Tumgik
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Pena
Escutei de uma sábia árvore uma vez, que família, não importa como ou qual, sempre será família. É fato. Ela sabe que perdão é necessário e que temos a responsabilidade de aprender, sempre. Seja com alguém ou em situações solitárias, deveríamos fazer nosso melhor. Sem obrigações, mas você quem sabe, hein?! Eu não sei bem de onde foi aprendida essa ideia dela, uma árvore velha, sofrida, com podas realizadas durante toda sua existência em demasiado, dói né? Acho que sim, mas não sou árvore. No ninho, esse do meu nascimento, num dos galhos dessa árvore provedora (protetora, geradora, dentre outras atividades), passarinhos já não cantam mais uns pros outros. Eles, na verdade, se esforçam com toda sua pouquíssima capacidade e possibilidade de raciocínio, para gritar (não cantar) o mais alto possível. Pra ninguém. Mas querendo ser ouvido por todos. Pra se sentir validado em suas verdades.  Cessa apenas quando é sabido dessa tal de solidão, no momento que o outro não está, não dá escandalizar alto suficiente em algumas distâncias... a gente sabe disso né? Melhor calar pra descansar e recuperar energias pra gritar mais quando perceber uma companhia próxima o suficiente pra ser ouvido. Caído do ninho, temos esse tal passarinho azul. Chateado como está, medroso como é, age muitas vezes com agressividade como numa tentativa constante de autoproteção. Alguém sabe dos perigos que passamos em lugares desconhecidos? Eu tenho medo até de imaginar. Que perigo! Ele sabe, pelo que disseram pra ele, que é extremamente necessário a continuidade dessa vidinha dele. Vida. Pequena, frágil, em um piscar de olhos não está mais ali. Antes de cair, o passarinho azul preferiu trocar de ninho por um que considerou mais bem construído, e nesse ninho, percebeu que o bonito não é somente fazer barulho pra comprovar sua existência insignificante, ele poderia cantar, baixo até, para que outros passarinhos o escutassem e o entendessem. Demorou, mas finalmente ele aprendeu. E quando aprendeu, caiu. Caiu. Caiu tão rápido, de súbito. Difícil demais tentar bater as asas e pedir socorro ao mesmo tempo! Já tentaram? Impossível! O desespero que o tomou, nem me lembro se realmente tentei chamar, não me lembro nem da tentativa de bater minhas asas. Acho que só caí. Ou me joguei? Vai saber. Nesse ninho último (talvez não tão ultimo), um passarinho vermelho, o mais velho e mais responsável, aquele que sentia como necessidade prover, não consegue entender mudanças... algumaTODA similaridade com qualquer ser vivente que preze por sua existência tão importante e cheia de significados. CUIDADO! Que medo! Ele sentiu que as coisas não estão sob seu controle, como assim? “Então já que não é como quero, não verei como querem com bons olhos, é isso!”.  O passarinho azul (será mesmo que azul mesmo? Posso ser amarelo? Ou verde? O mesmo de cor nenhuma), hoje, só sente. Observa. Medo? Sempre! Medo! Mas existem coisas que não poderão ser evitadas, elas acontecem independente. Pra que mesmo sofrer antecipadamente por coisas que não estão sequem sob nosso controle? Como faz pra se preparar pra tudo e ao mesmo tempo aproveitar o que está acontecendo agora? Aproveita o agora, passarinho. Aproveita! Olha a vida! Olha o tempo! O tempo, ele ensina a ser um pássaro que voa cada vez mais alto. Ele ensina a ter mais coragem, ele ensina a entender coisas que antes pareciam tão assustadoras mas que lá de cima, nem são tão assustadoras assim.
Acho importante lembrar, que mesmo depois do voo mais alto, a necessidade da descida é verdadeira. Pousa, passarinho. Tudo bem sentir medo de novo. Tudo bem não ter certeza. Tudo bem. Vivam mais, passarinhos!
DC3, num dia frio mas com um sol muito bonito.
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Parte do caminho
Senta que lá vem história... 
