Tumgik
#escritores alemães
vagarezas · 2 years
Text
No he conocido a nadie que tenga dentro tanto sol como tú.
Charles Bukowski
30 notes · View notes
luizdominguesfan · 21 days
Text
Tumblr media
http://luiz-domingues.blogspot.com/2024/03/livro-os-zeppelins-nos-ceus-do.html
Resenha sobre o livro: "Os Zeppelins nos céus do Brasil ", obra do escritor, Cristiano Rocha Affonso da Costa, no meu Blog 1. Um impressionante relato minucioso sobre os dirigíveis dos anos vinte e trinta, e sim, é citado o Led Zeppelin, a icônica banda de Rock, em uma passagem pitoresca do livro.
0 notes
mireoceu · 1 month
Text
Santos para conhecer na Semana Santa:
Beata Ana Catarina Emmerick
Tumblr media
• 08/09/1774 - 09/02/1824
• alemã
• Freira agostiniana, mística, visionária
Desde a infância era atraída pela oração e já na adolescência queria entrar no convento, porém o pai não queria e, por sua pouco escolaridade, muitos conventos não permitiram sua entrada. Quando foi morar com um organista, conseguiu entrar no convento das Agostinianas, pois a filha dele iria entrar lá e Ana lhe contou de seu desejo de tornar-se freira. E conseguiu.
No convento fazia os trabalhos mais pesados, e suportava em silêncio os rechaços que as irmãs lhe faziam por não ser formada... Em 1811 o convento foi suprimido e Ana foi morar na casa de um sacerdote, onde trabalhava como empregada. Nesse período recebeu os estigmas de Cristo e dores atrozes. E a ter muitas visões.
Ela viu detalhadamente muitos fatos ocorridos na história da salvação. Viu o nascimento de Jesus, fatos da vida dos apóstolos, viu com precisos detalhes como Jesus viveu a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Identificava facilmente relíquias dos Santos, verdadeiras e falsas. Viu inclusive fatos que ocorreriam tempos depois de sua morte. E por aí vai...
Apesar de tudo, a grande característica dela era seu amor por todos. Quem ia visitá-la saia de sua presença encorajado e confortado. Uma de suas visitas foi Clemens Bretano, um grande escritor, que a visitou por 5 anos para poder escrever tudo o que ela tinha visto.
Em 1823 Ana debilitou-se ainda mais. E uniu suas dores as de Jesus oferecendo pela redenção da humanidade. Em 09.02.1824 ela faleceu, deixando o exemplo de unir-se totalmente a Jesus e ser um bom devoto de Maria.
Beata Ana Catarina Emmerick rogai por nós 🙏🏽
6 notes · View notes
booklovershouse · 2 months
Text
Tumblr media
Oiee, booklovers!
Como prometido desde o post de Toda Luz que Não Podemos Ver, vim indicar livros que se passam na Segunda Guerra Mundial e alguns filmes tbm :)
~ edit: o post ficou quilométrico mas juro q vale a pena kkkkkkk
• Livros
⌛| A Menina que Roubava Livros (+14)
Com uma narradora no mínimo peculiar, A Menina que Roubava Livros conta a história de Liesel Meminger e seus anos na rua Himmel.
Ao longo do livro, conhecemos vários personagens que passam (ou ficam) em sua vida, como Hans Huberman, dono de um acordeão e um belo par de olhos prateados, Rosa Huberman, com sua voz de trovão e seu jeito de "guarda-roupa" e Rudy Steiner, um menino com cabelos cor de limão.
Sendo bem sincera, eu acho que esse livro é uma verdadeira obra de arte em diversos aspectos.
⏳| O Último Trem para Londres (+13)
Já falei sobre ele aqui, mas esse é um post mais específico, como vcs sabem.
Em O Último Trem para Londres, nós acompanhamos três histórias diferentes (com capítulos alternados) sobre um menino judeu, uma mulher que salvava crianças e um oficial alemão, este último não aparecendo com tanta frequência.
O garoto vem de uma família rica, que tem uma grande fábrica de chocolate e sonha em ser escritor. Com a guerra, as riquezas da família foram tomadas pelos alemães e a fábrica, passada para o tio, que não era judeu.
⌛| O Diário de Anne Frank (+12)
Por não ser um livro de ficção, é claro que esse daqui é um dos que mais tocam o coração das pessoas - e ainda tem gnt q tem coragem de dizer que é ruim. Minha gente, isso é um ✨DIÁRIO✨, daqueles onde as pessoas escrevem sobre a vida delas, vcs queriam oq?
Em resumo, tudo o que você precisa esperar desse livro é a Segunda Guerra Mundial pelos olhos de uma adolescente judia. Não espere nenhuma análise grandiosa, romance avassalador ou plot twist impactante. O Diário de Anne Frank é composto apenas pela pura (e dolorosa) realidade.
⏳| Quem Traiu Anne Frank? (+13)
Com o enorme sucesso de O Diário de Anne Frank, algumas perguntas começaram a surgir: quem denunciou os moradores do Anexo Secreto? Quem traiu Anne Frank?
Apesar de várias investigações terem sido iniciadas ao longo dos anos, a falta de provas (pq, como sabemos, os nazistas "deram um sumiço" em boa parte delas) e o fato de que a grande maioria das pessoas envolvidas (tanto na ajuda aos moradores do Anexo, quanto vizinhos, funcionários e conhecidos dos Frank) já haviam morrido, não foi possível encontrar uma resposta.
Assim, surgiu a Equipe do Caso Arquivado. Pessoas de lugares diferentes com as mais variadas especialidades se uniram para desvendar esse mistério. Aqui nesse livro, além de uma possível solução para sua dúvida, vc vai encontrar diversas teorias sobre o caso e fatos sobre a Segunda Guerra que talvez você nem conhecesse.
⌛| A Biblioteca de Paris (+14)
Aqui temos duas histórias, na vdd: Lily, uma garota em meio a Guerra Fria e Odile, vivendo na Segunda Guerra Mundial. Mas, para ser sincera, o assunto da Guerra Fria não é tão explorado e as partes da Lily me entediaram bastante.
E, de qualquer forma, a Odile é a estrela desse post.
Apaixonada por livros, Odile consegue um emprego na Biblioteca Americana de Paris (sonho sim ou claro?) mas com a guerra, as coisas começam a mudar, tanto em sua família quanto em seu porto seguro: a biblioteca.
⏳| A Filha de Auschwitz (+14)
Não recomendo muito esse aqui, mas funcionou pra algumas pessoas e vou mencionar pq li e faz parte do tema. Só isso.
A Filha de Auschwitz conta, principalmente, a história história de duas amigas, Eva e Sofie que resolvem ir pra Auschwitz voluntariamente para procurar as pessoas que amam. Mas é claro que em Auschwitz, achar alguém não é tão simples assim.
Na minha opinião, o título não tem nada a ver com a história (nasce uma bebê em Auschwitz? Sim, mas a menina mal aparece) acho que só colocaram pra impactar e vender.
• Filmes
⌛| Pearl Harbor - 2001 (+14)
• Duração: 3h30m
É, o filme é enorme. E ele dá raiva em alguns momentos, mas não é ruim, na minha humilde opinião kkkkk
Pra qm não sabe, Pearl Harbor era uma base dos EUA q foi atacada pelo Japão em dezembro de 1941, oq gerou um conflito entre os dois países, q terminou com as famosas bombas de Nagasaki e Hiroshima.
Maaaaas, é claro que vc não vai ver só isso em três horas de filme.
Tem todo um drama envolvendo dois soldados q são amigos de infância e se apaixonam pela mesma garota. E, apesar de nunca ter lido Amor(es) Verdadeiro(s), tenho quase certeza absoluta de que é exatamente a mesma vibe.
⏳| O Pianista - 2002 (+14)
• Duração: 2h30m
Outro enorme, porém bem mais famoso.
Contando a história baseada na autobiografia de um pianista judeu polonês, antes rico e apreciado, com a chegada da Segunda Guerra, é mandado ao Gueto junto com sua família.
Porém, eles acabam se separando e logo Szpilman é deixado à sua própria sorte.
⌛| Terra de Minas - 2015 (+14)
• Duração: 1h40m
Esse daqui não se passa durante a guerra, mas sim depois dela.
Se vc acha que tudo foi resolvido depois que a Alemanha perdeu, está muito enganado.
Na Dinamarca, um grupo de jovens prisioneiros alemães ganha a missão de desativar mais de dois milhões de minas enterradas na costa do país.
~ não quero inocentar os soldados alemães nem nada, mas gnt, esse filme é muito sofrido.
⏳| A Dama Dourada - 2015 (+10)
• Duração: 1h49m
Assim como Terra de Minas, tbm não se passa durante a guerra, mas sim lá pros anos 80.
Maria Altmann é uma judia sobrevivente da Segunda Guerra que decide lutar com o governo austríaco pelos bens de sua família, que foram roubados durante o confronto, inclusive A Dama Dourada, famoso quadro do retrato de sua tia.
Tem o livro tbm, pra quem quiser, vou deixar o link aqui.
⌛| Lembrando que A Menina que Roubava Livros e O Diário de Anne Frank também possuem adaptações - e são ótimas - mas aí o post ia ficar ainda maior, ent deixei quieto kkkkk
Bjs e boas leituras <33
4 notes · View notes
claudiosuenaga · 1 year
Text
Tumblr media
Estamos sob a égide dos Senhores Supremos?
Por Cláudio Suenaga
Em um belo dia, de forma inesperada, imensas naves reluzentes surgem sobre as principais capitais do mundo, respondendo à velha questão se somos ou não a única espécie inteligente no Universo. Seus ocupantes, chamados de Senhores Supremos, detentores de uma tecnologia e de conhecimentos muito mais avançados, assumem o controle total da Terra de forma pacífica e em pouco tempo erradicam a ignorância, a pobreza e a guerra, inaugurando uma Era de Ouro. Porém, várias dúvidas passam a assombrar a humanidade: quem seriam os Senhores Supremos e quais seriam suas verdadeiras intenções? Qual o preço a pagar pela utopia? Como ficam a liberdade, a identidade e a cultura humanas? As respostas para essas questões eram muito mais aterradoras do que se poderia supor, ainda mais quando, cinco décadas após sua chegada, revelam sua aparência, idêntica à das imagens tradicionais do folclore cristão de demônios: grandes bípedes com cascos fendidos, asas de couro, chifres e caudas farpadas.
youtube
Há 70 anos, o escritor de ficção científica britânico Arthur Charles Clarke (1917-2008) revelava em Childhood’s End (O Fim da Infância), o que viriam a ser os alicerces do mundo concernentes a uma nova ordem instaurada por extraterrestres chamados de “Senhores Supremos” (Overlords). Imersos que estamos em uma distopia totalitária que dia a dia vai sub-reptícia e escancaradamente eliminando excedentes populacionais e hordas de indesejáveis, enquanto brinda os resistentes com a erradicação de seus últimos resquícios de humanidade e, por conseguinte, de consciência individual, seria lícito perguntar se Clarke não teria nos alertado quanto ao nosso inevitável destino, ele que antecipou com precisão as telecomunicações instantâneas por satélites e internet, a inteligência artificial (“que iria acabar superando seus criadores”) e até mesmo as pílulas anticoncepcionais e os testes de DNA, conforme este trecho de O Fim da Infância:
“O modelo de moralidade sexual, se é que podemos dizer que existia um só modelo, havia se alterado de maneira radical. Tinha sido praticamente despedaçado por duas invenções, que foram, por ironia, de origem cem por cento humana e nada deviam aos Senhores Supremos. A primeira foi um contraceptivo oral totalmente seguro. A segunda, um método, igualmente infalível, de identificação do pai de qualquer criança, tão preciso quanto impressões digitais.”
Tumblr media
O enredo da invasão alienígena pacífica da Terra de Clarkecomeça na época da Guerra Fria, prevê corretamente uma corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética e a proeminência dos cientistas de foguetes alemães em ambos os programas espaciais, se projeta para o nosso tempo e culmina um pouco mais à frente, enquadrando-se, portanto, em nosso cronograma ou na Agenda dos Senhores Supremos, em um paralelo estupefaciente.
O nosso planeta, segundo Clarke, tem sido desde então governado por esses Senhores Supremos, seres de uma inteligência e tecnologia muito superiores que de imediato impedem que a humanidade se autodestrua, erradicando a fome, a pobreza, a ignorância e as doenças e trazendo segurança, paz, conforto, estabilidade e prosperidade. Uma Era de Ouro é inaugurada, mas às custas da crescente perda da liberdade (de “controlar nossas próprias vidas, guiadas por Deus”), identidade, cultura, iniciativa, criatividade e vigorosidade humanas.
A esta altura, muitos já substituíram Deus por extraterrestres,certos de que constituem uma mais lógica e até completa explicação para nossas origens. Outros continuam aferrados à crença na existência pura de um Deus único e divino e entreveem sinais e significados diabólicos em todas as ações atribuías aos Senhores Supremos, tomando-os como falso profetas. Para estes, os ETs são o prenúncio da chegada do Anticristo, e por conseguinte do Apocalipse e do fim do mundo, de modo que a humanidade precisa ser avisada da verdade o quanto antes e enquanto ainda é tempo.
