Tumgik
pensandoparoquia · 5 years
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Episcopado Histórico e Administrativo
Podemos ter duas formas de olhar para o episcopado em sua realidade teológica, uma é conhecida como episcopado histórico e a outra como episcopado administrativo:
É sabido que com a Reforma Protestante do Século XVI, e a fragmentação da Cristandade Ocidental tivemos a manutenção do Episcopado Histórico por Anglicanos e Luteranos Escandinavos e Bálticos; a criação do Episcopado Administrativo (sem Sucessão Apostólica) por Luteranos Germânicos e pelos Moravianos (posteriormente adotado na dissidência Metodista).
Podemos afirmar que “O Episcopado Histórico é o termo Anglicano para indicar um Episcopado com Sucessão Apostólica ininterrupta”[1]. A sucessão apostólica foi definida a princípio, pelos pais da igreja, como uma tentativa de legitimação ministerial contra hereges que vinham surgindo na Igreja.
O objetivo era afirmar diante daqueles que apregoavam doutrinas heréticas, com a desculpa de haviam recebido aquelas doutrinas dos apóstolos, que eles não tinham legitimidade para propor aquelas doutrinas, pois em primeiro elas não estavam em concordância com a doutrina dos apóstolos e em segundo que se houvesse alguém capaz de apresentar uma suposta doutrina oculta seriam os legítimos sucessores dos apóstolos, aqueles que haviam recebido a imposição de mãos deles ou de seus sucessores diretos.
Assim, percebemos que historicamente a doutrina da sucessão apostólica não se sustenta, pelo fato que “o argumento que defendia a cadeia inquebrantável de sucessão a partir dos fundadores apostólicos até os bispos contemporâneos era secundário e auxiliar. Era tão frágil e por razão suficiente era difícil de remontar as conexões na cadeia sem nenhum grau de certeza. Só Hegesipo, Irineu e Eusébio de Cesareia tentaram estabelecer essas ligações, mas não tiveram sucesso”[2].
É, então difícil falar na “sucessão apostólica” ou na “sucessão a partir dos apóstolos”, se, por essas expressões, se pretende afirmar ou que os “apóstolos” instituíram o ofício episcopal como o conhecemos (ou mesmo os cristãos do fim do século II o conheceram) ou que se pode traçar retrospectivamente uma clara “cadeia” de sucessão a partir de um dado bispo em dado tempo na história para um ou mais “apóstolos”. O próprio conceito da sucessão como elemento da continuidade, unidade e identidade da Igreja é uma criação do século II[3].
Podemos perceber assim que a sucessão apostólica é mais matéria de fé, do que algo que tem uma comprovação histórica suficiente, e para um protestante o que deve ser crido tem de ser definido pelas Sagradas Escrituras, que não consta nenhuma definição ou texto-base para a concepção da doutrina da sucessão apostólica.
Tudo que se pode falar com honestidade consiste em que o padrão da liderança e governo que, no todo, prevaleceu nas comunidades cristãs da segunda e terceira gerações e que, portanto, tinha suas raízes plantadas no tempo dos fundadores originais e dos que lhes deram o crescimento, foi aquele padrão que, eventualmente, e muito naturalmente evoluiu num sistema, segundo o qual os cristãos em cada localidade tinham um pastor principal, o qual foi designado como episkopos. Este ministério episcopal foi, então, perpetuado, pela observância dos costumes que tinha a ver com a eleição e ordenação, de tal forma que a identidade da comunidade de geração para a geração foi salvaguardada, se não garantida, pela sucessão regular e legítima de seus líderes. Supunha-se que o bispo “sucedia” seu predecessor, se e somente se, fosse eleito devidamente pelo clero e povo de sua Igreja e devidamente ordenado pelos bispos que representassem a Igreja mais amplamente[4].
Assim mais importante que a sucessão apostólica, como uma cadeia de conexão entre ministros, é manutenção do próprio episcopado eleito pelo clero e povo em consenso e a sucessão de ministros fieis a ortodoxia, ortopraxia e ortopatia da Igreja, como bem afirmou Hipólito:
ninguém refutará esses (erros), exceto o Espírito Santo transmitido à Igreja, o qual os apóstolos receberam, primeiramente, e transmitiram aos que corretamente creram. Mas nós, sendo seus sucessores e como participantes dessa graça, sumo-sacerdócio, ofício do ensino bem como guardiães reputados da Igreja, não devemos ser encontrados deficientes na vigilância, nem dispostos a suprimir doutrina correta[5].
