Tumgik
#[ enquanto não sai cap novo resolvi postar a segunda parte dessa série de contos ]
deepsixfanfic · 2 years
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— Acha mesmo que ele vai aparecer?
— Uhum — ele respondeu, sem tirar os olhos do tablet que segurava. 
— Já faz uma semana. E eu não acho que ele seria tão burro de aparecer de forma tão óbvia. 
— Psicopatas não gostam quando dizem a eles que não podem, ou não devem fazer alguma coisa que querem por ser “melhor” para eles. Mesmo que ele saiba que aparecer aqui é perigoso, ele vai querer apenas para sentir a emoção de nos vigiar enquanto o vigiamos — o detetive olhou para ela brevemente. — Com eles, é tudo sobre ego. 
— E, sabendo disso, mandou a sua parceira pra dentro da boate sozinha — Trinity apontou para a imagem em uma das câmeras que colocaram em um pontos estratégicos da boate. 
Yuki estava sentada no balcão, onde sentou nos últimos dias enquanto os outros dois ficavam de tocaia do lado de fora.  Muitas pessoas já haviam se aproximado dela nesse tempo, todas eram gentilmente rejeitadas, exceto por um cara que achou que tinha intimidade demais e acabou com o braço torcido. 
— Ela sabe se cuidar — ele disse. — Policial. 
— O quê? — ela logo teve sua resposta, vendo em sua visão periférica uma luz forte sendo colocada na janela. 
— Senhorita, aqui é um local proibido estacionar — o tal policial, um homem não muito alto e de farda, disse. 
Ela apenas puxou seu distintivo, mal conseguindo ver com a luz em seu rosto.
— Detetive Trinity Rood, estou em uma operação. 
— Desculpe incomodar, detetive — ele desligou a lanterna e se virou, voltando para a moto que estava estacionada na esquina da rua. 
Ela se virou para Tony, que assistia enquanto Yuki falava com um homem jovem de cabelos loiros e roupas um pouco formais demais para uma boate. 
— Esse é o filho do dono da boate, Matthew McSweeney — Trinity disse, se lembrando que o pai dele foi mencionado durante a investigação. 
— Ele é o nosso alvo, que já está pronto para ser interrogado — Questão deixou o tablet em cima do banco e saiu do carro. 
Trinity precisou respirar fundo para não gritar com ele. 
— Você poderia ter me falado isso! — ela disse, falhando em controlar seu temperamento. — Não podemos simplesmente interrogar ele sem provas. 
— Por isso eu não falei, sabia que ia encher a minha paciência. Adivinha? Você pediu a ajuda de vigilantes, é assim que nós fazemos as coisas — ele continuou até um beco, com ela bem atrás. — Se quisesse agir na lei, não estaríamos aqui agora. 
Esse homem conseguia estressá-la mais do que ela imaginava ser possível. Se soubesse que seria tão intolerável trabalhar com ele, teria convidado apenas Yuki para participar do caso. 
Pensando nela, a jovem apareceu saindo pelos fundos, segurando a mão do seu novo amigo para levá-lo até onde os detetives os esperavam. Ele não pareceu notar os dois de pé perto de uma grande lata de lixo e foi pego de surpresa quando Tony agarrou seu ombro e o jogou com força contra a parede de tijolos. 
— Que merda é essa?! — Matthew gritou, tentando se desvencilhar sem sucesso. 
— Senhor McSweeney, acho que temos assuntos pra tratar — Questão o pressionou com mais força contra a parede. — A pessoa roubando órgãos, dois compradores foram vistos na boate do seu pai. São negócios delicados demais pra serem tratados sem o consetimento de um criminoso tão famoso. 
— Quando o meu pai souber disso..!
— É bom cooperar, ele é o policial bonzinho — Yuki disse, aparecendo brevemente ao lado de Tony. 
 — Isso tem dado certo? Ameaçar garotos mimados pra conseguir informações — Trinity cruzou os braços. 
— Ficaria surpresa — Yuki puxou uma pequena kunai que estava presa em sua coxa e arremessou na direção da divisória entre os tijolos perto da cabeça de Matthew. 
Trinity olhou surpresa para os dois, enquanto Questão não parecia nem ter piscado. 
— Ela não vai errar o próximo, então por que não… — o vigilante logo foi interrompido.
— Tem um cara! — ele gritou, balançando as mãos na frente do rosto. — E-ele conversa com as pessoas na área VIP, eu não sei sobre o que, eu juro! Ele nos paga em dinheiro, nunca avisa quando vem, só aparece e os clientes sabem onde encontrá-lo. 