A chegada dos Senhores Senhores se deu sem um aviso prévio e de maneira inesperada, quando os Estados Unidos e a União Soviética competiam para lançar a primeira espaçonave em órbita para fins militares. Foi quando gigantescas, majestáticas, reluzentes e silenciosas naves alienígenas subitamente se posicionaram acima das principais cidades da Terra. A simples constatação de que a humanidade não era a única espécie inteligente no Universo, por si só faz cessar todos os conflitos. Durante seis dias – os mesmos que Deus levou para completar sua criação –, elas permaneceram flutuado, impassíveis e imóveis, até que anunciaram que estavam assumindo a supervisão dos assuntos internacionais para evitar a extinção da humanidade:
Tumblr media
“Dentro daquelas naves paradas e silenciosas, mestres em psicologia estudavam as reações da humanidade. Quando a curva de tensão atingisse o máximo, entrariam em ação. Foi assim que, no sexto dia, Karellen, supervisor encarregado da Terra, se deu a conhecer ao mundo através de uma transmissão que cobriu todas as frequências radiofônicas. Falou num inglês tão perfeito, que deu início a uma controvérsia destinada a dividir toda uma geração de um lado a outro do Atlântico. O contexto de sua fala foi ainda mais surpreendente do que sua emissão. Era a obra de um autêntico gênio, mostrando um domínio completo e absoluto dos assuntos humanos. Não podia haver dúvida de que sua erudição e seu virtuosismo, os estarrecedores aspectos de um conhecimento ainda inexplorado, tinham o fim deliberado de convencer os homens de que estavam na presença de um extraordinário poder intelectual. Quando Karellen terminara, as nações da Terra souberam que seus dias de precária soberania haviam chegado ao fim. Os governos internos, locais, continuariam retendo os seus poderes, mas, no campo mais amplo dos assuntos internacionais, as decisões supremas não mais caberiam aos humanos. Argumentações, protestos, tudo era inútil. Dificilmente se poderia esperar que todas as nações do mundo se submetessem docilmente a uma tal limitação de seus poderes. Contudo, a resistência ativa apresentava sérias dificuldades, pois a destruição das naves dos Senhores Supremos, mesmo que possível, aniquilaria as cidades situadas abaixo delas.”
A inspiração para essa imagem das naves pairando sobre as cidades, veio a Clarke durante a Batalha da Grã-Bretanha (de 10 de julho até 31 de outubro de 1940) na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em um entardecer em uma colina que tinha vista para Londres, quando soltaram vários balões barragem prateados que “capturavam os últimos raios do Sol e se pareciam com uma frota de naves alienígenas” suspensa sobre a cidade. A Batalha da Grã-Bretanha foi uma das mais importantes da Segunda Guerra, travada entre a Luftwaffe e a Força Aérea Britânica (RAF – Royal Air Force), que representou o primeiro movimento alemão com o objetivo de invadir as ilhas britânicas. Os balões barragem eram balões enormes utilizados como defesa contra aviões. Eles possuíam um cabo que os ligava ao solo ou a edifícios e que servia como obstáculo contra aviões. Algumas versões carregavam pequenas cargas explosivas. Clark lembra que sua primeira ideia para a história se originou dessa cena, com os balões gigantes se tornando naves alienígenas no romance.
Tumblr media
Balões barragem flutuando sobre Londres durante a Batalha da Grã-Bretanha, uma das mais importantes da Segunda Guerra Mundial, travada entre a Luftwaffe e a RAF, que representou o primeiro movimento alemão com o objetivo de invadir as ilhas britânicas. O Palácio de Buckingham e o Memorial Victoria podem ser vistos. Foto: Fatos Militares.
A humanidade acabou aceitando a presença dos Senhores Supremos “como parte da ordem natural das coisas, e em um espaço de tempo surpreendentemente curto, o choque inicial passou e o mundo continuou como antes”:
“No primeiro ano de sua chegada, o advento dos Senhores Supremos tinha feito menos diferença do que seria de esperar para a vida dos humanos. Sua sombra estava em todo lado, mas era uma sombra discreta. Embora fossem poucas as grandes cidades da Terra onde os homens não pudessem ver uma das naves prateadas reluzindo contra o zênite, passado algum tempo elas começaram a ser encaradas com naturalidade, como se fossem o sol, a lua ou simples nuvens. A maioria dos homens provavelmente não se dava conta de que os seus cada vez melhores padrões de vida se deviam aos Senhores Supremos. Quando paravam para pensar nisso – o que era raro – percebiam que aquelas naves silenciosas tinham trazido a paz ao mundo pela primeira vez na história e sentiam-se gratos.”
Como bons liberais da velha cepa, os Senhores Supremos interferem minimamente nos assuntos humanos, permitindo que estes conduzam seus negócios à sua maneira. Direta e abertamente, intervêm apenas duas vezes: na África do Sul, onde, algum tempo antes de sua chegada, o apartheid havia entrado em colapso e sido substituído por uma perseguição selvagem à minoria branca; e na Espanha, onde acabaram com as touradas.
A guerra ia se tornando uma vaga lembrança que se diluía no passado. As cidades tinham sido reconstruídas, abandonadas ou deixadas como cidades-museus. A produção tornara-se quase totalmente automatizada: “as fábricas-robôs produziam bens de consumo em tão grande escala, que todas as necessidades comuns à vida eram virtualmente gratuitas. Os homens trabalhavam apenas para obter os artigos de luxo que desejavam – ou não trabalhavam.”
Tumblr media
O mundo tornara-se um Estado único: “Os antigos nomes dos velhos países ainda eram usados, mas só como zonas postais.” Assim Clarke descreve essa utopia:
“Não havia ninguém na Terra que não falasse inglês, que não soubesse ler, que não tivesse um aparelho de televisão, que não pudesse ir ao outro lado do planeta em vinte e quatro horas no máximo... O crime praticamente desaparecera. Tornara-se ao mesmo tempo desnecessário e impossível. Quando ninguém sente falta de nada, não há por que roubar. Além do mais, todos os criminosos em potencial sabiam que não conseguiriam escapar à vigilância dos Senhores Supremos. Nos primeiros tempos de seu domínio, eles haviam interferido de maneira tão eficaz em favor da lei e da ordem, que a lição nunca mais fora esquecida. Os crimes passionais, embora não inteiramente extintos, eram quase desconhecidos. Com a remoção de grande parte de seus problemas psicológicos, a humanidade estava muito mais sensata e menos irracional. O que nas eras anteriores se chamaria vício, agora não passava de excentricidade – ou, na pior das hipóteses, maus costumes.”
Aquele ritmo louco que caracterizara o século XX havia diminuído e a vida agora era mais calma e tranquila: 
"O homem ocidental reaprendera – o que o resto do mundo jamais esquecera – que o ócio não era pecado, desde que não degenerasse na preguiça. Fossem quais fossem os problemas que o futuro pudesse trazer, o tempo ainda não pesava nas mãos da humanidade.”
Por outro lado, a nova sociedade tinha muito mais mobilidade: 
“Graças à perfeição do transporte aéreo, todo mundo podia ir para onde quisesse quando bem desejasse. [...] O carro aéreo não tinha asas, nem quaisquer superfícies visíveis de controle. Até mesmo as lâminas giratórias dos velhos helicópteros haviam desaparecido. Contudo, o homem não descobrira a antigravidade; só os Senhores Supremos detinham esse segredo.”
As religiões, como seria de esperar, perderem o sentido com a chegada dos Senhores Supremos, e a humanidade tornara-se inteiramente secular:
“De todas as fés religiosas que haviam existido antes da chegada dos Senhores Supremos, apenas uma forma de budismo purificado – talvez a mais austera das religiões – sobrevivia ainda. Os credos baseados em milagres e revelações tinham caído por terra. [...] No espaço de alguns dias, todos os inúmeros messias da humanidade tinham perdido a divindade. À luz fria e desapaixonada da verdade, crenças que haviam sustentado milhões de pessoas, durante dois mil anos, evaporaram-se como o orvalho matinal. Todo o bem e todo o mal que tinham provocado foram, de uma hora para a outra, empurrados para o passado, destituídos de qualquer poder. A humanidade perdera seus velhos deuses. Era agora suficientemente velha para precisar de deuses novos.”
Tumblr media
Crédito: Syfy.
A queda das religiões fez-se acompanhar, antitética e simultaneamente, pela da ciência, das artes e da cultura em geral: 
“Havia muitos técnicos, mas poucos se aventuravam para além das fronteiras do conhecimento humano. A curiosidade persistia e havia tempo para explorá-la, mas faltava o estímulo para as pesquisas científicas fundamentais. Parecia fútil passar toda uma vida pesquisando segredos que sem dúvida os Senhores Supremos já tinham desvendado eras antes. Esse declínio fora parcialmente disfarçado por uma enorme florescência das ciências descritivas, como a zoologia, a botânica e a astronomia de observatório. Nunca houvera tantos cientistas amadores coligindo fatos para seu próprio gáudio; mas havia poucos teóricos correlacionando esses fatos. O fim das lutas e dos conflitos de todas as espécies fora também o fim virtual da arte criadora. Havia miríades de executantes, amadores e profissionais, mas nenhuma obra significativa nos campos da literatura, da música, da pintura ou da escultura viera à luz durante toda uma geração. O mundo continuava vivendo das glórias de um passado que jamais voltaria. Ninguém se preocupava com isso, exceto alguns filósofos. A raça humana estava por demais interessada em saborear a recém-descoberta liberdade, para ver além dos prazeres do presente. A utopia chegara finalmente; a sua novidade não fora ainda ameaçada pelo inimigo supremo de todas as utopias – o tédio.”
Em suma, “sob muitos aspectos, o aparecimento dos Senhores Supremos criara mais problemas do que resolvera”, e quando acabaram com muitas coisas más, muitas das boas foram-se junto:
“O mundo é agora plácido, incaracterístico e culturalmente morto; nada de realmente novo foi criado desde a chegada dos Senhores Supremos. E a razão é mais do que óbvia. Não há mais nada por que lutar e existem demasiadas distrações e diversões.”
Clarke parece estar descrevendo a profusão de ofertas desse gênero do mundo atual, sorvida diariamente por muitos bilhões para os quais é mais fácil receber pronto do que buscar saber: 
“Já pensou que, todos os dias, umas quinhentas horas de rádio e televisão são transmitidas pelos vários canais? Se uma pessoa resolvesse não dormir e não fazer mais nada, mesmo assim não poderia acompanhar mais do que um vigésimo dos diversos tipos de diversão que nos são apresentados ao mero girar de um botão! Não admira que as pessoas se venham transformando em esponjas passivas – absorvendo e não criando. Sabia que o tempo médio passado por uma pessoa em frente da televisão é, agora, de três horas por dia? Em breve as pessoas não terão mais vida própria. Vão passar a vida acompanhando os diversos seriados e novelas apresentados pela televisão!”
Tumblr media
Crédito: Getty Images.
Os Senhores Supremos que tinham respostas e soluções para tudo, paradoxalmente não viam nesse declínio um problema, e mesmo com sua formidável inteligência, pareciam não compreender que estavam destruindo a alma humana. E a humanidade, “acostumada que estava a confiar neles e a aceitar, sem questionar, o seu altruísmo sobre-humano”, permaneceu impassível. Os Senhores Supremos querem ajudar a humanidade, mas criam algumas restrições a esta, como a continuidade da exploração do espaço:
“Um século antes, o homem pusera o pé na escada, que o levaria às estrelas. Nesse exato momento – teria sido coincidência? – a porta de acesso aos planetas fora-lhe fechada na cara. Os Senhores Supremos haviam imposto poucas proibições a qualquer forma da atividade humana (as guerras eram, talvez, a maior exceção), mas as pesquisas espaciais tinham praticamente cessado. O desafio apresentado pela ciência dos Senhores Supremos era demasiado grande. Momentaneamente, ao menos, o Homem perdera o ânimo e voltara-se para outros campos de atividade. Não havia sentido em desenvolver a construção de foguetes espaciais, quando os Senhores Supremos tinham meios de propulsão infinitamente superiores, baseados em princípios de que nunca haviam dado, sequer, uma ideia. O homem continuava, portanto, a ser um prisioneiro de seu próprio planeta. Um planeta muito mais justo, mas muito menor do que um século antes. Ao abolirem a guerra, a fome e a doença, os Senhores Supremos tinham também abolido o espírito de aventura.”
A expectativa era a de que os Senhores Supremos, envoltos por ares misteriosos, se deixassem ver e desembarcassem das suas reluzentes naves totalmente lisas e sem quaisquer emendas. Mas, cinco anos depois, a humanidade continuava esperando, assombrada pela dúvida quanto às verdadeiras intenções dos Senhores Supremos e até quando suas políticas iriam coincidir com o bem-estar dos homens.
O Senhor Supremo Karellen, o “Supervisor da Terra”, que fala por trás de uma tela de vidro unilateral apenas para Rikki Stormgren, o Secretário-Geral das Nações Unidas, diz a ele que os Senhores Supremos só se revelarão em 50 anos, quando a humanidade terá se acostumado com a presença deles. Stormgren contrabandeia um dispositivo para a nave de Karellen em uma tentativa de ver a sua verdadeira forma. Ele consegue vê-lo parcialmente, fica chocado e opta por ficar em silêncio, ciente dos graves problemas que adviriam caso suas aparências fossem expostas naquele momento.
Os Senhores Supremos precisavam antes garantir que os seus planos a longo prazo fossem implementados, e o primeiro passo, “naturalmente”, seria a criação de um “Estado Mundial”, isso mesmo. Eis mais um acerto preciso de Clarke, ou melhor dizendo, anúncio, como se ele já soubesse desses planos, maçom que era e coligado aos Senhores Supremos deste mundo. A mudança seria feita de modo tão “imperceptível” que poucos se dariam conta quando ela se realizasse, e “depois disso, haverá um período de lenta consolidação, enquanto sua raça se prepara para nos conhecer. E então chegará o dia que lhes prometemos.”
E quando esse dia finalmente chegou, no início do século XXI, 
“Havia apenas uma nave, agora, flutuando sobre Nova York. Na realidade, como o mundo acabava de descobrir, as naves que se viam sobre as outras cidades do homem nunca tinham existido. No dia anterior, a grande frota dos Senhores Supremos dissolvera-se no nada, dispersando-se como se fosse neblina, sob o orvalho da manhã. [...] As grandes naves não tinham, então, sido mais do que símbolos e agora o mundo sabia que todas, menos uma, não haviam passado de naves-fantasmas. Contudo, com sua presença apenas, tinham mudado a história da Terra. Agora, sua tarefa estava terminada e o que se haviam proposto repercutiria por séculos e séculos.”
