Tumgik
#( não revisei nem li de novo pq to atrasada lol )
brightsilverstar · 1 month
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— memory box; ( self para )
Faltava pouco para que Eunbyul chegasse em casa, mas ela só conseguia pensar em como queria se jogar na cama e dormir. Quem precisa comer? Quem precisa de skin care? Dormir é mais importante. O turno dessa noite havia sido complicado no trabalho; um de seus funcionários estava doente, então ela mesma teve que cobrir seu lugar. Além disso, alguém decidiu comemorar seu aniversário por lá, então havia mais pessoas do que ela achava que teria. Mas Byul não queria mais pensar sobre isso, só se preocupava com chegar logo em casa para descansar.
Apesar do bar não ficar a uma distância muito grande do apartamento, Byul ia de moto todos os dias. Conseguiria ir a pé, mas por ter que voltar para casa todo dia depois das duas e meia da manhã, achava essa a melhor escolha. Ela tinha acabado de parar em um sinal vermelho, quando sentiu as vibrações do celular no bolso da sua calça. Geralmente ignorava quando estava pilotando, mas como as notificações não paravam, ela decidiu pegar o celular para checar. Havia apenas mais um carro ao lado dela naquele momento, então não teria problema. Talvez fosse algo urgente. Imaginou que algum funcionário esqueceu algo importante dentro do bar e ela teria que voltar para abrir. Realmente esperava que não fosse isso.
Surpreendeu-se ao ver que as mensagens vinham do grupo do condomínio. Imediatamente perguntou-se o que poderia ter acontecido para que seus vizinhos estivessem mandando mensagens a essa hora da madrugada. Abriu o chat, mas não conseguiu ler tudo, era muita coisa. Viu que algumas pessoas estavam pedindo para que saíssem dos prédios, perguntando sobre amigos e parentes. Foi então que viu uma mensagem falando sobre fogo. Imediatamente sentiu um calafrio passando pela coluna. O prédio estava pegando fogo.
Seu primeiro pensamento foi a caixa que ela tinha guardada dentro do armário. Era uma caixa de papelão de um tamanho considerável toda decorada com adesivos. Durante vários anos de sua vida, em todos os finais de semana e feriados que Eunbyul passava na casa de sua avó, ela ia colecionando lembranças. Depois que a avó morreu, ela colocou todas nessa caixa. Álbuns de fotos repletos de momentos das duas juntas. Um scrapbook com ingressos de parques de diversões, o rótulo do primeiro vinho que tomaram juntas quando Byul já tinha idade suficiente, o menu do café onde iam comer brunch quase todo domingo de manhã. Souvenirs de quando viajavam para outras cidades. Um ursinho de pelúcia feito de crochê. Coisas que a faziam lembrar dos únicos momentos em que se sentia feliz de verdade durante sua infância, adolescência e início da vida adulta; com a única pessoa que ela sentia que a amava de verdade. Tudo isso em uma caixa. Em um prédio agora em chamas.
Eunbyul já sentia os olhos lacrimejando e, com as mãos trêmulas, guardou o celular de volta no bolso. Ignorou completamente o sinal vermelho e acelerou com a moto. Ela nunca dirigia rápido desse jeito dentro da cidade, mas nesta noite Byul não se importava com isso. Teve sorte de não ter sofrido nenhum acidente no caminho, porque as lágrimas não pararam por um segundo. Estava tão focada em chegar logo que mal percebia o que estava fazendo. Se alguém perguntasse qual caminho ela fez, não conseguiria dizer.
Terminou o restante do trajeto até o apartamento em menos da metade do tempo que levaria se estivesse dirigindo na velocidade permitida. Assim que virou na rua do complexo, já conseguia ver a comoção na frente dos prédios. Via os vizinhos ali na frente, todos parecendo aflitos. Também via a fumaça e o caminhão de bombeiros. Saiu da moto e jogou o capacete ao lado, não pensando muito sobre isso. Observava os bombeiros tentando tirar as pessoas de lá. Mas a única coisa que conseguia pensar era que precisava entrar em seu apartamento. Não se importava se não a deixariam fazer isso, deveria haver alguma forma.
Não conseguiria deixar sua caixa de lembranças da avó se perder no fogo.
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