas
Voam pela enseada, mudas na quietude do ar
Sobre a calma de um refluxo que quase espelha suas asas.
O sol já se foi, e a água também,
Junto aos arrecifes vestidos de algas, mas o longínquo muro nublado cresce. O
refluxo murmura.
Grandes sombras nubladas flutuam na água opalina.
Pelas gretas no biombo do mundo, ouro pálido rutila, e o ocaso
Constela de súbito planando como uma lamparina voadora.
Como se nós não tivemos destinados a vê-la; ensaiando atrás
Do biombo do mundo para outra plateia.
EVENING EBB
The ocean has not been so quiet for a long while; five night-herons
Fly shorelong voiceless in the hush of the air
Over the calm of an ebb that almost mirrors their wings.
The sun has gone down, and the water has gone down
From the weed-clad rock, but the distant cloud-wall rises. The
ebb whispers.
Great cloud-shadows float in the opal water.
Through rifts in the screen of the world pale gold gleams, and the
evening
Star suddenly glides like a flying torch.
As if we had not been meant to see her; rehearsing behind
The screen of the world for another audience.
§
O TÚMULO DE SHAKESPEARE
“Doggerel[1]”, ele pensou, “vai ser feita aos párocos,
A poesia é preciosa o suficiente para não ser desperdiçada,”
E rimou tudo isso com um sorriso desenquadrado:
‘Poupe este pescoço. Maldiçoado seja aquele que mexer em meus ossos-
Que andará de mãos dadas com os pedreiros e coveiros.’
Mas porque o bom homem ligaria? Ele queria pois quietude.
Havia saboreado bastante a vida em seu tempo
Para entupir um mil; ele não queria nada vasto
Pelas águas, nem divagar no ar enorme,
Nem crescer em relva, entrando pelas bocas do rebanho
Os corpos de luxuriosas mulheres e guerreiros,
Mas tudo estaria acabado. Ele comovidamente sabia; o jogo
Dos círculos rodopiantes havia se tornado maçante.
‘Aniquilação é impossível, mas insulada
Na igreja sob o mosaico rimado
Talvez minhas ruínas apaixonadas possam ser mantidas fora do mercado
Até o fim desta idade. Oh, mil anos
Irão dificilmente coar,” ele penso, “a poeira deste fogo.”
Doggerel,' he thought, 'will do for church-wardens,
poetry's precious enough not to be wasted,'
And rhymed it all out with a skew smile:
'Spare these stones. Curst be he that moves my bones-
Will hold the hands of masons and grave-diggers.'
But why did the good man care? For he wanted quietness.
He had tasted enough life in his time
To stuff a thousand; he wanted not to swim wide
In waters, nor wander the enormous air,
Nor grow into grass, enter through the mouths of cattle
The bodies of lusty women and warriors,
But all be finished. He knew it feelingly; the game
Of the whirling circles had become tiresome.
'Annihilation's impossible, but insulated
In the church under the rhyming flagstone
Perhaps my passionate ruins may be kept off market
To the end of this age. Oh, a thousand years
Will hardly leach,' he thought, 'this dust of that fire.'
1-Doggerel é um tipo de verso de modo natural e irregular, frequentemente usado em poemas de natureza humorística ou burlesca
§
BELEZA DIVINAMENTE SUPÉRFLUA
A tempestuosa dança das gaivotas, a brincadeira de ladrar das focas,
Sobre e sob o oceano...
A beleza divinamente supérflua
Rege as brincadeiras, preside os destinos, fazem as árvores crescerem
E edifica colinas, rebenta ondas.
A incrível beleza da alegria
Constelam com fogo a junção dos lábios, Ó deixe que nossos amores
Juntem-se também, não há uma donzela
Ardendo e sedenta por amor
Mais do que meu sangue por ti, pelo litoral das focas enquanto as asas
Tricotam como um teia no ar
A beleza divinamente supérflua.
DIVINELY SUPERFLUOUS BEAUTY
The storm-dances of gulls, the barking game of seals,
Over and under the ocean...
Divinely superfluous beauty
Rules the games, presides over destinies, makes trees grow
And hills tower, waves fall.