Tumblr media
Crédito: Syfy.
Seria esta mais uma “antevisão” de Clarke que se confirmará, ou seja, o uso da tecnologia Blue Beam (Raio Azul) para projetar holograficamente uma falsa invasão alienígena nos céus que colocará a população amedrontada à inteira mercê dos governos e dos verdadeiros “Senhores Supremos”?
“As naves de abastecimento, indo e vindo pelo espaço distante, tinham sido reais; mas as nuvens prateadas que haviam pairado, durante toda uma vida, sobre quase todas as capitais da Terra, tinham sido uma ilusão. Como essa ilusão fora criada, ninguém sabia dizer, mas parecia que cada uma dessas naves não passara de uma imagem da nave de Karellen. Não fora, porém, apenas um jogo de luzes, pois até o radar tinha sido logrado, e havia ainda homens vivos que juravam ter ouvido o estrépito do ar sendo rasgado pela frota, ao penetrar nos céus da Terra.”
Assim como no livro a população foi sendo ao longo de cinquenta anos sutilmente condicionada – a “ponto de quase não ser reconhecida” – a aceitar os Senhores Supremos, por mais aterradora que fossem suas aparências, para o que “tudo de que se precisa é um conhecimento profundo da estrutura social, uma visão clara do objetivo em mente e poder”, nós também temos sido nas últimas décadas pela mídia e pela indústria cultural e de entretenimento, a ponto de hoje todos aceitarem placidamente e sem impedimentos a ideia de contato e convivência com seres de outros planetas.
O ardil psicológico usado por Karellen foi o de ter convidado duas crianças para serem as primeiras a vê-lo e interagirem diretamente com ele:
“Acenando alegremente para a multidão e para os pais aflitos – que, demasiado tarde, tinham provavelmente se lembrado da lenda do flautista de Hammelin – as crianças começaram a subir rapidamente a íngreme encosta. Mas suas pernas não se mexiam e logo se tornou claro que seus corpos estavam inclinados em ângulo reto com a estranha prancha, que parecia ter uma gravidade própria, capaz de neutralizar a da Terra. As crianças estavam ainda gozando aquela estranha experiência e imaginando o que as estaria atraindo para cima, quando desapareceram no interior da nave. Um grande silêncio caiu sobre o mundo inteiro durante vinte segundos – embora, mais tarde, ninguém pudesse acreditar que tão pouco tempo se tivesse passado. Então, a escuridão da grande abertura deu a impressão de avançar, e Karellen surgiu à luz do sol. O menino estava sentado em seu braço esquerdo, a menina, no direito – ambos demasiado ocupados brincando com as asas de Karellen, para repararem na multidão que os olhava. Foi um tributo à psicologia dos Senhores Supremos e a todos aqueles anos de cuidadosa preparação o fato de apenas algumas pessoas terem desmaiado. E, ainda, em todo o mundo, foram poucas as pessoas que sentiram o antigo terror perpassar-lhes, por um horrível instante, a mente, antes que a razão o banisse para sempre. Não era uma ilusão. As asas encouradas, os pequenos chifres, a cauda eriçada – nada faltava. A mais terrível de todas as lendas criara vida, emergira do passado desconhecido. E, contudo, lá estava, sorrindo, numa majestade de ébano, com a luz do sol fazendo brilhar o seu tremendo corpo e uma criança humana confiantemente pousada em cada braço.”
Tumblr media
Crédito: Syfy.
Sim, a compleição de Karellen era idêntica à dos demônios medievais, estando além, portanto, de qualquer uma que poderia ser imaginada ou aceita, embora se explicasse o temor e a repulsa que sentíamos por eles por uma espécie de “memória racial”: 
“Presumia-se, naturalmente, que os Senhores Supremos, ou seres da mesma espécie, tinham entrado em violento conflito com o homem primitivo. O encontro devia ter ocorrido num passado remoto, pois não deixara vestígios na história. Era outro enigma, para cuja solução Karellen não ajudava em nada. [...] Talvez achassem a Terra fisicamente desconfortável para seu tamanho, e a existência de asas indicava que vinham de um mundo de gravidade bem mais baixa. Nunca eram vistos sem um cinturão cheio de mecanismos complicados que, conforme se acreditava, controlava-lhes o peso e permitiam comunicar-se uns com os outros. A luz do sol resultava-lhes dolorosa e nunca ficavam mais de uns poucos segundos expostos a ela. Quando tinham que ficar ao ar livre durante um espaço maior de tempo, usavam óculos escuros, que lhes davam uma aparência algo incongruente. Embora parecessem capazes de respirar o ar terrestre, carregavam às vezes pequenos cilindros de gás, que utilizavam ocasionalmente.”
Supôs-se que vistos de longe 
“por selvagens ignorantes e apavorados, os Senhores Supremos podiam ter sido tomados por homens alados, dando origem ao retrato convencional do Demônio.” De perto, porém, não se podia classificá-los em nenhuma árvore evolutiva conhecida, ou seja, “os Senhores Supremos não eram nem mamíferos, nem insetos, nem répteis. Não se tinha sequer a certeza de que fossem vertebrados: sua carapaça dura podia muito bem ser a sua única forma de sustentação. [...] O famoso esporão da cauda, mais que uma ponta de flecha, parecia antes um grande diamante achatado. Seu propósito, dizia-se, era dar estabilidade ao voo, como as penas da cauda de uma ave. Baseando-se nos escassos fatos conhecidos e em suposições como aquelas, os cientistas tinham concluído que os Senhores Supremos provinham de um mundo de baixa gravidade e atmosfera muito densa.”
Clarke chega a sugerir que os Senhores Supremos fossem clones:
“Ninguém jamais conseguira distinguir ao certo um Senhor Supremo do outro. Todos pareciam saídos do mesmo molde. E talvez, graças a um processo biológico desconhecido, fossem mesmo.”
Tumblr media
Arte de Franco Brambilla. 
A “problemática reprodutiva” dos Senhores Supremos evoca o Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley, em que as crianças são fabricadas em frascos de vidro e criadas em centros especializados, ao passo que a viviparidade – termo científico utilizado intencionalmente por Huxley em referência à horrível obrigação animal de passar por um ventre feminino para nascer – é vista como algo infame e do passado, persistindo apenas em estado de vergonhosa sobrevivência em algumas reservas de selvagens. Na distopia de Huxley, o apogeu da civilização corresponde à implementação da esterilização generalizada, sucedida pelo desaparecimento da família, do casamento e de todas as formas de relação de parentesco, que se tornam obscenidades. Os Senhores Supremos revelam ser estéreis, não passando de “parteiras”: 
“Apesar de todos os seus poderes e de seu brilho, os Senhores Supremos estavam numa espécie de beco sem saída evolutivo. Eram uma raça nobre e grande, superior, em quase todos os aspectos, à humanidade; entretanto, não tinham futuro e tinham consciência disso.”
Toda aquela bondade e benevolência veio com um preço, que aos poucos começa a ser pago pela humanidade. As crianças, até então fora de questão, passam a ser objetos de grande interesse dos Senhores Supremos, que já tinham se revelado interessados ​​em pesquisas psíquicas como parte do estudo antropológico dos seres humanos. Quando se pensa nos conhecimentos científicos dos Senhores Supremos, chega a parecer estranho que eles se interessem por fenômenos psíquicos.
Tumblr media
Crédito: Syfy.
Rupert Boyce, um prolífico colecionador de livros sobre o assunto, permite que um Senhor Supremo chamado Rashaverak estude esses livros na biblioteca de sua casa. Para impressionar seus amigos com a presença de Rashaverak, Boyce dá uma festa, durante a qual ele usa um tabuleiro Ouija comumente usado para conjuração de espíritos e demônios, em uma meta-referência à presença demoníaca do Senhor Supremo. Jan Rodricks, um astrofísico e cunhado de Rupert, pergunta o nome da estrela natal dos Senhores Supremos. A futura esposa de George Greggson, Jean, desmaia quando o tabuleiro Ouija revela um número que não tem significado para a maioria dos convidados. Então Jan o reconhece como um número de um catálogo estelar e descobre que é consistente com a direção em que as naves de suprimento dos Senhores Supremos aparecem e desaparecem. Com a ajuda de um amigo oceanógrafo, Jan embarca em uma nave de suprimentos dos Senhores Supremos e viaja 40 anos-luz até seu planeta natal. Devido à dilatação do tempo da relatividade especial em velocidades próximas à da luz, o tempo decorrido na nave é de apenas algumas semanas, enquanto na Terra decorrem 80 anos.
Embora o homem comum lhes fosse grato pelo que tinham feito em prol do mundo, é claro que os Senhores Supremos não agradam a uma certa porção que forma um grupo de resistência chamado a Liga da Liberdade. Os que percebem que a inovação humana está sendo suprimida e que a cultura está se tornando estagnada, estabelecem a Nova Atenas, uma colônia em uma ilha no meio do Oceano Pacífico dedicada às artes criativas, à qual se juntam George e Jean Greggson. Os Senhores Supremos escondem um interesse especial pelos filhos dos Greggsons, Jeffrey e Jennifer Anne, e intervêm para salvar a vida de Jeffrey quando um tsunami atinge a ilha. Os Senhores Supremos os têm observado desde o incidente com o tabuleiro Ouija, que revelou a semente da futura transformação oculta dentro de Jean.
Bem mais de um século após a chegada dos Senhores Supremos, crianças humanas, começando com os Greggsons, começaram a exibir clarividência e poderes telecinéticos. Aquilo não era um patamar além no degrau evolucionário, mas o começo do fim da civilização, o fim de tudo o que os homens tinham conseguido desde o começo dos tempos:
“No espaço de alguns dias, a humanidade perdera seu futuro, pois o coração de qualquer raça é destruído e sua vontade de viver desaparece, quando os filhos lhe são tirados. Não houve pânico, como teria acontecido um século antes. O mundo estava como que entorpecido, com as grandes cidades paradas e silenciosas. Apenas as indústrias vitais continuavam funcionando. Era como se o planeta estivesse de luto, chorando por tudo o que nunca mais haveria de vir. E então, como fizera certa vez, numa era já esquecida, Karellen falou pela última vez à humanidade.
– Meu trabalho aqui está quase terminado – disse a voz de Karellen, através de um milhão de rádios. – Por fim, após cem anos, posso lhes dizer qual foi esse trabalho. Tivemos que esconder muitas coisas de vocês, da mesma forma que nos escondemos durante a metade de nossa estada na Terra. Sei que muitos de vocês achavam isso desnecessário. Já se acostumaram a nossa presença, não podem imaginar como seus ancestrais teriam reagido a ela. Mas, pelo menos, podem entender o que nos levou a nos escondermos, saber que tínhamos um motivo para o que fizemos. O segredo máximo que escondemos de vocês foi o objetivo de nossa vinda à Terra, coisa sobre a qual vocês nunca se cansaram de especular. Não podíamos revelá-lo porque o segredo não nos pertencia.”
Tumblr media
Arte de Vincent Di Fate. 
Como um autêntico “mensageiro da decepção”, para usar um termo de Jacques Vallée, Karellen admite que a estada deles se baseou “num VASTO ENGANO, NUM ESCONDER DE VERDADES” para que seus objetivos fossem alcançados. As peças faltantes começam a aparecer aí e vamos compreendendo de fato no que consistia o plano dos alienígenas, não propriamente deles, mas no que já havia sido planejado há tempos pela “Mente Suprema” de toda a Criação:
“Para entender, precisam voltar ao passado e recuperar muita coisa que seus ancestrais teriam achado familiar, mas que vocês esqueceram – e que nós, em verdade, deliberadamente os ajudamos a esquecer, pois toda a nossa estada aqui se baseou num vasto engano, num esconder de verdades que vocês não estavam preparados para enfrentar. [...] Vocês descartaram todas as superstições; a ciência era a única religião da humanidade, [...] o destruidor de todas as outras crenças. As que ainda existiam, quando nós chegamos, já estavam moribundas. A opinião geral era de que a ciência podia explicar tudo. [...] Não obstante, seus místicos, embora perdidos nas próprias ilusões, viram parte da verdade. Há poderes mentais e poderes extramentais que sua ciência nunca poderia ter abrigado sem ficar definitivamente abalada. Através das idades, tem-se sabido de inúmeros fenômenos estranhos – telecinésia, telepatia, precognição – a que vocês deram nomes, mas que nunca conseguiram explicar. A princípio, a ciência ignorou-os, chegou mesmo a negar-lhes a existência, apesar do testemunho de cinco mil anos. Mas eles existem e nenhuma teoria do universo pode estar completa sem mencioná-los. E por isso viemos – ou melhor, fomos enviados – à Terra. Interrompemos seu desenvolvimento em todos os níveis culturais, mas principalmente no campo das pesquisas dos fenômenos paranormais. Tenho perfeita consciência de que também inibimos, pelo contraste entre nossas civilizações, todas as outras formas de realizações criativas. Mas isso foi um efeito secundário e não tem importância. Agora, devo dizer-lhes algo que vocês talvez achem surpreendente ou mesmo incrível. Todas essas potencialidades, todos esses poderes latentes, nós não os possuímos nem os compreendemos. Nossos intelectos são muito mais potentes do que os seus, mas existe algo em suas mentes que sempre nos escapou. Desde que chegamos à Terra que os estamos estudando. Aprendemos muito e vamos aprender ainda mais, mas duvido que alguma vez descubramos toda a verdade. Nossas raças têm muito em comum, e por isso fomos escolhidos para essa tarefa. Sob outros aspectos, representamos os fins de duas evoluções diferentes. Nossas mentes chegaram ao fim de seu desenvolvimento. O mesmo, em sua forma atual, aconteceu com as suas. Contudo, vocês podem dar o pulo para próximo estágio e é nisso que reside a diferença entre nós. Nossas potencialidades estão exaustas, mas as suas ainda não foram exploradas. Estão relacionadas, de um modo que nós não entendemos, com os poderes que mencionei – os poderes que estão agora despertando em seu mundo."
