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Once Upon A Time
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Os dias passam. Escoam rapidamente, em turbilhão. Já não conto os dias.
A virada no calendário já não significa muita coisa.
Sinto saudades do vento, do sol, do ar fresco, de pessoas que eu amo.
Sinto saudades disso, e do sentimento de liberdade.
Que também consigo sentir mesmo estando sem poder sair de casa.
O resto é um bônus magnífico, pois não adianta ter essas coisas se não é livre.
Livre em coração, em espírito.
É nostálgico. Lembro de quando era bem mais nova e sentava para ver as estrelas, ou saía com alguém e sentia o cheiro do verde úmido e fresco ao meu redor.
Sinto saudades, pois são momentos que não voltarão.
Apesar disso, me resta estar aqui.
Esperar pela plena liberdade, aquela da qual sempre senti no âmago do meu ser que existia.
Apenas está a um passo de dissolução.
23/04/20
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Nada melhor para ter inspiração do que estar apaixonado. Ainda bem que passou, porque a inspiração é só para refletir a dor que queima, em palavras, as quais no futuro (hoje presente) são lidas mas já não tão bem compreendidas.
Afinal, como chegamos até aqui?
Estamos tão cansados.
***
A vida passa como um turbilhão, deixando rastros de amores, arrependimentos e ilusões.
O tempo passa e, quando olhamos para trás, percebemos que o que fizemos não foi tão importante quanto esperávamos que seria, que tudo passou muito rápido e não há como voltar atrás. As amizades se foram e pouca coisa restou. A vida adulta está a espreita e as responsabilidades cada vez mais em rédea curta, já as possibilidades, essas se esvaem um pouquinho a cada decisão mal pensada.
Mas o que nos resta?
***
Só nos resta continuar. Vamos ter que viver querendo ou não, a vida segue sem desculpas, sem pensar se tá doendo ou não. Só nos resta seguir em frente, fazendo o nosso melhor e dando valor a coisas que antes não dávamos. Nos perdoando e tentando não ser uma pessoa tão ruim pra um mundo já em colapso. É. Só me resta amar e não esperar nada de ninguém, esperando que vamos conseguir vencer os percalços da vida e não nos arrepender tanto do que fizemos... Eu acho. Afinal, sou apenas mais um jovem cansado.
1/3/20
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Você é um anjo
Com as asas quebradas
E o coração estilhaçado
Por tantas mágoas
Caído de joelhos na poça da chuva límpida
O olhar perdido em meio a tantos olhares
Que te queimam e ferem
De julgamentos
Mas ora
Tu esquecera
Que és um anjo
E que tua pureza vai além
Da pele alva
O teu brilho vai além
Da efemeridade dos cometas
Então levanta
E não se deixe mais cair.
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Talvez eu devesse voltar a escrever, mas sinto que perdi um pouco da minha capacidade de expressar meus sentimentos em palavras que apenas servirão para no futuro eu ver como eu estava no passado.
26/06/2019
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ALUCINAÇÃO
Outrora eu achava que eu era louca e era difícil viver em um mundo de normais. Hoje eu vejo que não sou louca, não, e que é difícil estar são em um mar de alucinação coletiva, onde o “normal” é não ter noção nenhuma sobre a realidade e muito menos alteridade e respeito ao direito de ser diferente do “tradicional”.
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Phillip Long - Pra quem já quis fugir pro mato (Manifesto - 2017)
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Desejo ter um cigarro entre meus dedos agora, e poder sentir a fumaça adentrando meus pulmões, e o alívio que viria desse ato, da nicotina relaxando meus neurônios e permitindo-me respirar mais aliviado – o que talvez seja um tanto quanto paradoxal. Mas ser humano é complexo e já me fez querer gritar tantas vezes. Gritar, até toda a dor de sentir se esvair.
Pois por vezes é duro, realmente duro e difícil, sentir tantas coisas. O não saber, a ignorância de tantas coisas, a alienação e a rotina que nos torna um tanto autômatos (o que pode ser útil, muitas pessoas conseguem fugir de encarar-se dessa forma, até eu, por vezes) e também deprimidos. O que acho que é mais o meu caso. Que talvez não venha ao caso, agora.
É um monte de cores, momentos, esperanças, formas e sabores, tão quase infinitos, que por vezes perco-me por entre tantas ruelas e esquinas com nomes esquisitos e que fazem por vezes minha mente implodir, em uma súbita lucidez que me faz ver que estou ali, olhando fixamente para a janela do ônibus, as gotas da chuva fria a fazerem seu caminho pela vidraça, tão bonito que fascina-me, e por momentos até esqueço-me dos pensamentos fatigantes que estava tendo sobre um futuro inexistente.
Às vezes parece que quanto mais eu sinto, mais torno-me infinito, querendo explodir como super novas ou implodir como buracos negros, indo além de toda criação, de todas as luzes divinas, indo além do que acredito ser, além do que aceito como digno de mim mesmo – muito pouco, devido a minha baixa estima -, refletindo sobre o espaço sideral, a escuridão que me chama e quer me abraçar, em um banho no oceano cósmico que por todo lado está, nas conexões imanentes que nunca deixaram de existir, entre os seres humanos e tudo quanto há, entre todas as formas de amar, no oceano irascível da vida, que me abraça e tranquiliza-me nos momentos da mais pura dor em que esqueço quem eu em verdade sou, em um mar de lamentos a humanidade perdeu-se, mas tão logo se encontrará.
