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17 de janeiro de 2022
Duas coisas que esqueci, que foi da onda, mas essas ainda não tenho explicação: senti uma coceira horrível nos dois ouvidos, o tempo todo. Não conseguia, também, pedir ajuda ou ajudar ninguém, tudo que era traduzido nessas duas coisas me travava, ao ponto de não conseguir me mexer. Por que será, hein?
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17 de janeiro de 2022.
Hoje fui tomar ayahuasca, pela segunda vez. Fui em canoa quebrada e, para falar sobre isso, preciso trazer duas memórias recentes para exemplificar as coisas.
A primeira é a sensação de me sentir constantemente boicotado pelo lugar, pelo Ceará. Sinto que todos os projetos com os quais me envolvi, aqui, terminaram todos frustrados, seja no profissional, com a implantação do sistema, cuidando do pse, organizando campanhas de dia estes e hipertensão, nada saiu de acordo com o planejado, ou de acordo com o que eu queria, no final. Na vida secual, inúmeras as vezes que procurei sexo neste estado, e em toda vez a sensação era de que era pregada uma peça em mim, não achava, a energia sexual de repente não bateu com a do cearense (vide a diferença, onde fiquei com mais de 20 caras em 4 dias quando fui ao rio grande do Norte) e, durante o ano passado todo, foram raras as vezes que transei com alguém (em Icapuí, uma vez que tenho lembrança na contagem, e afirmava demais que minha energia sexual aqui é reprimida). O pessoal e emocional, onde me envolvi sentimentalmente com dois caras comprometidos e a sensação foi exatamente a mesma, estava ali e era incentivado por eles a estar ali, nesta posição de paixão e, no fim, eu reforçava a parte do ego deles que queria se sentir amada, desejada, às custas de abrir mão do meu amor próprio, de colocar meu sentimento, eu, numa posição de inapropriedade, de local errado, bem comum na vida do gay. Ao fim, ambos disseram que era "coisa da minha cabeça", que nenhum correspondia "as minhas expectativas (uma sendo falada em um contexto de extrema vulnerabilidade minha, onde não tinha mais expectativa, só mágoa e a vontade de me afastar), mas um deles me beijou neste processo, com a fala no dia seguinte. Meu pensamento, lá no fundo, sempre foi de que eu que confundi as coisas, estava louco, mesmo com tanta evidência. Não estava louco, me afastei de ambos e hoje, apesar da falta, vejo que foi uma decisão bastante acertada, que me devolveu a vontade de viver.
Este foi o segundo ponto: ano passado eu queria demais consagrar ayahuasca, por me sentir completamente sozinho e perdido, tendo nada a perder. Hoje, em 2022, eu sigo de decisões tomadas em 2021 (graças a deus me afastei de Andrei, que me deu um abraço super demorado hoje, como se o que eu tivesse conversado com ele não tivesse significado nada e, apesar de eu querer ficar com ele a todo custo, ele gosta muito de mim e quer minha amizade, risos rsssss), que foram muito difíceis mas no sentido de querer devolver a minha vontade de viver. E ela veio, e hoje sinto que estou me reerguendo de uma maneira sólida, embora ache que esteja com o ego muito exacerbado neste processo, com medo de cair a todo momento. Mas, hoje, eu teria coisas a perder com uma consagração ruim, com visões que não queria ver.
Pois bem, usei e, ao fim da primeira dose, estava começando a ver a psicodelia promovida e fui tomar a segunda dose. Aí tomar a segunda dose, vomitei. Ao vomitar, era como se a psicodelia estivesse passado e assisti o restante da cerimônia normalmente, até canteiros hinos entoados pela igreja do santo daime, que são interessantissimos, com ensinamentos lindos, mas que não correspondem a minha fé, que hoje defino como a minha maneira de conversar com Deus.
Fiquei altamente frustrado, como se o estado do Ceará tivesse pregado mais uma peça em mim, e ter cortado o efeito bem na hora que achei que tivesse próximo de realmente promover a reflexão. Quase não conversei com ninguém após o ritual, pegaram o violão e continuaram a cantar a cantigas mas longe de mim querer ficar ali, queria ir embora e ficar na minha. Fui no primeiro carro que apareceu. Comecei a pensar sobre as frustrações e, com certeza devido a força, que eu achava que não estava ali, pensei sobre minhas atividades aqui, que, ao fim, não me trouxeram o resultado final esperado, mas que me trouxeram várias coisas boas no processo. O trabalho me deu conhecimento de causa e possibilidades de atuação, embora não tenha sido contratado ou o serviço de assistência farmacêutica no município continue ruim. No sexual, conheci alguns lugares novos e bem bonitos procurando pegação (Sabiaguaba, em Fortaleza, foi o lugar mais bonito de lá, embora o estado tenha retirado toda a pegação de lá quando fui). O emocional, embora com todo o sofrimento e ainda esteja lutando contra a autodeprecoacao, me trouxe coisas muito positivas ao lidar com eles e decidir que meu carro motor seria as minhas emoções. Motor, movimento, não prisão. E consegui me libertar, ainda estou no processo, mas só de não querer morrer por causa do meu amor já é ótimo. No fim, até por falta de opções, vi que a expectativa foi o problema de todos esses processos, e que se não tivesse, talvez tivesse aprendido até mais (ou talvez fizesse coisas sem perspectiva o que poderia atrasar). Aprendi muito com meus "fracassos" e vi, ou tirei forças para continuar seguindo, apesar dos pesares, dos muitos pesares. A própria frustração com a ayahuasca me trouxe a ideia de me preparar melhor para uma próxima vez, não comer carne, não beber, tudo conforme manda o figurino.