Eu tenho tantos medos. E tantos outros que já tive e hoje nem penso mais... imagino que tenha um mínimo de normalidade nisso, como uma música que eu ouvia quando criança e minhas tias colocavam músicas em casa e a casa tinha cheiro e cor de felicidade e amor e carinho e calor e era tudo maravilhoso, na cozinha da casa em Planaltina de Goiás. Com as flores douradas desenhadas nos azulejos brancos, não em todos, mas em alguns, espaçados. A música, os paços delas dançando no meio da cozinha enquanto riam cochichando esperando o tempo que eu perceberia o que estava acontecendo, sentiria ciúmes e me enfiaria entre elas para dançar com minha madrinha. E ríam. Na música, uma dupla sertaneja (acho) canta que o homem tem medo de alguma coisa, a bailarina de errar o passo, e quem tem um amor tem medo de perder, algo assim. Eu não tinha medo de perder coisas que achava estar tão, mas tão bem estruturadas que nunca se desfariam, mas que hoje se desfazem. E antes, tinha medo de coisas que hoje me acompanham e eu as olho com tanta intimidade. Eu me vi com medo quando perdi umas estruturas que me sustentavam. Quando me vi sem saber o que eu era ou mesmo o que pensava como correto ou incorreto. Quando olhava paras pessoas que estavam à minha volta, e não acreditar que elas realmente tinham coragem de pensar e dizer o que estavam dizendo que pensavam. E eu me vi nadando contra uma enorme maré, com peixes enormes, e eu, ai de mim, um peixe insignificante. E eu, que sempre fiz questão de me manter tão cercado de tantas pessoas que eu acreditava amar e ser amado por elas (não que não seja), que fazia questão sempre de muitos amigos, conhecer o máximo de gente possível, sociável, amigável, lubrificante social, estava sozinho. Pela primeira vez, sozinho. Mas sozinho de verdade. Porque quando eu sentia que alguém estava dentro comigo, essa pessoa me machucava, então era o conflito de não querer estar sozinho e o precisar estar sozinho. Eu sentia tanto, mas tanto ódio por todas as pessoas terem tido coragem de me causar tudo aquilo que elas tinham me causado. Toda essa dor que eu não estava entendendo nada. Eu só queria ficar sozinho e tirar todo mundo dali de dentro. De dentro de mim. Separar o que era eu e o que eram elas. Porque o que eram elas me fazia mal e eu estava odiando sofrer, e odiando todo o mundo. Eu sabia tão pouco o que pensar, ou como agir, que tentei ficar o mais quieto possível. E quando calei minha voz que ecoava pra fora, que gritava tanto o tempo todo, ouvi um silêncio ensurdecedor dentro do meu peito, que me deixava maluco e me fazia querer gritar e chorar e rir e correr e só ficar calado e parado. E veio mais medo, porque eu, que sempre conversei tanto, sempre me comuniquei tão bem, quando falava, as pessoas não me entendiam, por mais que eu tentasse e tentasse, elas continuavam me olhando como se eu estivesse falando em outro dialeto como se o meu sentimento de estar ficando louco estivesse confirmado no rosto delas. Fiquei bem quieto, tentando falar mínimo possível pra ser o mínimo possível mal entendido. Mas me percebiam, e reclamavam porque queriam que eu falasse e brincasse e sorrisse como estavam acostumados do tanto que eu fazia. E a palavra foi: apático. Recebi a descrição da minha tia como eu sentado no cume de uma montanha olhando uma belíssima paisagem e sem nenhuma expressão. Mas eu não entendi o porque dela usar isso como se eu fosse me sentir ofendido, se era exatamente aquilo? Eu sentia exatamente aquilo. E não porque a paisagem não era esplendorosa, mas porque eu não precisava causar um estardalhaço nem algum outro tipo de reação para que notassem o quanto EU sentia a beleza daquele lugar. Porque EU quem estava no cume da montanha. EU quem sabia como era ali. EU estava apreciando a vista e curtindo cada momento sem querer sorrir nem chorar. Percebi nesse meio tempo o quanto eu falava o tempo todo das pessoas, e o quanto sobre mim eu nem mesmo sabia. E o que sabia, não falava. Tinha medo ou vergonha mesmo de pensar, quem dirá de falar em voz alta! E então, veio uma das partes mais doloridas. Todas as vezes que eu falava, cada vez que as pessoas falavam, eu me sentia cada vez mais exposto, e ainda me sinto, hoje (e ontem) em especial menos. Eu senti como se antes houvesse um casco de tartaruga que envolvesse meu corpo inteiro, uma proteção. Mas que agora caiu, e quando caiu, deixou minha pele em carne viva e com um nível de sensibilidade enorme. Os olhares ou mesmo um mínimo toque causa uma dor inimaginável. E eu ali, sendo o primeiro a me usar como exemplo em cada conversa, em cada aula, em cada assunto. E no final de cada um deles, eu me sentia exposto e humilhado. Pequeno. Mas eu continuava falando, porque mesmo me sentindo assim, eu sentia necessidade de legitimar meus sentimentos. Eu me sentia sempre tão cansado, sentindo que carregava uma carga pesada nas costas. 
