Tumgik
#imaginelookism
tatahtuti · 1 year
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Sempre foi você - Imagine Park Hyung Suk
Aviso:
Olá para quem encontrou esta obra e tem sua primeira experiência por aqui. Deixo avisado a partir do primeiro capítulo que este não será um livro de romance puro. Digo isso a quem entrou com estas expectativas. No decorrer da obra, vocês irão se deparar com variados tipos de cenários, desde ao abuso psicológico até o preconceito com raças e agressão a mulher por parte de homens. Deixo aviso que lerá cenas fortes, mas que não irá comprometer nada de seus psicológicos. Se estiverem curiosas sobre que tipos de assuntos que irão vir a tona nesta viagem, podem dar uma conferida nas tags deste livro.
Boa leitura e um beijinho doce em sua testa 💖
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"O que na verdade me irrita é o fato de guardar tudo para sí. Vai se submeter a ser tratado pior que um cão?"
Dia após dia, abusos por cima de abusos e isto ele aturou calado. Poderia bem denunciar aqueles delinquentes, mas se viu oprimido o bastante para não os entregar.
Lá estava ele, de joelhos naquele chão imundo do banheiro masculino. Um grande jovem fumava junto de outra estudante. Ele nada podia dizer, pareciam ordens. Ele fora pisoteado, humilhado e até espancando, nem por isso tomou uma pequena ousadia para o repreender. Engraçado pensar em como tudo deu início.
Seu limite estourou a partir do dia que sua mãe decidiu aparecer em sua escola. A mesma iria armar uma bela de uma confusão com seu opressor, mas fora parada pelo mesmo. Neste exato dia, foi quando se demarcou tudo sobre seu destino. Na verdade, há poucos dias atrás. Já havia dito coisas horríveis a sua mãe e sua amiga de longa data, S/n. S/n não foi como a mãe do garoto que tolerou tudo calada, ela era mais cabeça quente quando necessário. Ela, por sí só, já odiava o fato dele apanhar todos os dias na escola e não poder fazer nada justamente porque ele pedia para não se intrometer.
- Você poderia uma vez na vida deixar de ser tão idiota, você é incoveniente! Imbecil!- Seus olhos esbugalharam em espanto. Você sabia que provocou a ira nele, mas não contava por um segundo sequer que ele a ofenderia por achar o que é o melhor para ele. Sim, era mais uma briga sobre ele não fazer nada e por, desta vez, ter sido rude com a própria mãe.
- Seu... — Ela se mostrou totalmente incrédula e torceu seu rosto para a pior careta possível em ato de indignação.—PORQUE NÃO MOSTROU ESSES CULHÕES QUANDO ESTAVAM PISANDO EM VOCÊ FEITO MERDA!?- Seus olhos lacrimejaram no puro rancor só de saber que isso era a verdade nua e crua. Você pensou várias vezes em se socar por ter dito isso, era exatamente a ferida mais fresca que ele tinha. Embora dissesse e quisesse fazer algo, não era possível graças à ele.
- Bom, veja só, eu não sou um cara forte.- Seus braços abriram-se, lançando um pedido para que fizesse uma rápida leitura sobre seu corpo, o deixando totalmente exposto.- Não sou popular, as pessoas me vêem com nojo, eu não tenho um ponto positivo em beleza ou personalidade a se somar. Então você queria o quê? Que eu rebatesse? Você obviamente não deve ter noção do quão miserável eu já sou por ser assim, e você acha que é fácil como estalar os dedos?
- Suk, não foi isso que eu quis dizer...- Ela se aproximou e tentou tocá-lo em vão quando o mesmo afastou-se e seu olhar desceu em desânimo consigo mesmo.
- Talvez você tenha razão, talvez eu possa ser o único imbecil por aqui. Me desculpe fazer você passar por isso por tanto tempo, S/n.
O primeiro, o segundo, o terceiro e assim por diante foram se dando os passos de distanciamento entre ambos. Estava em total estado de choque, se xingando mentalmente por ter sido tão dura com o garoto. Suas pernas tremiam, implorando para que o alcançasse e não o deixasse ir, algo no seu peito dilatava-se com a aflição de que aquilo seria um breve aviso do que, em sua concepção, talvez viria logo a seguir algo ruim.