Sabendo que a sucessão apostólica não se sustenta historicamente e não encontra respaldo nas Sagradas Letras, há um problema por parte das Igrejas que adotam a doutrina da sucessão apostólica, pelo fato de que estas geralmente negavam a legitimidade das igrejas que não detém a hipotética sucessão. Contudo, graças aos esforços ecumênicos esse problema tem sido solucionado pouco a pouco.
As Igrejas que têm a sucessão pelo episcopado reconhecem cada vez mais que uma continuidade na fé apostólica, no culto e na missão, foi conservada nas Igrejas que não conservaram a forma do episcopado histórico. Este reconhecimento vê-se facilitado também pelo fato que a realidade e a função do ministério episcopal foram mantidas em muitas dessas Igrejas, com ou sem o título de bispo [episcopado administrativo]. A ordenação, por exemplo, é sempre efetuada por pessoas em quem a Igreja reconhece a autoridade de transmitir o mandato ministerial[6].
O episcopado administrativo, por sua vez, não prescinde da hipotética doutrina da sucessão apostólica para se legitimar, mas está fundamentado no fato que a forma de governo episcopal e o próprio ministério dos bispos é uma forma de ministério muito antiga, tem fundamentos claros nas Escrituras Sagradas e demonstra muitos frutos validos para o nosso tempo.
[1] CAVALCANTI, Robinson. ANGLICANISMO. Recife, 2009.
[2] NORRIS, Richard A. BISPOS, SUCESSÃO E APOSTOLICIDADE DA IGREJA. Tradução de Sumio Takatsu.
[3] NORRIS, Richard A. BISPOS, SUCESSÃO E APOSTOLICIDADE DA IGREJA. Tradução de Sumio Takatsu.
[4] NORRIS, Richard A. BISPOS, SUCESSÃO E APOSTOLICIDADE DA IGREJA. Tradução de Sumio Takatsu.
[5] HIPÓLITO. REFUTAÇÃO DE TODAS AS HERESIAS. In.: WRIGHT, J. Robert. AS ORIGENS DO EPISCOPADO E MINISTÉRIO EPISCOPAL NA IGREJA PRIMITIVA. Tradução de Sumio Takatsu. 1996.
[6] CONCÍLIO MUNDIAL DE IGREJAS. BATISMO EUCARISTIA E MINISTÉRIO – BEM. Itêm 37. In.: AQUINO, Jorge e CALVANI, Carlos Eduardo. O MINISTÉRIO NA IGREJA ANGLICANA. Brasília, 2000.
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pensandoparoquia · 6 years
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Ouve, Senhor - Diante do Trono 
Ouve, Senhor as palavras de afronta Escuta ó Deus, o que diz o inimigo contra mim Se levanta para intimidar, dizendo que o Senhor: Não me livrará! Mas uma coisa eu faço, venho a Ti em pano de saco Te apresento o meu clamor!
Dia de angústia, de perseguição dia de vergonha Mas sei que o meu Deus não é como os outros Feitos por mãos Abre os Teus olhos, Senhor, e vê Criador dos céus e da terra Salva-nos, das Suas mãos agora E que todos saibam Que só Tu Senhor és Deus
Assim diz o Senhor, o Deus de Israel Ouvi filho meu A oração que fizeste a mim Eu defenderei tua vida e te salvarei Por amor de Mim e acerca do inimigo Digo assim não corres perigo Zomba dele ó filha de Sião
Despreza e zomba Do inimigo Enquanto ele foge Não foi contra ti que blasfemou Ou levantou a voz arrogante Porei um anzol no seu nariz E um freio na sua boca E o farei voltar por onde veio E contra ti nenhuma flecha atirará
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pensandoparoquia · 6 years
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Pergunta 3
Pergunta: Quantas pessoas existem em Deus?
Resposta: Existem três pessoas no único Deus vivo e verdadeiro: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São os mesmos em substância, iguais em poder e glória.
~ Catecismo Nova Cidade
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pensandoparoquia · 6 years
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Missão da Igreja - Parte 1 - A Legitima Missão da Igreja
Existem tipos diferentes de dons espirituais, mas o mesmo Espírito é a fonte de todos eles. Existem tipos diferentes de serviço, mas o Senhor a quem servimos é o mesmo. Deus trabalha de maneiras diferentes, mas é o mesmo Deus que opera em todos nós. 1CORÍNTIOS 12.4-6 (NVI)
No texto ao lado o apóstolo Paulo distingue a ação divina em meio a Igreja, em três «coisas espirituais» (1Co 12.1), cada qual relacionada a uma das pessoas da Santíssima Trindade.