The incredible beauty of joy
Stars with fire the joining of lips, O let our loves too
Be joined, there is not a maiden
Burns and thirsts for love
More than my blood for you, by the shore of seals while the wings
Weave like a web in the air
Divinely superfluous beauty.
§
O PENSAMENTO DO CRIADO
Por que ouvir, se até mesmo a água chora por algo.
O vento oeste está morto, as ondas
Esqueceram de odiar o penhasco, nos cânions altiplanos
Encostas inteiras rebentam inflamadas
Com o varrer doirado. Querida, como choveu no mês passado,
Cada poça rodeada
Com o pólen sulfúreo dos pinhos despertos.
Agora, de súbito, altos e delgados
Os caules das íris lilases flamejam à margem do riacho,
Os lapisados nas colinas;
As ervas daninhas se estremecem com ouro, as tulipas brancas
Desabrocham suas borbulhas sedosas,
Mas na próxima ravina, as campânulas acenam, e elas
Escaldadas por alguma saudade tórrida
Mal conseguem exibir suas patas pontiagudas à espera
Do amor, mas elas apaixonam-se por uma flor;
Conchas vazias na rocha, aves comparsas, as mariposas voando duplicadas.
Ó, agora é a nossa hora
Uma boca faiscando na outra, emaranhando nossos corpos de criados
Fazendo este incêndio florescer.
THE MAID'S THOUGHT
Why listen, even the water is sobbing for something.
The west wind is dead, the waves
Forget to hate the cliff, in the upland canyons
Whole hillsides burst aglow
With golden broom. Dear how it rained last month,
And every pool was rimmed
With sulphury pollen dust of the wakening pines.
Now tall and slender suddenly
The stalks of purple iris blaze by the brooks,
The penciled ones on the hill;
This deerweed shivers with gold, the white globe-tulips
Blow out their silky bubbles,
But in the next glen bronze-bells nod, the does
scalded by some hot longing
Can hardly set their pointed hoofs to expect
Love but they crush a flower;
Shells pair on the rock, birds mate, the moths fly double.
O it is time for us now
Mouth kindling mouth to entangle our maiden bodies
To make that burning flower.
§
MÚSICA NATURAL
A velha voz do oceano, o cochicho dos pequenos rios,
(O inverno os deu ouro por prata
Para manchar suas águas e laminou o verde por marrom para alinhar suas margens)
De diferentes gargantas entoando uma só linguagem.
Então acredito que se fôssemos fortes o bastante para ouvir, sem
As divisões do desejo e do terror,
À tempestade das nações enfermas, à ira das cidades castigadas pela fome,
Ouvir essas vozes que também poderiam ser encontradas
Limpas como as de uma criança; ou como a respiração d’alguma garota que dança sozinha
À beira-mar, sonhando com amores.
NATURAL MUSIC
The old voice of the ocean, the bird-chatter of little rivers,
(Winter has given them gold for silver
To stain their water and bladed green for brown to line their banks)
From different throats intone one language.
So I believe if we were strong enough to listen without
Divisions of desire and terror
To the storm of the sick nations, the rage of the hunger-smitten cities,
Those voices also would be found
Clean as a child's; or like some girl's breathing who dances alone
By the ocean-shore, dreaming of lovers.
0 notes
[+excertos do poema Songs to Joannes, da Mina Loy + um outro poema dela]
XIV.
Hoje
Eterno passando evidente imperceptível
Para você
Eu trago a virgindade nascente de
— Mim mesma para o momento
Sem amor ou a outra coisa
Apenas o impacto de corpos luminosos
Soltando faíscas entre si
No caos
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XVI.
Deveríamos ter vivido juntos
Nas luzes do Arno
Ou ido roubar maçãs debaixo do mar
Ou brincando de
Esconde-esconde apaixonados e nas artimanhas
E uma canção de ninar em uma lata
E Conversando até que não existisse mais línguas
Para se falar
E nunca conhecer nada melhor
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XVII.