Tinha, também, dúvidas em relação ao meu trabalho, em que foi dito, ou referido, que estava tudo bem, a ponto de que eu não caluniasse os outros para fazer o trabalho acontecer, que não precisava disso. Foi bom pois sempre me questiono, essa coisa do ego exacerbado, se não estaria arrumando problemas para mim. Ao esperar o ônibus para Icapuí no dia seguinte, aproveitei e acompanhei o final de uma missa, onde, se estava com a força, foi o momento de conversar com deus e pedir desculpas por processos onde possa ter causado dor, ou me causado dor, e também de onde vem essa dor e as minhas atitudes. No fim, pedi a benção para que eu passasse no concurso que farei em maio e ele as deu.
Chega do estado do Ceará, não consigo conviver em um local que boicota minhas energias. Tá na hora de procurar um novo canto, trabalhando a carga horária que acho que todos deviam trabalhar, recebendo um salário justo para isso, estando próximo da floresta amazônica. Meu próximo cantinho, que quero passar no concurso, é Manaus, e vou fazer de tudo para passar. Tá na hora de aplicar o conhecimento aprendido no semi-arido, para a floresta amazônica. Tá na hora de ir para a natureza mais poderosa do universo, que além de poderosa, é frágil, e corre risco. Vou estudar, quero estudar, quero passar, e vai dar certo!
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7 de outubro de 2021
 Maldito dia que fui te conhecer. Se soubesse que me faria tão mal, não teria vivido isso. Talvez eu precisasse, talvez eu quisesse, mas hoje eu vi que foi quase inconsequente a minha decisão. Decisão de permitir que você entrasse na minha vida. Decisão de deixar com que eu me seduzisse por você, que era seu intuito o tempo todo, apesar de ser o “inocente que sempre é abusado”. Você não é nada inocente, você sabe o mal que faz as pessoas, inclusive o que me fez, mas nessas horas é muito fácil fechar os olhos e fingir que não é consigo.
tenho dificuldade em te esquecer, em te deixar ir, em fazer com que você suma da minha vida. Suma da minha vida, fisicamente, mas suma dos meus pensamentos também. Você é um inferno, alguém que tive o desprazer de conhecer, e que vai me deixar marcado, talvez por enquanto, talvez permanentemente.
Hoje é um misto de ódio, de ressentimento, de mágoa, por tudo. Ódio principalmente de mim mesmo, de me deixar viver esse tipo de situação, de não saber como conversar, como persuadir, como querer.  Eu não aguento mais,
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7 de outubro de 2021
No fim, acabei me tornando mais um doente trabalhando pela saúde dos outros. Vale a pena? Ou será que sou eu que estive doente esse tempo todo e transferi isso para os outros?
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7 de outubro de 2021
Estou cansado. Quero me matar, mas me falta coragem. Hoje foi o segundo dia que tomo mais de um anti-hipertensivo para ver as minhas reações. Fui na cozinha, peguei a faca para me cortar, mas não tive coragem. Então tomei os remédios.
Não consigo mais conviver comigo mesmo, me dói saber que esse vai ser o meu destino, até o fim. Não quero mais, quero ir para outro lugar, já foi, essa vida já foi. Quem sabe numa próxima?
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6 de outubro de 2021.
Hoje tomei quatro antihipertensivos, de uma vez. Eu sabia que não ia morrer, mas sei lá, queria saber qual o efeito teria em mim, como seria a hipotensão, a sensação. Meu pé está gelado, está bom rs.
Seria um início? Um grito de desespero? Será que tomei para poder falar que tomei? Para aparecer? Aparecer para quem? Para quem eu falaria isso, em qual contexto?
Estou cansado demais. Não consigo me encontrar, me suportar, suportar os outros, suportar o trabalho. Não importa o estágio, o nível de amadurecimento, parece que sempre falta algo, na verdade não sei nem se é faltar, mas de uma maneira ou de outra, "não é aquilo".
Talvez eu tente me misturar, demais, me sentir integrado em algo, em alguém, mas isso não é possível, nunca. Tem sempre uma barreira entre mim e o mundo, sempre algo que me separa do outro e isso me faz mal demais.
Posso rodar o mundo, mas essa barreira está sempre comigo. Posso trabalhar nela, tentar pintar, deixar bonita, mas nunca consigo me livrar dela. Minhas relações são sempre pautadas na dúvida, na desconfiança, na dívida, e isso me deixa exausto. Não tem mudança, não tem solução, por mais que eu trabalhe nela. É material indestrutível.
Quero ir embora, de novo. Mas ir para onde?
