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amyzmarch · 24 days
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considerando tudo o que havia escutado sobre sarah rose fairchild, por um instante jacob até mesmo se perguntou se estava falando com a pessoa errada. será que tinha outra fairchild andando por ali? ele duvidava muito, visto que era conhecido que um dos principais motivos de ser tão mimada era que o marquês não tinha nenhum outro filho. e, caso a garota fosse tão enervante como afirmavam por toda a londres, certamente não iria querer uma prima andando com o seu sobrenome pela cidade. então, ou as pessoas exageravam muito, ou tinha batido a cabeça em algum momento naquele fim de semana. não duvidava de nenhuma das possibilidades. “fico feliz que tenha ouvido falar tão bem de nós.” os lábios se curvaram em um sorriso extremamente falso, para não deixar claro que achava aquele elogio tremendamente exagerado. se dissesse isso para sua irmã, margaret desataria a rir. retribuiu mais uma vez o sorriso dela e segurou a sua mão ao que era estendida em sua direção. antes de partir para a pista de dança, continuou: “então, eu vou ficar duplamente honrado: por conseguir uma dança com a senhorita, e por ter a chance de salvá-la de beechworth.” conhecia praticamente todos os homens que estavam naquele baile, de convivência ou por conta do debut de margaret. “francamente, deveria andar com alguma placa de perigo em sua cabeça. minha irmã sempre reclama que ele tem dois pés esquerdos.” e, aparentemente, tinha mania de falar cuspindo. um nojo. ajeitou a mão no ombro da garota para iniciarem a dança, antes de respondê-la: “vim acompanhar a minha irmã, mas… resolvi dar uma chance real à temporada pela primeira vez. nunca se sabe o que o destino pode trazer.” quase vomitou internamente com aquelas palavras. “e a senhorita, o que está achando? deve ter um monte de convites, sendo o diamante da temporada. um título que não chega aos pés da senhorita, claro.”
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finalmente, os homens começaram a sair da sombras que lhe garantiam a privacidade de falar as asneiras que quisessem nas partes mais afastadas do jardim. memorizou os rostos de um por um, os nomes pipocando em sua mente conforme os identificava. assim que o fez, mesmo relutante, desfez a postura que adotava ali. deixou os braços caírem ao lado do corpo e voltou a atenção para a pista de dança, enquanto aguardava. mal se passaram cinco minutos antes de sentir a aproximação de alguém, e ao voltar o rosto para cima, observou as feições aprazíveis de jacob howard. então seria ele o sem vergonha que tentaria a sorte consigo. os primeiros instintos de sarah eram os piores possíveis: queria gritar, xingar, fazer um escândalo digno daqueles que faziam quando tinha oito anos de idade e alguém ousava lhe dizer um “não”. mas aquilo não apenas comprometeria sua reputação, como também — e principalmente — não daria a ele o que ele merecia. por isso, a fairchild reuniu toda a força que tinha para desfazer o ranger dos dentes, substituindo pelo sorriso mais doce que ele podia oferecer a ele. “oh, milorde! quanta gentileza. eu bem ouvi falar mesmo que os howard são famosos pela sua cortesia.” e levou uma das mãos até o peito, como se estivesse realmente tocada pelo grande elogio que era querer tanto a presença dela.  decidiu que seria tão boa naquilo que poderia até corar propositalmente, se assim julgasse necessário. “olha, sendo sincera, já não há espaço em meu cartão... mas considerando que a próxima dança já vai começar e eu não vejo nem sinal do conde beechworth, acho que ele não se importaria se você me roubasse por alguns minutos.” sua voz era tão suave e seus trejeitos tão meticulosamente delicados que chegavam a enjoar, enquanto ela estendia a mão na direção dele para que o homem a segurasse. com sorte, a luva conseguiria impedir que ele sentisse o calor da raiva que fervia dentro dela. “eu devo dizer... que honra, lorde howard. eu não sabia que o senhor estava participando de forma ativa da temporada. é uma grata surpresa.”
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amyzmarch · 1 month
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semicerrou os olhos ao escutar a resposta do braddock, sem saber exatamente como responder. eleanor não era a pessoa mais acostumada com confrontos no mundo, considerando que a única pessoa a entrar neles consigo geralmente era seu irmão mais velho. e ele não contava de muita coisa. “se te consola, é surpreendente pra mim também.” suspirou. aquela situação toda estava lhe dando dores de cabeça. “eu… acho que você tem razão.” engoliu em seco. sinceramente, ao menos os príncipes estrangeiros que conhecia eram extremamente sinceros quando não gostavam dela ou a enxergavam como um tédio ambulante, e agora enxergava tal sinceridade com certo mérito; ao menos os ignorantes com o mesmo título real eram mais verdadeiros quanto às suas personalidades e intenções. “sinceramente?” ergueu as sobrancelhas. não tinha motivos de não ser sincera com alexander, que provavelmente saberia se estaria mentindo descaradamente. e teriam de aguentar a companhia um do outro ao menos até o final da dança. “minha mãe.” soltou. “ela decidiu que encontraria uma esposa pro meu irmão procurando primeiro entre as damas da sociedade britânica, alguns anos atrás. o henry sabia fazia um bom tempo que teria livre arbítrio, mas, até aí, qual príncipe realmente não tem o direito de opinar no fim do dia? ela nunca obrigaria ele a se casar com uma bruxa só pelas alianças políticas. e ela me obrigaria a me casar com um azedo por conta disso.” deu de ombros e tentou espantar a expressão de incômodo que surgiu em seu rosto. “mas, depois que o meu pai… que o meu pai faleceu, ano passado, ela quis uma distração. algo pra animar as pessoas. decidiu que eu iria também tentar encontrar alguém tal como todo mundo faz, o que pelo jeito deixou quase todos os homens do país dando saltos.” e os que não davam saltos, tinham pais que davam saltos por conseguirem uma chance de se tornarem parentes da rainha. “eu achei que seria uma boa ideia de… tomar as rédeas da minha vida uma vez. o que claramente não está dando certo, porque isso é um inferno e eu estou quase desejando me jogar no mar e ir nadando até o continente encontrar um príncipe que não me trate que nem um animal de circo por ter um título igual ao meu. e que, talvez, com muita sorte, tenha vontade de saber algo sobre a minha pessoa e não sobre a minha coroa.” riu, sem humor nenhum. “vai, pode rir. se diverte com a minha desgraça.”
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comprimiu os lábios ao ouvir a represália soando logo precedente ao seu nome. agora sim parecia a eleanor que ele conhecia e que o desprezava. desde o final desastroso da conversa dos dois no início dos dias naquele lugar, alec havia decidido que a arundell era um capítulo fechado de sua vida. a retomada do contato havia sido um grande erro, e considerando tudo o que ouviu acerca das opiniões que ela tinha sobre si agora, concluiu que não tinha motivos para insistir na amizade com ela. ainda que tivesse que ter passado em cima disso, milagrosamente, decidiu que não iria contribuir para testar os nervos da monarca naquela noite; por si só ela já parecia transtornada o suficiente. o que se confirmou quando ela desatinou a falar. em silêncio, observou-a conforme a música começava, guiando os primeiros passos da dança que ela parecia seguir de forma automática, já que sua real concentração estava toda voltada para o pequeno monólogo que perfazia ao falar de como estava indo a temporada para ela até então. os lábios do herdeiro de somerset se apertaram mais na linha reta em que eram mantidos quando ela complementou que não estava o contando na lista dos intragáveis. anteriormente, até riria daquilo. depois dos últimos acontecimentos entre eles, porém, saber que aquela era a real opinião dela sobre si, ainda o magoava um pouco. “bem, é uma surpresa não ter meu nome na lista.” fora sua única resposta, desviando o fitar dela para dar uma olhada em volta conforme eles rodopiavam pela pista, confirmando suas teorias de que todos ali, mesmo os que já dançavam com outras damas, tinham os olhos fixos na princesa em seus braços. “tenho a impressão de que eles sempre foram bem ruins. você só está tendo a chance de descobrir o quanto agora, porque foi lançada aos leões.” conteve um suspiro, voltando a atenção para o rosto dela. “se me permite perguntar... por que, exatamente, você está participando da temporada? quero dizer, eu não questiono a necessidade de você se casar. sei que é sua obrigação e tudo mais. mas não seria mais fácil utilizar os contatos de sua família para arranjar um pretendente à sua altura, sem precisar se torturar dessa forma?”
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amyzmarch · 1 month
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a leveza que dominava a vallance naquele momento era o suficiente para ocasionar um sorriso largo no rapaz. não era sempre que a encontrava assim, muito menos nos eventos da temporada social. e aquilo caía em mia como uma luva. “eu dancei, não pedi ela em casamento!” se justificou, rindo. “ela é… legal, eu acho, mas não acho que seja pra mim. ou eu que não sou pra ela. de qualquer jeito, tem uma parcela de culpa nessa história o medo que a mãe dela me deu.” fingiu uma expressão repleta de medo em sequência. uma conversa com a condessa fora o suficiente para querer sair correndo e não dar moral para que achasse que estava querendo firmar um casamento com sua filha. sem ofensas para a pobre coitada. “mas, eu não tenho culpa que sou o favorito das mães.” deu de ombros e abriu um sorrisinho convencido. isso provavelmente se devia ao fato de ser um ser humano normal. “o que seria a lady whistleup sem a gente? deveria até nos pagar pelo uso da nossa imagem.” brincou, a guiando para que seguissem o caminho até o espaço onde os demais casais se reuniam para a valsa. “e eu achava que nunca conseguiríamos mostrar nossos passos também. caramba, o mundo tá nos perdendo.” riu. fez uma rápida reverência antes de apoiar uma mão na cintura feminina e, em seguida, segurar a mão direita dela com a outra. “então…” a encarou por um instante, enquanto iniciavam a sua dança. “não sei se eu já te disse, mas você tá muito linda hoje.” as palavras saíram sem que theo pesasse o significado delas.