E eu, que nunca deixei de ser o Eu, que nunca vi pelos olhos de outrem, mesmo através da empatia e alteridade, nunca estive na vivência dos outros, como saber se realmente existem? Pela visão limitada de meus olhos míopes, mal enxergo meu próprio umbigo, aquele centro ali no meio da barriga, tão auto centrado que não consegue ver além de seus próprios dilemas, e não encontra propósito em uma vida tão miserável que encontrou nesse mundo desde seus primeiros anos de vida, e que agora teima em seguir por caminhos que não sabe se quer mesmo ir. Aceitando a minha própria humanidade, o fato de estar aqui, e não em outro lugar mágico criado por minha imaginação, que de tão perfeito, tornou-se impossível sob qualquer viés, é mesmo as utopias que nos fazem querer continuar e nos dão forças para tal, mas que tornam-se fatigantes e como um quadro em branco: sabemos que não há nada lá, mas que só cabe a nós mesmos escrever livremente naquele quadro, e desenhar os passos de um futuro distante e que talvez não chegue, dentro desse presente impermanente em que tudo muda o tempo todo, não nos cabe perder a esperança de um dia sermos melhores e mais presentes a nós e ao Outro, esse outro tão adorado e tão temido, que nos quer por inteiro, até que a gente esqueça nossa própria identidade e nos tornemos parte dele, da natureza, das plantas, do Universo, de todos os outros, sem distinção, em um mar no qual somos uma só gota, um só grão de areia, tão necessário e importante como todos os outros.
27/07/2018
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O caos continua, a rotina se perpetua
O coração segue a bater forte em meu peito
Os fantasmas seguem a me rondar
Mas eu descobri que enquanto eu viver, eles lá estarão
Então eu preciso aprender a lidar
Fazer amizade com eles, quem sabe
Talvez deixar de me perder na tempestade
E ir para o olho do furacão, lá onde tudo é calmaria, e o vento uma brisa
A cada dia respirar e me descobrir
Eu que sempre estive aqui...
Aprender a amar cada olhar
E pelos fantasmas não mais me deixar levar
Pois se enquanto eu respirar
Eles também viverão
Está certo o porquê de quererem me levar para o caixão,
Pois eles só conseguem ver escuridão.
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Querido amigo,
Por favor, não deixe-me esquecer de todas as coisas boas que vivi, sorri e aprendi. Não sei se é certo vir te pedir coisas assim, eu só tô meio que a beira de um surto em meu primeiro dia de férias, porém tentando manter-me calma e viver o momento, já que absolutamente quase tudo sempre se acaba e se esvai, não é mesmo?
Sinto como se eu fosse uma flor murcha nesse momento, mas até que faz sentido, levando em conta que é inverno e choveu. Quem sabe na primavera eu me regenere novamente, eu não sei. Não queria ter que esperar uma nova estação para ficar bem novamente.
Mas eu espero que tudo se ajeite aqui dentro desse meu caos interno e eu fico feliz de poder contar com você que não deixa com que as noites de granizo sejam solitárias, assim como adoro poder contar com as raposas laranjas que flutuam nesse oceano infinito de múltiplos reflexos comigo.
[...]
Sinto que estou finalmente me curando, e espero que na próxima escarpa eu não me fira mais tanto assim.
Com afeto,
P.
17/07/18
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Você é um beija flor
Em teus olhos eu vejo as coisas mais belas
Em teu riso as notas mais sinceras
Em tua severidade a mais pura inverdade
Nos teus dedos eu vejo a gentileza
Em teu corpo
A mais pura poesia
Em teus beijos
O mais belo calor
E em teu abraço
Eu me renasço e viro pólen
Só pra você querer em mim ficar.
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Querido amigo,
Desculpa, mas esse semestre me matou. Não literalmente, claro, caso contrário eu não estaria escrevendo para ti.
Hoje tudo se foi, concluí minha última prova pela qual tanto derramei lágrimas de desespero ao pensar sobre. O alívio veio, e a vontade de viver também, mas eles tão logo vieram, foram-se...
O que mais incomoda-me, é que tenho tudo para estar bem e feliz, e tudo que tenho conseguido sentir na maior parte do tempo das últimas semanas é vazio e vontade de me isolar, enfiar-me entre minhas cobertas gélidas e chorar por horas a fio.
Eu sei que não vai resolver. Eu não sei o porquê de estar assim. Eu não sei o porquê de estar a tentar afastar quem eu amo - mas não o assumo -, só sei que dói.
Talvez seja a perspectiva de ver tudo apagar-se, as férias tão desejadas sempre deixam o vazio em meu peito de ver quem eu gosto partir. Mas sempre foi assim... Fico perdido e isolado em uma selva de concreto e umidade, em um cubículo sem paisagem.
[...]
Amigo, eu sei que talvez minhas palavras sejam corrompidas e impuras, mas perdoa-me, infelizmente não controlo como me sinto. Pois minha consciência pesa, minha existência tem-me sido um fardo pesado de carregar nos últimos dias. E por vezes eu só desejo morrer e desaparecer sem deixar nenhum rastro, entretanto, o medo de magoar quem fica ainda tem sido maior que esse desejo que por dentro faz minhas entranhas arderem.
Com afeto,
P.
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