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14 de setembro de 2021
Você não me quer, ou quer, mas debaixo de todos os seus caprichos. Eu estou cansado, cansado em todos os sentidos, e cansado de também te procurar. É melhor só do que envolvido em um lugar onde constantemente sinto essa sensação de estar querendo alguém que não faz a menor questão. Pois bem, também não vou fazer questão.
eu sou uma pessoa intensa, e sempre fico com muita dificuldade quando me falam o quão ser “submisso” afasta e não desperta interesse das pessoas, o quanto eu, mesmo querendo estar perto e respeitar a minha vontade, tenho que me esforçar para estar longe, só para cumprir um jogo de ego das pessoas. Gosto de ser intenso, gosto de estar perto, estar presente, ser não só corpo e sedução mas apoio e local de troca. Gosto de fazer as pessoas se sentirem a vontade e estou cansado de me sentir desinteressante por isso. Estou cansado de ter meu ego ferido por gente que gosta de se aproveitar desse tipo de atenção para se reafirmar (e, de certa maneira, assumo a culpa por isso). Que saco olhar para aí e pensar que tem tanta gente mais bonita, mais interessante, e ver as pessoas interessadas nelas e não em mim me faz sentir um lixo.
um dia passa, um dia…passa? Tudo passa quando termina.
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2 de setembro de 2021
Ultimamente tenho andado de cabeça cheia, embora eu não saiba do que ela está cheia. Tenho vontade de largar tudo e não fazer nada. Tenho vontade de sumir. Tenho vontade de desistir, embora não saiba para onde vou, a partir do momento em que desisto.
No pessoal: minha relação com Andrei não é a mesma, e não quero que seja. Estou totalmente desgastado e cansado de ficar envolvido. Andrei gosta de atenção, gosta de atenção de todo mundo e isso não é não-intencional, ele gosta de seduzir e deixar as pessoas afins dele. Para depois dizer que odeia que as pessoas levem as relações para outro lado. Johnata, outro menino casado com quem tenho conversado, também é assim. As pessoas não tem atenção suficiente de algum lugar e precisam que outras fiquem ali, a reafirmando o tempo todo. Definitivamente, minha amizade com Andrei não é a mesma que com Sarah, Sarah foi juíza quando precisava de uma amiga e, no fim, Andrei é igualzinho. Ambos estão acima do bem e do mal, com essa régua onde qualquer um que não se encaixe no seu padrão moral (perfeito, por sinal), ganha um rótulo. To cansado. Estou conhecendo um rapaz, que tenho gostado muito, porém, na primeira conversa escuto que ele vai, eventualmente, cometer suicidio. Isso é o que me faz ficar apaixonado, gosto de relações que sejam complicadas, mas tenho medo de que sua “carga psicológica” me afete, principalmente em um momento onde já estou cansado de tudo. Ao mesmo tempo eu tenho muito receio de ser rejeitado por ele, já que saiu tem pouco tempo de um relacionamento abusivo e não se encontra preparado para um relacionamento, e compreendo totalmente o lado dele. Mas sou só eu que vou atrás, só eu que busco, isso vai ser até quando? Tenho me sentido, novamente, só, embora aqui em Icapuí, tal qual como São Paulo, esteja cercado de amigos. É difícil não se sentir compreendido por ninguém, ou talvez sem apoio. Andrei era esse apoio. Mas um apoio completamente disperso, não sei. A verdade é que ultimamente tenho achado que isso não é ruim, é bom estar comigo, mas eu gosto de me apoiar também, embora ache que essa perspectiva de eu me apoiar em mim mesmo somente vai ser até o fim, que gostaria que não estivesse tão longe.
No profissional, estou mais cansado ainda. Cansado de ser desorganizado e lidar com a desorganização das pessoas, cansado de ser cobrado por coisas que não me competem ou de saber que em qualquer lugar vai ter uma briga de ego gigante. Cansado de discutir com alguém que deveria querer o mesmo que eu, e saber que essa “briga” quem vai perder sou eu, pois não tenho o poder que ela tem sobre as coisas. Cansado de estar nessa posição completamente frustrante onde parece que todo meu esforço, meu suor, vai dar em absolutamente nada, onde sou desestimulado constantemente até por amigos em relação ao meu trabalho. Onde as coisas faziam sentido mas que agora não fazem mais. A minha vontade é de jogar tudo para o vento, mas lidar com a visão das pessoas sobre isso, como se fosse um incapaz, ou pior, ficar com pena de mim pela minha saúde mental, me faz ficar na posição onde estou. Mas não está legal. Quero estudar para o concurso, mas não consigo devido às demandas que tenho assumido. Quero postar meu livro no congresso farmacêutico de São Paulo, mas não tenho tempo nem disposição para adapta-ló a isso. Todo dia chega coisa que me sinto na responsabilidade de fazer, mas não consigo. Todo dia tem um rolo, todo dia tem um problema. As pessoas que trabalham no sus estão doentes, todas doentes.  Meu consumo de drogas aumentou muito. Tenho fumado mais do que nunca, tenho bebido menos do que tenho bebido ultimamente, mas sinto que isso tem feito até falta, a socialização. Gosto de estar perto de pessoas, mas ultimamente sinto o olhar julgador delas, o peso sobre a minha pessoa e o que elas pensam de mim, e tenho sentido talvez um distanciamento. Elas olham ou eu olho? Eu me julgo pela minha incapacidade ou é realmente algo que parte delas? Ou os dois?
Estou cansado, queria que terminasse. Queria sumir. Preciso.
