Tumgik
#mulheresheterossexuais
kobraconk · 2 years
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Outra crítica sobre o jornal Leeds Revolutionary Feminist - “Political Lesbianism”.
Claro que é muito mais fácil fazer feministas heterossexuais se sentirem culpadas do que confrontar as estruturas do patriarcado que vão além dos relacionamentos pessoais imediatos ou examinar em profundidade as razões pelas quais os relacionamentos heterossexuais têm domínio sobre as mulheres. Gritar slogans sobre esse tipo de coisa é totalmente irrelevante.
A implicação da abordagem do Feminismo Revolucionário é que as mulheres heterossexuais são estúpidas ou masoquistas e devem se recompor e lutar contra o patriarcado de maneira adequada - um argumento sexista liberal clássico.
Os homens sempre defenderam que é apenas a fraqueza mental das mulheres que causa a opressão das mulheres - o tom compassivo deste artigo ecoa exatamente isso.
O que faz a análise feminista radical ser especial é que nós dizemos que nossa opressão não é nossa culpa, mas que inclusive aquelas mulheres [as heterossexuais] não sofreram lavagem cerebral (ou seja, elas não são estúpidas). Feministas radicais precisam olhar para o por quê mulheres fazem o que fazem, respeitar a força das mulheres e tentar compor, não somente para intimidá-las por terem ideias bobas.
O manifesto Redstocking, um primeiro manifesto, disse “Nós tomamos o lado das mulheres em tudo”. Para mim, ter isso em mente é uma boa maneira de expor os argumentos liberais e eu acho que o lesbianismo político falha totalmente. Se a mulher adora foder [com homens], feministas radicais não deveriam dizer a ela que ela não sabe o que está fazendo e que ela deveria parar com aquilo imediatamente, mas deveriam conversar sobre outras áreas da vida. O único ponto para mudar as vidas das mulheres é se elas querem fazê-lo - se isso é bom para elas. Nós precisamos descobrir, à medida em que avançamos, o que é que essas mulheres querem, não ditar o que elas devem fazer agora.
Eu passei muito tempo sendo heterossexual, sendo uma feminista muito comprometida e me senti vagamente culpada muitas vezes, mas eu não deixei meu namorado até o momento em que eu quis deixá-lo. Meu processo de separação foi longo e doloroso, mas necessário. Se eu tivesse deixado ele abruptamente, por ter me sentido culpada [em estar com um homem] naquele processo de criação de uma identidade pessoal, eu teria terminado em nada, mas com um sentido virtual de preencher o espaço deixado por aquele relacionamento.
Eu rejeito absolutamente a ideia que o trabalho político das feministas heterossexuais está minado simplesmente por elas dormirem com homens. Por outro lado, existem obviamente outras maneiras nas quais as relações das mulheres com homens machucam a elas mesmas e a outras mulheres. Mas isso cabe às mulheres heterossexuais trabalharem no que é bom para elas e eu acho que lésbicas deveriam respeitar sua integridade e boa fé fazendo essa análise.
Sophie Laws (Wires 83)
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páginas 12-13
Love your enemy? The debate between heterosexual feminism and political lesbianism
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