Eu não ligo
Pra onde as pernas das pernas da mobília estão andando
Ou o que está escondido nas sombras em que elas passam
Ou o que me veria
Se as persianas não estivessem fechadas
Vermelho uma cor quente no campo de batalha
Peso nos meus joelhos como uma coberta
Conta contador
Contei a franja da toalha
Até que duas borlas se agarraram
Dei xe o quarto quadrado se esvair
De um vácuo redondo
Dilatando junto a minha respiração
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
XX
Deixe a Alegria ir com asas de consolação
Alvoroçar a quem ela interessar-se
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
XXI
Eu estoco noites contra você
Pesadas com pesadelos de flores caladas
-----------
Pilha de meios-dias
Enrolado ao solitário
Núcleo do
Sol
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
XXIV
A procriadora verdade do Eu
Acaba-se
Em pestilentas
Lágrimas
Pequenas luxúrias e lucidezes
E religiosas mentiras
Atrapalhadas com o hediondo azedume Do teu sorriso
de esquina
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
XXVI
Derrubando nossas promiscuidades triviais
De olhos fendidos
Nós andamos de esguelha
Para Natureza
— — — essa pornógrafa irada
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
XXVIII
Os passos seguem para sempre
E eles são brancos
E o primeiro passo é o último branco
Para sempre
Conclusões Coloridas
Cheiram a sintética
Brancura
Da minha
Emergência
E estou bastante queimada de branco
Na climatérica
Retirada do teu sol
E vontade e palavras todas brancas
Sufocam
Uma monotonia ilimitada
Branco Onde não há nada para ver
Exceto uma toalha branca
Limpando o suor cimófano
— Névoa surge do viver—
Do teu
Corpo estiolado
E a branca aurora
Do teu Novo Dia
Cai sobre mim
Impensável que o branco bem ali
— — — É fumaça da sua casa
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XXIX
Evolução queda tola da
Igualdade sexual
Lindamente mal calculada
Similitude
Seleção desnatural
Parentesco tais filhos e filhas
Assim como empacado um ao outro
Criptônimos Ininterpretáveis
Sob a lua
Dê-lhes algum modo de bradar brandamente
Por chamados carinhados
Ou para soluços homófonos
Transporem a risada
Deixe-os pensar que lágrimas
São campânulas-brancas ou melaço
Ou qualquer coisa
Que as insuficiências humanas
Imploram à espinha dorsal
Deixe o encontro ser a virada
Para a antípoda
E Forma um borrrão
Qualquer coisa
Que os seduza
Para que um
Como uma simples satisfação
Para o outro
Deixe-os se chocarem
Com suas incógnitas
No orgasmo sísmico
Por muito mais
Diferenciação
Em vez de assistir
Sua própria distorção
Vacilando no ego alienígena
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XXX
Em alguns
Plágios pré-natal
Bufões fetais
Pregam peças
— — — — —
Da arquetípica pantomima
Encordoando emoções
Enrolando-as no ar
— — — —
Para os cegos olhos
Que a Natureza nos conhece e
A maioria da Natureza é verde
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XXXI
Crucificação
De um corpo ocupado
Desejando interferir assim
Com as intimidades
Da sua insolente isolação
Crucificação
De um ego ilegal
Eclosão
Na tua equilibrada
Cariátide de uma ideia
Crucificação
Braços naufragados
Indexando extremidades
Em vácuo
Para a queda ilesa.
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XXXIV
Amor — — — o literateur preeminente
***
Não há Vida ou Morte,
Apenas atividade
E no absoluto
não há declividade.
Não há Amor ou Luxúria
Apenas propensão
Quem irá se apodera
É uma inexistência.
Não há Primeiro ou Último
Apenas igualdade
E quem irá governar
Juntara-se à predominância.
Não há Espaço ou Tempo
Apenas intensidade,
E as coisas mansas
Não tem imensidão.
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[excertos do poema Songs to Joannes, da Mina Loy]
I.
Ovas de Fantasias
Sedimentam o aprazível
Porco Cupido seu focinho rósea
Farejando lixo erótico
“Era uma vez”
Arranca uma erva branca e coberta de estrelas
Entre aveia silvestre costurada na membrana mucosa
Eu faria um olho num fogo de artifício
Eternidade em um foguete
Constelações em um oceano
Cujos rios não correm mais frescos
Do que um filete de saliva
Estes são lugares suspeitos
Devo viver na minha lanterna
Aparando a subliminar centelha
Virginal aos pulmões
Da experiência
Vidro colorido
*****************************************
III.
