Tumgik
wishingf0rrain · 2 years
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As vezes eu me sinto sem lugar.
Eu fiquei surpresa quando ele disse rindo que eu era romântica. Foi quase uma provocação, justo pra mim que era tão sabida, que já tinha feito tanta terapia. Romantismo era coisa de ilusão, de quem acreditava em comédia romântica de amor à primeira vista. Eu não era assim, meu amor tinha sido construído, um fundo sólido de parceria e amizade, mergulho tão grande, tão cedo, que virou mistura indiscriminada e a coisa desandou no encontro de nós mesmas.
Mas ao mesmo tempo quem me dizia isso era ele, a pessoa que me olhou fundo numa mureta de concreto. Ele entendia de dor como ninguém. Ele era poeta e eu perdi o poema que ele escreveu pra mim, meu celular quebrou e eu perdi. Só consigo lembrar da parte que dizia que a gente não podia durar, porque era amor intenso e verdadeiro e esse tipo não tem chance no mundo.
Com ele eu entendi que eu sou romântica mesmo…pra mim é esse tipo de amor que dura, é esse amor que deveria durar pra sempre. Todos os meus amores duram, pulsam dentro de mim num lugar muito seguro. E mesmo assim é esse eterno não lugar, essa memória.
Eu busco esse espaço de encontro transcendental, que significa nossa existência na potência do instante…o que me confunde é a contradição! Eu já vivi isso antes, com diferentes amores, olhar pro mundo em volta, se perceber viva, e pensar “é isso o sentido da vida”. Sentido não…é essa a potência da vida! Eu já senti isso!
Eu já senti isso mais de uma vez, amor em estado profundo, denso, que te puxa pro mais fundo da existência, que te preenche por inteiro porque te conecta com o todo. Mas todas as vezes ele passou…Esse mesmo amor; que me faz sentir tão parte integrante do mundo, que me muda, me revolve e me joga pra longe. Deixa de fazer sentido e aí vem o vazio, vem o não lugar, vem a necessidade de voltar a sentir essa sensação que não é idealizada, é memória vívida, memória física, e que me leva pra outra busca. É uma sensação que vem da boca do estômago, desce pra vagina, sobe pra garganta, atrás da coxa, ombros. Eu chamo isso de felicidade. É a dor mais prazerosa que tem. Não me assusta, me fascina, e eu mergulho nela por inteiro.
Eu li uma vez que sagitário é um signo propenso a vícios. Minha mãe sempre achou que eu fosse virar uma drogada. Eu não acho que ela tava errada. Ela só não entendeu que esse vício é minha virtude, minha intensidade, minha paixão, minha razão de viver. E minha droga é a própria vida, esses momentos raros, mas nem tanto, abundantes de essência, de sentido, físicos! Minha irmã um dia falou que eu era obsessiva, ela também não entende. Ele entendeu. Ele também disse isso, mas com poesia…”você é muito romântica”. Ele me via mais do que eu achava possível alguém me ver. A gente foi juntos até o inferno, e era lindo lá.
Eu gosto é desse tipo de gente, que entende a poesia da vida, a poesia do vício, a poesia da dor. Que entende que o inferno de ruim não tem nada, tem mesmo é a potência da vida, e que nele se fazem as maiores conexões…eu podia não terminar, porque a beleza da poesia é que tudo cabe nela, tudo é ela. Tudo cabe dentro de mim. Tudo não, mas esse sentimento que eu busco, esse lugar, é uma infinitude dentro da gente, um pedaço de universo. Tudo mudou depois que eu senti isso, em um dia de dezembro. A vida é infinita e densa e ela cabe nos menores pontinhos, igual as gotas de chuva que caíram em mim naquele dia.