O Espírito Santo é a fonte de todos os diferentes dons espirituais que operam na Igreja, o Senhor é para quem se destinam todos os serviços realizados na Igreja e existem formas diferentes de trabalhar ou operar, mas é Deus quem opera tudo em todos nós.
Por meio de tal texto, temos compreendido que Jesus Cristo designou a Igreja algumas atribuições (serviços) que lhes eram próprias, para o cumprimento dessas atribuições ela foi capacitada pelo Espírito Santo com carismas (dons espirituais), que impulsionam a Igreja a, sob a autoridade do Pai Eterno, atuar em campos de ação (trabalhos) específicos, mas inter-relacionados.
Em tempos aonde temos visto muitas Igrejas realizando a missão que Deus lhes confiou (atribuições + carismas = campos de ação) de maneiras distintas, antes de falarmos da própria missão, temos que nos perguntar: todas estão exercendo a missão de maneira legítima? existe uma maneira legítima de exercer a missão? que maneira seria essa?
Para respondermos essa questão chegamos a três termos que conjuntamente nos apresentam o regime da missão da Igreja ou seja, qual a forma legítima de exercer a missão. Sem eles, a Igreja pode buscar exercer a correta missão da Igreja, sem ser da maneira certa, ou seja, tentar chegar aos fins corretos por meios errados.
Essas três características aqui reunidas nos apresentam o conceito de regime de governo da Igreja que achamos mais adequado e, principalmente, mais bíblico. Regime é, aproveitando-se de conceitos da ciência política, aquilo que garante legitimidade ao exercício da missão cristã. 
A Missão é exercida de maneira espiritual. A Missão é exercida corretamente na medida em que 1) a Igreja exerce suas funções de acordo com a capacitação sobrenatural do Espírito Santo, sem exceder Seus limites ou limitar Seu agir (At 20.28), só podendo exerce-las em nome de Cristo e pelo poder do Espírito Santo (Jo 20.22-23 e 1Co 5.4), e, 2) só é exercido exclusivamente por crentes (1Co 5.12) e de maneira moral (2Co 10.4).
Desse modo, temos rejeitado a ideia de que o exercício da missão é de alguma maneira democrática, ou seja, limitada e regulada pelos interesses, objetivos e planos do povo envolvido ou que o poder da Igreja encontre legitimidade nesse povo. Isso não significa que o povo não tem participação nessa missão, pelo contrário como veremos mais a frente, antes negamos que a legitimidade da missão da Igreja provém do povo envolvido ou de uma espécie de confirmação ou concordância popular-democrática.
Bem como, temos rejeitado a ideia de que essa mesma missão seja autocrática, ou seja, legitimada pelos objetivos dos próprios governantes da Igreja, ou por seus próprios carismas. Mas flui dAquele que, tendo recebido de Deus toda a autoridade (Mt 28.18), concede a Igreja as competências, a capacitação e limita a sua ação: Cristo Jesus.
A Missão é exercida de forma corporativa, ou seja, ela é exercida legitimamente na medida em que se reconhece a Igreja como um todo (os que ministram e os que são ministrados) como portadores das responsabilidades e do poder dado a Igreja, ainda que os ministros recebam porção especial deste poder para o cumprimento da porção também especial de atribuições que recebem.
Esse poder não foi entregue a uma autoridade superior (monocracia) que o delega a autoridades menores ou que convida a Igreja a ser uma espécie de conselheira ou apoiadora no exercício dessa missão, nem muito menos a um grupo particular de pessoas (oligocracia), mas foi entregue a Igreja como um corpo.
Em outras palavras, Cristo como a origem da missão da Igreja, ao delegar essa missão, delegou a toda o corpo de crentes, a corporação da Igreja é o titular da missão.
A Missão é exercida de maneira ministerial, ou seja, ela é exercida legitimamente a medida em que 1) a Igreja se reconhece como servidora, não sendo dotada de uma autoridade soberana e independente, mas derivada de Cristo, subordinada a Ele e para o serviço dEle (Mt 28.18), e, 2) que esse poder é exercido em harmonia com a Palavra Real de Deus e sob a direção do Espírito Santo, por meio dos quais Cristo governa Sua Igreja (Rm 10.14-15; Ef 5.23 e 1Co 5.14).
Essas três características e todo esse poder de ação, firma a Igreja de maneira tão segura que as portas do inferno não podem resistir-lhe o crescimento (Mt 16.18).
Continua... 
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pensandoparoquia · 6 years
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Acerca das Sagradas Escrituras: a letra, ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer; a moral, o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar
Agostinho de Dácia
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pensandoparoquia · 6 years
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Convergência e Ressurgência: os atributos da Igreja de Deus
Ampliando nossa reflexão acerca da Igreja, observamos que são características ou atributos dessa Igreja de Deus em Cristo (não querendo estudar todos os atributos) que viemos tratando até aqui e que estão relacionados a todos esses valores apresentados, ser por excelência católica e apostólica.