Karellen admite que tudo o que fizeram para trazer paz e justiça e melhorar o padrão de vida na Terra, foi para afastar a humanidade da verdade e assim cumprir o objetivo determinado pela Mente Suprema:
“Somos seus guardiães – e nada mais. Várias vezes vocês devem ter querido saber qual a posição que minha raça ocupava na hierarquia do Universo. Assim como estamos acima de vocês, também há algo acima de nós, servindo-se de nós para seus próprios fins. Nunca descobrimos o que é, embora há séculos sejamos seu instrumento e não ousemos desobedecer-lhe. Temos recebido ordens, ido para mundos em estágio primitivo de civilização, guiando-os por uma estrada que nunca poderemos trilhar – a estrada pela qual vocês estão agora seguindo. Repetidas vezes estudamos o processo que ajudamos a promover, esperando poder aprender a escapar de nossas limitações. Mas só conseguimos vislumbrar os vagos contornos da verdade. Vocês nos deram o nome de Senhores Supremos sem fazerem ideia da ironia desse título. Acima de nós está a Mente Suprema, utilizando-nos como o oleiro usa seu torno. E sua raça é a argila que está sendo torneada. Acreditamos – embora não passe de uma teoria – que a Mente Suprema esteja procurando crescer, estender seus poderes e aumentar seu conhecimento do universo. A essa altura, deve ser a soma de muitas raças e ter deixado muito para trás a tirania da matéria. Tem consciência da inteligência, onde quer que ela esteja. Quando soube que vocês estavam quase prontos, mandou-nos para cá, a fim de prepará-los para a transformação que ora vai acontecer.”
Como Rashaverak explica, o tempo da humanidade como uma raça composta de indivíduos únicos com uma identidade concreta está chegando ao fim. As mentes das crianças se comunicam e se fundem em uma única e vasta consciência de grupo. Se o Pacífico secasse, as ilhas que o pontilhavam perderiam sua identidade como ilhas e se tornariam parte de um novo continente; da mesma forma, os filhos deixam de ser os indivíduos que os pais conheceram e passam a ser outra coisa, completamente alheios ao “velho tipo de humano”.
Tumblr media
Crédito: Syfy.
Para a segurança das crianças transformadas – e também porque é doloroso para seus pais ver no que elas se tornaram – elas são segregadas em um continente à parte. Não nascem mais crianças humanas e muitos pais morrem ou se suicidam. Os membros da Nova Atenas se destroem com uma bomba atômica:
“Mas outros, que tinham olhado mais para o futuro do que para o passado, e haviam perdido tudo o que fazia a vida digna de ser vivida, não desejavam ficar. Partiram sozinhos ou com amigos, segundo sua natureza. Foi assim com Atenas. A ilha nascera do fogo; no fogo escolheu morrer. Os que desejavam partir, partiram, mas a maioria ficou, para esperar o fim entre os fragmentos de seus sonhos despedaçados.”
Jan Rodricks sai da hibernação na nave de suprimentos e chega ao planeta dos Senhores Supremos. Os Senhores Supremos permitem a ele um vislumbre de como a Supermente se comunica com eles. Quando Jan retorna à Terra, aproximadamente 80 anos após sua partida no tempo terrestre, ele encontra um planeta alterado inesperadamente. A humanidade efetivamente se extinguiu e ele é agora o último homem vivo. Centenas de milhões de crianças – não cabendo mais no que Rodricks define como “humano”  – permanecem no continente em quarentena, tendo se tornado uma única inteligência se preparando para se juntar à Mente Suprema:
“Foi então que Jan lhes viu os rostos. Engoliu em seco e forçou-se a continuar olhando. Eram mais vazios do que os rostos dos mortos, pois até um cadáver tem alguma marca lavrada pelo tempo em suas feições, que fala apesar dos lábios inertes. Naqueles rostos, não havia mais emoção ou sentimento do que na expressão de uma cobra ou de um inseto. Os próprios Senhores Supremos eram mais humanos do que eles.
– Você está procurando por algo que já não existe – disse Karellen. Lembre-se, eles não têm mais identidade do que as células de seu corpo. Mas, unidos, formam algo muito maior que você.”
Alguns Senhores Supremos permanecem na Terra para estudar as crianças a uma distância segura. Quando as crianças evoluídas alteram mentalmente a rotação da Lua e fazem outras manipulações planetárias, torna-se muito perigoso permanecer. Os Senhores Supremos que partem se oferecem para levar Rodricks com eles, mas ele escolhe ficar para testemunhar o fim da Terra e transmitir um relatório do que vê.
Antes de partirem, Rodricks pergunta a Rashaverak que encontro os Senhores Supremos tiveram com a humanidade no passado, de acordo com a suposição de que o medo que os humanos tinham de sua forma “demoníaca” era devido a um encontro traumático com eles no passado distante; mas Rashaverak explica que o medo primordial experimentado pelos humanos não era devido a uma memória racial, mas a uma premonição racial do papel dos Senhores Supremos em sua metamorfose:
“Você já teve a prova de que o tempo é muito mais complexo do que sua ciência poderia imaginar. Porque essa memória, essa recordação, não era do passado e sim do futuro – dos anos finais, quando sua raça soube que tudo terminara. Fizemos o que pudemos, mas não foi um fim fácil. E, por estarmos presentes, identificamo-nos com a morte de sua raça. Sim, embora ela só fosse ocorrer dali a dez mil anos! Era como se um eco distorcido tivesse reverberado pelo círculo fechado do tempo, do futuro até o passado. Não chamemos a isso recordação e sim premonição.
Era difícil assimilar a ideia e Jan ficou um momento em silêncio. No entanto, já devia estar preparado, pois tivera provas suficientes de que causa e acontecimento podiam inverter sua sequência normal. Devia haver uma memória racial, independente do tempo. Para ela, futuro e passado eram como que a mesma coisa. Era por isso que, milhares de anos atrás, os homens já tinham vislumbrado uma imagem distorcida dos Senhores Supremos, através de uma névoa de medo e terror. 
– Agora entendo  –  disse o último homem.”
Os Senhores Supremos estão ansiosos para escapar de seu próprio beco sem saída evolutivo estudando a Supermente, então as informações de Rodricks são potencialmente de grande valor para eles. Karellen olha para trás, para o retrocesso do Sistema Solar, e faz uma saudação final à espécie humana. Por rádio, Rodricks descreve uma vasta coluna em chamas ascendendo do planeta. Conforme a coluna desaparece, Rodricks experimenta uma profunda sensação de vazio quando as crianças vão embora. Então, os objetos materiais e a própria Terra começam a se dissolver em transparência. Rodricks não relata medo, mas uma poderosa sensação de realização. A Terra evapora em um flash de luz:
“A Terra está se dissolvendo, já quase não tenho peso. Vocês tinham razão: eles acabaram de brincar com os seus joguetes. Só faltam alguns segundos. As montanhas já estão se dissolvendo, como se fossem anéis de fumaça. Adeus, Karellen, Rashaverak, tenho pena de vocês. Embora não consiga entender, eu vi o fim de minha raça. Tudo o que nós alcançamos subiu em direção às estrelas. Talvez fosse isso o que as velhas religiões queriam dizer. Mas numa coisa erraram: pensavam que a humanidade era muito importante, mas somos apenas uma raça em... vocês sabem quantas? Só que agora nos transformamos em algo que vocês nunca serão.”
Em seu pacto com os Senhores Supremos, a humanidade perdeu não só sua identidade, cultura e existência independente, mas sua própria alma. Como no mito de Fausto, o preço pela boa vida, aquele que os Senhores Supremos não comentaram, seria o mais caro de todos.
A narrativa de Arthur C. Clarke nos faz refletir sobre o quanto estamos à mercê de nós mesmos e que embora pareça haver muitos caminhos, na verdade há apenas um. Mais do que escrever obras de ficção científica circunscritas à mitologia ocidental contemporânea, no sentido antropológico do termo, Clarke dedicava-se a expandir ao máximo as perspectivas do futuro antecipando nosso inevitável e previamente traçado destino. O fim de nossa “infância” ou de nossos inacabados questionamentos sem os quais é impossível ir adiante, é transcendência da humanidade, que se converge no mesmo final de 2001: Uma Odisseia do Espaço. Havia só um acontecimento reservado à humanidade, e esse acontecimento não teve lugar na aurora da história, mas no seu fim.
Várias tentativas de adaptar O Fim da Infância como um filme ou minissérie foram feitas. O diretor Stanley Kubrick manifestou interesse na adaptação durante a década de 1960, mas em vez disso optou por adaptar o conto “The Sentinel”, que mais tarde se tornou 2001 (1968). Roland Emmerich fez a chegada de seus aliens em Independence Day (1996) lembrar bastante a de O Fim da Infância. Em 1997, a BBC produziu uma dramatização de duas horas para o rádio de Childhood’s End, adaptada por Tony Mulholland. O Syfy Channel produziu uma minissérie para a televisão de três partes e quatro horas de Childhood’s End, que foi transmitida de 14 a 16 de dezembro de 2015.
Tumblr media
Ouça a leitura desta resenha em meu Canal no YouTube:
youtube
17 notes · View notes
pearcaico · 11 months
Text
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Após percorrer 7,9 mil km, vindo da cidade alemã Friedrichshafen, o LZ 127 Graf Zeppelin atracou, no dia 22 de maio de 1930, no Recife. O emblemático desembarque do dirigível no bairro do Jiquiá, na Zona Oeste, completa hoje 93 anos.
A torre constru��da, no bairro, com características técnicas exclusivas para o equipamento, é a única do tipo ainda em pé no mundo. Esse foi o primeiro veículo aéreo a atravessar o Oceano Atlântico, da Europa até a América Latina.
O clima festivo e a música da década de 30 tomaram as ruas e deram tom cinematográfico à ocasião. A cidade passou meses se preparando para receber a visita e, por isso, foi acompanhada com euforia pela população. Imaginem que, às vésperas, o então prefeito, Francisco da Costa Maia, decretou feriado municipal. A estratégia funcionou e, segundo os jornais da época, cerca de 15 mil pessoas foram ao local. Há quem diga que a sombra do LZ 127 assustava.
Medindo 236 metros de comprimento e 30 m de diâmetro, o “charuto voador” trouxe aproximados 35 passageiros e inúmeras correspondências transcontinentais. De acordo com o escritor Francisco Dacal, foram realizadas 64 viagens (sendo 58 do Zeppelin e seis do Hindemburg) até o ano de 1937. Esse marco povoa o imaginário e a memória afetiva de muitas pessoas. Inúmeras fotografias conservam, até os dias atuais, a passagem dos veículos pelo Estado.