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a resposta do mais velho arrancou uma risada de amélia com facilidade, que chegou a sentir-se corar pelo conteúdo das palavras do amigo, apesar de ser uma clara brincadeira. era tão fácil quando era só os dois. uma troca de palavras e já pareciam ter entrado na pequena bolha que compartilhavam quando lhes era permitido, e logo o mundo ao redor já não parecia importante o suficiente para se fazer presente. "você diz isso brincando, mas sabe que é verdade, não é?" as sobrancelhas da vallance se arquearam. "charlotte caldwell não tira os olhos de você desde o primeiro baile dessa temporada. e eu já vi vocês dançando juntos!" soou quase como uma acusação, se não fosse pelo tom bem-humorado que ela usava, que garantia o clima amistoso da brincadeira. uma brincadeira que, para o bem ou para o mal, disfarçava parte de um ciúmes mais papável. "bem, se tiver mesmo um infiltrado, precisamos dar material para ele falar. então, é claro, milorde." colocou a mão sobre a dele, sentindo faíscas brotando por debaixo das luvas que utilizava. ao lado do ruddick, adentrou o espaço reservado para as danças, não se permitindo olhar em volta para não acabar esbarrando olhares com mais ninguém que não fosse os dele. "vamos finalmente colocar em prática as danças que tanto praticamos juntos no jardim, então. achei que esse dia nunca chegaria."
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amyzmarch · 1 month
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respirou fundo mais uma vez. mais uma. e então mais uma outra. sinceramente, aquela temporada mal estava em seu quinto evento grandioso e estava fazendo um mal danado aos seus nervos. será que era o momento ideal para começar a investir em chás calmantes? uma degustação na casa de chás do centro a beneficiaria absurdamente. “você é um anjo dos céus.” murmurou, pegando o copo das mãos dele e o levando aos lábios. enquanto tomava um longo gole de limonada, concordou com vários acenos de cabeça para os nomes que eram repetidos por ele. caramba, tinha ido tão mal assim em sua tentativa de engajar em conversas com os cavalheiros presentes? “ah, certo. não são todos um monte de ogros de casaquinho, só eu que tenho o maior dedo podre do mundo.” debochar de si mesma sempre era seu mecanismo de defesa. e nem mesma estava errada em se acusar de um azar desses. “o meu tio falou… sobre o beaufort, ao menos. acho que é michael ruddick o nome, certo? eu vi o irmão, ele parecia uma pessoa normal e… não tem como alguém ser tão estranho assim e ser parente de gente com a cabeça no lugar. né?” franziu o cenho, abrindo um sorriso amarelo. imaginava que o tal herdeiro do duque de beaufort estaria na cidade ou enfiado em algum outro lugar daquele castelo. não fazia ideia, a única indicação de seu guarda fora justamente o irmão mais novo - que não era o foco de seu tio para a granville, e o vira dançando feliz o suficiente com uma loira para nem considerá-lo. “tão ruins assim? mas ruins quanto?” indagou, tomando mais um pouco da limonada. estava quase como um náufrago encontrando água potável. “tem problemáticas no plural?!”
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embora estivesse aparentemente prostrado de forma despreocupada ao lado da mesa de bebidas, a verdade era que os olhos de miles estavam muito bem posicionados em alguns metros a frente, onde observava com cuidado enquanto barton ellington dançava com sua irmã. os dois pareciam trocar algumas palavras entre um giro e outro, e considerando o sorriso afável que sua caçula mantinha no rosto, por enquanto ele estava tranquilo. tranquilo o suficiente para ter se surpreendido um pouco quando ouviu o nome sendo chamado de maneira quase desesperada. voltou a atenção para aquela que se aproximava, contendo um sorriso ao observar a figura familiar de rosalyn se aproximar. sua intenção era cumprimentá-la, mas não teve a chance de o fazer antes que ela começasse a despejar em cima de si um monólogo todo dedicado a demonstrar o quanto os cavalheiros da temporada eram belos pés no saco. "ei, ei, ei... você precisa respirar, senhorita granville." sendo sincero, eles já tinham intimidade para mais do que aquele tratamento formal, mas quando estava em público, o primogênito dos calderbrook sempre mantinha a devida etiqueta. "aqui, tome. beba um pouco de limonada para recuperar o fôlego, sim?" ofereceu, apanhando um dos copos disponíveis ali para esticá-lo em direção a ela. "agora... westbrook? davenport?! beaufort?! qual é o seu critério para as conversas? gabaritar a lista dos mais intragáveis e inapropriados da temporada?!" as sobrancelhas dele se arquearam, enquanto ele soltava uma risadinha baixa. "brincadeiras à parte... eu falo sério quando te digo que eles são facilmente os piores daqui hoje!" e iria continuar, mas antes de o fazer, achou melhor interceptar a própria língua e certificar-se de que não acabaria ofendendo-a com as suas colocações. "você quer um resumo sobre todas as problemáticas envolvendo esses sobrenomes ou prefere que eu te poupe de saber os detalhes sórdidos sobre seus pretendentes?"
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amyzmarch · 1 month
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fuzilou alexander com os olhos ao perceber que estava não somente querendo rir de sua situação, mas a enrolando em um primeiro momento. poderia estar merecendo um pouco de descaso dele? talvez por tê-lo chamado de mentiroso e várias outras coisas durante a sua discussão. no entanto, não acreditava estar errada sobre aquilo tudo. e estava desesperada o suficiente para estar quase disposta a humilhar a si mesma e pedir a ele se precisasse. mas apenas quase. infelizmente, qualquer implicância que tivesse dentro de si quanto ao rapaz parecia se tornar ínfima quando estava diante de um dos vários animais de calça que frequentavam aquela temporada social. “como esquecer?” abriu um sorriso forçado mais uma vez, que acabou se expandido em um verdadeiro conforme o enxergava desprezar davenport de tal forma. precisou usar de todo os seus anos de treinamento de etiqueta para não cair na risada diante daquilo. sem reclamar, aceitou a mão de alec. “foi um prazer conversar com o senhor, lorde davenport.” e lá ia o sorriso falso novamente. assim que se afastaram, no entanto, o desmanchou, balançando os ombros para afastar um arrepio de nojo - a presença de davenport a deixava seriamente transtornada. “não começa, alexander.” resmungou num tom de voz mais baixo. “tem noção de como eu estava desesperada? aquele homem é a criatura mais insuportável que eu tive que aguentar nos últimos tempos. e a concorrência é enorme, pra sua informação. consigo listar ao menos cinco que conseguem chegar perto disso. e, não, eu não estou nem contando você.” suspirou, ajeitando a outra mão no ombro de alec para iniciarem a dança. “desde quando as coisas ficaram tão ruins entre os da sua espécie?” franziu o cenho. “parece que tem uma placa de herança enorme, venha ser parte da família reali na minha cabeça. odeio como eles nem disfarçam como são abutres da minha coroa."
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enquanto todo mundo parecia estar aproveitando mais o baile ali do que acontecia nos tradicionais, para alec era o contrário. mas a culpa era dele mesmo — como de costume. desde que havia brigado com eleanor, seu humor não estava dos melhores. recusava educadamente — ou o mais educado que era possível para ele — qualquer diálogo que tentavam iniciar com ele, e assim se manteve até ouvir o nome sendo chamado por uma voz conhecida. o cenho rapidamente se vincou quando notou a princesa lhe chamando, já que jurou de pé junto que nunca mais ouviria o nome sair na voz dela. mas assim que ela continuou falando, em conjunto com aquele olhar muito conhecido em sua expressão, fora fácil para o herdeiro de somerset juntar os pontos, e consequentemente, segurar-se para não rir. "já é agora? eu não me lembrava de ser tão cedo..." não resistiu a provocá-la um pouco, deixando a incerteza pairar no ar por alguns segundos antes de acabar com aquela breve tortura e ceder. "mas que bom que você lembrou, alteza." e virando-se para davenport, esticou sua taça de vinho pela metade, para que ele segurasse e deixasse assim as mãos de alexander livres. "sinto muito interromper sua conversa, davenport. já aproveito para avisar que eu não tenho hora para devolver a princesa." esperava que assim o homem pudesse mirar seu foco para outra pessoa. deixando-o para trás, alec apanhou uma das mãos da arundell nas suas, enquanto caminhava com ela rumo a pista de dança. "ora, ora." foi tudo o que se limitou a dizer, baixo, para que apenas ela ouvisse. sabia que seria o suficiente para ela já decifrar tudo o que lhe passava pela mente.
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amyzmarch · 1 month
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“qual é, einsworth. se você não se garante com ninguém, vou ter eu que pegar essa bucha? sério? e eu achando que o charmosão entre nós era você…” negou com um manear de cabeça, deixando uma risada escapar de seus lábios. a conversa entre o grupo retornava a um tópico tratado fazia alguns dias em brincadeira por eles, e que se concretizava cada vez mais conforme o álcool entrava e todo seu bom senso saía: uma aposta de quem conseguiria conquistar o diamante da temporada. roubou mais um gole da garrafa de um dos amigos, imaginando que ninguém os ouviria dali. “tudo bem, eu também não achava que escolheriam de diamante da temporada justo a sarah rose fairchild, mas também não é impossível de cortejar ela. ela não é um bicho de sete cabeças, provavelmente só tem umas seis. dá pra aguentar um cortejo inteiro sem querer se jogar da janela, vai.” riu, totalmente alheio da presença que os escutava. “se o prêmio continuar a mesma coisa, eu assumo o tranco.”
conversa vai, conversa vem, e acabaram se dispersando. tinha prometido para si mesmo que daria uma olhada na irmã mais nova para garantir que estava bem - não que tivesse muitas preocupações, visto que da última vez que a vira estava piruetando por aí enquanto conversava com clarissa astley - e seus amigos estavam determinados a continuarem a conversa em um jogo de cartas clandestino, portanto, a despedida não demorou muito além do término da conversa sobre a aposta. retornou para onde estava o baile, conversou um pouco com margaret - que o mandou ir cuidar da própria vida, mostrou a língua para ele e saiu com o braço enganchado no da melhor amiga - e parou próximo de uma das estátuas gregas que estavam nos arredores. dali, acabou com a visão justamente em uma pessoa em específico: sarah rose. a dita cuja de sua aposta. então, estalou o pescoço discretamente para aliviar dores futuras que aquela interação geraria nele e foi na direção dela. “senhorita fairchild.” jacob abriu um de seus melhores sorrisos, realizando uma reverência em seguida. “por acaso ainda tem algum lugar vago no seu cartão de dança? não posso acreditar que estou tão atrasado assim pra conseguir um momento com a senhorita.”