Nós poderíamos ter nos acoplado
No monopólio acamado de um momento
Ou na carne arrebentada um com o outro
Na profana mesa de comunhão
Onde vinho é derramado em lábios promíscuos
Nós poderíamos ter dado à luz a uma borboleta
Com os jornais
Impressos com sangue nas suas asas
*****************************************
IV.
Uma vez num mezanino
O teto estrelado
Abobadando uma família inimaginável
Como pássaros abortados
Co m gargantas humanas
E olhos de Sabedoria
Que vestiam vestidos vermelhos em forma de abajur
E
Cabelos lanosos
Um deu à luz a um bebê
Em um porta-bebê acolchoado
Amarrado com uma fita de tafetá
Às suas asas de ganso
Mas para as abomináveis sombras
Eu teria vivido
Entre seus temíveis mobiliários
P a r a ensiná-los a me contar seus segredos
Antes que eu os adivinhasse
– varrendo a ninhada para fora
*****************************************
V.
A Meia-noite esvazia a rua
De todos exceto nós
Três
Estou indecisa quanto ao caminho de volta
À esquerda um menino
— Uma asa foi lavada na chuva
A outra nunca mais estará limpa —
Tocando campainhas para lembrar
Àqueles que estão aconchegados
À direita um aureolar ascético
Fia as casas
Sondando feridas nas almas
– Os pobres não se lavam com água quente —
E eu não sei em qual esquina devo dobrar
Desde que você conseguiu uma casa só tua — primeiro
*****************************************
VII.
Meu par de pés
Esmagam as lajes
Que são algo que sobrou da sua caminhada
O vento acumula a escuma da rua branca
Nos meus pulmões e narinas
Exuberantes pássaros
Prolongando voo dentro da noite
Nunca a alcançando -----------
*****************************************
VIII.
Eu sou o invejoso armazém de toco de velas
Que acendeu seu adolescente aprendizado
-----------------
Atrás dos olhos de Deus
Deve haver
Outras luzes
*****************************************
XI.
Querido À sua mercê
Nosso Universo
é apenas
Uma cebola incolor
Você desnuda
Camada por camada
Sobrando só
Um desencorajador odor
Sobre suas mãos nervosas
**************************************
XIII.
Vem cá Tem algo
Que eu tenho que te contar E não posso contar
Algo ganhando corpo
Algo que tem um novo nome
Uma nova dimensão
Um novo uso
Uma nova ilusão
É o ambiente E está nos teus olhos
Algo brilhante Algo só pra você
Algo que não devo ver
Está nos meus ouvidos Algo muito ressonante
Algo que você não deve ouvir
Algo só pra mim
Vamos ser muito invejosos
Muito suspeitos
Muito conservadores
Muito cruéis
Ou nós podemos dar um fim aos empurrões das aspirações
Desorbitar egos inviolados
Onde dois ou três estão soldados juntos
Eles se tornarão deus
-----------------
Oh está certo
Mantenha longe de mim Por favor me empurre
Não deixe-me te entender Não me compreenda
Ou nós podemos cambalhotar juntos
Despersonalizados
Idênticos
Dentro do terrífico Nirvana
Eu você – você – eu
*****************************************
[peguei o original daqui]
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um poema do jack spicer sobre o robinson jeffers e um poema do robinson jeffers
Traduzindo Language, do Jack Spicer, dou de cara com um poema sem titulo, que mencionava um tal de Jeffers. Fui pesquisar. Achava eu que seria o nome de algum lugar litorâneo ou algo similar, mas era o nome de um poeta: Robinson Jeffers. Instantaneamente me interessei por ele, ao ver na barra de “pesquisas relacionadas” o nome de Walt Whitman, Marianne Moore, Williams Carlos Williams e Gary Snider.
Procurei feito um maluco por alguns poemas dele e achei vários. Mas algumas poucas dezenas traduzidos para português. Então resolvi traduzir alguns poemas dele, e é o que estou fazendo.
Abaixo o poema do Spicer que menciona o Jeffers, e um poema do Jeffers que foi quase uma porrada no meu coração:
***
Uma floresta de sequoias não é invisível à noite. A penumbra cobre ela mas ela cobre a penumbra.