2 notes · View notes
luiz-henrique · 1 year
Text
Tumblr media
=”[ DOBIA-AMBROSINA e LENORA- TRUDE-DRUCKGEISTER ]”=
-:”{ Obra DITADA pelos Seres Contatantes e Expressa em Três Secções -: “A e B ", sobre D-o-b-i-a : Ambrosina...,
e “C ( podendo ter uma Quarta Secção: D , como Continuação de C ) sobre -: Lenora , e mesma Trude-Druckgeister }”-:
=”[ SECÇÃO A ]”=
-:”( ABERTURA)”-:
“ Em ante o Descortinar do Espelho Negro...,
se mostram por Detrás dos Véus do Mistério...,
em desde a Concretização do Enigma...,
Já o Revelar de um Túmulo...,
onde nas Mãos de Lenora , a Vampira que teve este seu Nome Mencionado nas Lendas Antigas da Alemanha, e em Certa Obra do mesmo Goethe...,
Lenora ( Lenore ) , que Não deixa de ser em Outra de suas Apresentações , a mesma Trude-Druckgeister...,
então as Flores Póstumas em Homenagem ao Peregrino, Henrich...,
no Encerrar de sua Última Viagem a este mundo...,
a Acompanha Dóbia – Ambrosina ( Dobia – Ambrosina ) com uma Maleta da qual a mesma deixa transparecer que em seu Interior Há a Pá Dobrável Desmontada , e mesma que do Peregrino se Dignou a Cavar sua Cova...,
Ambas com os Ólhos Apontados para o Chão, como que Repletas de Aparente Tristeza...,
Entretanto em Êxtase , com Grande Prazer , Felicidade e Malícia...,
pela Predisposição do Divertimento...,
Já em ante as mesmas...,
a Morte , Espectro Fantasmagórico e Sinistro, com a Ampulheta ⌛ quebrada e jogada à Terra...,
com sua Foice Cruel Cravada sobre o Sólo ...,
Já com o Mármore e Lápide Incrustada...,
à Lacrar o Túmulo...,
por dentre suas Garras (...)!!! “
=”[ DOBIA- AMBROSINA ]”=
“Aclarando que " Lenora (Lenore) é uma Apresentação de Trude-Druckgeister , que foi Citada na Obra de Goethe, a Noiva de Corinto ( Die Braut Von Korinth , publicada em 1797 ), também em Outros Textos , onde Semelhante a Lâmia que Apareceu para o Grande Enviado das Forças Superiores Apolônio de Thyana , Havendo menção que Insinua Lenora em um Tratado de Dom Augustin Calmet , 1746 ...,sobre -: " Aparições , Espíritos Malignos e Vampiros...,"e deste uma Tradução em Inglês que data de 1759 , ainda sobre Lenora há a Menção Literária Tirada de Lendas e Improvisada na Literatura , em Obras Alemãs Várias , dentre estas a do escritor Berger...,Ver minha Obra -: " Em desde o Mais Além -: Secções A e B...,"Lenora é a mesma Trude-Druckgeister...,que Acompanha D- ó- b- i- a : Dobia - Ambrosina , Ambas de Natureza Não Humana , Expressa na Designação Elemental ou Féerica ...,por Detrás do Ocultismo Outro...,que Ilustra o Desconhecido...,Sim...,em desde o Mais Além (...)!!! "
Já Dóbia – Ambrosina ...,
Vinda por Detrás do Ultra Incógnito, Atravessando Distâncias e à Romper as Fronteiras do Inimaginável Mais Rápida do que o Raio, no Espontâneo Fulminante...,
onde estas Cortinas Predispostas pelo Véu dos Mistérios...,
aqui concorrem como que Semi-Abertas...,Não para Alumbrar este mundo do qual Concomitante é o Embargar de sua Predispostas Destinação...,
pelo Mais Além que o Vislumbra...,
Mas para Deixar um Marco ào Inesquecível que Transcende ao que Excede o Mais que Perene...,
que de Mundos por Detrás de Mundos , com Outros Distintos...,
também no por Detrás desta Terra , quanto o que se Vai Além do Vasto Exuberante Apraz Perdido no Indizível...,
do qual se Desemboca o Desconhecido...,
Assim com suas Várias Apresentações e Nomes , Concorrendo no mesmo Simultâneo a Ondes Distintos, Nesta Terra e Além...,
Através de seus Reflexos Espelhados que se Co- Desdobram em Característica Ubiquidade, pelos quais se Expressam Através da mesma, e Esta Através dos mesmos, pois são a própria , em Onde Seja...,
Alguns à terem Máscaras e a Maioria à Traduzir Apresentações Distintas...,
como Aquela que por Aparecer em Évora, Não se Tratando de uma Pessoa, mas de uma Aparição, pois os Enfáticos desta Terra Nunca a Puderam Agarrar..., por isto Condenaram Outra , uma Pessoa Seleta de suas Masmorras , para Queimarem em seu Lugar...,
Esta que n até mundo , Aparecia nesta de suas Apresentações para Elegidos, e que Nunca Escreveu Nenhum Livro, quanto mais as Falsificações e Absurdos que Atribuem a Autoria da Menção de seu Nome , Extraído de Lendas e de Registros Históricos do Remanescente em quanto ao Cenário Europeu...,
Assim a mesma ficou Conhecida como “ a Bruxa de Évora...,”
a Verdadeira...,
Já em Outra Apresentação , a mesma tem seu Nome à ser Ambrosina , não neste mundo, mas na Verdadeira Arcádia , que é Zais , Mencionada por Howard Philips Lovecraft...,
Zais ( Zaís ) que Abrange Todo o Panorama Mundial desta Terra ,mas em Outra Faixa ,e dada Frequência, com sua Faceta Diferente do Tempo...,
Faixa ,esta própria da Designada Dimensão Física...,
e na qual Não Alcança Existência o Atual e Transitório Esquema Mundial com suas Nações...,
Ali em Zaís , onde Concorrem Nathicana, como Outros e Outras de Natureza Não Humana , Feérica e Distinta , em Junto com Integrantes e Lideranças das Forças Superiores do Mais Além desta Terra...,
Claro que Zaís tem uma Retratação Metafórica dentro do Mito- Lendário que Embarga o Relacionar com a Cosmogonia , Panteão e e Cultura Grego – Romanos ...,
como Já por nós Esclarecido...,
o Espaço que Tem em si esta Esfera Planetária e mesma Terra , para a qual Temos Outros Nomes...,
possui nas Margens de Três Mil Dimensões , Havendo para cada qual sua Respectiva Tangente Co-Paralela...,
e cada Dimensão e cada Tangente Co-Paralela se Divide em Interpostas , isto é, que Ocupam o mesmo Onde , mas como que em Frequências Outras Distintas , Sem se Mesclarem ou Perderem suas Definições -: Faixas... , e Além das Faixas , Extratos..., e Além dos Extratos, os Ultras ou Ulteriores...,
cada Faixa , cada Extrato, e cada Ultra ou Ulterior com sua Escala de Frequências , e com uma Distinta Escala e Faceta do Tempo...,
de cada Escala e Faceta Diferente do Tempo Hão um Passado, um Presente e um Futuro que Consistem no Andamento da Sequência do Ciclo do Tempo , que se Auto – Renova e Tem sua Contínua Insurreição em si mesmo ...,
Todas as Escalas e Facetas do Tempo Constituem o Tempo, que Completa em Quanto o Espaço, Lógo o Tempo é Mais Abrangente do que Desta uma Simples Faceta Referente a Faixa Específica, na qual em dada Frequência, Alcança Existência o Atual e Transitório Esquema Mundial...,
e as Faixas , Extratos e Ultras ou Ulteriores , próprias do Espaço , se Assentam nós Níveis do Espaço...,
em Ante seu Mais Além...,
e o Vislumbrar do GLORIOSO DEUS INDIZÍVEL...,
que é o INOMINÁVEL...,
com seus Nomes e Mistérios Sagrados ...,
Vindo que Ambrosina frequenta Toda a Arcádia e mesma Zaís...,
Esta ali está Posicionada , em um Onde que Tem Correspondência ao por Detrás da Alemanha , que se daria Não em Zaís que em Nada se Refere a Alemanha e Nem a Nação Alguma, é um Outro Mundo por Detrás deste Enfatizado Mundo...,
Ambrosina que se Deriva de Ambrósia...,
Sendo que Ambrosina é a mesma D-o-b-i-a ( D- ó- b- i- a )...,
sempre Vindo ou Sozinha ou com Aqueles e Aquelas dos Grupos Vários, que estão Sob sua Regência...,
Posicionados em Ondes e Lugares Distintos, Nesta Terra e Além...,
Inclusive em Lugares Diferentes que se Referem ao Onde Alcança Existência o Atual e Transitório Esquema Mundial...,
Partícipes dos Grupos seus Integrantes Não são de Natureza Humana , Mas Feérica, e Convergente Distinta...,
onde Esta Assiste a Vários Lugares e Ondes no mesmo Simultâneo...,
a própria que em Textos Ligados a Magia e ao Ocultismo Convencional , como em Certas Lendas e Grimórios , a Conhecem como D-ó-b-i-a ( Dobia )...,
Senhora dos Fantasmas, Assombrações e Espectros de Natureza Não Humana...,
Por Volta de sua Presença Fantasmagórica e Espectral se Referem Muitas das Aparições de “El CHORONNA ( El Chorona)...,
e da “ Mulher de Branco...,”
"-:( Continua na Secção B , ainda sobre Dobia-Ambrosina )"-:
1 note · View note
ovinhoscozidos · 2 years
Text
Projeto "Frankenstein (HQ)"...🍓
-> Oiee! Yo Maria, vou falar sobre o Projeto que estou apoiando e indicando a todos os interessados.
Espero que sé interessem...E uma Obra digna de o Oscar! ⭐
------------------------------------
Tumblr media
------------------------------------
-> Detalhes sobre o (Projeto): Frankenstein (HQ).
---------------- (●'◡'●)
🍓 O que é?
É uma releitura incrível sobre um dos maiores trabalhos literários da humanidade: Frankenstein de Mary Shelley.
🍓 Sobre o HQ:
Desde 2018, a artista e editora Isabel Kreitz tem feito com que criadores de quadrinhos de língua alemã reinterpretam clássicos arrepiantes na série “Die Unheimlichen” da Carlsen. De Poe e Sófocles, surgiram variantes interessantes de obras conhecidas. O premiado Ralf König, no último volume da coleção, assumiu a icônica obra de Mary Shelley, “Frankenstein: ou o Prometeu Moderno". O autor é conhecido no Brasil por suas obras LGBTQIA + e, recentemente, como responsável pelo roteiro e arte de uma das edições de aniversário de 75 anos do personagem Lucky Luke. O livro de Shelley dispensa apresentações. Originalmente publicado em 1818, tornou-se um dos maiores clássicos da literatura mundial e a pedra fundamental da Ficção Científica em geral.
🍓 Quem criou?
O Autor de Frankenstein (HQ) foi Ralf König,
Tumblr media
🍓 Sobre ele:
É um dos mais conhecidos e bem-sucedidos criadores de histórias em quadrinhos da Alemanha. Suas obras foram traduzidas para várias línguas e já teve adaptação para o cinema.
----------⭐
Mas a autora da Obra Original (Frankenstein) é a Mary Shelley.
Tumblr media
🍓 Sobre ela:
Era uma mulher à frente de seu tempo. Enquanto muitas outras eram apagadas pelos maridos e pais, e sofrendo com grande índice de analfabetismo e limitações civis, como proibidas de votar, Shelley superou tudo isto. Editora de seu marido, respeitada por escritores de sua própria época, escreveu uma das maiores obras da literatura mundial. "Frankenstein ou o Prometeu Moderno" influenciou autores como Poe e H.G. Wells, sendo considerado um dos primeiros romances de ficção científica. Ele foi adaptado em todas mídias, do teatro ao cinema, dos quadrinhos às animações.
----------⭐
🍓 Para que serve?
Para a leitura e entretenimento do leitor.
🍓 Quanto precisa arrecadar?
R$3.500,00 e a meta.
🍓 Quanto já tem?
R$5.553,00 já arrecadaram, mas pretendem alavancar mais ainda essa quantia!
🍓 Tem vídeo?
youtube
-> Lembrete: São as novidades. (╯°□°)╯
----------⭐
🍓 Livros novos do Autor(HQ):
Tumblr media
-> Já publicadas no Brasil.
----------⭐
Tumblr media
-> Ainda inédito no Brasil, seu mais recente trabalho.
----------⭐
🍓 Tem imagens?
Tumblr media
-> Capa do Livro.
🍓 Imagens extras do livro:
Tumblr media
Tumblr media Tumblr media
---------------- (●'◡'●)
🍓 Qual o Link?
----------⭐
🍓 Quais as características? -> Sempre boas.
A Obra de Ralf König do Frankenstein(HQ) é uma adaptação em quadrinho da obra original de Frankenstein, obra feita pela autora Mary Shelley.
Essa obra além de ser divertida, conta uma história bastante interessante!
Um pouco sobre, para poder entender:
🍓 A história:
Seguindo o espírito da série, "Frankenstein" de König não é uma adaptação tradicional ou apenas uma releitura. A HQ consegue criar uma perfeita correspondência com o original. O protagonista, que prefere permanecer anônimo, escreve uma carta furiosa para Mary Shelley e aponta que ela tomou algumas liberdades no seu conto. Ele, então, relata como é realmente o processo de ludibriar a morte. E o motivo que levaria alguém a isso. Com seu estilo inconfundível, König apresenta a mais original e poética abordagem para o mais famoso “monstro” da cultura. Uma graphic novel que faz justiça tanto ao clássico imortal de Shelley quanto ao próprio currículo do talentoso quadrinista alemão.
🍓 Descrição do item?
Editorial:
HQ em formato americano, com 64 páginas, capa cartão de alta gramatura e miolo offset 120g. A HQ é colorizada por Emily Zürn e Stefan Dinter, criando toda a atmosfera da obra, e tem posfácio de Monty Arnold. Para edição brasileira, temos um texto extra de Mário Oliveira, premiado quadrinista e organizador da POC CON. Tradução de Ester Gewehr.
----------⭐
🍓 Extras:
Remessa:
Ao término da campanha. Até 15/6 suas recompensas serão postadas!
Amazon:
Esta HQ pode também ser adquirida na Amazon. Acesse (EM BREVE).
----------⭐
🍓 Orçamento:
-> Trata-se de uma obra que será produzida e enviada independentemente do resultado da campanha. Isto é uma pré-venda.
------------------------------------
Tumblr media
------------------------------------
-> Obrigada por verem até aqui! ᓚᘏᗢ
5 notes · View notes
wow-magazine · 2 years
Text
– Onde estão os outros viajantes, ou grupos de viajantes? Em que época chegaram aqui? Vocês podem viajar no tempo? Podem se transportar para qualquer parte do planeta? – Helmut queria saber tudo, imediatamente. (A Reunião dos Professores Ernst Pappenheim, pág. 25)
Multiverso: possibilidade real ou ficção científica?
Ciência não comprova, mas literatura de ficção científica explora universos paralelos nos quais personagens coexistem sem jamais se encontrarem
Ideias da humanidade sobre realidades alternativas estão tão difundidas na cultura ocidental que qualquer pessoa já teve algum contato com o tema. Mas será que a ciência pode explicar se os multiversos são reais ou apenas ficção? Certas características do universo apontam para a existência de universos alternativos, porém, nada sugere diretamente que ele exista.
Até o momento, as evidências dão conta que tudo não passa de teorias, correntes filosóficas, e claro, resultado da imaginação de criadores de blockbusters de super-heróis, HQs, séries e de uma vasta literatura de ficção científica. E os escritores de sci-fi nacional embarcam com tudo neste cenário de realidades paralelas: Roberto Paz, em A Reunião dos Professores Ernst Pappenheim, descreve um multiverso com variadas versões dos personagens que coexistem sem jamais se encontrar.
Três pessoas se materializam no meio de Berlim, na Alemanha, saídas de uma luz turquesa. Eles aparecem do nada, como se tivessem atravessado um espelho invisível exatamente no cruzamento de uma rua. É quando um crime acontece e uma multidão incrédula olha o histórico evento totalmente registrado por câmeras de vigilância. A investigação cai no colo de elmut, da Kripo, a polícia alemã, e o caso é solucionado.
– Onde estão os outros viajantes, ou grupos de viajantes? Em que época chegaram aqui? Vocês podem viajar no tempo? Podem se transportar para qualquer parte do planeta? – Helmut queria saber tudo, imediatamente. (A Reunião dos Professores Ernst Pappenheim, pág. 25)
Ao combinar elementos de romance policial com ficção científica, o escritor gaúcho Roberto Paz revela uma trama complexa e faz uma crítica à sociedade camuflada, que transporta o leitor para uma existência paralela. Leva a refletir sobre a naturalização da violência nos grandes centros urbanos, a corrupção nos governos e empresas privadas. Uma história sobre o que pode ser feito para mudar ou se adaptar à nova realidade e que carrega uma visão otimista de futuro.