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@amyzmarch – jacob.
se afastar da festa foi uma questão de extrema necessidade àquele ponto. apesar de ser eleita o diamante da temporada ter afagado o seu já grande ego de uma forma agradável, sarah subestimou o quanto aquilo lhe daria dor de cabeça. se soubesse que seria tão sufocada por tantos homens inapropriados, não teria implorado para seu pai para deixá-la comparecer ao evento no castelo de veraneio da rainha. caminhava pelos jardins numa tentativa de espairecer um pouco a mente, mas interceptou os passos quando notou que, acidentalmente, havia se aproximado da conversa de um grupo de alguns cavalheiros que fumavam charutos e bebiam mais a frente. estava pronta para dar meia volta e se afastar antes que alguém a visse, até que ouviu... sarah rose. o próprio nome saindo na voz de um daqueles bossais. aquilo a fez ficar, mas antes tivesse ido embora, porque o que ficou para ouvir fez o sangue da fairchild ferver como poucas vezes na vida havia fervido. foi numa marcha de dar inveja à militares de patentes altas que a herdeira voltou para o local da festa, bufando tanto que chegava a criar nuvemzinhas brancas para fora da boca quando o hálito se encontrava com a noite fresca. uma aposta. haviam a transformado em uma aposta, se ela havia escutado direito. de volta ao local arrumado para sediar o baile, sarah estava de costas para a pista de danças e de frente para a área dos jardins, da onde ela havia saído há pouco. os braços cruzados fortemente contra o peito, enquanto encarava naquela direção com o olhar enfurecido. esperava para ver de quem seriam os rostos que sairiam dali, pois queria marcar cada um deles. gravaria na memória com cuidado e com primor, porque não deixaria aquilo barato para os envolvidos.
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amyzmarch · 1 month
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@jomarchz — rosalyn & miles.
“miles! graças a deus você está aí.” exclamou ao se aproximar do mais velho, respirando fundo. os últimos passos haviam sido dados em uma velocidade que certamente a colocaria como candidata nas olimpíadas da grécia, se o mundo fosse justo de alguma maneira. porém, não era. muito menos para as mulheres. menos ainda para as mulheres sem um pai ou mãe para cuidar dos seus interesses e um título para assegurar um teto sobre as suas cabeças. poderia ser uma vida mais simples se tivesse um tio que não a enxergasse como um pequeno estorvo em sua vida, e tivesse decidido que arrumaria um marido para a sobrinha mesmo se fosse a sua última ação como um ser humano no planeta terra. o irônico era que ele sequer mexia um dedo decentemente! estaria muito mais feliz recebendo um marido de mão beijada que tendo de se humilhar pateticamente em conversas com os seres mais ignorantes que já tinha visto em sua vida. desde quando todos aqueles homens se comportavam como animais? foco, rosalyn, foco! “eu não aguento mais escutar sobre as dores nas costas do duque westbrook. é tão normal assim homens com idade pra serem pais das debutantes aparecerem nessas coisas? pelo amor de deus.” não que rosalyn fosse uma completa alienada, mas estava debutando com vinte e dois anos, uma idade que era acima de metade das garotas de seu ano. e não tivera contato na sociedade desde o falecimento de seu pai - na verdade, não tivera tanto antes. estava acostumada a lidar com a vida em sussex. “e outra coisa… sem ofensas, mas qual é a do conde davenport? ele é insistente assim mesmo ou só está… interessado? e quem é esse tal futuro duque de beaufort? meu tio queria que eu falasse com ele, mas só encontrei o irmão. e ele estava rodopiando por aí com alguém, então passei reto.” despejou, enfim parando para respirar novamente.
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amyzmarch · 1 month
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o olhar de theodore encontrava o de amélia de uma forma quase automática. era uma conexão natural que existia entre ambos, e o azul de seus olhos sempre o atraía como a um ímã. a troca de sorrisos dos dois entre lugares repletos de outras pessoas era outra característica de sua dinâmica, criando instantes em que ninguém parecia existir no ambiente além de ambos. e adorava aquilo. notando o trajeto que a garota realizava, se despediu da conversa com o amigo, philip granville, e andou de forma a diminuir a distância entre ambos ainda mais e encontrá-la no meio do caminho. “é verdade.” franziu o cenho de leve com a percepção de que a situação entre ambos estava sendo diferente do usual. e de uma maneira estranhamente boa, para variar a maré de azar que ambos andavam vivenciando nos últimos anos. não respondeu mais nada em um primeiro momento, a observando pegar o cartão de dança em seu pulso, o ruddick se perdeu momentaneamente em um devaneio que o atingira novamente em cheio após toda a proximidade de ambos na noite passada. era impressionante o quão ainda mais linda ela estava quando ficava leve daquela forma, e… foco, por deus. maneou a cabeça de leve para retornar à realidade, bem a tempo de ver o cartão ser mostrado novamente. “me deixando bem etiquetado como propriedade sua? ousada, você.” abriu um sorrisinho, passando o pulso pela fita que prendia o cartão. “parece que estão mesmo. uma pena decepcionar toda a minha fila de pretendentes que já estava com o lápis na mão.” apontou para o espaço vazio atrás de si. “nunca achei que conseguiria estar a menos de três metros de você em um baile sem ser extremamente escandaloso. se alguém sair nos acusando de mil e uma coisas na whistleup da semana que vem, vou ter certeza de que tem algum infiltrado aqui.” riu, estendendo a mão para mia. “me daria a honra da primeira dança, milady?”
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@amyzmarch – theodore.
normalmente, os bailes eram os eventos que amelia mais odiava. isso porque era neles onde o peso de suas consequências mais castigava seus ombros e ela sentia-se realmente à margem da sociedade… mas não naquele. o baile ao ar livre na casa de campo, longe dos olhares mais indagadores que eram sempre o das pessoas mais velhas das famílias londrinas, parecia ser o primeiro respiro de ar fresco que ela dava desde o início da temporada. e por mais que houvesse muito para se aproveitar, o olhar cuidadoso de mia pairava pelo ambiente atrás de uma pessoa muito específica. não demorou para encontrá-lo, já que sua presença facilmente se destacava na multidão. os olhos se cruzaram a distância e já ali a vallance sorriu. ainda carregava na barriga as borboletas do dia anterior, que surgiram no momento que dividiram no silêncio da sala de pintura. decidiu se aproximar, dando a volta na pista de dança para chegar até onde theodore estava. “acho que essa vai ser a única oportunidade que eu tenho de chegar perto de você em um evento como esse sem instalar o completo caos entre nossas famílias.” o comentário era verdadeiramente bem-humorado, sem conter o peso que normalmente continha. “e eu pretendo aproveitá-la.” completou, afastando os olhos dele por um momento para voltar a atenção até o próprio cartão de danças, que pendia vazio em seu pulso — como era costume. rapidamente, preencheu todos os espaços disponíveis com um único nome: o próprio. depois de ter escrito “mia v.” em todas as linhas, tirou-o de sua mão e estendeu-o frente a theo, em um convite silencioso para que ele passasse o pulso por ali e fosse na mão dele que o papelzinho começasse a pender. no rosto, um sorriso maior adornava sua expressão enquanto o encarava. “parece que todas as suas danças da noite estão reservadas para mim, milorde.”
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amyzmarch · 1 month
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mais do que tudo, margaret queria esquecer as duas últimas semanas. toda e expectativa fomentada em relação a um pretendente diferente de qualquer outro cavalheiro que conheceu naquela temporada, que marcou o seu coração de tal maneira que sonhava acordada com ele sempre que estava distraída… não a levaria a lugar algum. havia imaginado toda um romance com alguém que não existia nos conformes de sua mente, mas era alguém extremamente real e completamente incompatível com quem era. e teria de enfrentar a realidade de que tudo aquilo fora por nada. como pudera não ter percebido que eram os olhos dele por atrás daquela máscara? que eram a postura e os maneirismos de archie? como pode ser tão tola? não era de ontem que o conhecia, a amizade dele com jacob não era recente dessa maneira. e a ironia naquilo tudo era que seu único consolo se encontrava no quão inconformado ele parecia estar com a situação também. normalmente, estaria ofendida que o dankworth achasse tão ruim tê-la como sua correspondente misteriosa ao invés de outra dama. entretanto, naquele momento, estava satisfeita em saber que não fora a única a deixar de ver o que estava bem diante dela. “e você também deveria saber que eu não estaria fazendo isso como uma pegadinha maldosa pra você.” vincou o cenho, incomodada. “francamente, dankworth. acha que eu me importava tanto assim com você a ponto de perder tanto tempo só pra zombar da sua cara?” então, lhe veio o realização: se importava, sim. se importava absurdamente com o homem que acreditava detestar com todo o seu ser, ao conhecê-lo sem o peso de sua identidade. aquilo seria o suficiente para assombrá-la pelo restante de sua vida. “eu também não estaria diante de você se tivesse o poder de escolha. acredite em mim.” murmurou, a noção do que estava acontecendo vindo como um soco em seu estômago. não fazia a menor ideia qual era a percepção que outra pessoa passeando pelos jardins teria da cena que se desenrolava entre eles, e sinceramente não se importava. era óbvio que ninguém conseguiria adivinhar o desastre que acontecia entre ambos, ou a razão de margaret estar praticamente andando em círculos enquanto o escutava. “eu não entendo como não percebi que era você. simplesmente não entendo.” ignorou inicialmente o que ele estava dizendo, praticamente falando sozinha. até a menção do nome do melhor amigo dele, e do fato de estarem conversando sobre ela sem que soubesse. “você falou de mim pra ele?” indagou, parando em frente ao dankworth. claro que não era dela dela, sim de quem ele achava que era, mas… ah, francamente! ele teria que entender. eram a mesma pessoa e ponto. “os planos que você tinha feito?” aparentemente, agora era uma analfabeta funcional. só conseguia repetir as palavras de archie. “você estava mesmo levando a sério?” se meg duvidava das intenções do cavalheiro misterioso de seus sonhos? não. de archie? completamente.