Se eles tivesse transformado o Jeffers em um estacionamento a morte teria sido eliminada, e o nascimento idem. Luzes brilham 24 horas por dia em um estacionamento.
A conservação de verdade é o esforço de um artista e de um homem privado de manter as coisas verdadeiras. As árvores e os penhascos em Big Sur respiram no escuro. Jeffers conhecia a dor da sua respiração e a dor era a morte da respiração do primogênito.
A morte não é derradeira. Somente os estacionamentos.
//////////////
A redwood forest is not invisible at night. The blackness covers it but it covers the blackness.
If they had turned Jeffers into a parking lot death would have been
eliminated and birth also. The lights shine 24 hours a day on a parking
lot.
True conservation is the effort of the artist and the private man to
keep things true. Trees and the cliffs in Big Sur breathe in the dark.
Jeffers knew the pain of their breath and the pain was the death of a
first-born baby breathing.
Death is not final. Only parking lots.
***
DE RERUM VIRTUTE
I.
Eis aqui o crânio de um homem: os pensamentos e emoções de um homem
Que foram para debaixo da fina abóbada craniana, como nuvens
Sob o azul: amor e desejo e dor,
Tempestuosas nuvens de cólera e brancas ventanias de medo
Suspensas aqui dentro: e às vezes o curioso desejo de saber,
Valores e propósitos e a causa das coisas,
Costeavam como um pequeno aeroplano observado por sobre as imagens
Que recheavam essa mente: Nunca chegou a descobrir muito,
E agora está completamente vazia, uma bolha óssea, uma casca de ovo desabrochada.
II.
É assim que se parece: pois o ovo também tem uma mente,
Fazendo o que nossa apta química nunca fará,
Construindo o corpo de um ovíparo, escolhendo dentre as proteínas:
Estas para os jovens músculos das asas, aquelas para os seus grandes
Olhos cristalinos, estas para os nervos volúveis e o cérebro:
Escolhendo e formando: uma inteligência limitada porém super-humana,
Profética com o futuro e ciente do passado:
O ovo do falcão fará um falcão, e o ovo da serpente,
Uma serpente escorregadiça: mas cada um com uma pequena diferença
De seus antepassados — e, se funcionar, lentamente aquela raça
Irá formar uma nova raça: Isso também faz parte do plano
Dentro do ovo. Acredito que a primeira célula viva
Tinha ecos do futuro nela, e ela sentia
Os rumos e os grandes animais, as florestas de verde profundo
E os rastros da baleia no mar; acredito que esta terra global
Não só por acaso e sorte levou suas crias adiante,
Mas por sensações e escolhas. E a Galáxia, esta roda de fogo
Em que estamos presos, o turbilhão de estrelas no qual nosso sol é um grão de areia,
um elétron, esse gigantesco átomo do universo,
Não é somente um força cega, mas algo que preenche sua vida e maquina seus rumos. “Todas as coisas estão repletas de Deus.
O inverno e o verão, o dia e a noite, a guerra e a paz são Deus.”
III.
Assim a coisa se mantem; a labuta e os jogos continuam —
Pelo que? Pelo que? — Eu sou o Deus que eu deveria conhecer?
Homens vivem com paz e felicidade; homens vivem com horror
E morrem uivando. Você acha que o caloroso sol
É ignorante e que os resíduos negros e a cegueira indigente o seguem como cães de caça,
E você o terá por último? Ele será estrangulado
Entre seus satélites mortos, rememorando sua magnificência.
IV.
Estou sobre o penhasco na boca do rio de Sovranes.
À oeste, para além das águas furiosas e do ombro curvo do mundo
A amarga e fútil guerra na Coréia continua, como um idiota
Profetizando. Está muito quente na mente
De qualquer pessoa para ver beleza nisso, exceto talvez a de Deus. Na realidade é difícil ver beleza
Em qualquer ato do homem: mas isso quer dizer que os atos de um micróbio doente
Em um satélite de um grão de areia rodopiando em um turbilhão
Em um mundo de estrelas...