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22 de maio de 2021
Estou cansado de ser refém. De marginalizar uma relação da qual acredito fazer parte, mas não faço. De um amor que acredito ser correspondido, mas não sou. De estar a mercê das grandes emoções: saber como a pessoa me faz incrivelmente feliz, mas sabendo que isso nunca (nunca?) se converterá em um amor completo, íntegro.
Estou cansado de dosar os meus sentimentos cada vez que estou apaixonado. Estou cansado de tentar construir barreiras para que eu não cause “dano” a outras pessoas, sendo que esta barreira é a minha maior causadora de dano. Estou cansado de estar incrivelmente feliz de manhã e, a noite, sentir que minha energia foi sugada assistindo a uma relação e, de certa maneira, sendo até esquecido propositalmente. Não quero. Quero, mereço, tenho direito de ser amado integralmente, da maneira que eu gostaria de amar. 
Mas as minhas relações são sempre complicadas, nunca é fácil, nunca vem na espontaneidade, quando vem nunca dou o devido valor. Mas também não gosto de valorizar uma utopia, de esperar uma ação que nunca vem, embora seja isso que me mantém ali. Ontem dei meus primeiros sinais de sufocamento dessa relação, espero que meu corpo esteja dando o sinal correto e eu possa seguir em frente.
Porque no fim, é isso: eu amo estar com ele, sou feliz demais quando ele está perto (sem a namorada, com a namorada ele mesmo suga minha energia, muito mais do que ela), estar com ele é bom demais. Mas e esses momentos em que eu odeio essa relação? E os momentos em que me sinto um nada? E os momentos onde parece que luto, em vez de ser por essa relação, luto contra meu instinto de auto-preservação e talvez de amor próprio? É bom demais estar próximo, bom demais estar ali, mas ruim demais todo o entorno, todo o contexto, e toda a falta de saber como será o amanhã. Tudo o que eu tenho são esperanças, que estão diminuindo a cada dia.
Eles vão casar em breve? Ele diz que sim. Vão ter um filho? Vão concretizar algo mais firme eventualmente? E eu? Vou ficar observando os dois serem felizes e me privar deste direito até quando? Até quando vou ser “fraco” e continuar me apoiando neste amor que não tem fundamento? Até quando?
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02 de maio de 2021
Não há problema em sentir. O sentimento é a mais pura, a mais inocente, a mais verdadeira das nossas faces. Reconhecer e saber agir é onde está a sabedoria. Reconhecer que, embora o desejo esteja ali, ele pode passar por situações que estão fora do nosso limite, que invadem o espaço de outros, que causam dano. 
Do mesmo jeito que gostariam que respeitassem o meu desejo, devo respeitar o limite do outro ao tentar concretizar o meu. Entender isso é empatia, entender isso é se doar ao próximo, e reconhecer o desejo do outro como tão válido como o nosso. Entender isso é também, uma forma de amor.
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02 de maio de 2021
Eu gostaria de dizer isso para você em pessoa, já que, de uma maneira até um pouco forçosa, acabei abrindo para você um pouco dos meus sentimentos e do meu desejo.
Meu desejo foi revelado, me senti altamente exposto, e isso através da tentativa de construção de uma barreira. Confesso que fui surpreendido quando houve os dizeres primeiros de “amigo, somos só amigos, nada mais disso, tudo bem?” e, a partir daí, foi falado como que se abriu termos do relacionamento com a sua namorada comigo e como que em todo o momento eu quisesse manipular ou induzir pensamentos para que pudesse saciar o meu desejo a todo custo. A partir disso vieram alguns sentimentos sobre você, a sensação de ser sempre ser objetificado e não conseguir manter uma relação sem este sentimento, de como se fosse ser desejado sexualmente a cada momento, e eu entendo.
Entendo a sensação, entendo o não poder confiar em ninguém, entendo tudo. Mas gostaria de falar que, embora o desejo estivesse presente, a questão foi muito além de uma vontade de te levar para a cama. Desde sempre, com todo o apoio, com toda a presença, posso dizer, sim, que me apaixonei por você, e que isso é algo que me machuca todos os dias, embora estar perto de você seja algo que me faz tão bem. É muito doido isso, tentei mudar a minha visão sobre meu sentimento por você várias vezes, mas quando as coisas estão num campo afetivo, é difícil manter um racional, principalmente quando você está em um período tão vulnerável, onde se constroem barreiras perante a sociedade o tempo todo, é difícil demais construir mais uma (”não, não posso amá-lo, é errado”).
Talvez, devido a todas as dificuldades da vida, tenha optado por outro campo: eu vi o desejo, reconheci, sabia o que ele poderia causar caso ele fosse concretizado (é um caminho de muito sofrimento, vale lembrar), mas resolvi abraçar e aceitar ele dentro de mim, com a prerrogativa de que não iria colocar o meu desejo acima do respeito que sinto por todos nessa relação. Sentir é humano, meus sentimentos são tão humanos quanto quaisquer outros, e não gostaria de levá-los, de considerá-los como “errados”. Agora pode ser errado, sentir não. E, nesse sentimento, nessa barreira que foi construída, não sei mais o que fazer em relação a nossa relação. Não sei até que ponto incidir, conversar ou manter a relação pode dar essa ideia de que estou te objetificando, de que estou cruzando uma linha que não era para cruzar.