Catolicidade é um termo usado pelos teólogos para descrever a universalidade horizontal, geográfica e cultural da Igreja. Isso fala de convergência, reunião, é uma força centrípeta que converge tradições e costumes diferentes que orbitam em um mesmo centro, a palavra de Deus.
A busca pela convergência de tradições é vista muitas vezes com desconfiança e até mesmo como uma atitude de arrogância ou ingenuidade. “De fato, o meio complexo é sempre mais difícil que os extremos simplificados” [1]. É nesse meio complexo que acreditamos que a Igreja deveria estar, ainda que nem todas as corporações da Igreja de fato estejam. Mas cremos que as corporações da Igreja são convidadas a posicionar-se no centro de três tradições que tem sido posta muitas vezes em conflito, mas que cremos nós serem complementares e válidas para nosso tempo, visando que estão fundamentadas nas Escrituras Sagradas, são elas: a tradição evangélica, a tradição sacramental e a tradição carismática.
Isso é de fato ser uma Igreja católica, uma Igreja que tem ênfase no Evangelho, nas Escrituras Sagradas, e impulsiona as pessoas envolvidas a buscarem um encontro pessoal e real com Deus através de Jesus Cristo (tradição evangélica), uma Igreja que busca ver Deus se manifestando na história através de ritos e símbolos visíveis de Sua presença invisível (tradição sacramental), e uma Igreja que busca um relacionamento profundo com o Espírito Santo, move-se em Seus dons e só move-se se for através deles (tradição carismática).
Ainda que de fato todas as corporações da Igreja não estejam nessa convergência espiritual, há um centro mínimo que todas têm que seguir e concentrar-se. Esse centro é representado por símbolos, são eles: os credos, os sacramentos, os mandamentos e a oração do pai-nosso, todos fundamentados na única Palavra de Deus.
Enquanto catolicidade é um termo que descreve uma força centrípeta na Igreja, a apostolicidade, por sua vez é uma força centrifuga, uma força impulsionadora. Apostolicidade, portanto, é o impulso de ressurgência produzido pelo soprar do Espírito Santo que convida a Igreja a carregar o legado do passado e viver a missão no presente.
Ressurgência é um termo interessante para descrever a apostolicidade da Igreja, pois está associado a um fenômeno oceanográfico que consiste na emersão de águas mais profundas, ricas em nutrientes, na direção de regiões menos profundas, e ocorre justamente porque o vento sopra sobre o oceano afastando as águas superficiais e dando liberdade para que as águas profundas emerjam.
Do mesmo modo cremos que acontece com a Igreja, afinal, se a Igreja não é apostólica, e, portanto, missional, nutrida pelas águas profundas e impulsionada para a missão, ela de fato não é Igreja de Jesus Cristo.
Referências 
[1] ROSS, Melaine. EVANGELICAL VERSUS LITURGICAL? Defying a Dichotomy. ePub ed. Grand Rapids: Eerdmans, 2014. p 17. In.: SIQUEIRA, Gutierres Ferandes. EM DEFESA DO CULTO LITÚRGICO-CARISMÁTICO! < https://teologiapentecostal.blog/2018/02/19/em-defesa-do-culto-liturgico-carismatico/#_ftn2>. Acessado em 04.04.18 as 10:53.
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pensandoparoquia · 6 years
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Enquanto formos ignorantes em relação às Escrituras, não teremos a menor ideia do que Deus está fazendo.
Eugene Peterson
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pensandoparoquia · 6 years
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Jesus e seus ensinos não parecerão tão estranhos ou repulsivos aos não-cristãos como, por certo, parecerá a subcultura cristã que criamos. As gerações emergentes estão, na verdade, bastante interessadas em Jesus, mas muitas vezes os cristãos atrapalham
A Igreja Emergente ~ Dan Kimball
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pensandoparoquia · 6 years
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A Igreja e a Cidade
A Cidade é rodeada e fundada em conceitos sociológicos, antropológicos, geográficos, históricos e inclusive teológicos, e ainda que você não pense diariamente nesses conceitos que a envolvem para viver na cidade, você é influenciado por eles todos os dias.
Podemos pensar nas Escrituras como uma revelação construída em um contexto rural, contudo, Reis (2009) [1] apresenta em sua pesquisa a tese que a Bíblia é um livro bastante urbano, referenciando, para defender essa tese, cidades bastante populosas para a época que são essenciais na narrativa bíblica e mencionando alguns personagens centrais das Escrituras que foram pessoas urbanas.