Algo talvez deva vir dele; em qualquer evento
Ele não consegue durar em demasia — Bom: Eu ando sem paciência
Desde que minha esposa morreu... e essa era de rancor e com meio mundo cheio de ódio
Até o tutano. Acredito que o homem também é belo,
Mas é difícil ver isso, ainda mais quando embrulhado em falsidades. Michelangelo e os escultores gregos—
Como eles embelezaram o povo! Homero e Shakespeare—
Como eles embelezaram o povo!
V.
Uma luz nos resta: a beleza das coisas, não dos homens;
A imensa beleza do mundo, não do mundo humano.
Olhe — e sem imaginar, desejar ou sonhar — diretamente
Para as montanhas e o mar. Elas não são bonitas?
Esses cumes mergulhadores e pico com forma de labareda
Parando a estupenda glória sombria, a tempestade que alimenta o oceano? Olhe para as Rochas de Lobos no litoral,
Com escuma voando em seus flancos, e os compridos leões marinhos
Caminhando sobre elas. Olhe para as gaivotas nos ventos das falésias,
E o altivo falcão sob a correnteza das nuvens —
Mas também no deserto de artemisias, todo um sol arrasado
Da cor de poeira, ou na rançosa floresta tropical,
Ou no intolerante norte e nos altos tronos de gelo — a terra não é bela?
Nem mesmo os grandes céus sobre a terra?
A beleza das coisas significam a virtude e o valor delas.
Está nos olhos do espectador, e não no mundo? Com certeza.
Está na tradução da mente humana da intrínseca glória
Transumana. Isso quer dizer que o mundo é som,
Seja lá o que o micróbio doente faça. Mas ele faz parte disso.
//////////////
De Rerum Virtute
I.
Here is the skull of a man: a man’s thoughts and emotions
Have moved under the thin bone vault like clouds
Under the blue one: love and desire and pain,
Thunderclouds of wrath and white gales of fear
Have hung inside here: and sometimes the curious desire of knowing
Values and purpose and the causes of things
Has coasted like a little observer air-plane over the images
That filled this mind: it never discovered much,
And now all’s empty, a bone bubble, a blown-out eggshell.
II.
That’s what it’s like: for the egg too has a mind,
Doing what our able chemists will never do,
Building the body of a hatchling, choosing among the proteins:
These for the young wing-muscles, these for the great
Crystalline eyes, these for the flighty nerves and brain:
Choosing and forming: a limited but superhuman intelligence,
Prophetic of the future and aware of the past:
The hawk’s egg will make a hawk, and the serpent’s
A gliding serpent: but each with a little difference
From its ancestors—and slowly, if it works, the race
Forms a new race: that also is a part of the plan
Within the egg. I believe the first living cell
Had echoes of the future in it, and felt
Direction and the great animals, the deep green forest
And whale’s-track sea; I believe this globed earth
Not all by chance and fortune brings forth her broods,
But feels and chooses. And the Galaxy, the firewheel
On which we are pinned, the whirlwind of stars in which our sun is one dust-grain, one electron, this giant atom of the universe
Is not blind force, but fulfils its life and intends its courses. “All things are full of God.
Winter and summer, day and night, war and peace are God.”
III.
Thus the thing stands; the labor and the games go on—
What for? What for? —Am I a God that I should know?
Men live in peace and happiness; men live in horror
And die howling. Do you think the blithe sun
Is ignorant that black waste and beggarly blindness trail him like hounds,
And will have him at last? He will be strangled
Among his dead satellites, remembering magnificence.
IV.
I stand on the cliff at Sovranes creek-mouth.
Westward beyond the raging water and the bent shoulder of the world
The bitter futile war in Korea proceeds, like an idiot
Prophesying. It is too hot in mind
For anyone, except God perhaps, to see beauty in it. Indeed it is hard to see beauty
In any of the acts of man: but that means the acts of a sick microbe
On a satellite of a dust-grain twirled in a whirlwind
In the world of stars ....
Something perhaps may come of him; in any event
He can’t last long. —Well: I am short of patience
Since my wife died ... and this era of spite and hate-filled half-worlds
Gets to the bone. I believe that man too is beautiful,
But it is hard to see, and wrapped up in falsehoods. Michael Angelo and the Greek sculptors—
How they flattered the race! Homer and Shakespeare—
How they flattered the race!
V.
One light is left us: the beauty of things, not men;
The immense beauty of the world, not the human world.