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depois da revelação, sentia-se patético por não ter percebido antes. ali, olhando nos olhos de margaret, conseguia enxergar a cor exata que havia enxergado no fitar envolto pela máscara naquela noite. havia repassado todos os detalhes dela tantas vezes, por tantas madrugadas, que era ridículo não ter juntado as peças daquele quebra-cabeça antes. logo ele, que se julgava tão atento aos detalhes, deixara passar detalhes tão importantes que demonstrariam que, talvez e apenas talvez, parte do motivo da dama do baile ser tão envolvente era porque ela era familiar. havia um zumbido quase que constante agora em seu ouvido, que ficava por baixo da voz cortante da howard, permanente em meio a conversa. ele veio junto com um formigar igualmente crescente nas pontas de seus dedos, tanto das mãos quanto dos pés. e para alguém que estava tão acostumado a apatia da falta de sentimentos, a quantidade daqueles que lhe atormentavam o interior agora eram o suficiente para ser insuportável estar dentro de sua mente. embora uma grande parte de si quisesse engatar uma briga ali mesmo e tentar empurrar aquela culpa para os ombros de margaret, embarcando em mais uma discussão que era tão habitual para os dois, archie simplesmente não conseguia. não conseguia porque estava triste. estava verdadeiramente triste de todas as expectativas das últimas semanas terem acabado assim, escapado por seus dedos com a mesma fluidez e intangibilidade de águas correntes. observá-la tentando fazer o mesmo que ele de repente parecia um certo tipo de chacota, e ele soltou uma risadinha amarga, sem qualquer resquício de um humor real. “eu não fiz isso para te enganar, senhorita howard. e no fundo, você sabe disso.” porque, da mesma forma, no fundo ele também sabia daquilo referente a ela. encará-la agora era estranhamente doloroso. “mas queria eu ter feito, se me permite ser inapropriadamente sincero. queria ter armado tudo isso, porque assim, pelo menos, eu teria o controle dessa situação. seria muito mais fácil.” admitiu, por fim, finalmente conseguindo se desamarrar do encarar dela e dando as costas para a mulher por apenas um segundo. foi o tempo dele caminhar até um banco próximo, sentando-se ali — desabando, de forma mais precisa. as flores foram deixadas a seu lado, enquanto os cotovelos se apoiaram nos joelhos e ele arqueou o tronco para frente, baixando a cabeça com um suspiro. “não parecia a gente naquela noite…” o murmúrio foi seguido de outra risadinha infeliz, que transitava entre a incredulidade e a conformação. “eu falei tanto de você para o seymour. ou… da pessoa que você era no baile. céus, enchi os ouvidos daquele infeliz com todos os planos que eu já havia feito.” e ergueu novamente o olhar, fitando-a daquela perspectiva agora. “o destino parece uma piada de mal gosto agora, não é?”
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amyzmarch · 1 month
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“óbvio que sabe.” deu de ombros, sem preocupação. “ele me deixou a entender que ela estava com raiva dele… então, vou agradecer pela sua amiga ter acordado benevolente o suficiente pra que eu não precise contar com o meu time b de amigos.” riu, gesticulando negativamente com a cabeça. tinha várias amizades, sim, mas alec era o seu melhor amigo. e o conhecia bem o suficiente depois de uma vida inteira de amizade para saber exatamente de onde vinha o comportamento que eleanor, pelo jeito, estava incomodada de observar. “ou nomes de planetas, quem sabe. estaríamos criando um pequeno exército de futuros astrônomos.” moveu os olhos do deslizar o pincel na tela para o rosto da garota por um instante. era complicado afastar de sua mente que amélia ficava ainda mais linda em momentos como aquele, dominada pela leveza. “os poetas estariam orgulhosos de iniciarmos essas conversas.” sorriu de canto. maneou a cabeça em concordância para mostrar que a escutava. e, em um certo ponto, entendia de onde exatamente estava saindo tudo aquilo. “não acho que querem. o que os nossos pais, e afins, esperam é que a gente encontre alguém com quem consiga aturar ter alguma conversa sem sair querendo arrancar as próprias orelhas. o que é meio difícil, considerando que conversar com quem só quer falar de amenidades e ir direto ao ponto me dá vontade de sair por aí correndo e bater de cara na primeira parede que eu encontrar.” franziu o nariz em uma careta. estava certo de que mia entenderia o desgosto naquele sentido, considerando o que relatava. “é bem desagradável tentar conhecer alguém e a pessoa estar repetindo só tudo o que acha que eu quero ouvir. é exatamente como você disse: uma reunião de negócios.”
o retorno do sorriso nos lábios alheios ocasionou um semelhante em theodore. era impressionante quão facilmente a sua maneira de estar e sentir espelhava a dela em vários momentos, como se entendesse e interpretasse exatamente de onde vinha tudo aquilo na vallance. quase como se funcionassem em uma mesma sintonia delicada. “é deprimente ter sonhos em um mundo que exige tanto o realismo. não quero ter de viver só esperando o mínimo.” encolheu os ombros levemente. notou que o pincel fora deixado sobre o apoio do cavalete e, ao escutar o início da sentença alheia, vincou o cenho de leve. não fazia a ideia do que estava vindo por aí, no entanto, a conhecia o suficiente para saber que estava com algum pensamento cruzando a sua mente que desejava compartilhar. e que provavelmente ela não sabia como. mas, nada o teria preparado para escutar naquele momento o que saía dos lábios dela. theo a encarou com uma visível surpresa por breves segundos, antes de sua expressão se transformar em um algo mais: compreensão. entendia de onde vinha aquilo. “nunca entendi porque não foi assim desde o início.” admitiu, engolindo em seco. movendo, por um instante, o olhar para os lábios familiares de mia. não assumiria em voz alta, mas havia pensado neles muito mais do que somente uma vez naquele tempo em que se conheciam. de maneiras que não diria à ela, porque sequer era uma questão de ser tarde demais ou não: a chance deles nunca havia acontecido. fez menção de dizer algo mais, contudo, o som de passos no corredor próximo à sala de pintura praticamente levou embora a capacidade de theodore de falar. só percebeu que estava prendendo a respiração quando eles sumiram, tranquilizando o ruddick sobre estarem sozinhos novamente. mas, aquilo era um lembrete: colocavam muito em risco ao estarem sozinhos. “acho que eu deveria voltar. não quero dar problemas pra você.” comprimiu os lábios, um pouco incerto. “te vejo amanhã?”
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“eu sei?” as sobrancelhas da loira se arquearam brevemente. em seguida, mia revirou os olhos com a menção de alexander, custando a entender como alguém tão legal quanto theo poderia ser amigo de alguém tão… alec. “e o braddock ainda está vivo, é? da última vez que conversei com a eleanor, ela parecia disposta a mandá-lo para a guilhotina. me surpreende que a cabeça do seu amigo ainda não esteja separada do pescoço.” espiou-o rapidamente pelo canto dos olhos, apenas para garantir que não havia ofendido tanto assim o amigo de theodore. a sugestão de categorizar os nomes provocou uma risadinha dela, enquanto sua mente divagava entre possibilidades. “é uma boa ideia. ou talvez pudéssemos pensar em outra categoria… talvez nomes de flores, igual as hillburn.” ao mover o pincel com destreza pela tela, a ideia se formava gradualmente em sua imaginação, um escape temporário da rigidez da alta sociedade. “acho que é a segunda opção. a coisa toda de abrir os corações e revelar os segredos mais profundos.” os lábios de mia se curvaram em um sorriso sutil, embora junto a expressão ela tivesse contido um suspiro. “eu sinto falta de ter conversas profundas.” admitiu, a contragosto. “desde que começou a temporada, é como se fosse uma maré infinita de conversa mole. é como se todo mundo falasse sem nunca conversar, de fato, porque as pessoas querem se impressionar e só mostrar os lados de si que são interessantes o suficiente para arranjar algum pretendente, mas não verdadeiro o bastante para se tornar um obstáculo para o casório. e é só isso. parece uma reunião de negócios… como esperam que a gente se apaixone assim?!” o desabafo escapou de seus lábios antes que pudesse contê-lo, e ela percebeu que, involuntariamente, buscava um aliado naquele momento de sinceridade. só percebeu que havia falado demais quando finalizou seu pequeno monólogo, e assim que o fez, ficou em silêncio absoluto para escutar o que theo tinha a lhe dizer.
a expressão, que anteriormente era tensa por causa de suas próprias insatisfações, logo se abrandou ao escutá-lo abrir um pouco seu coração, e antes que percebesse, já estava sorrindo novamente. havia um calor reconfortante nos dizeres dele. encarou-o por alguns segundos prolongados ao que a quietude entre eles parecia se transfigurar numa redoma própria dos dois, um pequeno conforto em meio a eventos que eram sempre tão desconfortáveis para a mais nova dos vallance, e ali poderia ficar para sempre se lhe fosse cedido tão privilégio. “sonhando alto, eu quero o mesmo que você…” admitiu, num fiapinho de voz que esvaiu-se junto a um suspiro. “mas num otimismo mais realista, só quero encontrar alguém que não me deteste e agrade minha família.” concluiu, abandonando o pincel sobre o apoio do cavalete ao que sua atenção voltava-se para a pintura. a tela, em seu desenvolvimento em conjunto pelos dois, parecia tornar-se um espelho de suas aspirações não ditas. “sabe que…” interrompeu-se. ela hesitou por um instante, ao que seus pensamentos tornavam-se um pouco conflituosos. algo em seu interior a alertava que ela não devia continuar. apertando os lábios em uma linha reta e engolindo em seco, ela ignorou solenemente a vozinha no fundo de sua mente e concluiu seu pensamento. “às vezes, eu não consigo deixar de pensar em como teria sido mais fácil se tivessem me prometido para você ao invés do seu irmão.” as palavras lhe escorregaram como um segredo frágil, e pela primeira vez, odiou os silêncios confortáveis que eles conseguiam compartilhar um com o outro; por causa dele, ficava mais fácil se tornar ciente da forma alarmante que seu coração acelerava no peito.
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amyzmarch · 1 month
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@jomarchz — eleanor & alec.
naquele momento, eleanor nada mais desejava que aprender a desaparecer com um estalar de dedos. se apresentar na temporada social como uma participante ativa era uma coisa para a qual acreditava estar preparada, imaginando que seria muito mais agradável ter certo livre arbítrio que somente aparecer no casamento com um nobre aleatório e de outro país que sua mãe escolhesse como seu futuro marido. e estava até desejando voltar atrás e deixar que a rainha assumisse as rédeas novamente. não aguentava mais a sensação de estar constantemente cercada por abutres que só queriam entrar na família real, que insistiam a todo custo de manter contato com ela e a importunava de todas as maneiras possíveis. ouvir lorde davenport discursar a fazia querer sair correndo a toda velocidade, e não conseguia simplesmente ir embora: toda vez que tentava se despedir e se afastar para ir a qualquer outro canto do jardim em que o baile acontecia, liam davenport parecia fazer questão de segui-la e ignorar tudo o que estava falando. poderia ter chamado os guardas e dar um jeito naquela situação, mas não queria parecer que não conseguia lidar com os seus próprios problemas sozinha. muito menos criar uma cena para todos os convidados. estava completamente desconfortável e era extremamente custoso para eleanor esconder como queria se enfiar no chão. “ah, olha lá o braddock.” o escutou mencionar alexander e desviou a atenção para o rosto conhecido, ignorando o que o duque estava falando ao seu lado. não queria lidar com ele ainda. mas, ao mesmo tempo, era a única esperança que tinha de se livrar daquela situação detestável na velocidade da luz - e esperava que ele percebesse que estava desesperada ao chamá-lo: “lorde braddock! estava mesmo para avisar o lorde davenport que rpecisava encontrá-lo. pronto para a nossa dança?.” abriu um sorriso falso, praticamente gritando: me ajuda.