Tumblr media
Imagem divulgação
__Ficha técnica: Título: A Reunião dos Professores Ernst Pappenheim Autor: Roberto Paz ISBN: 9786500077964 Editora: ARPF Páginas: 249 Preço: R$29,90 Link de venda: Amazon Sobre o autor: Roberto Paz é administrador de empresas, com MBA em gestão bancária. Embora trabalhe como auditor interno, seu sonho é viver da escrita. É gaúcho de Alegrete e mora em Porto Alegre.
w!m, jul/22, com LC [email protected]
2 notes · View notes
pinkicatt · 2 years
Text
O pré-modernismo
Marcado pela transição do velho para o novo, emergindo novas tendências mas também destruições e sofrimento, a Guerra de Canudos que ocorreu no nordeste onde o governo assassinou os sertanejos que não tinham identidade só por questão de dinheiro. Uma obra representada é “Os Sertões”, onde Euclides da Cunha foi jornalista e registrou esse ocorrido em sua obra.
Também é inquestionável a vida das pessoas no séc. XX, com o aumento das  indústrias e as explorações dos trabalhadores, pode-se destacar Lima Barreto, que descreve o cotidiano das pessoas em O triste fim de Policarpo Quaresma, um homem sem sucesso, não muito diferente da população brasileira que a maior parte dos brasileiros são caipiras, preguiçosos e analfabetizados, onde Monteiro Lobato escreveu Urupês , que também foi inspirado para ser um programa de TV o Jeca Tatu, que muitos conhece.
Ainda descrevendo sobre a modernização, repara-se que a sociedade brasileira nunca teve interesse pelo conhecimento e desde sempre não buscavam melhorar e acostumados a serem manipulados, Augusto dos Anjos, um homem taciturno, julgado por seus pensamentos perversos considerado mau poeta, sabendo que sua linguagem é elevada, e se houvesse entendimento não seria visto como mau. 
Além desses conflitos, o Brasil recebeu muitos imigrantes de outros países, não diferente nos dias atuais, mas no séc. .XX a obra Canaã descreve sobre a imigração alemã no estado de ES.
 Todos esses escritores literários seguiam padrões de escrito, alguns com características do naturalismo e simbolismo, outros escreviam romance, mas em geral, escreviam verdades, as verdades nunca ditas.
2 notes · View notes
bitsmag · 24 days
Link
0 notes
vagarezas · 2 years
Text
Tumblr media
• Bertolt Brecht
17 notes · View notes
bunkerblogwebradio · 25 days
Text
Quando a Europa era Fascista
A um menino de hoje, a chamada Europa fascista lhe parece como um mundo distante, já turvo.
Aquele mundo colapsou. Portanto, não tem sido capaz de se defender.
Os que o derrubaram, ficaram sozinhos sobre o terreno em 1945. Interpretaram, desde então, os fatos e as intenções, como lhes convinha.
Um quarto de século depois da catástrofe da Europa fascista na Rússia, se existem algumas obras moderadamente corretas sobre Mussolini, não existe um só livro objetivo sobre Hitler.
Centenas de trabalhos lhe têm sido consagrados, todos superficiais, sensacionalistas ou inspirados por uma aversão visceral. Porém, o mundo ainda espera uma obra equilibrada, que estabeleça um balanço sério da vida do principal personagem político da primeira metade do século XX.
O caso de Hitler não é um caso isolado. A história – se é que se pode chamar assim – tem sido escrita, desde 1945, em uma só direção.
Na metade do universo, dominado pela URSS e a China vermelha, nem mesmo passa pela mente de alguém a possibilidade de dar a palavra a um escritor que não seja um conformista ou um adulador. Na Europa ocidental, se o fanatismo tem mais nuances, não é menos certo que é, também, mais hipócrita. Jamais um grande periódico francês, ou inglês, ou estadunidense, publicará um trabalho no qual se pudesse destacar o que possa ter havido de interessante, de limpidamente criador, no Fascismo ou no Nacional-Socialismo. Somente a idéia de semelhante publicação pareceria aberrante. Tachar-se-ia de sacrilégio!
Um aspecto tem sido, especialmente, objeto de apaixonadas atenções: se tem publicado, com gigantesca montagem publicitária, centenas de reportagens, freqüentemente exageradas, às vezes grosseiramente falsas, sobre os campos de concentração alemães e sobre os fornos crematórios, únicos elementos que se achou por bem divulgar, dentre a imensa criação que foi, durante dez anos, o regime hitleriano.
Até o fim do mundo se continuará evocando a morte dos judeus nos campos de Hitler, sob os narizes de milhões de leitores espantados, pouco exigentes em matéria de cifras exatas e de rigor histórico.
Também sobre esse tema, estamos esperando um trabalho sério sobre o que é que realmente ocorreu, com cifras verificadas metodicamente e comprovadas; um trabalho imparcial, não um trabalho de propaganda; nada de datas e detalhes sobre o que se diz ter visto e não visto; sobre tudo, de “confissões” atormentadas de erros e improbabilidades, ditadas por torturadores oficiais – como teve que reconhecer uma comissão do Senado americano – a uns acusados alemães a que disputavam a cabeça, e dispostos a assinar o que fosse para escapar do carrasco.
Essa confusão incoerente, historicamente inadmissível, fez efeito, sem dúvida alguma, em uma massa inculta e sentimentalóide. Porém não é mais que a caricatura de um problema angustiante e, desgraçadamente, tão velho como a humanidade. Esse estudo está ainda por se escrever – e, por suposto, nenhum editor “democrático” o publicaria! –, expondo os fatos exatos de acordo com métodos científicos, repensando-os em seu contexto político, inserindo-os honestamente em um conjunto de acontecimentos históricos e considerando os paralelos absolutamente indiscutíveis: o tráfico de negros organizado e explorado pela França e Inglaterra nos séculos XVII e XVIII, pelo que se pagou o preço de três milhões de vítimas africanas que sucumbiram no transcurso de capturas e de terrível transporte; o extermínio, por ganância, dos peles vermelhas, sitiados até a morte em suas próprias terras que hoje são os Estados Unidos. Os campos de concentração ingleses na África do Sul, onde os Bóers foram empilhados como bestas, sob o olhar complacente do Sr. Churchill; as horripilantes execuções dos cipaios na Índia, pelos mesmos servos de sua Graciosa Majestade; o massacre, pelos turcos, de mais de um milhão de armênios; a liquidação de dezesseis milhões de anti-comunistas na União Soviética; a carbonização pelos Aliados, em 1945, de centenas de milhares de mulheres e de crianças nos maiores fornos crematórios da História: Dresden e Hiroshima; a série de extermínios de populações civis que não faz mais que prosseguir e crescer desde 1945: no Congo, no Vietnam, na Indonésia, em Biafra.
Haverá de se esperar ainda muito tempo, creiam-me, antes que tal estudo, objetivo e de alcance universal, pontue sobre os problemas citados e pese-os imparcialmente. Inclusive sobre assuntos muito menos ardentes, toda explicação histórica é ainda, na hora atual, quase impossível, se já teve a desgraça de cair, politicamente, no lado maldito.
É desagradável personalizar sobre si mesmo, porém de todos os chefes chamados fascistas que tomaram parte na Segunda Guerra Mundial, sou eu o único sobrevivente. Mussolini, após se assassinado, foi enforcado. Hitler disparou uma bala em sua cabeça e, em seguida, foi incinerado. Mussert, o líder holandês, e Quisling, o norueguês, foram fuzilados. Pierre Laval, após sofrer um breve julgamento-espetáculo, se envenenou em sua cela francesa; mal foi salvo de morrer assim, lhe mataram, estando paralítico, dez minutos mais tarde. O general Vlasov, o chefe dos russos anti-soviéticos, enviado à Stalin pelo general americano Eisenhower, foi enforcado em um cadafalso erguido na Praça Vermelha moscovita.
Inclusive em seu exílio, os últimos sobreviventes foram selvagemente perseguidos: o chefe do estado croata, Ante Pavievic, foi crivado de balas na Argentina; eu mesmo, acuado de todas as direções, escapei somente por milímetros das diversas tentativas de liquidação, umas vezes por assassinato e outras por sequestro.
Entretanto, até o momento não fui eliminado. Ainda vivo. Existo. É dizer, ainda poderia contribuir com um testemunho suscetível de despertar certo interesse histórico. Conheci Hitler de muito perto e sei que classe de ser humano era verdadeiramente; como pensava, o que queria, o que projetava, quais eram suas paixões, suas mudanças de humor, seus preferências, suas fantasias. Igualmente eu conheci a Mussolini, tão diferente em sua impetuosidade latina, seu sarcasmo, suas efusões, suas debilidades, sua veemência, seu arrebatamento, mas, ele também, extraordinariamente interessante.
Mais ainda, se houver historiadores objetivos, eu poderia ser um testemunho de valor para completar seus arquivos. Quem, entre os sobreviventes políticos de 1945, conheceu a Hitler ou a Mussolini mais diretamente que eu? Quem poderia, com mais precisão que eu, explicar que tipos de homens eram, nem mais nem menos que homens, homens tal como eram?
Isto não evitou que até agora eu não tenha tido outro direito que o de estar calado. Inclusive em meu próprio país.
Que eu publicasse na Bélgica um trabalho sobre o que tem sido minha atuação pública durante um quarto de século, era simplesmente impensável; entretanto, eu havia sido antes da guerra o chefe da oposição daquele país, o chefe do Movimento Rexista, movimento legal, que aderia às normas do sufrágio universal e que arrastou massas políticas consideráveis e a centenas de milhares de eleitores.
Eu comandei, durante os quatro anos da Segunda Guerra Mundial, os voluntários belgas da frente do leste, quinze vezes mais numerosos do que foram seus compatriotas que elegeram ao lado inglês para combater. O heroísmo de meus soldados nunca se discutiu. Milhares deles deram sua vida pela Europa, é certo, mas sobre tudo e antes de tudo, para lograr a salvação e preparar a ressurreição de seu país.
E, entretanto, não existe para nós a menor possibilidade de explicar às gentes de nosso povo o que foi a atuação política do REX antes de 1941 e sua ação militar depois deste ano.
Uma lei me proíbe formalmente de publicar uma linha dentro dos limites da Bélgica. Proíbe a venda, difusão, o transporte de todo texto que eu possa escrever sobre aqueles temas.
Democracia? Diálogo?
Desde 1945 os belgas não ouvem mais que um só toque de sino. Em quanto ao outro toque – o meu! – o estado belga tem apontado sobre ele todos os seus canhões. Em outros lugares a coisa não vai melhor. Na França, apenas apareceu meu livro “A Campanha da Rússia”, foi proibido.
O mesmo ocorreu, porém há pouco tempo, com minha obra “Almas Ardendo”. Este livro é puramente espiritual. E não obstante tem sido oficialmente proibida sua circulação na França. E isto, vinte e cinco anos depois que minha vida política foi pulverizada! E não é sobre as idéias dos excomungados sobre as que se lançam as proibições, mas que a inquisição democrática se abate implacavelmente sobre seu próprio nome.
Os mesmos procedimentos aplicaram na Alemanha. O editor de meu livro da “Verlorene Legión” foi, desde a aparição do volume, objeto de tais ameaças, que ele mesmo destruiu, poucos dias depois do lançamento, os milhares de exemplares que iam ser distribuídos pelas livrarias.
O recorde foi batido na Suíça, onde a polícia não somente confiscou milhares de exemplares de meu livro “La Cohue” de 1940, dois dias depois de sua aparição, mas que foi na gráfica e obrigou a derreter em sua presença à matriz de impressão, com o fim de que toda reimpressão da obra fosse materialmente impossível.
E, contudo, o editor era suíço! A gráfica era suíça! E se alguns personagens se creram mal tratados no texto, bem fácil lhes seria exigir contas perante a justiça, de meu editor ou de mim mesmo. Ao que, naturalmente, ninguém se atreveu!
Tive que esperar até 1969 para ver aparecer este mesmo livro em Paris, Roma, Bonn, Haya, México e vendê-lo livremente nas livrarias de Bruxelas, após o lançamento destes textos pelo editor de uma grande revista belga “Europa Magazine”. Este proclamou abertamente que não havia razão para que se seguisse proibindo tal publicação, arriscando-se a ser processado. Porém o governo cedeu, com o que os belgas, ao fim, puderam ler os argumentos que esperavam desde um quarto de século.
Maiores dificuldades que para a defesa escrita existe para a verbal. Eu desafiei às autoridades belgas responsáveis para que deixem explicar ante ao povo de meu país, no Palácio dos Desportes de Bruxelas, minha atuação e minhas pretensões então. Ou que aceitem – nada mais! – que me apresente como candidato às eleições do parlamento. O povo soberano teria decidido. Pode-se ser mais democrata?
O próprio ministro da Justiça respondeu que eu seria trasladado “imediatamente” à fronteira, se eu aparecesse em Bruxelas.
E para estar absolutamente seguro de que eu não reapareceria, se improvisou uma lei especial, a qual se batizou “Lex Degrelliana”. Que prolongava em dez anos o prazo de prescrição da sentença contra mim, chegada já ao seu término!
Como então, as massas poderiam pesar os fatos, as intenções, formar uma opinião?
E como, face à semelhante apresentação dos fatos, poderia um jovem distinguir o verdadeiro do falso, especialmente quando a Europa de antes de 1940 não era um só bloco? Cada país, pelo contrário, apresentava características muito peculiares. E cada fascismo tinha suas próprias orientações.
O Fascismo italiano, por exemplo, era muito distinto do Nacional-Socialismo alemão. Socialmente, as posições alemãs eram mais audazes. Contrariamente ao Nacional-Socialismo, o Fascismo italiano não era, em essência, anti-judaico. Era de tendência mais cristã. E mais conservadora também. Hitler havia liquidado os últimos vestígios do império dos Hohenzollern, enquanto que Mussolini, ainda que com relutância, continuava seguindo o espanador de meio metro de altura que agitava sua grande pluma sobre a pequena cabeça desdentada do rei Víctor Manuel.