Falando do contexto da Igreja do primeiro século, o autor supracitado, afirma em sua tese que ele “foi um movimento urbano com o compromisso de enfrentar os desafios de sua época”. Por esse motivo, podemos compreender que não deve ser diferente para a Igreja da nossa época, somos desafiados a entender constantemente a realidade da cidade na qual estamos inseridos, para termos uma ação relevante neste contexto.
Para entendermos o que é esse contexto urbano, em uma nação que está em processo de urbanização – com pessoas com pensamentos, modos de vida e características urbanas mesmo quando residem em áreas rurais – precisamos compreender o que é essa pessoa urbana.
Podemos apresentar como uma das características do homem urbano a indiferença para com seu semelhante, que é uma característica do homem moderno em geral, mas que se destaca e se revela de forma tão consciente e aberta na cidade, como reflete Engels (1985) [2] um lugar aonde pessoas “Atropelam-se apressadamente como se não tivessem nada em comum, nada para fazer uns com os outros, e entre eles existe apenas o acordo tácito pelo qual cada um vai na parte do passeio à sua direita para que as duas correntes da multidão, que se precipitam em direções opostas, não lhe interrompam, por seu turno, o caminho; e, todavia, nenhum se digna a olhar para os outros”.  
Outra característica bem presente no contexto urbano é o anonimato e o isolamento nas relações humanas, que são cada vez mais segmentadas, transitórias, impessoais e superficiais; um espírito de concorrência e exploração mutua; bem como, em vista a intensa diversificação, os habitantes da cidade passam a ser tratados em categorias e não como indivíduos. É evidente que todas essas características afetam em cheio a Igreja.
A vida na cidade apresenta muitos e graves problemas, principalmente por causa do crescimento desordenado, e se a Igreja deseja ter uma ação relevante nesse contexto, faz-se necessário o envolvimento na sociedade, inclusive conhecendo seus problemas.
Uma Igreja Comunional é convidada a ser comunhão não só para o interior de sua rede de relacionamentos, mas é convocada a se expandir para a localidade aonde está inserida. Ela compreende os valores e o estilo de vida das pessoas a sua volta, não com o objetivo de imita-los ou tornar-se serva da cultura, mas para traduzir os ensinos de Jesus e aplica-los ao nosso dia-a-dia, sempre dialogando, acolhendo e respeitando quem pensa diferente. Fazemos isso para reconstruir as pontes entre a Igreja e a sociedade que foram destruídas ao longo dos anos.
O teólogo José Comblim (1991)[3] afirma que: “a Igreja é chamada a assumir a sociedade urbana, não por oportunismo religioso, mas por vocação [...] Seu papel consiste em criar o povo de Deus a partir da cidade”.
É verdade que todo empreendimento humano está marcado pelo mal, e é realmente essa realidade que deve nos impulsionar a fazer o evangelho relevante na cidade aonde estamos inseridos. É uma ação que visa passar de uma situação de pecado para a situação de justiça, é conversão.
Referências
[1] REIS, Gildásio Jesus Barbosa dos. O FENÔMENO URBANO: Reflexões para uma ação integral da Igreja nas cidades. Revista Ciências da Religião – História e Sociedade. Volume 7, nº 1. 2009.
[2] ENGELS, F. A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA NA INGLATERRA. São Paulo, 1985. In.: REIS, Gildásio Jesus Barbosa dos. O FENÔMENO URBANO: Reflexões para uma ação integral da Igreja nas cidades. Revista Ciências da Religião – História e Sociedade. Volume 7, nº 1. 2009.
[3] COMBLIM, José. TEOLOGIA DA CIDADE. São Paulo: 1991. In.: REIS, Gildásio Jesus Barbosa dos. O FENÔMENO URBANO: Reflexões para uma ação integral da Igreja nas cidades. Revista Ciências da Religião – História e Sociedade. Volume 7, nº 1. 2009.
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pensandoparoquia · 6 years
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Senhor, é duro te seguir, mas é impossível te deixar
Santo Agostinho
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pensandoparoquia · 6 years
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A vida peregrina das pessoas é alternada de oásis e de desertos. Jesus não foi para o deserto por conta própria, nem foi algo ao sabor das circunstâncias, mas para ali foi levado pelo próprio Espírito Santo. Necessitamos de oásis para não perecer. Necessitamos de desertos para amadurecer. Em ambos podemos receber recados de Deus
Dom Robinson Cavalcanti ~ Tentados pelos demônios, servidos pelos anjos!