- Não vai...- Sem ao menos perceber, já estavam escorrendo suas lágrimas e sua boca proferindo pragas a sí própria.
Sua pessoa também tomou a decisão de tomar o caminho oposto e voltar para sua casa. Talvez tivesse que dar um tempo à ele. Era idiota tentar mudar a cabeça dele. Lhe partia o coração ao lembrar da cena de sua mãe aparecendo no colégio e vendo seu filho ser judiado ao mesmo tempo em que corria como uma leoa para proteger seu filhote de seus predadores. Por consequência, sua raiva pairou sobre seu consciente ao ter que relembrar cada miserável detalhe. A lata de lixo que apareceu em sua frente pagou as contas por isso e, como resultado, você foi gritada aos quatro ventos pelo dono do estabelecimento que terminava de limpar a calçada quando o fez. Você correu como ninguém naquele instante e agradeceu internamente por ele não ter a alcançado.
Estava entardecendo ao ponto do crepúsculo e tinha de voltar pra casa. Quando chegou, passou diretamente para seu quarto na casa em que morava um casal que a hospedava desde que conseguira uma bolsa de estudos no ensino médio da Coréia. Não foi nada fácil conseguir, mas o esforço valeu a pena. Tanto a pena que você tinha perdido as contas de quantas vezes já foi quase deportada de volta ao seu país por mal comportamento ou encrencas que se envolvia sem querer.
Foram há exatos 2 anos atrás. Você já estudava línguas básicas como inglês e tinha vocação para tentar arriscar no coreano. Neste mesmo período, havia concorrido em uma prova enquanto estava concluindo seu último ano do fundamental. Era uma chance única e não poderia falhar. Você e mais 314 alunos da época conseguiram passar na avaliação e então foram preparados para suas viagens para a Coréia com hospedaria e estudos já a sua espera. Quando entrou no ensino médio depois de toda a papelada resolvida com pais, monitores, viagem e matrícula, lá estava S/n. Pisando seus pés naquele lugar onde, até a primeira vista, você encaixava como esbelto, você adentrou mais e olhou minuciosamente cada detalhe daquela propriedade de ensino. Mas, enquanto passava, não deixava de perceber os olhares curiosos de alunos por alí.
Seus ombros se encolheram e sua mandíbula travou em nervosismo profundo. Sabia que era uma estrangeira e podia ser curioso aos olhos em redor, mas não era necessário comer até sua alma. Ao menos pensava que eles podiam ser mais discretos.
Sua mente guardava com cuidado a numeração de sua sala em que teria aulas de agora para frente. Sua vergonha a impedia de chegar em algum aluno e perguntar onde seria seu departamento. Estava a mercê de seu senso de direção. Não foi tão ruim no fim das contas, já que encontrou e deu um longo suspiro de satisfação quando não viu quase ninguém na sala, exceto algumas meninas no canto sentadas e cochichando enquanto se maquiavam e um garoto ao fundo com seu olhar baixo. Você cruzou a porta e prontamente elas a encararam mudando seus olhares divertidos para confusos, como se vissem algo incomum. Bom, essa parte não deixa de ser verdade.
Mais uma vez respirou fundo e não deixou de passar despercebido pelas garotas que riram baixo do que acabara de fazer. Seus pés locomoveram-se até o fundo da sala e sentou-se a frente do garoto. S/n suspendeu sua mochila nas costas da carteira, seus olhos passaram rápido sobre o rosto do garoto que usava óculos e parecia meio abatido. Logo sua atenção voltou a frente e mais uma vez viu as garotas a olharem e falarem baixo enquanto riam. Não era necessário descrever seu nível de desconforto. Algo em seu interior lhe dizia que muito mais disso poderia vir a seguir.
Mas logo deixou esses pensamentos hostis de lado quando lembrou do garoto atrás de si. Era uma mania feia, mas você julgava a personalidade da pessoa por ver seu rosto e como agia minimamente. Algo lhe dizia que ele não parecia o tipo que "ladra". Prontamente virou-se de costas e olhou, capturando completamente a atenção do garoto para sí.