Look—and without imagination, desire nor dream—directly
At the mountains and sea. Are they not beautiful?
These plunging promontories and flame-shaped peaks
Stopping the sombre stupendous glory, the storm-fed ocean? Look at the Lobos Rocks off the shore,
With foam flying at their flanks, and the long sea-lions
Couching on them. Look at the gulls on the cliff wind,
And the soaring hawk under the cloud-stream—
But in the sage-brush desert, all one sun-stricken
Color of dust, or in the reeking tropical rain-forest,
Or in the intolerant north and high thrones of ice—is the earth not beautiful?
Nor the great skies over the earth?
The beauty of things means virtue and value in them.
It is in the beholder’s eye, not the world? Certainly.
It is the human mind’s translation of the transhuman
Intrinsic glory. It means that the world is sound,
Whatever the sick microbe does. But he too is part of it.
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POETRY AS MAGIC, do Jack Spicer.
Depois de passar uma temporada lamuriosa de um ano e meio, entre 1955 e 1956, em Nova York (onde Spicer conheceu o Frank O’Hara, mas ambos não foram um com a cara do outro, muito menos com a poesia) e Boston, Jack Spicer retorna para San Francisco. Durante essa tal temporada, Jack perdeu a explosão Beat, que agora assolava a cidade. Na realidade, de certa maneira, ele teve relação com essa explosão, levando em conta que ele foi um dos co-fundadores da Six Gallery e foi lá onde Allen Ginsberg fez a primeira leitura de Howl.
Jack estava meio perdido – ele sempre teve um azar típico: quando achava de sua poesia precisava de novos ares, ares maiores para comportar sua grandeza, ele resolvia se mudar de cidade, porém, não se encaixava na vida nova e voltava pra onde havia saído, mas toda vez que regressava, tudo havia mudado drasticamente (isso aconteceu na vida dele quando ele saiu de Berkeley pra Minnesota e voltou pra Berkeley, e nesse caso de agora com San Francisco - Nova York/Boston - San Francisco) –, porém a cidade estava inspiradora, e Jack ficou oxigenado: San Francisco estava repleta de poetas, músicos, escritores de ficção e artistas visuais. Foi ai que surgiu a ideia de fazer uma oficina de poesia, que para ele “não seria um curso lecionando técnicas ou ensinando ‘como escrever’”, mas “um grupo explorando as práticas da nova escola mágica, que é melhor representada no trabalho do Lorca, Artaud, Charles Olsos e Robert Duncan.”
Para o Jack Spicer sua oficina seria algo pouco ortodoxo, enviesado numa coisa mais intrínseca, pessoal e bastante experimental. Ele dizia que: “minha oficina de poesia vai se chamar — Poesia como Mágica,” [...] A minha ideia principal até agora é que Houdini é a figura do poeta e que tradução é como roubar no poker.” A Biblioteca Pública cedeu uma sala pra a realização das oficinas, onde em todas as noites de terças, entre meados de fevereiro até o fim de maio, do ano de 1956, aconteceram o “Poetry as Magic”, aqui traduzido como “Poesia como Mágica”. As turmas seriam limitadas a 15 pessoas. Por conta dessa restrição, Jack teve a ideia de fazer um “questionário” onde os candidatos iriam responder a uma série de perguntas mirabolantes e extraordinárias, tais como “ Qual estrela se parece mais com você” ou “Qual seu livro favorito da Bíblia?”.
********************************************
oficina: “poesia como mágica”
Este questionário não é, em nenhum sentido, designado para indicar se você pode ou não escrever poesia. Já que a oficina é limitada para 15 pessoas, eu devo ter algum guia quanto a qual de vocês iria mais se beneficiar com o conteúdo específico desta oficina. Algumas destas questões podem parecer bizarras ou sem sentido, mas será muito útil se você responder todas elas da maneira mais precisão possível.
Uma lista dos aprovados será publicada na quinta-feira, 21 de fevereiro, no Quadro de Boletins da Biblioteca e no Centro de Poesia, S.F. State College, Juniper 4-2300, Ext; 251.
I. POLÍTICA
1) Qual sua música política favorita?
_______________________________________________________
2) Se você tivesse a chance de eliminar três figura políticas da face da terra, quais você escolheria?