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pensandoparoquia · 6 years
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Pergunta 36
Pergunta: O que cremos a respeito do Espírito Santo?
Resposta: Que ele é Deus, coeterno com o Pai e o Filho, e que Deus o concede irrevogavelmente a todos que creem.
~ Catecismo Nova Cidade
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pensandoparoquia · 6 years
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Lecionário para a Semana
17 a 23/05/2018 - Ano B 
Tempo de Preparação para Pentecostes 
17/05 - Salmo 33.12-22; Gênesis 2.4b-7; 1Coríntios 15.42b-49
18/05 - Salmo 33.12-22; Jó 37.1-13; 1Coríntios 15.50-57
19/05 - Salmo 33.12-22; Êxodo 15.6-11; João 7.37-39
Domingo de Pentecostes 
Vigília em Preparação 
Cor Litúrgica: Vermelho
Aclamação do Evangelho: E eu pedirei ao Pai, e Ele lhes dará outro Encorajador, que nunca os deixará - João 14.16 
Joel 2.28-32; Salmo 104.24-34, 35b; Romanos 8.22-27; João 20.19-23 
Oração de Coleta: Deus Onipotente, neste dia abriste o caminho da vida eterna a toda raça e nação pela dádiva prometida do teu Santo Espírito, espalha este dom pelo mundo inteiro, mediante a proclamação do Evangelho, para que alcance os confins da terra; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 
Oração após a Comunhão: Deus fiel, que cumpriu as promessas da Páscoa enviando-nos o Seu Espírito Santo e abrindo para todas as raças e nações o caminho da vida eterna; abra nossos lábios pelo Seu Espírito, que toda língua possa falar da Tua glória; através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Dia de Pentecostes 
Cor Litúrgica: Vermelho 
Aclamação do Evangelho: Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte - Atos 1.8 
Atos 2.1-21 ou Ezequiel 37.1-14; Salmo 104.24-34, 35b; Romanos 8.22-27 ou Atos 2.1-21; João 15.26-27, 16:4b-15
Oração de Coleta: Ó Deus, que no dia de Pentecostes, ensinaste os fiéis, derramando em seus corações a luz do teu Santo Espírito; concede-nos, por meio do mesmo Espírito, um juízo acertado em todas as coisas, e perene regozijo em seu fortalecimento; pelos méritos de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
Oração após a Comunhão: Deus fiel, que cumpriu as promessas da Páscoa enviando-nos o Seu Espírito Santo e abrindo para todas as raças e nações o caminho da vida eterna; abra nossos lábios pelo Seu Espírito, que toda língua possa falar da Tua glória; através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Tempo de Reflexão de Pentecostes 
21/05 - Salmo 104. 24-34, 35b; Joel 2.18-29; 1Coríntios 12.4-11
22/05 - Salmo 104.24-34, 35b; Gênesis 11.1-9; 1Coríntios 12.12-27
23/05 - Salmo 104.24-34, 35b; Ezequiel 37.1-14; João 20.19-23 
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pensandoparoquia · 6 years
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A Natureza da Igreja
A Igreja é, como já foi refletida por inúmeros teólogos em nossas gerações, uma realidade que pode ser muito mais vivida que examinada. Ela faz parte do plano eterno de Deus [1] – sendo uma das três Institutis Dei [2] (instituições de Deus), sendo as demais a família [3] e o estado [4] – ouso dizer que ela (a Igreja) é essencial e imprescindível nesse plano [5]. Ela é o foco do amor de Jesus Cristo, nosso salvador eterno, e o campo de ação do Espírito Santo. Ela está intimamente relacionada com a Trindade Eterna – sendo Família de Deus [6], Corpo de Cristo [7] e Templo do Espírito Santo [8].
 As realidades visível e invisível da Igreja
A Igreja manifesta-se em duas realidades, uma invisível aos olhos humanos, mas contemplada pelo Deus Eterno como sendo composta somente daqueles que, no passado, no presente e no futuro, bem como, em todas as terras e culturas, verdadeiramente creem em Jesus, retamente adoram a Deus e bondosamente foram salvos por Sua Graça através da fé, e outra visível aos olhos humanos, composta daqueles fiéis que afirmam crer em Jesus, bem como seus filhos, essa pode, e de fato sempre contem, aqueles que não foram verdadeiramente regenerados [9].
