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As três últimas cervejas

Esperança guardada

        Ano passado, (2019) no mês de julho, algo bem simbólico aconteceu para mim que só vim a relembrar nesses últimos dias. Eu estava ociosa em meu quarto até que decidi folhear algumas páginas dos meus antigos diários e encontrei muitas lembranças que achava ter enterrado. Ainda vou escrever um post especial e único para ele, porém, para que eu contextualize, esse simbolismo envolve um homem que conheci que não está mais na minha vida. Nossa história foi longa e ao mesmo tempo, muito curta. O que aconteceu foi o seguinte: nós nos conhecemos, nos gostamos e nos decepcionamos. No nosso primeiro encontro, fui para a casa dele e ele pediu para que eu levasse algo (álcool, comida etc) e então perguntei qual era sua cerveja preferida, e ele respondeu: heineken. Fui à padaria mais perto aqui de casa para ver se eu encontrava tais cervejas, mas não achei, logo, levei outras. O encontro foi maravilhoso e logo marcamos um segundo. Para o segundo encontro, encontrei a heineken que ele tanto gostava e comprei um pack de nove cervejas. Coloquei seis na mochila para levar pra ele e as últimas três, eu guardei no armário para a próxima vez que nos víssemos. Como eu disse, nós nos magoamos, nos afastamos e assim como ele, eu tenho minha parcela de culpa nisso tudo. Ele ficou chateado comigo e percebi que não haveria como as coisas voltassem a ser como foram. Mesmo com o emaranhado de sentimentos que estava passando por nossas cabeças, e sem nos vermos há meses, sempre quando eu abria o armário me deparava com aquelas três cervejas esperando a próxima vez que nunca aconteceu. Era muito dolorido algumas vezes olhar para elas e pensar o quanto que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas eu nunca as tirava de lá. Algo dentro de mim acreditava que sim, eu precisava guardá-las, pois guardando essas três míseras cervejas, eu preservava também a esperança de que algum dia eu as beberia com a pessoa para quem as comprei. Muito tempo se passou e finalmente me libertei. Fui convidada para uma resenha na casa de uma amiga e decidi levá-las para ajudar nas bebidas da festa. Uma ficou para o meu amigo, a segunda minha amiga bebeu, e a terceira e última, eu mesma bebi. Hoje já não existe qualquer resquício de expectativa... a lembrança e o carinho ficam, mas a vida continua. E eu também.