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amyzmarch · 1 month
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escutar seu nome saindo dos lábios dele não deveria ter alterado a forma como se sentia, mas foi o que aconteceu. como se uma parte sua não suportasse a ideia de simplesmente ignorar a maneira como alec inutilmente ainda parecia ter algum resquício de carinho e amizade por ela. no entanto, não fez nada de significativo além de encará-lo em silêncio e com os lábios levemente entreabertos ao escutar o pedido de desculpas seguinte. visivelmente surpresa. em primeiro lugar, porque se devia mais ao respeito que simplesmente aceitar um pedido de desculpas antes de enxergar uma verdadeira mudança. em segundo porque percebia naquele momento que realmente não confiava nele. o alec em sua frente era parecido com o que conhecera quando mais nova, mas claramente não era mais a mesma pessoa. nem a própria eleanor era. “achei que você não conhecia essa palavra.” retrucou, sua voz soando menos estridente que nos esbravejos anteriores. “não era a sua intenção, tudo bem. não vou te acusar de mentiroso de novo.” fez uma breve pausa, erguendo a mão para sinalizar que não a interrompesse. “mas foi algo que aconteceu e você claramente não mediu peso algum do que estava fazendo. não pensou que o que estava fazendo poderia me deixar chateada.” engoliu em seco. “não faz diferença. você acha que me conhece, mas claramente não é o caso. nós não nos conhecemos mais faz muito tempo.”não conteve um revirar de olhos ao escutar as palavras dele. qualquer um que conhecesse alexander no tempo mais recente teria muito a dizer sobre ele, não era como se estivesse tirando suas ideias de uma única alma perdida que tivesse exposto as suas dores. “e elas não são verdade? ou todo mundo está mentindo nessa cidade? nem uma única pessoa me falou bem sobre você depois que descobriram que você esteve no palácio aquele dia. ou depois de me verem conversando com você no baile. eu vou acreditar em você como, se não tem uma única pessoa te defendendo por aí?” além do amigo, claro. theodore ruddick poderia estar cercado de vários rumores, mas o pior de todos era uma mentira elevada a milhões. diferentemente do que acreditava ser o caso de alexander. “até o meu irmão riu da situação.” e o príncipe conviveu com o rapaz por mais tempo que ela. “não é a regra, mas, quando a pessoa é muito falada por muita gente, não tem como não ter um fundo de verdade.” poderia, sim, estar sendo injusta. pelo tempo em que se conheciam, devia a ele a chance de expor o seu lado. porém, não estava com vontade de ser diplomática naquele dia. “não engana ninguém, mas ouvi da boca de cinco pessoas diferentes que adora cortejar coitadas por aí e fugir quando elas tem certeza de ser algo sério.” aparentemente, alec era o pesadelo das mães locais: nobre e com um título importante, dono de um sorriso lindo, mas completamente ordinário e impossível de alguém agarrar - nas palavras da condessa viúva seymour, ao menos. “talvez eu devesse. mas você também deveria saber que eu não iria gostar disso.” ellie retrucou. “porque não é nada conveniente você falar isso justamente numa hora dessas.” embora uma parte sua quisesse acreditar que alexander não estava mentindo, era difícil. estava com os nervos à flor da pele naquele momento. “não precisa voltar aos seus aposentos, eu mesma vou. não quero correr o risco de acertar esse arco na sua cara.”
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diante das palavras de eleanor, um aperto aos poucos desabrochou no peito do herdeiro de somerset, uma mistura de arrependimento e desconforto tomando conta de seus pensamentos e do que ele era por inteiro. ele não pretendia causar tanta dor, não para alguém que já significou tanto para ele. mesmo que não quisesse admitir aquilo, as palavras dela saíam como um golpe, acertando-o em cheio, deixando-o sem fôlego por aqueles momentos. ele queria se desculpar, explicar que nunca foi sua intenção magoá-la daquela forma, mas as palavras parecem escapar de sua boca antes que ele possa controlá-las. “ellie.” o apelido lhe escapou em um suspiro. “desculpe, tá bem?” finalmente aquela palavra lhe foi arrancada, dessa vez carregada do verdadeiro remorso que ele se recusava a sentir na maioria das vezes. “não era a minha intenção. juro que não era. agora, se você acredita na minha palavra ou não… é algo que já foge do meu poder.” seu tom diminuía à medida em que as palavras eram propagadas, e ele desistiu de continuar ali. recolocou a flecha que havia pegado anteriormente de volta com as outras, onde também deixou o arco apoiado, numa rendição quase simbólica diante do que ele dizia.
seu intuito era apenas sair dali e deixar que o momento se findasse de uma vez, antes que eles acabassem se machucando mais; era claro que não conseguiam mais harmonizar suas palavras. entretanto, escutá-la mencionando as fofocas e as suposições sobre ele… foi de imediato que o cenho dele se vincou. uma indignação fervente queimou em seu íntimo, enquanto ele se voltava para ela mais uma vez. “você está se ouvindo?” sua voz voltava a ser carregada de frustração. “está me cobrando pelas coisas que as pessoas falam sobre mim?!” arqueou as sobrancelhas. “e o que eu deveria fazer sobre isso, eleanor? dar uma exclusiva para a lady whistleup para esclarecer os boatos? é o que você faz quando inventam alguma coisa sobre você?!” jogou a responsabilidade sobre os ombros da princesa, pois de todos ali, ela era a que mais deveria compreender a quantidade de mentiras que eram fundidas com base no que as pessoas diziam sobre as outras. “eu nunca enganei ninguém.” foi firme em seus dizeres. “eu posso ser uma merda de pessoa, mas sou ciente da minha própria podridão e também deixo ciente quem quer que se aproxime de mim: não há nada para se aproveitar aqui.” sua voz tremia em uma palavra ou outra, pois agora ele estava com raiva. “e eu jamais faria isso com você, eleanor. no fundo, acho que você sabe disso. deveria saber.” era uma última tentativa desesperada de fazê-la entender, de dissipar as nuvens escuras que pareciam pairar entre eles desde que haviam retomado o contato. era difícil. pois mesmo ali, conseguia sentir a distância entre eles crescendo, uma lacuna se alargando entre os corações que outrora haviam sido tão próximos. “não me importo com quase ninguém, não me importo nem comigo mesmo, se eu for ser sincero. mas eu me importo com você. mais do que jamais admitia em voz alta, se não estivesse colocando isso em cheque agora, por causa do que as pessoas falam ou deixam de falar sobre mim.” quase cospe aquelas últimas sentenças, que mesmo carregando o que era mais vulnerável em seu ser, soaram mais duras e frias do que qualquer parte de seu curto monólogo. ao fim, alec sustenta o olhar da monarca por mais alguns segundos a fio, decidindo logo que se continuassem com aquilo, ficariam horas correndo em círculos sem nunca cessarem fogo. “há mais algum esclarecimento que eu precise prestar à coroa ou posso voltar para os meus aposentos, antes que a gente acabe se matando aqui?”
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amyzmarch · 3 months
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aquilo não poderia estar acontecendo. deveria estar entendendo errado a estranheza maior que o usual no comportamento de archie, ou ele simplesmente estava tentando brincar com a sua cara, pronto para vir com aquele tom debochado que somente ele era capaz de utilizar com tamanha destreza. estava perfeitamente contente com as explicações que sua mente criava para evitar com que tivesse de lidar com os batimentos cada vez mais acelerados pela caixa torácica, quase pronta para se virar e sair andando o mais rápido que poderia até um banco nas redondezas, quando escutou o questionamento dele. e, com isso, se sentiu travar por completo. “do que você está falando?” devolveu a pergunta sem delongas, enquanto sentia o coração praticamente a segundos de pular de sua boca e seguir o seu rumo muito longe de margaret. não queria encarar que a possibilidade que ele sugeria estava cada vez mais descaradamente se aproximando da realidade, e não estava pronta para ter a sua fantasia romântica do baile se transformando em um pesadelo exatamente diante de seus olhos. entretanto, ao escutá-lo a insultando com aquelas suposições, sentiu que acordava de seu transe. “como você ousa?” o encarou com mais firmeza, engolindo em seco. se não tivesse com o mínimo de bom senso ainda presente para se agarrar, estaria apontando um dedo diretamente naquele rosto irritantemente marcante. mas, não era archie que valia uma nota digna de vergonha num folheto da lady whistleup, sobre como a primogênita da família howard adorava discussões públicas. “acha… acha que eu sou tão cínica ao ponto de te enganar propositalmente? que me importo tanto com você ao ponto de fazer algo assim?” engoliu em seco. “se eu estivesse brincando com a sua cara, nem sequer teria me dado ao trabalho de vir aqui.” não teria perdido o seu tempo colocando um de seus vestidos favoritos, e insistindo que suas criadas a ajudassem a escolher justo aquele cuja cor mais ressalva seus olhos. não teria se dedicado em ensaiar tudo o que gostaria de casualmente dizer ao seu cavalheiro misterioso, sem escancarar as horas em que esteve ensaiando cada uma de suas frases. “não é justo jogar isso nas minhas costas. acha mesmo que eu sabia que era você? foi você quem quis me trazer essas flores e me disse todas aquelas coisas bonitas. quem sabe não era você então que estava se preparando pra rir às minhas custas. seria esperado de você isso.”
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archie sentiu como se o chão se abrisse sob seus pés. as palavras de margaret ecoavam em sua mente, desencadeando uma corrente de emoções conflitantes. a confusão envolveu seus pensamentos, enquanto ele tentava processar uma revelação abrupta que, no fundo, já havia percebido que não poderia fugir da conclusão; era cristalino demais para fingir não ver. o coração do dankworth apertou-se tão dolorosamente que parecia envolto de correntes de ferro, uma sensação de desilusão tomando conta dele. ele lutou para conter a tempestade de sentimentos que ameaçava transbordar. as palavras dela continuaram a reverberar em sua mente, desafiando as crenças mais profundas sobre tudo o que já havia pacificado sobre a existência da howard, que haviam sido cultivadas por anos com tanto afinco.