Ontem, na minha terapia, pude contar umas oito coisas boas que eu percebi acontecerem durante o meu final de semana! Pode imaginar? OITO COISAS BOAS? Haha! E ouvi do M. dentro do carro com um sorriso: "nossa amor, você tá num bom humor né?" seguido de uma cara preocupada: "mas não precisa mudar não, eu gosto muito assim, viu?". E eu gosto também! Vou curtir esse tempo. E quando vier outra tempestade, espero saber navegar melhor. Sem desespero. Aceitando ônus e bônus, essa é minha intenção.
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Opinions aren’t permanent and people change.
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Deus? Que deus?
Ultimamente as pessoas tem me considerado ateu automaticamente depois que elas me pedem para "rezar mais" ou mesmo para que eu pense mais em "deus". Eu sempre sei que elas vão dizer esse tipo de coisa, que vai ser naquele momento onde eu fiz tantas perguntas pra elas e que elas não sabem mais como responder... a pergunta que faço é de forma totalmente legítima! Eu peço apenas pra que elas me passem a visão delas do que é esse "deus" que elas pedem pra que eu "reze". Só isso... eu peço pra ver o que de tão diferente de mim elas veem lá fora delas mesmas de tão bom, de tão bonito e confiável que elas preferem procurar a resposta das perguntas delas nesse "deus" ao invés de olhar pra dentro delas mesmas e se resolver com elas. Que é o que eu penso que estou tentando fazer ultimamente. Eu acho que tem essas coisas aqui dentro. Eu sinto tanto amor aqui dentro, tanta vontade de bondade, tanto pensamento construtivo, que eu não tenho motivo pra perguntar pra uma coisa que está fora, e principalmente "em outro plano", o quão bom ou quanto amor eu consigo ter. Às vezes, as coisas parecem ser tão interligadas, tudo faz tanto parte de tudo, que eu sinto que mesmo esse "Deus" que as pessoas veem pode estar dentro de mim. Só que eu prefiro não denominá-lo Deus, mas Universo. Amor. Só que no momento, as coisas dentro de mim estão se reorganizando de uma forma tão grande que eu não tenho estabilidade nenhuma. Eu me desconheço. É desesperador e ao mesmo tempo não é, parte sim porque as pessoas pedem para que você possa se descrever constantemente, e mesmo elas muitas vezes te descrevem com muitas certezas, sendo desesperados porque você não se vê nada descritível, você não é. Você só ESTÁ. Apenas está. Mas por outro lado, eu gosto assim! Eu gosto de SER! eu gosto de SENTIR as coisas o tempo inteiro novas e frescas! Pelo menos é o que tenho sentido desde que essa nova experiência veio. Eu não sei mais como sou, porque eu não sou mais, eu sempre estou! E é maravilhoso! O sofrimento vem mais porque eu me sinto deslocado de onde sempre me senti muito bem alocado. Eu era o dominador dos espaços, o que chegava, o que ocupava, o que dominava, minha voz ecoava por todos os cantos, forte, alta, porque eu achava que assim as pessoas me sentiriam mais. E na troca, eu as sentiria mais. Mas desde que não tenho mais vontade de ocupar nenhum espaço que não seja o meu, o que tenho dentro de mim, eu tenho me sentido. E como estou gostando disso! Como tenho gostado de me bastar! E aí eu penso de novo: Deus? Que deus? Decidi que essa é uma coisa que vou pensar depois, porquê tenho tempo. Não preciso apressar nem atropelar nada.
