Tumgik
maimind · 4 years
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Fama na internet e o real peso da consequência.
A figura de influenciador pode não ter credibilidade e por muitos não é considerada nem uma profissão real. Com a ascensão das redes sociais nos últimos anos, veio o surgimento das (os) influencers, chamados pejorativamente de "blogueirinhas". Essas são pessoas com um grande número de seguidores em suas redes sociais, muitos deles já estavam na internet há mais tempo exercendo outras atividades, alguns youtubers como Pc Siqueira, Cauê Moura e Pathy dos Reis, que participaram do início de toda interação virtual existente nos dias de hoje, são atuais influencers.
Nos primórdios das redes sociais ter um número de público considerado grande não era sinônimo de dinheiro, as marcas ainda não enxergavam toda potência que interações em sites como twitter e mais tarde, instagram, poderiam possuir. A imagem do influencer está atrelada ao seu "tamanho" dentro do mundo virtual, qual é o alcance de público que essa pessoa tem, assim eles conseguem os famosos "jobs".
Assim que conseguem atingir grandes marcas através de um público grande e fiel, esse influencer se transforma numa personagem cibernética com vida pública. Na tentativa de manter seu público, esse influencer adota certo comportamento e o repete, se tornando um personagem caricato e seus seguidores podem ver o show a hora que quiserem. As redes sociais são umas das coisas, na minha opinião, mais tóxicas da vida contemporânea porque fazem com que as pessoas percam noção do que é concreto e nessas situações, sentem que têm o controle das pessoas que assistem e que interagem.
Você mesmo pode notar que tem a sensação de conhecer muito bem os youtuber que assiste apenas pela vida virtual que ele(a) expõem, as postagem no instagram e vídeos, você está tão acostumado com isso que é quase uma série, se sente parte daquele meio. Se o padrão de vídeos e postagens é quebrado não demora para que os antigos seguidores se sintam incomodados, reclamem nos comentários de qualquer postagem em qualquer rede que seu personagem preferido não é o mesmo, está mudando, que preferiam antes. É a sensação de estar com o controle remoto na mão, quase como se os seguidores fossem donos de quem seguem e aquilo tudo fosse outro episódio de bandersnatch.
A postura dos youtuber vira uma característica que, se perdida, é criticada porque seria mais normal pra quem vê de longe uma realidade que não entende, receber a notícia de que um youtuber morreu de um infarto do que aceitar a mudança de postura de alguém que tem um comportamento padronizado e enraizado no mundo virtual, afinal “ninguém mandou fulaninho querer ser pessoa pública”, inúmeras pessoas não querem abrir mão de seu showzinho preferido. A realidade virtual se mistura com a vida real e nem todos que participam do mundo da internet percebem que estão lidando com pessoas reais, que esse comportamento afeta um ser humano, afeta a saúde mental de alguém de carne e osso.
Além de todas as consequências já listadas, surge uma nova prática que funciona apenas no ambiente virtual: o cancelamento. A moda dos cancelamentos de figuras públicas ganhou força principalmente no twitter, fazendo com que, observados (ou julgados) cada vez mais, os influencers sejam personas que perdem engajamento de acordo com suas ações na vida real. Essa prática apenas faz com que a pessoa não tenha acesso aos por quês do cancelamento, inibindo a busca de diálogo e discussão sobre assuntos em de importância ao público que tal pessoa atinge enquanto figura pública.
As duas partes controlam uma a outra, uma partindo do aspecto consumista da sociedade, o incentivando e o outra a partir de suas preferências de entretenimento que impõe um padrão de conduta quanto ao conteúdo que produtores audiovisuais criam. Estamos todos ameaçados por um monstro invisível que nós mesmos criamos e não sabemos lidar. O controle que a internet coloca nas mãos de seus usuários não é real e mesmo assim, é tão potente. Isso é tão black mirror.
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maimind · 4 years
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Quando o emo envelhece: a inovação da fresno.
No dia 05 de julho (2019), a Fresno lançou o álbum ‘Sua alegria foi cancelada’. Após dois anos do último álbum ‘A sinfonia de tudo que há’, a banda volta com um CD cheio de referências ao momento político do país, sem abandonar as letras cheias de sentimentalismo, expondo o quão vulnerável somos e o quanto tentamos esconder essa delicadeza do ser. (adicionar mais informações técnicas?)
Composto por 10 faixas que parecem se complementar para formar um grande desabafo da fragilidade humana, o álbum conta com participações de Jade Baraldo em “Sua alegria foi cancelada”, faixa que dá título ao CD e o trio Tuyo em “Cada acidente” trazendo um novo ar para as faixas e evidenciando o olhar atento da banda sobre os novos artistas que constroem o cenário atual da música brasileira, não negando a investida em diferentes melodias, se aproximando de novos estilos.
Em “Isso não é um teste”, faixa de número 3, Lucas entoa um “O braço forte vai matar/ E a mão amiga encobrir” frase que remete ao grito de guerra do Exército Brasileiro “Braço forte, mão amiga” marcando a crítica ao cenário político atual do país. A música composta por Lucas Silveira se encaixa entre as tantas outras de modo astuto e necessário diante da falta de posicionamento de tantos artistas.
Até o momento apenas “Convicção” e “De verdade” têm clipes oficiais, todas as faixas possuem lyric feitos em vertical para dispositivos móveis. Cada vídeo tem a participação de uma celebridade, como os gêmeos da banda Medulla que aparecem no vídeo de “Natureza caos”, os integrantes da Fresno, Vavo que participa de “We’ll fight together”, Guerra em “Quando eu caí” e Lucas em “De verdade, contando também com Maju Trindade, Samira Close, Hel Mother e outras celebridades que tiveram a fresno como música de fundo em suas vidas.
A fresno é considerada, desde seu surgimento, uma banda emo pelo conteúdo sentimental das letras que o vocalista, Lucas Silveira, gritava a plenos pulmões e também, pelo visual das franjas e as roupas pretas que faziam a imagem dos integrantes. O mais novo álbum não abandonou completamente as temáticas abordadas anteriormente pelo grupo, a sonoridade da banda foi modernizada sem que a essência que a Fresno sempre trouxe em suas músicas fosse abandonada. É como se o emocore tivesse amadurecido e se tornado adulto.
O emo nunca morreu ou deixou de existir, ele apenas tem uma nova roupagem que condiz com as mudanças constantes que vivenciamos e com os temas contemporâneos que nos assolam. A Fresno apresentou sua evolução de forma equilibrada, mostrando não ter medo da novidade, da transformação e de expor sua verdade. É clichê repetir o discurso de que essa é uma das maiores bandas emo que o Brasil já teve, mas ao ouvir esse álbum sai fácil da boca um “o emo ainda existe”.
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