“destino.” ele murmurou para si mesmo, o termo pairando no ar como um enigma não resolvido. a mesma palavra que ele carregava consigo a princípio com tanto afinco, agora se tornando a ironia da situação que os colocou ali. mais uma vez, ele olhou nos olhos de margaret, buscando respostas em seu olhar, tentando decifrar se ela também já havia chegado na mesma conclusão que ele. “margaret…” sua voz saiu rouca, carregada de uma mistura de desespero e resignação. ele tentou encontrar as palavras certas, uma explicação que pudesse dissipar a névoa de confusão que os envolvia. “era você naquela noite, não era?” a indagação cortou o véu de coisas não ditas que parecia parecer entre os dois. “foi você que me recomendou o livro.” concluiu o que já era óbvio, uma risadinha de pura descrença fez surgir um gosto amargo em sua boca. apertou os dedos em volta das flores que carregava, sentindo como se elas pesassem uma tonelada naquele momento. “foi para você que eu prometi essas flores.” seguiu colocando sobre a mesa detalhes que só quem compartilhou daqueles momentos poderia saber. por fim, suspirou. desviou a atenção do rosto dela, pois se continuasse a olhando, perderia o último respingo de sanidade que parecia lhe restar ali. “isso só pode ser brincadeira…” e dizendo aquilo, uma nova ideia pipocou em sua mente como uma flecha flamejante cortando a escuridão. “é brincadeira? foi isso?” voltou a encará-la. agora, tinha uma das sobrancelhas arqueadas. “você armou tudo isso só para zombar de mim?!”
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amyzmarch · 4 months
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por alguma razão, somente começou a acreditar no que estava acontecendo quando ouviu o pedido de desculpas sair dos lábios alheios. nos segundos tensos em que aguardava uma reação da parte dela para o questionamento que fizera, parecia que uma parte sua achava que aquilo era uma espécie de piada, e que malee só estava falando daquela forma por falar. não seria genuinamente possível que houvesse no mundo uma família sua há uma década, da qual não fazia a menor ideia até meros segundos atrás. mas, a reação que ela esboçava o confirmava mais naquele instante que não estava enxergando as coisas no que não eram, mais que as palavras exatas poderiam tê-lo feito. a encarou sem dizer nada e, em dado momento, entreabriu os lábios para responder alguma das sentenças que eram proferidas pela mulher, sem que nenhum som acabasse efetivamente saindo. nunca tinha considerado aquilo uma possibilidade para a sua vida, mas explicava muita coisa sobre o sumiço de malee durante todos aqueles anos. sabia que dificilmente se veriam com frequência depois de ter se mudado por conta da residência de carter, e não tinham um relacionamento propriamente dito além da amizade, porém, havia revisto vários dos amigos daquela época durante viagens esporádicas de minnesota de volta para a califórnia, enquanto a klahanchi havia se tornado somente mais uma figura de seu passado. será que algum de seus amigos em comum sabiam? não conseguia evitar incontáveis questionamentos que sequer sabia como poderia ou conseguiria verbalizar.
em dado momento, deixou o corpo cair para trás e encostou as suas costas na almofada do banco onde estava sentado, sentindo que precisaria tomar alguns bons goles da cerveja sobre a mesa para tomar coragem. “quanto… quanto tempo depois de eu ir embora você descobriu isso?” engoliu em seco, sem saber como falar sobre a situação. tinha uma filha com malee, da qual nunca ouvira falar, e que era resultado daquela única noite em que acabaram cedendo à clara tensão que existia entre ambos desde o princípio de sua amizade. e estava completamente no escuro sobre isso durante todos aqueles anos. “por que… malee, por que você nunca me disse nada?” franziu o cenho, a encarando diretamente em seus olhos enquanto realizava o questionamento que mais queria saber sobre tudo aquilo. era muita informação, e carter estava repleto do que processar, mas aquele era o cerne da dúvida que pressionava a sua caixa toráxica. “eu não…” começou, sem saber como concluir. “você achou que eu iria te largar sozinha se soubesse, ou algo assim? que eu não iria querer assumir responsabilidade?” aquelas palavras eram quase difíceis de dizer.
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carter​.
uma década havia se passado desde a última vez em que carter vira a klahanchi, em consequência das mudanças referentes ao início de sua residência em uma outra cidade, e era inevitável que houvesse se imaginado a reencontrando nos momentos em que sua mente retornava para o rosto sempre iluminado, familiar pela amizade que dividiram anteriormente à sua partida. entretanto, em todas aquelas imagens que vinham em sua mente quando o nome da mais nova surgia como uma lembrança familiar, andrews nunca havia considerado a possibilidade de que se veriam novamente durante uma reunião do maldito grupo de apoio ao que estava tendo de participar. e, diga-se de passagem, era até vergonhoso que ainda não tivesse dado um jeito suficiente no âmbito de relacionamentos amorosos em sua vida, ao ponto de estar encontrando demais pessoas com problemas semelhantes para tentar encontrar uma solução. nem passaria em seus pensamentos a mera possibilidade de que alguém de seu passado o entenderia quanto a aquela questão, tendo até de olhar mais de uma vez na direção de malee para assegurar-se de que não estava imaginando coisas e somente observando uma estranha com traços familiares demais. contudo, lá estavam os dois, reunidos em uma mesa de bar e trocando assuntos entre ambos enquanto bebiam, o reencontro sendo muito mais fácil que a impressão inicial poderia acabar passando a ambos. porque se mostrava óbvio como ainda possuíam aquela facilidade de conversar sobre qualquer coisa, e que malee ainda era uma das pessoas com quem mais conseguia agir de maneira natural, mesmo com os anos que os haviam afastado.
conforme a conversava avançava e recuperavam um pouco do tempo perdido, não era errado afirmar o quão notável era o sorriso que marcava os lábios de carter entre as risadas e as histórias que dividiam - era como se nunca houvessem deixado de se ver, afinal, de tão familiar e fácil que ainda era estar com malee. e estava adorando aquilo. sinceramente, talvez ela fosse a única pessoa com quem não iria ficar tão constrangido de encontrar justamente em um grupo de apoio como aquele em que eram parte, e ele teria de agradecer aos céus por não ter decidido deixar para ir no próximo dia, evitando com que visse a mulher de novo. quando escutou as sentenças dela, nada passou em sua mente de específico a que se poderia ser revelado naquele instante; o que, quando lembrasse daquela noite, certamente atribuiria aos goles longos de sua garrafa de cerveja até aquele momento. “bom, eu costumo argumentar que tempo é só uma construção social…” riu nasalmente. “mas, considerando que me largaram com o castigo de cuidar dos internos amanhã, vou ter que concordar que, realmente, tá ficando tarde. teremos que marcar outro dia pra continuar a conversa.” quis adiantar o seu desejo de reencontrá-la, antes que acabasse perdendo o contato outra vez com malee. aguardou que a mulher apresentasse a até então misteriosa questão que gostaria de tratar, um tanto intrigado com o que sairia daquilo; e, ao visualizar o celular em sua frente, se inclinou para observar melhor a foto que iluminava a tela do aparelho. caso estivesse mais sóbrio, talvez fizesse as contas de imediato do que ela gostaria de afirmar com aquilo… no entanto, somente sentiu uma sensação um tanto estranha, como se devesse estar percebendo algo, e a deixou de lado naquele instante. “sua filha? nossa, ela é mesmo a sua cara. meus parabéns, uau, apesar de estar um pouco atrasado… era aquele parque de diversões que teve aqui ano passado?” fez a pergunta com um sorriso, embora a sensação ainda não o tivesse abandonado. na verdade, a sua força somente aumentava. e, ao escutar a sentença seguinte de malee, a encarando com o cenho vincado, ele se deu conta de exatamente qual era o motivo para aquilo. “me desculpa, você disse dez anos?” carter perguntou, como se não estivesse óbvio. somente porque não sabia como reagir de outra forma ao que possivelmente lhe era apresentado. especialmente quando, ao olhar novamente para a fotografia, podia estar se iludindo completamente, mas acreditava estar enxergando olhos muito semelhantes aos seus em anya. “estamos falando do que eu acho que estamos falando? porque, se for, eu… preciso de um minuto pra processar isso. eu estou entendendo certo?”
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existiam milhares de formas melhores que ela poderia ter feito aquilo. milhares de outros caminhos pelos quais poderia ter seguido ao longo da última década para tentar fazer o baque ser menor, o peso mais fácil de se carregar, mas suspeitava que, ainda assim, nunca estaria realmente pronta. se tivesse pegado o telefone e ligado para ele há dez anos atrás para contar, algo lhe dizia que o frio em sua barriga ainda seria o mesmo, que o arrepio frio que percorria sua espinha ainda a atormentaria, que cada celulazinha dela ainda a deixaria aterrorizada com qualquer reação que ele podia ter. malee encarava o rosto tão familiar a sua frente de forma atenta, conseguindo ver através de seus olhos todas as emoções que lhe tomavam e acompanhar o ritmo que chegaram até ele. a atenção da mulher era fixa nas feições daquele a sua frente, e apesar de ter chegado a separar os lábios para responder a primeira pergunta que ele fizera, fechou-os logo em seguida, sabendo que a surpresa maior do que a foto ter sido tirada no parque da cidade viria em seguida. assim que ele fez a ligação entre o tempo de distância dos dois e a coincidência da idade da pequena, a klahanchi assentiu. sua mão tremia, mas ela se forçava a continuar segurando o celular em sua direção para deixar que ele olhasse para a foto, que ele, aos poucos, se reconhecesse no rosto de anya. o coração dela a engoliu junto às próximas palavras dele, junto a forma como ele rapidamente encaixara as peças e conseguiu ver o que ela tentava lhe dizer nas entrelinhas. graças a deus ele conseguiu, pois ela não sabia como conseguiria falar aquilo.
“eu sinto muito.” fora a primeira réplica dela. havia ensaiado o que diria quando chegasse naquele momento pelos últimos dez anos, e ainda assim, quando ele finalmente estava ali, as palavras pareciam ter sumido de sua cabeça. “foi tão confuso na época. quando eu descobri, a gente nem se falava mais e… bem, eu não tenho desculpas para isso.” soltou uma risadinha baixa e amarga, que deixou aquele gosto impregnado em sua garganta. deixou o celular sobre o balcão e desprendeu o olhar do dele, encarando novamente sua garrafa de cerveja e trazendo-a até os lábios, para mais um gole que tentou empurrar para dentro um pouquinho a mais de coragem para ela enfrentar as consequências das suas ações. ou a falta delas. “eu errei. sei que errei. não uma só vez, eu errei todos os dias dos últimos dez anos em que eu não te contei isso.” sua voz era trêmula e a angústia se acumulava em seus olhos em formato de lágrimas que ela forçou-se a segurar. fechou as pálpebras por alguns segundos, respirando fundo enquanto o silêncio imperava entre os dois durante aquele meio tempo. “ela é uma menininha incrível, carter.” prosseguiu depois de bons momentos, tomando coragem para olhar para ele de novo. “é comunicativa e tem um gênio tão forte que chega assusta quem a conhece pela primeira vez. sabe o que quer e é uma tortura tentar fazê-la mudar de ideia, e céus, eu a amo tanto.” enfatizou a última palavra, que chegava a pesar em sua língua por ser tão crua. “você vai ter muita sorte se conhecê-la. mas… eu não vou te forçar a isso.” observou-o por mais alguns momentos em silêncio, para só em seguida completar: “eu não te dei uma opção antes, então, o mínimo que eu posso fazer é dar agora. se você não quiser fazer parte da vida dela, vou entender. e vou assumir a responsabilidade por isso quando ela for velha o suficiente para começar a ser mais enfática nas perguntas sobre o pai. vou dizer que é por minha culpa que ela não o conhece.”