Agostinho foi o primeiro a pensar nessa distinção, Sproul pensando na distinção feita por Agostinho conclui:
Algumas vezes, a igreja invisível é erroneamente tomada como algo antitético à igreja visível, algo que está fora ou apartado dela. Agostinho não pensou nessas categorias. Agostinho disse que a igreja invisível é encontrada substancialmente dentro da igreja visível. Imagine dois círculos. No primeiro círculo está escrito “a igreja visível”. Essa é a igreja exterior, humanamente percebida, a instituição como a conhecemos. A igreja invisível, como outro círculo, existe substancialmente dentro do círculo da igreja visível. Pode haver algumas poucas pessoas na igreja invisível que não são membros da igreja visível, mas elas são poucas e distantes entre si [10].
Essas não são duas Igrejas, mas duas realidades de uma única Igreja, a Comunhão do Povo de Deus em Cristo.
A igreja forma uma unidade espiritual da qual Cristo é o Chefe divino. É animada por um Espírito, o Espírito de Cristo; professa uma fé, comparte uma esperança e serve a um só Rei. É a cidadela da verdade e a agência de Deus para comunicar aos crentes todas as bênçãos espirituais. Como corpo de Cristo, está destinada a refletir a glória de Deus como esta se vê manifestada na obra de redenção. A igreja, em seu sentido ideal, a igreja como Deus quer que ela seja e como um dia virá a ser, é mais objeto de fé que de conhecimento. Daí a confissão: “Creio na santa igreja católica” [11] 
A Igreja como comunhão
Ser comunhão é ser uma rede de relacionamentos, portanto, Igreja é antes de tudo comunhão de santos e fiéis, afinal, a natureza do próprio Deus é relacional, Ele é uma comunhão de três pessoas tão intimamente unidas que não são três deuses, mas um único Deus Vivo e Verdadeiro. Sendo a Igreja família, corpo e templo de um Deus comunional é intimada a ser também comunional, isso faz parte da sua própria natureza, está intrínseco na essência do ser Igreja.
Segundo Greshake (2001) 
“Communio remete, em primeiro lugar, à raiz Mun, que significa fortificação e Moenia, muralha. Ou seja, remete a pessoas que se encontram em comunhão e estão juntas por trás de uma fortificação comum, estão unidas pelo mesmo espaço vital. Esse espaço é demarcado e une as vidas dessas pessoas em comum de forma que uma depende da outra. Em segundo lugar (com)munio faz referência à raiz mun que é refletida na palavra latina múnus, que significa tarefa, serviço ou também graça, dom, recompensa. O que está em comunhão está obrigado a um serviço mútuo, mas de tal forma que este serviço é precedido de um dom de antemão, que se recebe para passá-lo a outro. Desta maneira o conceito de communio está implicado ao de doação. Por isso communio não é um conceito estático, mas dinâmico. Comunhão é o processo de realização da vida” [12].
Podemos destacar então como elementos da comunhão da Igreja, segundo o autor supracitado: o espaço vital que une as pessoas – as corporações da Igreja – a missão da Igreja, e a organização dessa missão em serviços. Cappelli (2015) destaca que “não se pode fazer parte da comunidade cristã sem que se participe ativamente de sua atividade, construção e missão” [13]
A Igreja ao longo das eras
A Igreja está em execução desde Adão, manifestou-se em Abel e foi avançando a medida em que Deus foi constituindo um povo para Si e com eles começa a caminhar [14]. Contudo, esses atos de Deus e essas alianças com o Seu povo, são prefiguração de uma aliança futura e definitiva [15], que seria constituída, como de fato o foi, através de Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, a partir do derramamento de Seu sangue na cruz [16].
Através de Jesus, Deus Pai reúne, não mais por raça, mas pelo Espírito Santo, judeus e gentios, em um único povo, que pelo batismo é constituído “povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa, propriedade exclusiva de Deus”, aqueles que antes “não tinham identidade como povo, agora são povo de Deus” – 1Pedro 2.9-10.
Cristo é efetivamente o fundador da Igreja e exerce seu múnus fundacional em relação a Igreja durante sua vida terrena (poder constituinte originário [17]), conferindo a Igreja da época os poderes das chaves [18], dando ênfase e dupla comissão a Pedro, o ancião dos apóstolos, neste ministério [19] – o qual representava todos ministros que ganham uma dupla comissão para o exercício do Poder da Igreja – outro momento importante foi o da última ceia, aonde institui a eucaristia, sacramento do Evangelho.
Ratzinger (1974) sintetiza:
Cristo instituiu uma Igreja, isto é, uma nova e visível comunidade de salvação. Ele a quer como um novo Israel e como um novo povo de Deus, que considera a celebração da ceia como o seu ponto mais alto. Em outras palavras: o novo povo de Deus é efetivamente um povo, em virtude do corpo de Cristo[20].