1 – ___________________________________________________
2 – ____________________________________________________
3 – ____________________________________________________
3) Qual grupo político, slogan, ou ideia no mundo atual tem mais a ver com Mágica?
E com Poesia?
____________________________________________________________
4) Quem foi o Partidão?
____________________________________________________________
II. RELIGIÃO
1) Qual destas figuras representa ou representou as visões próximas das suas? Qual é a mais distante? Jesus, Imperador Juliano, Diógenes, Buda, Confúcio, Marcos Aurélio, Lao Tse, Sócrates, Dionísio, Apolo, Hermes Trismegisto, Li Po, Heráclito, Epicuro, Apolônio de Tiana, Simão Mago, Zoroastro, Maomé, A Deusa Branca, Cícero.
Qual a figura mais próxima? ____________________________
Qual a figura mais distante? ____________________________
2) Classifique este conjunto de figuras do mesmo jeito. Calvin, Kierkegaard, Suzuki, Schweitzer, Marx, Russell, São Tomas de Aquino, Lutero, Santo Agostinho, Santayana, O Bombardeio Louco, Marquês de Sade, Yeats, Gandhi, William James, Hitler, C.S. Lewis, Proust.
Qual a figura mais próxima? ____________________________
Qual a figura mais distante? ____________________________
3) Qual seu livro favorito da Bíblia? ____________________________
III. HISTÓRIA
1) Estime uma data para os eventos ou pessoas a seguir:
Platão _______ Buda _________ A Batalha de Waterloo _____
Dante _____ A Invenção da Prensa _____ Nero _____
Chaucer _____ A Unificação da Itália _____ Joana D’Arc _____
2) Escreva em um parágrafo sobre como a queda de Roma afetou a poesia moderna.
IV. POESIA
1) Se você estivesse editando uma revista com orçamento ilimitado, quais poetas você chamaria para contribuírem pra revista?
V. PESSOAL
1) Nome: Endereço:
Idade: Sexo: Cidade:
Telefone: Altura: Peso: Casado(a) ou Solteiro(a):
2) Qual animal se parece mais com você?
3) Qual inseto se parece mais com você?
4) Qual estrela se parece mais com você?
5) Que carta de um baralho comum (ou de um Tarô) representa
o absoluto dos seus desejos?
o absoluto dos seus medos?
6) Escreva a piada mais engraçada que você conhece.
VI. PRÁTICA
RESPONDA UMA DAS QUESTÕES OU AMBAS
1) Em qualquer um dos três poemas a seguir, preencha os espaços em branco com o número de palavras que você quiser (incluindo nenhuma) tentando fazer um poema completo e satisfatório. Não altere nenhuma das palavras ou pontuações já existentes e nem acrescente mais linhas.
2) Invente um sonho onde você aparece com um poeta.
I
Com as gengivas desaparecida ......................
estamos ................... E embora o nariz seja .................. nada,
o olho...........................
E agora o ..................................
Do radiador ........................... chão
é..............................., a mesma linha
que se erguer
.......................... crianças
Você vai contar ..........................
Você vai ficar no meio deles,
Você saberá ..................., você vai ouvi-los
no estreito ...................
II
No ............................ infinito de
Neve, ....................... sal
Ele perdeu sua..................
A cor branca. Ele caminha
sobre um tapete feito .........................
..............................
Sem olhos ou polegares
Ele sofre .....................
Mas o .......................... estremece
No....................... infinito
Quão .......................... é a ferida
Que .................... deixou.
Neve,................ Sal..................
No ...................... infinito.
III.
Garça de raiz azul, ......................................... lago onde
......................................... canção, como eu sem viajar
Levando ........................... para descansar, alado pássaro d’água
E burro com a música ......................................
Eu estou em frente à margem do mar, como ele sem viajar
..............................., pendurado nas asas ......................... .
Doído por voar, por ................................................
Estou ................................... e então descanso.
Eles,................., não irão nos caçar
A carne d ...................... é .............................. e isso é burro.
O som de um flecha, a mira de um caçador
....................................................... como uma vida sem asas.
Então vamos morrer pela morrer só é movimento
E morrer só irá fazer essas garças voarem.
......................... que sem asas .................................. oceano
.................................... morrem.
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