Fomos acostumados a dizer que o que nos faz feliz não é bom, de que nosso esforço não é suficiente, de que gostar é errado. Mas, estou cansado de levar isso para a minha vida. Eu nunca te objetifiquei, Andrei, muito pelo contrário: resolvi te colocar como um ser humano acima de tudo, e te respeitar acima de tudo. Acho que quando as coisas saem do campo sexual e vão para o campo do amor, elas deixam de desejar o corpo, de desejar que a pessoa seja feliz com você o desejo, primordial, é que a pessoa seja feliz, e eu quero muito que você seja feliz, independente se eu estiver do seu lado como um namorado ou não. Não acho que este sentimento seja uma objetificação, e sim, amor, como lhe disse, como você me disse.
Talvez meu único desejo que eu queira realizar seja o de te ter por perto, de ter a sua presença, a sua companhia, que me faz tão bem, e acredito que esse desejo também seja sentido em você (embora acredito que essa tentativa de construir essa barreira seja isso, uma tentativa - mas não sei também, o efeito do LSD traz muitas coisas à tona, e, embora não tenha sido capaz de voltar com esse assunto, talvez pelo baque que foi na hora, por ter me machucado, por ter me fechado para você, neste aspecto, gostaria de te dizer que é muito doido falar sobre os meus sentimentos por alguém, com esse alguém, e esse alguém, de certa maneira, me acolher, embora não esteja me correspondendo). Às vezes, é complicado deixar o sentimento ir, por mais que eu saiba que eu preciso deixar isso ir, meu coração me diz, demais, para que eu não deixe esse sentimento ir, para que eu lute, para que eu o mantenha. É confuso demais.
Confuso demais quando se estabelece essa barreira e logo depois comece a falar sobre o tamanho do seu pau. Confuso demais quando vejo ciúme nos seus olhos e uma vontade ainda mais crescente de estar perto de mim quando ficamos longe. Confuso demais quando falo para você que está na hora de talvez esteja pronto para sossegar e ficar mais seriamente com alguém e escuto um “você vai achar alguém que te dê vontade de ficar junto em todas as loucuras”, sendo que você é essa pessoa. É confuso demais receber um “bom dia, flor do dia” todo animado seu e não ficar pensando sobre. Vai ser mais difícil ainda, agora que os sentimentos estão a clara, saber como vai ser, se mandar uma mensagem para você vai dar essa ideia de que “estou sentindo demais”, imaginar que talvez esse “bom dia, flor do dia”, nunca mais venha, pois afinal, isso aí vai confundir minha cabeça e ainda me deixar mais apaixonado por ti.
Difícil botar todos os meus sentimentos em uma caixa. Difícil amar errado, difícil esquecer, difícil desapegar. Difícil não saber o dia de amanhã, ou não saber como agir, quando se sente que nossa conexão aumentou demais (ou até demais) quando fizemos o uso do LSD juntos e colocamos várias das nossas vulnerabilidades, e encerramos tudo com um abraço. Difícil, Andrei, difícil.
Te amo demais, te respeito demais, você é um ser humano incrível, e tem TODO o direito de ser feliz. Espero que encontre a felicidade onde quer que você esteja, com quem quer que você esteja, não se submetendo a situações que você sabe que não te fazem bem por se sentir merecedor de uma vida ou uma condição que te impuseram, que te falaram que você devia se contentar com isso. Difícil você enxergar isso, mas eu enxergo, e eu te amo.
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29 de março de 2021
Hoje foi o dia da roda da fortuna. Tive um final de semana perfeito, onde estava rodeado de coisas maravilhosas e pessoas mais lindas, porém hoje vieram as coisas ruins, como uma bala.
Carente, comecei a entender sinais de um homem que namorava uma amiga, e desde sempre eu já sabia que independente da situação, a única solução possível seria o sofrimento, nesse caso, para as três envolvidas (e o sofrimento é uma constante toda vez que há homem hetero na história). Mas, era difícil, difícil inclusive de aceitar que eu estava sendo muito inocente, se não havia algum flerte ou algum carinho nessa relação. Mas foi rolando, e, embora soubesse racionalmente do sofrimento, acredito que a fragilidade de se mudar para algum lugar onde não conheço ninguém e estou inserido uma cultura bem diferente da minha, fez com que eu desse corda para isso.
E foi tudo indo de maneira muito foda, acabei me envolvendo demais. Hoje, depois de um final de semana onde havia usado cogumelo e me encontrava muito feliz, acabei de chegar da caminhada em casa e vi o corpo do meu gato, da minha janela. Senti vergonha de contar aos meus amigos e ao que eu contei só ouvi um “animal tem que ser em casa”...mal sabia ele que eu já estava me apontando três dedos para mim mesmo nessa questão, e que não queria contar a ninguém por isso. Mas contei para o hetero, ele veio em casa me ajudar, fez uma coroa de flores para o meu gato, e até ficou comigo um tempo depois. A noite, quando disse a ele que iria caminhar, vieram ele e a namorada...mal sabia que hoje, também, era aniversário de namoro deles e eu fiquei segurando a música tema deles ficarem dançando e se pegando, sob a luz da lua, e foi horrível, demais. Me senti bobo, me senti alice, me senti carente, me senti errado, como se tudo isso fosse  coisa da minha cabeça, e parece até que essa própria dança, foi depois que disse que eu casaria com um possível ex, para a namorada dele, que é minha amiga. Já fui vela muitas vezes, mas hoje foi impossível não se deixar abalar, acho que o gato mexeu muito comigo.