Cristo ainda exerce seu múnus fundacional sobre a Igreja a medida que que suscita, através do Espírito Santo, movimentos de reavivamento, restauração e reforma (poder constituinte derivado [21]), caracterizados por um impulso cada vez maior de retorno as fontes. Stott, define reavivamento como:
uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras[22].
Esses movimentos não reformam efetivamente a Igreja como um todo, mas apenas corporações da Igreja e estruturam a Igreja em múltiplas corporações que são cada uma delas e compõe todas elas a Igreja de Deus em Cristo, mas espiritualmente esses movimentos atingem e influenciam todo o corpo de Cristo.
Referências e Notas
[1] Efésios 1.4-5
[2] Segundo CLOUGH: “O termo “instituição divina” foi usado durante séculos pelos cristãos, particularmente nos círculos reformados, para descrever as formas sociais básicas fixas” (CLOUGH, Charles A. LAYING THE FOUNDATION [Colocando o Fundamento], revisado. Lubbock: Lubbock Bible Church, 1977, p. 36. In.: ICE, Thomas. AS INSTITUIÇÕES DIVINAS. <http://www.chamada.com.br/mensagens/instituicoes_divinas.html>. Acessado em 04.04.18 as 08:55).
[3] Gênesis 1.26-28; Efésios 5.22-6.4
[4] Gênesis 9.5-6; Atos 17.26; Romanos 13.1-7. Romanos 13.2: “Portanto, que se rebela contra a autoridade se rebela contra o Deus que a instituiu e será punido”.
[5] RIDDERBOS concorda quando afirma: “Do ponto de vista histórico-redentor, a Igreja possui um lugar determinado nessa obra. Ela não aparece em primeiro lugar como um ajuntamento de crentes individuais que passaram a participar do dom de Cristo e do Espírito Santo. Na verdade, tem um significado a priori, isto é, de povo que Deus colocou ao seu lado em sua atividade salvadora e que ele pretende usar como exemplo de sua graça e redenção” (RIDDERBOS, Herman. A TEOLOGIA DO APÓSTOLO PAULO. A obra definitiva sobre o apóstolo aos gentios. Cultura Crista. São Paulo, 2004).
[6] Efésios 3.19-20
[7] 1Coríntios 12.27
[8] 1Coríntios 6.19
[9] Conferir a explanação de BERKHOF, Louis. TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Cultura Cristã, 2001.
[10] SPROUL, R. C. A IGREJA VISÍVEL E A INVISÍVEL. 2014. In.: <http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/744/A_Igreja_Visivel_e_a_Invisivel>. Acesso em 16.04.2018 as 10:40.
[11] BERKHOF, Louis. TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Cultura Cristã, 2001.
[12] Cf. GRESHAKE, G. EL DIOS UNO Y TRINO: uma teologia de La trinidad. Barcelona. Herder, 2001. p. 220-221. In.: CAPPELLI, Marcio. POR UMA “ECCLESIA COMMUNIO”. Contribuições da Eclesiologia Barthiana para uma Igreja Comunional e Participativa. Revista Pós-Escrito, nº 07, Rio de Janeiro, 2015.
[13] CAPPELLI, Marcio. POR UMA “ECCLESIA COMMUNIO”. Contribuições da Eclesiologia Barthiana para uma Igreja Comunional e Participativa. Revista Pós-Escrito, nº 07, Rio de Janeiro, 2015.
[14] Hebreus 11
[15] Jeremias 31.31-34
[16] 1Coríntios 11.25
[17] É o poder inicial, incondicional e ilimitado para a constituição da Igreja. Da mesma forma que na teoria do Estado um outro poder constituinte originário implica na refundação do Estado, de igual forma, na Igreja não há outro poder constituinte originário, de modo que, não é possível a constituição da Igreja em outro fundamento que não seja Cristo.
[18] Mateus 18.18
[19] Mateus 16.18-19
[20] RATZINGER, Joseph. O NOVO POVO DE DEUS. 1974.
[21] Ao contrário do poder constituinte originário, exercido diretamente por Cristo, o poder derivado é revisor, condicionado ao estabelecido pelo poder originário e completamente limitado por ele. Assim, na Igreja as reformas, reavivamentos e restaurações trazem a Igreja de volta a um estado de primeiro vigor, não tendo poder para alterar o que foi estabelecido pelo Senhor, através das Sagradas Escrituras.
[22] STOTT, John. A VERDADE DO EVANGELHO. In.: PEREIRA JUNIOR, Antonio. AVIVAMENTO OU AVILTAMENTO? <http://www.napec.org/heresias-igreja/avivamento-ou-aviltamento/>. Acesso em 16.04.2018 as 10:50.
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