É disso que eu sinto falta. Desde então eu não tomo mais chuva por medo de me resfriar com a friagem, e eu me resfrio mesmo…talvez seja maturidade. Faz tempo que eu procuro reviver esse todo, faz tempo que ele deixou de falar comigo, faz tanto tempo que ela me ressignificou por completo e que nem mais falamos sobre, justo nós que fomos uma só.
Eu sei o que eu busco, e eu sei que não está aqui. Eu sei que eu já tive, que é possível ter, e com todo meu eu acredito que tem muito mais por aí. Tem que ter, infinito é grande demais! O que eu não entendo é como o infinito pode ter fim…teve com todas elas, teve com ele…essa memória eu carrego viva em mim, será que isso conta como um “não fim”? O ruim da memória é que é construção individual, que perde a potência inerente, é resíduo de explosão.
Sigo buscando meu lugar. Sigo buscando me drogar. E sinto falta de vocês, da parte de mim que ficou com vocês pelo caminho e que tinha lugar. Que tinha potência. Da parte de mim que tinha sentido enquanto com vocês.
Eu não sei onde está meu sentido, não sei nem onde procurar, mas se eu não encontrar mais, que pelo menos eu possa viver nas memórias, nas suas memórias. Sobreviver sabendo que um dia eu soube a potência da vida, e que foi a coisa mais bonita que eu já vivi.
Mas como ele disse, eu sou romântica…eu acredito que o infinito ainda esteja por aí.
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wishingf0rrain · 2 years
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There'll be a moment when you realise you're 27 when yesterday you were just 17; and you wouldn't be able to tell how a decade passed away and your life got divided into before and afters. The fury of youth will subdue and nothing will really change but everything will feel different when you look at old photographs and blurry videos taken on cheap mobile phones. Scents will remind you of childhood and certain friends you don't talk to anymore, hangouts will become reunions and mom's burnt pie will become the best food you ever had. And I know on some days you won't be able to show anything of those 10 years but I hope you remember to breathe, and let go of the knot in your chest. I hope you go out in the sun and live a little, because tomorrow is 37.
Edit- I added the visualizer for this piece on my YT, check it out here
-Ritika Jyala, excerpt from The Flesh I Burned
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wishingf0rrain · 3 years
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wishingf0rrain · 3 years
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As vezes eu me sinto sem lugar.
Eu fiquei surpresa quando ele disse rindo que eu era romântica. Foi quase uma provocação, justo pra mim que era tão sabida, que já tinha feito tanta terapia. Romantismo era coisa de ilusão, de quem acreditava em comédia romântica de amor à primeira vista. Eu não era assim, meu amor tinha sido construído, um fundo sólido de parceria e amizade, mergulho tão grande, tão cedo, que virou mistura indiscriminada e a coisa desandou no encontro de nós mesmas.
Mas ao mesmo tempo quem me dizia isso era ele, a pessoa que me olhou fundo numa mureta de concreto. Ele entendia de dor como ninguém. Ele era poeta e eu perdi o poema que ele escreveu pra mim, meu celular quebrou e eu perdi. Só consigo lembrar da parte que dizia que a gente não podia durar, porque era amor intenso e verdadeiro e esse tipo não tem chance no mundo.
Com ele eu entendi que eu sou romântica mesmo…pra mim é esse tipo de amor que dura, é esse amor que deveria durar pra sempre. Todos os meus amores duram, pulsam dentro de mim num lugar muito seguro. E mesmo assim é esse eterno não lugar, essa memória.
Eu busco esse espaço de encontro transcendental, que significa nossa existência na potência do instante…o que me confunde é a contradição! Eu já vivi isso antes, com diferentes amores, olhar pro mundo em volta, se perceber viva, e pensar “é isso o sentido da vida”. Sentido não…é essa a potência da vida! Eu já senti isso!