Estou no chão, hoje foi um dia muito complicado após um final de semana muito bom. Não sei como me sentir menos culpado, menos trouxa, ou não falar para mim mmesmovárias vezes que tudo isso era algo que já estava previsto para acontecer, e aconteceu. Aconteceu.
Kuzco, não sei quando nasceu, mas morreu em 29 de março de 2021.
“Só sei que o mundo vai de lá pra cá, andando por ali, por acolá...querendo ver o sol que não chega, querendo ver alguém que não vem...não vem.”
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09 de fevereiro de 2021
Preciso aprender a controlar o meu orgulho. A sensação de que tudo o que tenho a dizer é importante e o incômodo por não ser ouvido sempre é algo que pode fazer não só com que eu pare de ouvir, como deixa a convivência com as pessoas um tanto insuportável, se não souber dosar o que falo e o que escuto. É tão negativo quanto ter a sensação de que nada a dizer é importante. 
Hoje estou ansioso, amanhã levam as minhas mudanças do Rio de Janeiro, resolvi escrever um texto de despedida o qual fiquei apaixonado por ele, e acabei discutindo com um amigo sobre um assunto, no qual eu achei o máximo da discussão por saber que a discussão estava causando um incômodo. O incômodo é necessário para se pensar sobre si mas, ao mesmo tempo, quem sou eu para fazer isso com as pessoas? Ou será que fazer as pessoas voltarem a pensar sobre si não seria, por si só, uma coisa boa? E por que eu achei “o máximo”? Gostar de incomodar? Ou seria só por fazer as pessoas pensarem? Eu gosto muito de fazer as pessoas pensarem sobre si e sobre as situações, mas porque então insisto em falar que isso é um incômodo?
Talvez eu volte aqui hoje, ainda. Preciso aceitar a mudança e estou com dificuldades, parece que chegou a hora de ir e eu não estou me sentindo seguro o suficiente para fazer isso, parece que estou vulnerável ao meu máximo e, ao mesmo tempo, por estar assim, encontro-me também neste momento de maior força. Mas é aquilo, o orgulho é uma rampa que termina num abismo em que, a sensação máxima de que tudo que se tem a dizer é importante e a sensação mínima de que nada que se tem a dizer é importante, estão muito próximas, no espaço horizontal, com uma queda grande de diferença, apenas.
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14 de janeiro de 2021
Você não precisa ser rico para que nunca te falte nada.
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10 de janeiro de 2021
O Instagram é a vitrine: lá, você posta a parte bonita da sua vida para que todos vejam – suas conquistas, suas viagens, as suas festas. Isso é um exercício da vaidade, onde as pessoas curtem (“aplaudem”) tudo o que você faz e é difícil se ter alguma discussão calorosa. Porém, a vida das pessoas não é a vitrine que ela vê como a realidade da vida das pessoas, o que gera frustração e ódio. Esta frustação e ódio ela desconta no Facebook, onde a interface considera tudo aquilo que você tem a dizer como algo muito importante (o que essa massagem no ego faz com que quem digite também considere aquilo como elas têm a dizer como “muito importante” ou pior, “verdade absoluta”). Lá você exerce o seu julgamento e muito baseado naquilo que você viu e que te frustrou em relação a sua vida no Instagram. O twitter segue a mesma linha, com a diferença em que toda a sua linha de raciocínio deve estar compacta em pouquíssimos caracteres, tornando o ruído da digitação (que já era muito comum) mais frequente ainda (o nível de discussões cai gradualmente entre uma rede social e outra, nesta ordem).
As pessoas buscam elogios à vaidade e aprovação no Instagram, pois há algo que falta a elas no mundo real. Isso gera comparação, busca incessante por followers (o que, afinal, traz o que, além desse elogio a vaidade? A pessoa se sente desejada e talvez até amada, mas será que isso rola mesmo?) e comparação com outras pessoas que atingiram o mesmo número e tem milhares de likes nas suas fotos. “O orgulho é a fonte de todos os pecados” e daí se tem que esta é a rede que mais faz mal na atualidade. A partir daí, o ódio do facebook e do twitter (que são considerados muito mais tóxicos, geralmente) vem em recorrência. No fim, você acaba utilizando as três redes sociais, deixa todo o seu histórico de uso e consumo e acaba sendo manipulado pelo algoritmo que sabe exatamente o que te oferecer, no momento mais oportuno (não necessariamente bens materiais, embora seja a publicidade e dados o que move essas empresas), e que reforça esse tipo de comportamento pois é o que dá ibope a eles. A falta de confiança em si, a insegurança leva a diversos tipos de comportamento previsíveis e conduzíveis por quem sabe fazer isso.
E tem o whatsapp que parecia algo mais seguro mas que, também, pouco a pouco, começa a ter entrada de anunciantes e se torna cada vez menos interessante se permanecer conversando com as pessoas por lá.
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10 de janeiro de 2021
Hoje meu computador está de palhaçada comigo, mas vamos lá. Vou fazer uma postagem pensando em argumentos em relação a pandemia que não vou fazer em rede social porque as pessoas (eu incluso) estão lá com a opinião já formada e não há debate, e sim uma tentativa de imposição sobre a outra. Além disso, se dá a partir de postagens de amigos recente e não quero que isso pareça uma indireta contra eles.