— Espera que eu acredite que ninguém aqui sabe absolutamente nada sobre ele? Que vocês deixam um estranho fazer negócios debaixo do seu teto? — quando ele não respondeu, Tony se afastou, porém puxou o braço dele o suficiente para ficar contra a parede. — Ele decidiu que não precisa mais dos dedos. 
Antes que Yuki pudesse avançar para perto dele, Trinity segurou o ombro do vigilante e o puxou para longe de Matthew. 
— Já vi o suficiente — ela empurrou o herdeiro para que corresse para longe. — Não vou descer ao nível deles para conseguir informações. 
— Você é muito burra se acha que vai conseguir algo de outro jeito. 
— Questão! — Yuki advertiu. 
— Eu te disse que isso aconteceria, ela não está pronta! — ele disse para parceira e se virou para Trinity. — Se não fosse pelo seu complexo de superioridade, já teríamos resolvido o caso. Acha que é melhor do que eles? Você é uma policial lá fora, mas se algum dia quiser usar essa máscara, é bom descer do seu pedestal e aprender como lidamos com criminosos. 
— Então é sobre isso?! Eu não quero ser a porra de uma vigilante, pode ficar tranquilo quanto a isso!
— Você mal é uma detetive de verdade, não conseguiria ser uma vigilante nem se tentasse — Tony começou a se dirigir para fora do beco, mas ela não iria deixá-lo sair da conversa assim. 
— Foi isso que o Vic disse quando me escolheu para ficar no lugar dele? — a frase o fez parar bruscamente e virar o rosto limpo de feições na direção dela. — Se fosse tão perfeito quanto alega ser, teria recebido a máscara quando ele morreu.
Houve silêncio por vários segundos, que pareceram horas. Quando ele pareceu pronto para responder, Yuki se colocou entre os dois. 
— Tony, volta pra casa, agora — ela usava um tom firme que o fez fechar a boca imediatamente. — Trinity e eu vamos dar uma olhada no perímetro e te encontramos lá. 
Sem mais uma palavra, ele foi até onde seu carro estava estacionado em outra esquina e desapareceu da vista delas. 
Trinity se sentiu mal quando o calor da raiva passou. Mesmo não podendo ver a reação dele, sabia que Vic era um assunto sensível para ambos. Yuki pareceu perceber e a guiou para que fossem para o carro da detetive. 
— Eu não quis dizer aquilo — ela disse, alguns minutos depois de dar partida no carro. 
— Eu sei. Vocês dois são mais parecidos do que pensam, falam sem pensar quando ficam com raiva — Yuki ofereceu um sorriso compreensivo para a colega. — Nós não íamos cortar os dedos dele, só pra você saber. 
— Não achei que fossem, só… Não é certo. Se precisarmos usar violência sempre, ela só vai continuar. 
— É bem nobre pensar isso, mas, no nosso ramo, violência é geralmente a única saída. Sou suspeita em falar também, fui criada por uma assassina — Yuki deu uma leve risada ao ver o olhar incrédulo da outra. — Mesmo assim, tentamos não exagerar. Esse caso só pediu por medidas desesperadas. 
— Vocês conseguiram mais informação que tivemos em meses. Agora sabemos que esse cara frequenta o lugar — Trinity parou por um segundo, franzindo o cenho, mas continuando a dirigir. — Questão disse que o assassino provavelmente já sabia sobre nós, e que estaria nos vigiando. 
— É muito comum acontecer, eles gostam do perigo e da atenção. 
— Essa investigação está sendo mantida em segredo até do público, para não gerar alarde e acabar com possíveis brechas para pegar o assassino. Ninguém de fora sabe que eu estou no caso, muito menos vocês. 
— Você acha que a pessoa estaria procurando informações sobre os detetives no caso? — Yuki seguiu a linha de raciocínio, curiosa. 
— Posso estar ficando paranoica como o seu amigo sem rosto, mas um policial apareceu mais cedo. Não vi o rosto dele, falei meu nome e mostrei o distintivo de detetive — ela segurou mais forte o volante. — Acha que poderia ser ele?
— Aprendi a não descartar nenhuma possibilidade quando o assunto são esses malucos. Se for mesmo ele, há uma chance de que já esteja indo atrás de você. 
— Como ele saberia para onde eu vou depois daqui? — Trinity já estava de olho nos retrovisores desde que deixaram o local, e tinha certeza de que não estavam sendo seguidos. 
— Nossa teoria inicial é que ele é um médico por causa da precisão dos procedimentos, e o fato de estar revendendo os órgãos que rouba em perfeito estado. Alguma chance de ele ter acesso ao seu histórico médico? — a jovem viu a cor sumir do rosto da outra. 
— Precisamos avisar o Questão.
<- PARTE 1
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