Eu já senti isso mais de uma vez, amor em estado profundo, denso, que te puxa pro mais fundo da existência, que te preenche por inteiro porque te conecta com o todo. Mas todas as vezes ele passou…Esse mesmo amor; que me faz sentir tão parte integrante do mundo, que me muda, me revolve e me joga pra longe. Deixa de fazer sentido e aí vem o vazio, vem o não lugar, vem a necessidade de voltar a sentir essa sensação que não é idealizada, é memória vívida, memória física, e que me leva pra outra busca. É uma sensação que vem da boca do estômago, desce pra vagina, sobe pra garganta, atrás da coxa, ombros. Eu chamo isso de felicidade. É a dor mais prazerosa que tem. Não me assusta, me fascina, e eu mergulho nela por inteiro.
Eu li uma vez que sagitário é um signo propenso a vícios. Minha mãe sempre achou que eu fosse virar uma drogada. Eu não acho que ela tava errada. Ela só não entendeu que esse vício é minha virtude, minha intensidade, minha paixão, minha razão de viver. E minha droga é a própria vida, esses momentos raros, mas nem tanto, abundantes de essência, de sentido, físicos! Minha irmã um dia falou que eu era obsessiva, ela também não entende. Ele entendeu. Ele também disse isso, mas com poesia…”você é muito romântica”. Ele me via mais do que eu achava possível alguém me ver. A gente foi juntos até o inferno, e era lindo lá.
Eu gosto é desse tipo de gente, que entende a poesia da vida, a poesia do vício, a poesia da dor. Que entende que o inferno de ruim não tem nada, tem mesmo é a potência da vida, e que nele se fazem as maiores conexões…eu podia não terminar, porque a beleza da poesia é que tudo cabe nela, tudo é ela. Tudo cabe dentro de mim. Tudo não, mas esse sentimento que eu busco, esse lugar, é uma infinitude dentro da gente, um pedaço de universo. Tudo mudou depois que eu senti isso, em um dia de dezembro. A vida é infinita e densa e ela cabe nos menores pontinhos, igual as gotas de chuva que caíram em mim naquele dia.
É disso que eu sinto falta. Desde então eu não tomo mais chuva por medo de me resfriar com a friagem, e eu me resfrio mesmo…talvez seja maturidade. Faz tempo que eu procuro reviver esse todo, faz tempo que ele deixou de falar comigo, faz tanto tempo que ela me ressignificou por completo e que nem mais falamos sobre, justo nós que fomos uma só.
Eu sei o que eu busco, e eu sei que não está aqui. Eu sei que eu já tive, que é possível ter, e com todo meu eu acredito que tem muito mais por aí. Tem que ter, infinito é grande demais! O que eu não entendo é como o infinito pode ter fim…teve com todas elas, teve com ele…essa memória eu carrego viva em mim, será que isso conta como um “não fim”? O ruim da memória é que é construção individual, que perde a potência inerente, é resíduo de explosão.
Sigo buscando meu lugar. Sigo buscando me drogar. E sinto falta de vocês, da parte de mim que ficou com vocês pelo caminho e que tinha lugar. Que tinha potência. Da parte de mim que tinha sentido enquanto com vocês.
Eu não sei onde está meu sentido, não sei nem onde procurar, mas se eu não encontrar mais, que pelo menos eu possa viver nas memórias, nas suas memórias. Sobreviver sabendo que um dia eu soube a potência da vida, e que foi a coisa mais bonita que eu já vivi.
Mas como ele disse, eu sou romântica…eu acredito que o infinito ainda esteja por aí.
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wishingf0rrain · 4 years
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“I think I’ll miss you forever.”
— Lana Del Rey
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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Love always hurts.
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wishingf0rrain · 4 years
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Being 18-25 is like playing a video game where you’ve skipped the tutorial and you’re just sort of running about with no idea how anything works
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wishingf0rrain · 4 years
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@domsli22
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wishingf0rrain · 4 years
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Josh Young
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wishingf0rrain · 4 years
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Seen at @angeliquecooper
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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wishingf0rrain · 4 years
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“The Doom Generation”
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