— Meu nome ser S/n, eu mudei hoje para esse colégio.— O sotaque carregado e sua gramática levianamente ruim não impedia o garoto de entendê-la.
— Ah...Eu...Eu...— Ele travou. Seu rosto torceu com um grande ponto de interrogação destacado em sua mente. Será que estava sendo invasiva? Já tinham lhe falado certa vez que certos asiáticos como coreanos, japonês, chineses e etc tem o costume de serem reservados entre si. As vezes não são tão receptivos com estranhos, ainda mais um estrangeiro.
Mas mal sabia que era apenas a questão sobrevoando sua cabeça sobre o por que alguém falaria com ele do nada? Logo ele?
Ele engoliu a seco, fazendo um barulho consideravelmente alto e recebendo um "eca" de uma das garotas no canto.
.
— Me-meu nome é Park Hyung Suk...— Ele estava suando frio, seu nervosismo o estava deixando louco.
— Posso chamar Hyung Suk? Eu não quero ser invasiva, se for o caso posso chamá-lo pelo nome completo-
— Por favor, não se incomode!— Sua mãos abanaram em negativo freneticamente, mas logo parou por perceber o quão exagerado estava sendo em seus gestos e como via a carranca daquelas garotas piorarem em direção a vocês dois.— Quero dizer, me chame de Hyung Suk apenas...— Sua mão coçou a nuca, deixando você ler sua linguagem corporal constrangida.
— Aqui existe recreio ou descanso?— Estava nítido a forma como queria socializar com esse menino. Quem dera não fosse apenas o desespero de ficar só e condenada a ser excluída.
— Bom...Temos intervalo por aqui.
Que pergunta estúpida. É uma escola de ensino médio comum, claramente deveria ter intervalos.
— Aaah...— Seus cotovelos se apoiaram na mesa dele enquanto sua mão dedilhava os rabiscos em sua mesa. Nunca tinha visto uma mesa tão suja e surrada, e olha que de mesa suja e surrada você garante ter visto muito nos colégios em que estudou.— Não quer passar o intervalo comigo? Ou você já tem com quem andar?
Era claro, você precisava de um amigo nessa nova selva.
— Ugh...— Você franziu a testa. Era isso? Um grunhido de resposta? Mas quem diabos faz isso?
— "Ugh", um bicho te picou?— Ele corou. Era por demasiado estranho. Nenhuma menina, até este momento da vida, teve uma conversa tranquila e sem o menosprezar. Chegava a ser até audaciosa. Ele não sabia como reagir, era a primeira vez que isso acontecia.
Seu rosto corou e sua língua recebeu uma trava instantânea.
— Tudo bem, desculpa te incomodar.— Seu eu interno gritou ao vê-la começando a se virar para frente e quebrando o contato visual enquanto isso. Ele se amaldiçoou mil vezes por deixar a impressão que estava sendo "incomodado" por ela.
No impulso seus pulmões tomaram ar e expulsou uma simples palavra.
— Não!— Seu corpo travou e mais uma vez ele conseguiu ter sua total atenção.
— CALA A BOCA, SEU GORDO FUDIDO!
Já era hora. Uma das meninas se levantou e andou até o ponto onde estava, parando ao lado dele. Seu rosto carregado de maquiagens extravagantemente coloridas faziam seu estômago revirar. Suas mãos bateram com força na dita carteira suja do rapaz, deixando a vista suas compridas unhas postiças.
— Não é de agora que eu tô vendo você com essa merda! Quer que eu fale para o Tae Sung te dar uma surra nesse intervalo!? ENTÃO CALA A PORRA DA BOCA!— Ela fechou suas palavras enaltecidas pelo ódio com um tapa bem marcado na face do garoto que manteve sua cabeça baixa depois disso. Seu peito se comprimiu ao vê-lo pedir desculpas e ouvir uma fungada. Ele iria chorar. Como se não bastasse o desprezo e humilhação, ela ainda tinha saliva para bostejar perto do garoto que já parecia estar abatido.
Que autoridade é essa? Simplesmente mandar a pessoa calar a boca, ameaçá-la e em seguida bater em seu rosto? Extremamente desnecessário, você diria.