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amyzmarch · 4 months
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reencontrar amigos da universidade que estavam de passagem pela cidade parecia uma desculpa quase boa o suficiente para aceitar se enfiar numa festa de república estudantil, com seus plenos vinte e oito anos de idade. não demorou mais que duas horas para perder cinco de seus seis amigos de vista, e logo fazer questão de se afastar o suficiente para fugir do radar do sexto ao se lembrar do quão chato lucas ficava quando bebia demais. e, considerando que era passado de uma da manhã e a sua perspectiva de algum entretenimento naquela festa péssima era se juntar à roda de truco que acontecia em um canto, o rapaz percebeu que a melhor forma de lidar com a sua situação provavelmente era a abandonando por completo. levou consigo a latinha de cerveja quase vazia - com os 30% restantes lutando pela sua vida - consigo enquanto procurava o portão, cumprimentando alguns conhecidos no caminho sem dar muita corda para as conversas nostálgicas que começavam ao estarem em grupo. alcançando o portão, parou em frente ao muro e encostou o corpo na superfície fria. pegou o celular com a mão livre e foi checar o whatsapp atrás de mensagens novas, respondendo as que custariam menos energia de quem digitava só com uma mão e marcando algumas como não lidas. então, chegou na missão mais importante da noite: encontrar um uber que não estivesse disposto a cobrar o seu rim para voltar até seu apartamento, numa hora daquelas. estava logando novamente no aplicativo - que, por alguma razão, deslogou como se ele não o houvesse usado algumas horas antes - quando escutou uma voz estranhamente familiar. ergueu o olhar para ver quem era, e não precisou de mais que um segundo para se dar conta de quem estava em sua frente. “laura?” chamou, não evitando curvar os cantos dos lábios em um sorriso. era ela, a garota que costumava assombrar a sua mente diariamente na época da universidade - e tão linda quanto naquela época, diga-se de passagem. bloqueou o celular se aproximou para deixar um beijo na bochecha dela em cumprimento. “acho que não te vejo desde a formatura da duda e do rodrigo, o que faz uns... vários anos.” franziu o cenho, acabando por rir. “e aí, como você tá? fugindo do resto?”
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@amyzmarch – marcus.
a cerveja já estava quente e a cada gole parecia ficar ainda mais intragável, mas ainda assim, laura continuava levando-a até a boca repetidas vezes durante os minutos que estendia-se em interações sociais que não tinha interesse de manter. pelo menos, aquilo lhe dava uma brecha para não precisar falar tanto, não precisar alimentar tanto o assunto. a festa acontecia numa casa de república, certamente um lugar que já não combinava mais com ela – mal combinava quando ela ainda era universitária. agora, então, sentia-se ainda mais deslocada por entre as pessoas. havia aceitado o convite de uma antiga colega, que queria companhia por estar passando o fim de semana na cidade. ela havia se perdido logo nas primeiras horas da festa, deixando a alencar sozinha e sem muitas opções além de socializar com as poucas figuras por ali que não estavam caindo de bêbadas. era cerca de uma da manhã quando ela decidiu sair da casa abarrotada para tomar um ar no jardim de entrada. a música abafada ficou para trás ao que ela encaminhava-se até o portão, que era mantido aberto já que o ir e vir das pessoas no local era uma constante. apoiou-se no muro da casa, tirando o celular do bolso para conferir o preço dos carros de aplicativo, ansiosa para ir pra casa. quando tentou destravar o aparelho, porém, percebeu que ele estava sem bateria, o que a fez suspirar pesarosamente. olhou em volta, notando um grupo de pessoas há alguns metros adiante reunidos em roda, provavelmente dividindo um baseado ou algo do tipo. do outro lado, porém, o que encontrou foi alguém sozinho, quase na mesma posição que ela: encostado junto ao muro, com uma bebida numa mão e a cabeça baixa. foi dele que decidiu se aproximar. “com licença…” sua intenção era explicar sua situação. falar que estava sem bateria e perguntar se poderia pedir um uber pelo celular dele. quando chegou perto o suficiente para ver o rosto do sujeito, porém, seu coração pulou uma batida quando o reconhecimento se perfez. os traços conhecidos estavam minimamente diferentes, mas eram tão familiares que jamais poderia confundir. “marcus?” o nome ainda estava na ponta da língua, nem parecendo que havia passado alguns anos desde que o proferira pela última vez. laura abriu um sorriso. “meu deus! há quanto tempo eu não te vejo!”
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amyzmarch · 4 months
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“sério que o cara fez isso? credo.” franziu o nariz em uma careta, não evitando rir em sequência com a imagem que surgia em sua mente: o jogador chorando e tentando buscar consolo em uma raelynn que não poderia estar menos interessada em seu tormento. até conseguia visualizá-la dando um tapinha nas costas dele. “eu achei que gente assim só existia na televisão, mas, pelo jeito não. quantos anos você dá pra gente ver ele num daqueles realities de praia? tão perdendo um candidato.” zoou, os olhos revirando ao findar a sentença. “se te consola, eu passei o homecoming inteiro ouvindo o meu par reclamar do ex. você sabe alguma coisa sobre o jason watkins? porque eu sei tudo. a vontade que eu tinha era ir até ele só pra implorar que ele desse em cima da emily lowe de novo pra tirar aquele sofrimento de mim.” não era um milagre que não tivesse saído nunca mais com ela. “vou ter que admitir que era verdade, sim. você parecia que tava a dois passos de enfiar uma caneta bem no olho.” 
“descobrindo que o boneco de madeira é um humano de verdade, pearson?” ergueu as sobrancelhas, tentando deixar de lado a sensação estranha que sempre o vinha quando o encaravam daquela forma. a verdade é que todos esperavam que seguisse o caminho de seus pais e, embora gostasse de uma área semelhante, não poderia ansiar mais pelo distanciamento do clã carmichael. viver a vida toda em uma família tão fria o levava a desejar por qualquer migalha de esperança de uma vida diferente. “talvez se o meu nome fosse brad, as coisas seriam diferentes… mas esse é o meu irmão, então, me resta ter que criar uma personalidade própria.” tal como o conhecido esteriótipo de seu nome indicava, brad carmichael era a definição de um frat boy sem o menor rumo na vida. “o que seria de você sem mim? a sua alma iria definhar tendo que competir com um bando de imbecis que não sabe diferenciar a cabeça da bunda.” deu de ombros, curvando os lábios em um certo sorriso. não era sempre que jay estava perto de ter alguém à sua altura, modéstia à parte, como adversário acadêmico. e lynn era quase o super-homem do seu lex luthor. “sinceramente, não vou negar a bandeira branca.” tomou o resto da bebida que tinha em mãos e largou a taça de espumante sobre a mesa. “se eu ouvir mais uma vez alguém me falando que conheceu o elon musk, acho que vou quebrar o copo e engolir o vidro pra ter o meu fim mais rápido.” bufou, concordando com ela. “é bem cafona quando você faz, mas vou deixar passar em nome da nossa trégua.”
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james.​
o ponto mais marcante durante os seus anos escolares, provavelmente, fora a dinâmica mantida entre o rapaz e raelynn. e, surpreendentemente, não se relembrava de todos os seus embates negativamente; as intrigas de ambos eram a razão de tamanho esforço ter sido desempenhado por james e, mesmo que as palavras nunca escapassem de sua boca sem algum tipo de arma estar sendo apontada para sua cabeça, a única razão para que tivesse se limitado em uma zona de conforto fora a noção de que raelynn estaria lá para sair correndo em sua frente caso se mantivesse parado por muito tempo. não haviam interagido nos últimos anos, contudo, a pearson não estivera completamente fora de seus pensamentos durante os semestres que avançavam na universidade. “você segue um amor de pessoa, não é?” james arqueou as sobrancelhas, não contendo o sorriso divertido que se instaurava em seus lábios. era estranho que, num certo ponto, até sentia falta de trocar farpas com a outra. “até onde eu me lembro, o único encontro que você tinha era com a sra. barnes no horário da detenção, então…” 
o questionamento seguinte dela, contudo, acabou o deixando um tanto sem graça. não que estivesse incomodado em responder os motivos de querer aquele estágio, muito pelo contrário, a questão era somente porque aquele estava sendo o elefante na sala em todas as conversas que tivera desde a sua chegada no evento, ao encontrar os conhecidos de seus pais. a dúvida, aparentemente, era coletiva. e era um tanto irritante saber que todos tinham a mesma ideia sobre a sua participação, mesmo não tendo conversado anteriormente com ele. como se a possibilidade de estar só fazendo aquilo porque queria mostrar que era realmente bom distante da sombra de seus pais não fosse exatamente uma que poderia ser considerada. “sim,” confirmou, primeiramente. “pelo menos metade das pessoas do meu ano deve ter aplicado pro processo seletivo, não é t��o surpreendente também ter me inscrito.” deu de ombros. embora mantivesse um tom mais prepotente, usual de quando falava algo que tentava demonstrar ser óbvio sem parecer arrogante, realmente não entendia o motivo de lynn estar estranhando tanto aquilo. porque não parecia somente um choque pelo reencontro tão peculiar de ambos. “a theranus é uma das melhores empresas na área, não é? eu vim pelo mesmo motivo que você, ué.” tomou um gole da bebida que tinha em mãos e, então, coçou levemente a nuca com a destra antes de retomar a fala. “as empresas da minha família tem as suas vantagens, mas, sei lá, não iria me beneficiar ficar em algo em que as pessoas vão só concordar com o que eu falar pelo meu pai ser o dono, né.” não queria tocar em um assunto pessoal naquele momento, então, era melhor falar de maneira superficial somente. “também quero coisas pelo meu próprio mérito, sabe. então, vai ter que me aguentar por mais um ano dessa vez.”