O cenário de hoje é a de polarização, em que reina o nós contra eles, ou o pensamento de que “não sou igual a eles”. Isso aconteceu no impeachment da Dilma, aconteceu na eleição de Bolsonaro e continua acontecendo até hoje. Já vi várias postagens de amigos meus ridicularizando uma classe média que odeia o pobre, sendo que a diferença monetária dessa classe média pro pobre é de dez mil reais, enquanto a da classe média para o rico é na escala de milhões. Neste caso, tenho pensado também nessa posição, em quanto eu, fazendo esta crítica, não passo a ser apenas uma outra classe média que destila seu ódio em cima de outra classe média, sendo que no final a elite usa isso para nos manipular e fazer com que esqueçamos do real problema e passemos a vida nos odiando no nosso mundo. Não seria melhor unir as forças e, com isso, tentar derrubar esse sistema que nos explora? No fim eles precisam da força de trabalho, dos empregados, e essa desunião sempre vai fazer com que haja força de trabalho disponível o tempo todo, pois ela não se une para e mostra o seu poder.
O mesmo ocorre agora no cenário de pandemia: se formou uma polarização entre pessoas que saem ou não saem nesse período em que o recomendado era ficar em casa. Analisando a situação mundial, vê-se que os países que tiveram melhor contenção do vírus não foram os que tiveram necessariamente uma população mais consciente (isso pode interferir, claro, mas acaba sendo mais um reflexo), ou que tenham uma cabeça mais evoluída, e sim foram os países que tiveram políticas mais efetivas de saúde (será que a Argentina é tão mais evoluída do que nós?). Nosso cenário de guerra política em cima dessa pandemia é algo que faz o brasileiro desacreditar nas instituições (dos dois lados mencionados, a credibilidade fica ameaçada e isso é gravíssimo para o desenvolvimento da nossa democracia) e faz também com que o número de mortos seja altíssimo, pois não há coesão entre as esferas de governo na atuação conjunta contra a pandemia. 
Só que nota-se uma preocupação muito maior (na verdade isso é totalmente compreensível, pois é um cenário de muita dor, muito medo, muita morte, e é necessário extravasar isso em alguém, e o presidente é uma figura que se encontra longe) em ficar apontando o dedo para quem está saindo no bar com amigos ou fazendo qualquer outra coisa que fure a quarentena. Tudo bem, claro que quem está saindo tem a sua parcela da responsabilidade (na verdade, todos temos a responsabilidade coletiva de elegermos nosso presidente e, todos temos uma responsabilidade coletiva pelas mortes do vírus, mas isso é outra história), mas isso parece ter muito mais relevância, parecendo muito mais efetivo atacar e perseguir quem sai de casa (nota-se que a hipocrisia reina solta aqui, onde a pessoa ou está numa posição privilegiada – meu caso estava em minas onde podia sair sem ter muitos riscos de me contaminar – ou não cumpre a risca também as restrições da OMS – muito difícil acreditar que alguém está há 9 meses sem colocar o pé na rua a não ser para mercado ou farmácia, só que nesse caso, quando é para a própria pessoa, há sempre uma justificativa - “fulano estava se cuidando”, “só fiz isso de furar, não fiz aquilo que todo mundo está fazendo”, etc) do que cobrar o governo uma política pública de saúde efetiva (essa bomba do ano novo já estava para explodir há muito tempo, mas os governadores decidiram esperar a eleição; depois da eleição, já era tarde; cancelaram as festas de ano novo no início do mês de dezembro, onde todo mundo já tinha feito os seus planos, será que achavam MESMO que as pessoas iriam ficar em casa? Para mim, já contavam com este desrespeito). 
Analisando a população como um todo, vocês acham mesmo que ela toda ficaria em casa (considerando que muitas delas precisam sair para sobreviver) por nove meses sem nenhum amparo decente apenas por conscientização? Ou, de certa maneira, já era esperado que a quantidade de aderentes à quarentena fosse diminuindo conforme o tempo passasse, já que as pessoas têm um limite de esgotamento mental em relação a quarentena? Como eu vou falar para um amigo que perdeu um ente muito querido, ou algo que significava a vida, para que a pessoa fique em casa para “ter empatia”, em um cenário onde muitas vezes a pessoa não é nada empática ao criticar quem sai de casa? Como pedir pro outro ter empatia se eu não tenho empatia para com o outro? Se eu não me coloco no seu lugar e o julgo baseado na vitrine que a pessoa exibe no Instagram (que, se é isso que vocês levam em consideração na hora de falar “fulano não precisa e tá saindo”, saibam que o ano foi difícil para todo mundo e cada um tem as suas maneiras diferentes de sobreviver), como vou querer mudar alguma situação com o rótulo que eu jogo na pessoa (o que é SUPER reducionista, a pessoa não se reduz apenas à “furar ou não a quarentena”, como se isso fosse um reflexo direto do caráter dela, e não tivesse outros mil fatores que influem nesse caso) em vez de tentar me colocar no lugar dela? No fim, novamente, é mais fácil jogar a sua raiva e frustração no seu amigo do que no governante (que já é odiado), do que cobrar por uma política pública efetiva, mas isso é algo que nos separa ainda mais, nos deixa fracos, deixa o controle da pandemia ainda mais difícil (debater ideias faz com que as pessoas evoluam, ofender coloca-as numa defensiva e não há mais diálogo) e nosso controle ainda mais fácil para o governo, que vê-se claramente que não se importa com a vida das pessoas, pelo contrário. Quem cumpriu a quarentena no começo viu os casos explodirem mesmo assim, no fim, se a pessoa saiu para trabalhar ou foi à praia (onde essa justificativa é moralismo PURO, onde espalhar para trabalhar é ok, espalhar para se divertir é condenável), os leitos de UTI continuaram lotados e a doença continuou a crescer – isso se deu, principalmente, porque não houve união: não houve união entre as três esferas de governo para coordenar a pandemia, não houve união entre a população onde desde o começo sempre houve os 30% que não acreditavam na gravidade da doença e, agora, não há união nem em quem se dizia do mesmo lado politicamente em 2018 com esse rótulo de “furar/não furar” e isso tudo ajudou (e ajuda) a espalhar o vírus.