O Fascismo podia, sem negar a si mesmo, haver estado igualmente contra Hitler ou com ele. Mussolini era, acima de tudo, nacionalista. Depois da morte do chanceler austríaco Dollfuss, em 1934, havia alinhado algumas divisões na fronteira do Reich. No fundo de si mesmo, não queria a Hitler. Desconfiava dele. – Tenha cuidado! Atenção, sobre tudo a Ribbentrop! – me repetiu ele mesmo vinte vezes.
O eixo Roma-Berlim foi forjado, antes de tudo, pelas torpezas e as provocações de uma grande imprensa de objetivos muito duvidosos e de políticos fracassados e ambiciosos como Paul Boncour, palhaço desgrenhado de Paris, Don Juan gasto e desaparecido dos subúrbios genebreses; ou como Anthony Eden, longo guarda-chuva pintado de Londres; e, acima de tudo, como Churchill.
A este eu conheci naquela época nos Comuns. Era muito discutido e estava desacreditado. De humor amargo quando tinha o estômago seco (o que ocorria raras vezes), os dentes tortos entre suas bochechas de bulldog demasiadamente gordas, mal se prestava atenção. Somente uma guerra poderia ainda oferecer-lhe a última ocasião de chegar ao poder. E ele se agarrou ardentemente a esta oportunidade.
Mussolini, até seu assassinato em abril de 1945, continuou sendo, no fundo, anti-alemão e anti-Hitler, apesar de todos os testemunhos de afeição que este lhe esbanjou. Com seus olhos negros, brilhantes como bolas de azeviche, o crânio tão liso como o mármore de uma pia batismal, os rins arqueados como um líder de fanfarra, havia nascido para dar o espetáculo de sua superioridade. Na verdade, Mussolini enfurecia ao ver que Hitler dispunha de um melhor instrumento humano (o povo alemão, sério, disciplinado, não pedia excessivas explicações) do que ele conduzia (o encantador povo italiano, se deleitava com a crítica, era frívolo como uma cotovia que se deixa levar pelo vento).
Deste mau humor fluía devidamente um estranho complexo de inferioridade que foi agravado cada vez mais pelas vitórias de Hitler, quem, até finais de 1943, ganhava sempre, pese aos riscos incríveis aos que enfrentava.
Ao contrário, Mussolini, chefe de estado excepcional, não tinha mais vocação de homem de guerra que um guarda rural de Romagna. Em resumo, tais como homens, Hitler e Mussolini eram diferentes.
O povo alemão e o povo italiano eram diferentes.
E quanto a doutrinas, o Fascismo e o Nacional-Socialismo eram bastante diferentes.
Não lhes faltavam pontos de contato no terreno ideológico, o mesmo que na ação, porém, também existiam oposições que o eixo Roma-Berlim atenuou em seu começo, mas que a derrota, afetando a Itália em seu sangue e em seu orgulho, haveria de ampliar e reforçar.
Se os dois principais movimentos fascistas da Europa, que haviam se erguido ao poder em Roma e em Berlim e que dominavam o continente desde Stettin à Palermo, aparecem já tão distintos um do outro, que ocorrerá quando se considera os outros fascismos surgidos na Europa, fosse em Holanda ou em Portugal, em França, em Bélgica, em Espanha, na Romênia, na Noruega, em qualquer outro país?
O fascismo romeno era em essência quase místico. Seu chefe, Codreanu, chegava montado a cavalo, vestido de branco, às grandes assembleias de mesas romenas. Sua aparição quase parecia sobrenatural. Talvez, era por isso que se lhe chamava o Arcanjo. A elite militante de seus membros levava o nome da Guarda de Ferro. A palavra era dura, como eram duras as circunstâncias de seu combate e os métodos de sua ação. As penas das asas do Arcanjo estavam muitas vezes salpicadas com dinamite.
Contrariamente, o fascismo de Portugal era desapaixonado, como era seu mentor, o professor Salazar, um cérebro que não bebia, não fumava, que viva em uma cela monástica, vestido como um clérigo, que fixava os pontos de sua doutrina e as etapas de sua atuação com a mesma frieza com que teria comentado as Pandectas.
Também na Noruega era outra coisa. Quisling era tão alegre como um coveiro. O recordo ainda, a face inchada, o olhar taciturno, melancólico, quando, como Primeiro Ministro, me recebeu em seu palácio de Oslo, ao pé de um pátio de honra onde um rei de bronze, verdejante como um repolho, brilhava, orgulhosamente, uma fronte coberta de dejetos de pássaros. Quisling, apesar do contável aspecto de descontentamento de sua feição, era tão militar como Salazar o era pouco. Apoiava-se em umas milícias cujas botas eram muito mais brilhantes que a doutrina.
A própria Inglaterra tinha seus fascistas, capitaneava-os Oswald Mosley. Contrariamente aos fascistas proletários do Terceiro Reich, os ingleses eram, em sua grande maioria, fascistas aristocráticos. Suas manifestações agrupavam milhares de membros da Gentry [N.T.: pequena nobreza], vindos para ver o que podiam ser aqueles fenômenos distantes e fabulosos aos que se chamavam trabalhadores (havia, todavia, certo número deles no grupo de Mosley). Os auditórios estavam coloridos pelos tons vivos e vistosos de garotas elegantes, apertadas em suas finas roupas de seda; o conteúdo e o continente eram encantadores. Muito estimulante e atrativo este fascismo! Acima de tudo neste país no qual os longos e finos cabides do mundo feminino tem tantas vezes aparência de plantações de lúpulo.
Mosley me convidou para almoçar em um antigo teatro abandonado inclinado sobre o Tâmisa, onde recebia a seus hóspedes atrás de uma mesa de madeira branca. Era austero e beato à primeira vista. Porém em seguida, apareceram criados perfeitos, e a louça em que se servia era de ouro!
Ao lado do Hitler proletário, do Mussolini teatral, do Salazar professoral, Mosley era o paladino de um fascismo bastante fantástico que, por muito extraordinário que pareça, coincidia com os modos britânicos. O inglês mais rígido tende a exibir uma série de manias muito pessoais, seja em política ou em vestuário. Mosley fornecia mais uma, como Byron ou Brummel haviam fornecido as suas em tempos passados, e como os Beatles fariam também mais tarde. O próprio Churchill tendia a distinguir-se nesse particular, recebendo a importantes visitantes completamente nu, com a majestade morcillera [N.T.: Produtor ou vendedor de morcillas, espécie de embutido] de um Baco britanizado, envolto apenas na fumaça de seus charutos cubanos. O filho de Roosevelt, enviado a Londres durante a guerra para uma missão, achou que morreria sufocado quando viu avançar até ele um Churchill em traje de Adão, a barriga fofa, inchado como um taberneiro gordo que acabara de lavar o traseiro em uma banheira de zinco na tarde de sábado.
Em uma atitude oposta, o Mosley de antes de 1940, o fascista impecável, coberto com chapéu cinza em lugar de um elmo de aço, armado com um guarda-chuva de seda em vez de uma clava, não saía demasiado da linha da excentricidade britânica.
Porém, o fato de que os ingleses, solenes como porteiros de um palácio e conservadores como motores de Rolls Royce, se deixaram arrastar, também, pelo fluído dos fascismos europeus de antes de 1940, diz até que ponto o fenômeno correspondia na Europa a um estado de espírito geral.
Pela primeira vez desde a Revolução Francesa, pese a diversidade dos nacionalismos, idéias ardentes e um ideal ardente causavam reações idênticas. Uma mesma fé brotava, ao mesmo tempo, de um extremo a outro do velho continente, fosse em Budapeste, em Bucareste, em Amsterdã, em Oslo, em Atenas, em Lisboa, em Varsóvia, em Londres, em Madrid, em Bruxelas ou em Paris.
Em Paris, não somente as erupções de ação fascistas possuíam suas próprias características, mas que, também, se decompunham em suas múltiplas divisões de tendência dogmática, com Charles Maurras, velho folião, completamente bravo, surdo como um devedor, pai intelectual de todos os fascismos europeus, mas limitando o seu ciosamente ao estrito recinto francês; de tendência militarista, com os antigos combatentes de 1914-1918, emotivos, ferozes, sem idéias; de tendência mesocrática, com as Cruzes de Fogo do coronel de La Rocque, que adorava repetir com os civis as grandes manobras e as inspeções do quartel; de tendência proletária com o Partido Popular Francês de Jacques Doriot, antigo comunista de óculos, realçando em sua propaganda de seus grandes sapatos, de seus suspensórios, do avental de cozinha de sua mulher, para conquistar o povo, um povo que lhe foi relutante, em seu conjunto, depois de um discreto êxito inicial; de tendência ativista e cheirando a pólvora com os carrascos de Eugenio Deloncle e de José Darnand, duros, fortes, que dinamitavam com entusiasmo, em plena Paris, os centros adormecidos dos grandes capitalistas, para tirá-los de seu entorpecimento dourado com o estrondo. Deloncle, politécnico genial, seria eliminado pelos alemães em 1943 e José Darnand, pelos franceses de 1945.
Esta superabundância de movimentos fascistas parisienses, teoricamente paralelos e praticamente rivais, dividia e desorganizava as elites francesas. E isto conduziria, ao cair do dia 6 de fevereiro de 1934, às manifestações sangrentas da Praça da Concórdia de Paris, sem que o poder, agachado nas trincheiras do pânico, fosse pegue por um só dos direitistas que haviam vencido nas ruas.
O grande homem daquela noite se chamava Jean Chiappe, chefe de polícia de Paris, destituído pelo governo de esquerda. Era um corso inconstante, que levava na lapela uma roseta da Legião de Honra do tamanho de um tomate, brigão apesar dos calcanhares sobrepostos que o faziam parecer que estava em cima de um banquinho. Apesar de seu aspecto jovial, vivia com a apreensão de mil enfermidades imaginárias. Alegando ter reumatismo, não saiu em 6 de fevereiro com os manifestantes. Acabava de tomar um banho quente, se preparava a ir para a cama, já de pijamas. Apesar das censuras cada vez maiores e mais indignadas de seus partidários, não quis se vestir novamente. Não tinha mais que atravessar a rua para sentar-se no assento abandonado do Eliseu!
Em 1958, o general De Gaulle, diante do mesmo assento, não seria tão rogado. Entre estes múltiplos partidos fascistas, franceses, o denominador comum antes de 1940, era a confusão.
Na Espanha, o general Primo de Rivera havia sido, antes que muitos outros, um fascista à sua maneira, fascista monárquico. Muitos cortesãos de palácio, especialistas em trapaças, escorregadios como enguias, ocos como tubos, lhe espreitavam. Muito poucos proletários lhe apoiavam, proletários de coração simples e braços fortes que poderiam perfeitamente seguir a um Primo de Rivera lançado à reforma social de seu país, melhor que se alinhar atrás dos pistoleiros e incendiários da Frente Popular. Os conspiradores do palácio esterilizaram esta experiência associando-a com a liga dos preconceitos de uma aristocracia de salão, vaidosa e politicamente esterilizada desde há vários séculos.
José Antonio, filho do general destituído e morto em Paris pouco tempo depois, era um orador inspirado. Havia compreendido, apesar de sua herança burguesa, que o essencial do combate político de sua época residia no feito social. Seu programa, sua ética, seu magnetismo pessoal lhe permitiu recuperar milhões de espanhóis que sonhavam com uma renovação de seu país, não somente quanto à grandeza e a ordem, mas, sobre tudo, quanto à justiça social. Infelizmente para ele, a Frente Popular havia minado o terreno por todas as partes, inflamado as mesas, elevado entre os espanhóis as barreiras do ódio, do fogo e do sangue. José Antonio podia ter sido o jovem Mussolini da Espanha de 1936.
Este esplêndido rapaz havia abreviado seu sonho àquele mesmo ano por um pelotão de execução em Alicante. Suas idéias marcaram seu país por um longo tempo. Animaram centenas de milhares de combatentes e militantes. Inclusive renasceram, revivificadas pelos heróis da Divisão Azul, entre as neves sangrentas da frente russa, contribuindo para a criação da nova Europa de então.
Como se vê, a Espanha de 1939 não era a Alemanha de 1939.
Tão pouco o coronel de La Rocque, em Paris, duro como um metrônomo e com o espírito imóvel como asfalto moldado, não era o sósia do Dr. Goebbels, vivo como um foto-jornalista; tão pouco Oswald Mosley, o refinado fascista de Londres, era ele um alter ego do denso doutor Ley de Berlim, roxo como um barril de vinho novo.
Não obstante, uma mesma dinâmica trabalhava entre as mesas de todos os países, uma mesma fé os inflamava, um mesmo substrato ideológico, substancialmente semelhante, se observava em todos eles. Tinham em comum as mesmas reações frente aos velhos partidos esclerosados, corrompidos por compromissos sórdidos, desprovidos de imaginação, que não haviam contribuído, em aspecto algum, em soluções sociais, valentes e verdadeiramente revolucionárias, tanto que o povo sobrecarregado por horas de trabalho, pago miseravelmente (seis pesetas por dia sob a Frente Popular!), sem proteção suficiente contra os acidentes de trabalho, as enfermidades, a velhice, esperava com impaciência e angústia ser tratado, de uma vez, com humanidade, não só material, mas também moralmente.
Sempre me recordarei do diálogo que ouvi então em uma mina de carvão, a mesma que deixou cair o rei dos belgas:
– O que é que desejas? – perguntou o soberano, com certo olhar, cheio da melhor intenção, a um mineiro enegrecido de fuligem. – Senhor – respondeu esse, – o que nós queremos é que nos respeite…
Este respeito ao povo e aquela vontade de justiça social se aliavam, no ideal fascista, com a vontade de restaurar a ordem no Estado, à continuidade no serviço à nação e à necessidade de elevar-se espiritualmente.
Ao longo de todo o continente, a juventude repudiou a mediocridade de seus políticos profissionais, notórios mentecaptos, sem formação, sem cultura, eleitoralmente apoiados sobre cabarés e sobre semi-notáveis cercados por mulheres de personalidade fechada.