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Enfim, um louro
Eu nem sei dizer como foi, mas veio o bom humor. Ele veio depois de uma faxina bem feita, depois de um carro que voltou da concessionária sem nenhuma queixa a ser feita mas com um presidente que ladra eleito que me preocupa pela possibilidade que seus eleitores (eles sim mordem) se sintam legitimados. Enfim, cá estamos nós em mais uma semana onde vejo a possibilidade de enxergar possibilidades. Isso sou eu não querendo dar o braço a torcer, porque no final das contas, estou me sentindo bem. E estou gostando e não gostando de me sentir assim. Me preocupa ser passageiro, quando na verdade, eu deveria saber que é normal ser passageiro. E que quando eu estiver mal de novo, aquele momento também será passageiro. Estou aqui agora, e pela primeira vez, estou me esforçando pra viver exatamente o momento que estou vivendo! Viver mesmo o texto que estou digitando. Ou agora pouco, que estava prestando uma prova, eu amei estar fazendo a prova! E pretendo amar cada um dos momentos... e mesmo quando quiser odiá-los, pretendo odiá-los fielmente também. 
Assim, acho que pra esse momento, me sinto bem. Me sinto sincero comigo. Acho que é a ideia. Sem responsabilidade além das minhas próprias. Sem preocupações além das minhas próprias. Sem dores além das minhas próprias. 
As minhas não são poucas.
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Poemas
Eu admiro os que conseguem sentir e escrever versos. Acho bonito e muitas vezes até penso que nem entendo muito bem. Leio, releio, olho pro autor, ouço seus sentimentos, gosto de pensar que entendo parte de suas particularidades, mas o que está posto ali, em poema, não muito. Até tento escrever alguma coisa, tento rimar... mas... nada. Esse últimos tempos, que tenho lidado mais com uma melancolia companheira, tenho feito coisas que eu nunca tinha me proposto a fazer. É uma coisa boa, eu acho, foi minha conclusão ontem a noite depois de uma conversa comigo mesmo em um diálogo com um amigo ao ler um poema dele no meio de uma conversa sobre o término do relacionamento que ele está sofrendo, e sobre términos, relacionamentos, isso eu acho que entendo. Sofrimento. Amor. Expert! No final das contas, percebi o quanto depois que me considerei nesse estado "depressivo", que tenho tomado alguns medicamentos para diminuir os meus pensamentos cíclicos pra diminuir a tendência de me afundar em mim mesmo, que é minha mania, o quanto eu tenho mudado minha forma de pensar e feito coisas diferentes do que eu fazia antes. O quanto eu tenho tentado otimizar meu tempo. O quantos abandonei a televisão que eu perdia tanto tempo e tento aproveitar meu tempo livre lendo ou escrevendo ou estudando e até desenhando. O quanto eu tenho gostado de conversar sobre mim e sobre o que eu descobri sobre mim e ouvir o que as pessoas descobrem sobre elas mesmas e não sobre o que elas descobrem sobre outras pessoas, que na maioria das vezes, eram coisas que faziam essas outras pessoas parecerem menores. O quanto eu gosto de pensar que a vida é cheia de possibilidade mesmo que você queira fazer qualquer coisa. E que qualquer pessoa pode ter uma infinidade de coisas que só existem dentro delas. Tenho tido tanta vontade de aprender. Mas me pego com tão pouco tempo. 
Terminou meio positivo né. Mas eu não sei se é Tão positivo assim no final das contas.
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8 minutos
É intervalo. Final. Os sentimentos estão tão desacertados que chego a ficar tonto. Minha cabeça gira. A raiva escapa o tempo inteiro em comentários ácidos e sorrisos amarelos. Eu tentando manter um bom relacionamento dentro do ambiente de trabalho como é solicitado. Só espero que o restante das horas passem tão rápido quanto esses 60 minutos de descanso que mais pareceram 23. 
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