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dera de ombros rapidamente para o comentário, mas a expressão neutra não durou muito. uma risadinha acabou sendo expelida com a próxima tiradinha que viera em sua direção, e ela se viu negando levemente com a cabeça enquanto repassava algumas cenas do colegial na mente. “quem me dera meu único encontro tivesse sido com a sra. barnes. lembra quando eu arrisquei o baile com o kyle hughes? aquilo sim foi traumático. o cara literalmente começou a chorar pela saudade que ainda iria sentir dos caras do time de basquete!” arqueou as sobrancelhas em direção a james, se deixando levar pela memória por um segundo e esquecendo da antipatia que supostamente eles nutriam um pelo outro. “talvez seja o ponche batizado que eu tomei naquela noite, mas eu podia jurar que quando nossos olhares se encontraram pelo salão eu vi nos seus um quêzinho de empatia para mim naquela noite.” mesmo que ainda tivesse uma interminável lista de ressalvas com jay, era curioso ainda se lembrar de detalhes tão ínfimos dos fatos que permearam a dinâmica dos dois durante aqueles anos.
estaria mentindo se dissesse que esperava pela explicação dos motivos que viera, e lembrou de controlar a expressão apenas bons minutos depois que ele começara a falar, sabendo que, durante aquele meio tempo, havia deixado escapar no olhar a surpresa quase ofensiva de estar ouvindo aquelas palavras dele. “uau.” fora seu primeiro comentário depois das sentenças do maior. “não sabia que você tinha qualquer pretensão de ser mais do que um filhinho de papai. parece que me enganei ao seu respeito.” tratou logo de emendar à um novo cutucão, mas que, dessa vez, fora acompanhado de um sorrisinho ladino de bom grado. não era como se pudesse saber sobre qualquer coisa daquilo, afinal, nunca havia se permitido conhecê-lo a fundo o suficiente para entender as motivações que o moviam. “se é assim, então, vai ser um prazer competir com você de novo, carmichael.” chegou a curvar levemente o tronco, num ato teatral. olhando em volta, a festa ainda era demarcada apenas por uma música de elevador difícil de engolir e conversas que pouco atraíam a pearson naquela altura da noite. reprimindo um suspiro, acabou se voltando a única figura familiar que tinha ali naquele momento. “o que acha de um último momento de paz antes de reiniciarmos nossa guerra?” sugeriu, sem pensar muito para não acabar perdendo a coragem da proposta. “eu não sou de beber, mas estou tentada a roubar uma garrafa dos champanhes caros desses caras para acaba com ela no estacionamento. está convidado a me acompanhar, se quiser. vou acabar me matando se tiver que ouvir nossos outros competidores se gabando sobre suas conquistas acadêmicas noite adentro.” só notou a ironia da frase quando acabou de proferi-la, e ao fazer, tratou logo de complementar com bom humor: “só é legal quando eu faço isso.”
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amyzmarch · 5 months
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“francamente, até ele deve estar. eu até tentei descobrir alguma coisa, mas ele não fala nem qual é o nome da garota que dançou no baile.” chegava até a parecer que não sabia. marcou com o dedo a página em que estava de seu livro, procurando a faixa de tecido que usava como marcador enquanto a escutava falar. assentiu com um maneio de cabeça para a melhor amiga, indicando que a escutava. “por causa da sua mãe?” indagou, incerto de onde tudo aquilo acabaria levando. em outros momentos, imaginaria que era somente uma conversa comum entre ambos, com um tópico que não era inédito de ser abordado em suas interações, entretanto, ao vir acompanhado de um convite… aquilo o deixava consideravelmente intrigado. conforme as palavras alheias se desenrolavam, surgia nele certo incômodo. a ver conformada em não encontrar algo que se encaixasse com o que desejaria para si era a última coisa que desejava para quem era uma das pessoas mais importantes em sua vida, e sua melhor amiga desde que cursavam a universidade. “mas… você não precisa abrir mão do que você quer. e você não deveria fazer isso, se o custo é te deixar infeliz.” tentou ignorar a estranheza que a astley ocasionava dentro dele ao mencionar um sentimento de verdade, considerando que ainda lutava para compreender a maneira com que se sentia sobre toda a descoberta dos antigos sentimentos dela na universidade quanto a ele. ainda não entendia como simplesmente nunca tinha enxergado o que, até no ponto de vista de archie, estava bem diante de seus olhos. quando a escutou referenciar o casamento, o seymour franziu o cenho, agora visivelmente confuso. do que diabos ela estava falando? e onde aquilo iria parar? bom, ao enfim escutá-la, esteve certo de que preferia não saber - aquilo não fazia o menor sentido! “você…” tentou iniciar uma sentença, porém, nada restava em seu vocabulário. somente pode encará-la em silêncio por longos segundos enquanto absorvia a notícia quanto ao noivado dela. até a palavra soava errada. “você vai se casar?” murmurou, descrente. não fazia o menor sentido clarissa, de todas as pessoas, tomar essa atitude. “clary, você nem sequer conhece ele direito, não tem nada em comum, como... como é que vai realmente se casar de uma hora pra outra?”
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nicholas​.
embora uma pessoa costumeiramente mais quieta, com uma personalidade deveras introvertida desde o princípio de sua vida, não eram muitas as pessoas com quem nick sentia tamanho conforto quando o silêncio se instaurava no ambiente; usualmente, nas ocasiões em que não dividia intimidade com quem estivesse, se sentia ansioso, imaginando que estava sendo uma companhia desagradável, e tentando se colocar na posição de imaginar um assunto que poderia surgir, ou simplesmente pensar na desculpa em que conseguiria escapar da sua situação ao utilizá-la. entretanto, com clarissa nunca fora aquilo. com a mais nova, poderia passar horas a fio somente sentindo a presença dela ao seu lado e se confortando ao saber que ela estava desfrutando do momento tanto quanto ele. porque ela sempre o havia entendido de maneira simples, mesmo sem o uso de palavras. juntamente com archibald, talvez fosse a única pessoa fora de sua família com quem poderia se sentir tão seguro até em momentos mais triviais. e confortava o conde perceber que nada havia mudado drasticamente entre ambos da maneira que tanto temia, após o beijo compartilhado entre ambos. porque não aguentaria estar sem ela em sua vida. 
ocupado até aquele momento em passar pelas páginas de sua cópia de david copperfield, teve sua atenção chamada pelo som da tão familiar voz da melhor amiga, voltando-se em direção à ela com um sorriso de canto. “eu estou achando que isso virou febre por aqui, sabia? o archie também andava com a cabeça enfiada em só deus sabe onde, não dava pra contar com ele pra nada.” revirou os olhos. “passei pela humilhação de perder uma partida em dupla de pall mall contra o braddock e o ruddick esses dias, porque alguém ficava distraído com toda loira que passeava pelos jardins.” contou, rindo nasalmente e endireitando sua postura. estava contente de ver o amigo um tanto mais alegre, de toda forma, então somente falava aquilo em tom de brincadeira, aproveitando a casualidade que existia entre eles. “um grande jantar? assim eu vou me sentir honrado por ser chamado pra ir, ainda mais com convite prévio e tudo. mas veio em ótima hora, porque tô morrendo de saudade da sobremesa que a cozinheira de vocês faz.” suspirou, apoiando uma das mãos sobre a barriga. “e qual é a ocasião tão especial, aliás? vai ser tia de novo?” 
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soltou uma risadinha baixa das palavras dele, se divertindo ao imaginar a cena que ele havia descrito e a frustração que devia ter lhe rondado na ocasião. “com a margaret eu sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, mas estou surpresa pelo seu amiguinho de pedra ter descoberto que tem um coração.” permaneceu na brincadeira, desejando que pudesse estender ainda mais aquele assunto para que não precisasse abordar o real tópico pendente que demandava atenção. era algo que não havia compartilhado nem mesmo com a melhor amiga ainda, justamente por imaginar que sofreria represálias e por temer que fosse trazido à sua atenção que havia agido de maneira impulsiva. mas maior do que à sua hesitação nesse sentido, porque também havia o fato de que parecia ser certo ser nicholas a primeira pessoa a saber daquilo. e se fosse agir pelo o que julgava certo, na verdade, já teria falado daquilo há muito tempo atrás, mas todas as vezes que tentara trazer o assunto à tona, algo havia a impedido de colocar as cartas na mesa. ali, porém, sabia que não tinha mais como voltar atrás, e que se adiasse mais, tornaria as coisas ainda piores do que seriam.
“não é isso…” murmurou, desviando da ideia de que se tratava apenas de mais um sobrinho a caminho. “nós já falamos algumas vezes sobre toda essa loucura da temporada social, não é? e de como mexe com a nossa cabeça estar no meio dessa coisa toda. a essa altura, falar que é difícil seria redundante.” riu baixinho, mesmo que já não houvesse qualquer humor palpável em suas expressões conforme introduzia o assunto da forma mais desajeitada possível. no final das contas, não havia uma forma fácil de falar algo assim. “pensei em desistir algumas vezes. em jogar a toalha, só aceitar que eu simplesmente não me encaixo com esse jeito de fazer as coisas e tentar seguir em frente. mas… eu não posso.” e não podia por algo muito mais profundo do que o seu sentido de obrigação social, que era ralo e não contemplava em nada a figura que clarissa astley simbolizava. mas todas às vezes que pensava em viver pelos seus próprios propósitos, a lembrança dos últimos dias de sua mãe lhe viam à mente, e a forma como ela segurou sua mão e olhou no fundo de seus olhos para lhe confidenciar seu último pedido. clary suspirou. aquilo era maior do que qualquer aspiração que ela podia ousar ter.
“mas daí eu percebi que não estava jogando pelas regras convencionais, de qualquer forma. e que, talvez, estivesse me enganando que estava buscando um sentimento de verdade apenas como uma forma alternativa de adiar isso e continuar fugindo do papel que me é devido.” os dedos da loira apertaram-se contra o livro que ela segurava, e ela precisou lembrar a si mesma de relaxar um pouco as mãos. virou o rosto para o lado, voltando devidamente o olhar para nick. “não dá mais para ficar nessa de achar que eu vou amar alguém que a whistleup sorteou para passar um baile comigo. até porque, no final das contas, eu não preciso amar ninguém. só preciso me casar.” dera de ombros. encarou-o por mais alguns momentos, desviando o olhar para finalizar todo aquele pequeno monólogo, que já começava a ficar um pouco arrastado. “e é o que eu vou fazer. vou me casar, nick. o jantar de sábado é para anunciar isso oficialmente.” murmurou, por fim. “você deve o conhecer… é o filho dos conway. harry conway. nossas famílias já fizeram alguns negócios juntas no passado, sempre foram amigas, então… é. acaba sendo o caminho mais fácil para todo mundo.”
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