Aquela juventude queria viver para se dedicar a algo grande e puro.
O fascismo havia nascido em toda a Europa espontaneamente, com formas muito diversas, desta necessidade vital, total e geral de renovação: renovação do Estado, forte, autoritário, com tempo para cumprir seus fins e possibilidade de cercar-se de homens competentes, de escapar aos riscos da anarquia política; renovação da sociedade, liberada do conservadorismo asfixiante de uma burguesia engessada e de pescoço duro, sem horizonte, inchada de ricos mantimentos e de vinhos demasiadamente antigos, fechada intelectual, sentimental e, acima de tudo, financeiramente a toda idéia de reforma; renovação social ou, mais exatamente, revolução social, liquidando o paternalismo tão querido pelos magnatas que julgavam ser generosos a baixo custo e que preferiam ao reconhecimento dos direitos da justiça, a distribuição condescendente de caridades limitadas e devidamente proclamadas; revolução social que devolveria ao capital seu papel de instrumento material, e que fizesse que o povo, substância viva, voltasse a ser a base essencial, o elemento primordial da vida da pátria; renovação moral, por fim, ao ensinar a uma nação, sobre tudo a sua juventude, a elevar-se e doar-se.
Entre 1930 e 1940, não houve nenhum país na Europa que escapasse deste chamado.
O chamado representava nuances distintas, orientações distintas, mas possuía, política e socialmente, bases muito semelhantes, o que explica como se criou rapidamente uma surpreendente solidariedade: o francês fascista, assistia, inicialmente inquieto mas depois entusiasmado, aos desfiles dos camisas pardas em Nuremberg; os portugueses cantavam a “Giovinezza” dos balillas, do mesmo modo que o sevilhano cantava a Lili Marlene dos alemães do norte.
Em meu país, o fenômeno surgiria como nos demais, com suas características próprias, que culminariam em torno de poucos anos nos elementos unificadores surgidos da Segunda Guerra Mundial nos diversos países europeus.
Eu era, naquela época, um adolescente. No verso de uma foto havia escrito (então, já deixava a modéstia à parte): “Eis aqui minhas facções, mais ou menos verdade; porém o papel não mostra o incêndio interior que abrasava e abrasa brilhante e triunfador, e eclodirá amanhã, como uma tempestade”.
A tempestade, levava-a dentro de mim mesmo. Porém, quem mais o sabia? No estrangeiro ninguém me conhecia. Eu tinha o fogo sagrado, porém não dispunha de nenhum apoio que pudesse me assegurar um grande êxito com rapidez. Entretanto, me bastaria apenas um só ano para reunir centenas de milhares de discípulos, para romper em pedaços a tranquilidade sonolenta dos velhos partidos e para enviar ao parlamento belga, de um só golpe, a trinta e um de meus jovens camaradas. O nome do REX seria revelado em poucas semanas, na primavera de 1936, ao mundo inteiro. Eu chegaria a tocar com as mãos o poder aos vinte e nove anos, idade em que normalmente os jovens se dedicam a tomar um aperitivo em um terraço e acariciam as mãos de uma bela jovem com os olhos emocionados.
Tempos prodigiosos nos quais a nossos pais não lhes restava outro remédio a que nos seguir, nos quais por todas as partes jovens com olhos e dentes de lobo, se lançavam, lutavam, ganhavam, se preparavam para mudar o mundo.
Extrato do segundo capítulo do livro “Hitler por mil anos”, escrito por Léon Degrellé em finais dos anos 60.
Fonte: http://www.elministerio.org.mx/blog/2013/07/degrelle-europa-fascista/
Tradução livre e adaptação por Viktor Weiß
O mesmo clima começa a existir novamente – viver para se dedicar a algo grande e puro – e a tendência é que este sentimento aumente. O descaso que os ditos “DEMOcratas” lidam com a coisa pública, em contraste com sua impressionante vontade em valorizar tudo que é degenerado; a inversão dos valores, onde os interesses individuais sobrepõem ao interesse da coletividade; a exploração da população através da sua escravização através dos juros bancários; a crescente barbárie urbana presente nas ações corriqueiras do dia-a-dia, no trânsito, na procura do lucro a qualquer custo; a transformação da personalidade humana em meros organismos vivos condicionados ao consumo mecânico. Inevitável, todas estas ações geram uma reação. Uma lei natural 
0 notes
tradermeximas · 1 month
Text
O Google fechou um acordo no valor de US$ 60 milhões que lhe permitirá usar o conteúdo do Reddit para treinar seus modelos de IA generativa, informou a Reuters na quinta-feira, citando três pessoas familiarizadas com o assunto. A alegação segue um relatório da Bloomberg no início da semana que dizia que o Reddit havia assinado tal acordo, embora na época o nome da outra parte permanecesse obscuro. O treinamento de modelos de IA usando conteúdo gerado por humanos, como o encontrado no Reddit, supostamente ajuda as ferramentas de chatbot a responder de uma forma mais natural e coloquial, e com informações relevantes e atualizadas. O relatório da Reuters surge num momento em que as empresas de IA procuram novas formas de utilizar grandes quantidades de dados online sem perturbar aqueles que possuem os direitos autorais sobre eles. Isso também ocorre no momento em que o Reddit anuncia planos para sua oferta pública inicial, na qual disse que listará suas ações na Bolsa de Valores de Nova York sob o símbolo RDDT. Até agora, a maioria dos modelos de IA que sustentam ferramentas como ChatGPT da OpenAI ou Gemini do Google (anteriormente Bard) foram treinados principalmente em conteúdo extraído da web. Mas o método tem causado alarme entre autores, artistas, editores e outros, uma vez que o seu trabalho protegido por direitos de autor é utilizado sem qualquer forma de reconhecimento ou, mais importante ainda, de compensação financeira. Alguns estão levando as empresas de IA a tribunal por violação de direitos autorais, uma situação que levou as empresas de tecnologia de IA a explorar novas maneiras de obter conteúdo, como acordos com sites como o Reddit, que possuem grandes quantidades de material útil. O acordo relatado do Reddit com o Google ecoa um acordo feito recentemente por Axel Springer que dá à OpenAI acesso ao conteúdo da gigante da mídia alemã para treinamento de IA – embora essa abordagem também tenha seus problemas. Por exemplo, alguns manifestaram preocupação de que tais acordos façam com que o dinheiro vá directamente para os cofres da empresa, em vez de ser partilhado entre aqueles que criam o conteúdo. Um artigo da Wired de dezembro destacou a questão em relação ao acordo com Axel Springer, dizendo que não estava “totalmente claro se jornalistas individuais verão algum desse dinheiro. Quando questionado se os repórteres se beneficiariam de qualquer divisão de receitas ou compensação adicional como resultado do acordo de licenciamento, Axel Springer não respondeu diretamente à pergunta… Portanto, no momento, não está claro se um escritor cujo trabalho está incorporado ao ChatGPT irá receber um pagamento único, um pagamento recorrente semelhante a royalties ou nenhum pagamento.” Reddit e Google postaram anúncios na quinta-feira descrevendo um movimento em direção a uma colaboração mais estreita em uma série de áreas, embora nenhum tenha mencionado diretamente o acordo recentemente relatado ou seu valor. O Google disse que o Reddit contém “uma variedade incrível de conversas e experiências humanas autênticas”, enquanto o Reddit comentou que seu trabalho com o Google “tornará mais fácil para as pessoas encontrarem, descobrirem e se envolverem em conteúdos e comunidades no Reddit que são mais relevantes para elas”. .”
0 notes
booklovershouse · 4 months
Text
Tumblr media
Oi, booklovers!
De volta à Segunda Guerra Mundial, dessa vez temos O Último Trem para Londres, que acompanha a história de mulheres que tentam salvar crianças, uma família judia e um oficial nazista.
🧳 • ✈️ • ✒️ • 🚂 • 🧳 • ✈️ • ✒️ • 🚂 • 🧳 • ✈️ • ✒️
•| Título: O Último Trem para Londres
•| Autor: Meg Waite Clayton
•| Págs: 448
•| Classificação: + 13
✒️" Um minúsculo ponto de luz em meio à tanta escuridão." 🚂
• Primeiramente, temos Truss, mulher que arrisca sua vida ao tentar levar crianças para outros países, na maioria das vezes clandestinamente, escondidas em carros ou fingindo que são seus filhos.
• Em segundo temos Stephan, um garoto judeu aspirante a escritor, filho do dono de uma grande fábrica de chocolate e sua melhor amiga Zofie, uma grande fã de matemática e Sherlock Holmes.
• Por último, temos Eichmann, que aparece poucas vezes, mas normalmente estragando algum plano da Truss ou dando alguma péssima ideia para os alemães.
🧳 • ✈️ • ✒️ • 🚂 • 🧳 • ✈️ • ✒️ • 🚂 • 🧳 • ✈️ • ✒️
O Último Trem para Londres é incrível. Leva um pouquinho de tempo pra entender e ver como as histórias vão se conectar e o final não é muito satisfatório - infelizmente, foi baseado num acontecimento real, como está explicado no próprio livro.
É triste, mas vale muito a pena.
🚂 | Sem interação hj, não sei oq falar kkkkkk
Bjs e boas leituras :)
4 notes · View notes
ourvidesouverdes · 2 months
Text
Tumblr media
DEMIAN (HERMANN HESSE) - O CAMINHO TORTUROSO E BELO ATÉ SI MESMO
a trilogia demian, sidarta e o lobo da estepe consagraram hermann hesse como um dos maiores escritores alemães e, quiçá, do mundo.
à vista da destruição de um mundo (demian foi escrito durante a eclosão da primeira guerra mundial), a obra traz em si as agonias existenciais que assombram o homem contemporâneo que, defronte à inevitável vinda do novo, encontra também no antigo a atualidade.
mas não é sobre qualquer homem que estamos falando, mas, sim, aqueles com ''a marca''. aqueles que possuem em si o impulso de seguir seu destino solitário até si mesmos. destino incompreensível pelos demais.
utilizando-se da narrativa cristã, com seu sistema dualista que categoriza o mundo como bom e mau, hesse desenvolve a história de sinclair, um indivíduo que se vê perdido entre o profano e o sagrado.
à primeira vista, o lar materno representa tudo o que é bom, certo e correto. porém, o mau se impõe com suas tentações no mundo exterior. é de se achar que sempre é possível fugir do mal e voltar para o bom, para o lar. é possível achar que uma pureza é o caminho a ser seguido. é possível achar que a ilusão constitui o objetivo e eterna morada.
sinclair, com sua peculiar sensibilidade às nuances do mundo, ao conhecer max damian, aquele que também possuí ''a marca'', entende que não é possível retornar e permanecer no bom. entende que o mau, na verdade, é a vida. e que o mundo constitui-se sagrado e profano juntos.
é preciso transgredir.
Tumblr media
a contraposição de indivíduo e coletividade é uma das grandes questões. são também passíveis de união. o que delimita o meu ''eu'' e o que delimita o ''mundo''? a primeira vista estamos sós, mas a distinção de buscar a si mesmo nos une com aqueles que estão no mesmo caminho.
o pessoal é, no fim, também o Outro. nos constituímos das marcas do que passou antes de nós, e durante nós. e isso nos guia para nosso próprio destino, que não é separado do destino do mundo.
na busca pelo eu, é preciso ir fundo em si. e isso impõe a iconoclastia.
destruir líderes, referências, modelos, tudo o que provém do ''rebanho''. todo desejo que não é fruto de sua trajetória íntima não pode ser considerado seu verdadeiro destino.
o encontro com o eu por fim é enigmático. se materializa numa imagem interior, num encontro, numa sensação boa? e no próximo instante pode não ser nada disso.
o destino se revela como aquele que também muda, junto com o mundo. e não é possível viver no passado, apesar dele ser um guia.
a psicanálise se faz presente na obra. é possível a individuação, tal como é de acordo com jung? é possível reprimir impulsos considerados amorais e selvagens? a ''vontade'' realmente existe, ou vivemos apenas sob o jugo do Outro? o mundo é realmente belo?
''é preciso destruir um mundo para poder nascer''
e esse é o desafio de sinclair, demian e de todos nós.
Tumblr media
★★★★☆
esse livro me quebrou!!!
já havia lido o lobo da estepe no ano passado, que me trouxe inúmeras reflexões sobre coletividade, individualidade, busca do Eu.
lendo demian, vejo o quanto as histórias se complementam e realmente formam a trilogia. neste, se entende os primórdios do caminho até o Eu, saga continuada em o lobo da estepe.
como diz a frase presente no livro ''o acaso não existe'', também acho que esse livro não me encontrou por acaso.
refletiu muito em questões pessoais, e me trouxe aquela sensação única de ser salva de um afogamento. coisa que só o que nos toca profundamente pode trazer.
sinto que poderia ficar mil anos falando desse livro, e nunca o esgotaria completamente. considerando que clarice lispector tem sua escrita inspirada em hesse, é entendível o quanto esse livro tem seu potencial enigmático, que realmente não cabe uma interpretação ou entendimento ''correto''. é questão de sentir para além de entender e saber.
e o próprio hesse nos convida a isso.
destruir tudo aquilo que não diz respeito ao seu Destino. seguir aquilo que é real.
isso me lembra muito o final de ''a montanha sagrada'', no qual o espectador é confrontado com a ilusão daquilo que vê.
não é possível viver numa ilusão verdadeiramente. é preciso confrontar o mundo. com o sagrado e profano unidos.
e, ao seguir seu destino, destruir mundos, para que o Novo sempre venha.
meu adendo ao livro, e por isso dei 4 estrelas, são questões mais anacronicas, talvez.
me incomoda a invisibilização de personagens marginalizados socialmente. claro, pode-se dizer que aqueles que possuem ''a marca'' são vistos como marginais.
mas, por fim, pertencem economicamente à burguesia. isso é uma contradição que se faz presente não só aqui, mas também em o lobo da estepe.
0 notes