Precisamos nos colocar no papel de igual a pessoa que tanto odiamos e ver que, em muitos casos, ela é classe média igual a gente, depende do trabalho para sobrevivência tanto igual a gente e é explorada por um governo corrupto igual ao nosso. Quando vermos que a pessoa passa por correr muito parecidos com o nosso e que ela também busca algo melhor (embora entre o conservadorismo/progressismo nessa história, mas são outras coisas) para si, esse paradigma de empatia torna mais difícil reduzi-la, até, ao rótulo de “bolsominion” (ou “petista”, para quem está ~do outro lado~), que para muita gente que está no meu círculo social já é motivo de se fecharem as portas e não haver diálogo, como se a pessoa já fosse a escória da sociedade apenas por um voto e, atualmente, por sair na rua durante o período da pandemia.
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16 de novembro de 2020
Hoje, talvez diferente do caráter de desabafo das outras postagens, hoje eu venha com uma característica de auto afirmação, que, apesar de presente nas outras postagens, eu estava precisando colocar para fora. Agora, vou tentar estruturar uma linha de raciocínio deixando-a fluir.
Tenho tentado, aos poucos, reduzir o tempo que acesso as minhas redes sociais. Tenho percebido (e conversado com amigos sobre) que a rede social te dá a falsa ilusão de proximidade das pessoas, e saber o que uma pessoa come ou ver uma foto em um local lindo em que ela se encontra não te diz, realmente, como ela está e, apesar disso, te dá a falsa sensação de saber sobre ela, o que faz com que não a procure, e isso aumenta a sensação de solidão. Ao pedir biscoito na internet e ganhar carinho das pessoas, pode ser importante essa demonstração de carinho virtual, uma curtida, um comentário, mas isso não significa que as pessoas estejam realmente te dando o apoio, preenchendo o vazio, ou qualquer outra coisa mais sólida: na verdade, as curtidas vem e vão de acordo com aquilo que as pessoas pensam ou acreditam e, acredite, não tem nada a ver com você, exceto a falsa sensação de que a atenção está sendo dada e o ego, com essa falsa sensação (como acontece com grande parte das coisas que são superficiais), fica inflado.
A partir do momento em que isso não é real, a pandemia trouxe isso de maneira bem significativa para mim, que estar perto das pessoas (neste caso, acho até o whatsapp mais efetivo do que Instagram ou Facebook, pois a principal utilidade do aplicativo são as mensagens instantâneas, embora também não substitua um contato cara-a-cara - na sequência, a mensagem instantânea cobre, mas não cobre igual uma ligação, que não cobre igual um contato presencial), é mais interessante do que acompanhar a vitrine da vida dela pela internet. E o mesmo quanto a minha vida também, é melhor pessoas poucas que saibam dela saibam, por exemplo, que estive no Ceará fazendo prova de residência, que fui viajar para vários lugares, que estou cansado, cheio de coisas para resolver, em vez de muitas saberem que eu estou na "vida boa", descansando na praia. Na verdade, a segunda pode ser importante, sim, mas é superficial, comparado a primeira.
Tenho tentado melhorar as minhas relações em análise, e trabalhar de um jeito que a espontaneidade flua naturalmente, assim como o sentimento, sem cobranças ou contrapartidas. Claro que elas vem, mas não devem ser a base de uma relação, tanto para o fato de que eu não deixe de comentar coisas pq eu "não tenho nada a oferecer", ou deixe de fazer ou faça pensando no retorno que a amizade pode me trazer. Amor é espontâneo, é fluido, e esse tipo de coisa deve acontecer porque se quer que aconteça, e não por outros motivos. É difícil, é complicada a desconfiança, mas a partir do momento em que tento trazer as coisas para o plano do real, saindo da nuvem e indo para relações diretas, isso fica mais fácil.
É uma geração muito ligada a isso, a aparência torna-se global e mais importante para todos, e algo que deve ser mantido a todo momento. Que consiga me livrar dessa amarra e ser feliz, independente do julgamento do tribunal da internet, seja por um posicionamento ou crença que eu vá a ter, seja por algo que eu queira fazer. Isso mostra um certo amadurecimento e com certeza é algo muito válido para mim.
O ano, apesar de pesado, tem trazido muita reflexão e muita perspectiva de mudança, e isso é ótimo.
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