Seu olhar se mergulhou em desdém assim que viu a falta de necessidade vindo dessa garota hostil e soberba. Automaticamente se pôs de pé e a encarou, assim como ela devolveu um olhar torto no mesmo instante.
— Quê que é, heim?— Era tão nojento as expressões "intimidadoras" do seu rosto, que chegava a ser hilário de tão feia que ela ficava.
— Bate nele de novo e eu corto o seu dedo pra enfiar no seu cu.— Nesse momento seu peito esquentou. Nunca tinha chegado a ameaçar alguém nesse nível em todos os seus anos de escolaridade até agora.
— Ah, é?— Ela ergueu a mão na exata hora para lhe esbofetear o rosto.— Volta pro seu país, sua fodida. Para de tentar falar nossa língua com essa boca nojenta!
Você chegava a achar ridículo esse bullying deles. Era isso? Bater e ficar calado? Ah, não. De onde você vinha, você ia mostrar que se apanhasse na escola, apanhava em casa também. Brigar não era uma das suas preferências, mas sabia impor bem seus limites e sabia armar o barraco quando precisasse.
Você segurou o braço dela e teve a surpresa de sentir o quão fino era. Aquilo não machucava nem uma mosca, mas se achava a boazuda.
— É a última vez que eu aviso. Não me faça ser expulsa no primeiro dia por ter quebrado o braço de uma das alunas.— De imediato a soltou e ganhou um extremo olhar fuzilante da garota enquanto massageava seu pulso pelo qual foi segurada com força.— Vou denunciar vocês ao conselho da escola se continuarem a mexer com o meu amigo.
Foi as últimas palavras que disse antes de tomar seu assento novamente e ser acompanhada pelos baixos murmúrios delas.
— Voltando ao assunto, Hyung Suk.— Você sorriu e o encarou com ternura enquanto massageava sua bochecha avermelhada.— Aquele "não!" Foi um sim?
— Bom... É que...— Não havia tempo, você o cortou. Parecia que estavam fazendo suco do seu coração de tão apertado que estava vendo ele cabisbaixo de uma hora para outra e seu rosto vermelho pela a agressão.
— É um sim. A gente vai andar junto no intervalo e eu vou te proteger desse ninho de cobras!— Ha! Você fez questão de falar em alto e bom som para que elas se mordessem de raiva.
— Ce-Certo.— Era tão estranho, do seu ponto de vista, ele tomar um leve rubor. Você o estaria envergonhando por acaso?
Esse foi o início de tudo. Hyung Suk, um jovem um pouco acima do peso havia conquistado seu carisma. Sentia que aos poucos você o conheceria e veria que é um bom menino de verdade. Já pelo lado dele, era a primeira vez que tinha um contato de amizade. Nunca, nada, absolutamente ninguém se interessou de o ter por perto a não ser para fazer "favores" e ser um saco de pancadas ambulante. E, além de tudo, era uma garota! Que chance havia de uma garota querer sua amizade? Mesmo sendo estrangeira. Talvez a linha de pensamento dos estrangeiros fossem diferentes dos coreanos em quesito de relações amigáveis.
A aula se passou e o intervalo finalmente se anunciou. Ela não perdeu tempo para puxar uma lancheira pronta de sua mochila e pegar a mão do garoto para o levar para fora. Ele ficou duro da cabeça aos pés, totalmente sem reação pelo toque. Mas seu estado se desfez assim que uma outra garota, que entrou na sala depois de estar cheia, o chamou.
— Gordo.— O mesmo ficou estático, obrigando S/n a parar abruptamente e olhar curiosa para onde estava vindo a voz que chamou seu "nome".— Diga a Tae Sung que depois quero falar com ele.
— Hyung Suk.— Disse S/n em alto e bom som. Hyung Suk e a garota a olharam atônitos.
— Como?
— Não é "gordo", repita "Hyung Suk".— Disse esnobando. Pra ela pouco interessava se internamente a outra garota estaria fazendo pouco caso ou rindo de você.— E você tem pernas, vai chamar esse Tae Lung você. O Hyung Suk vai merendar comigo.
E sem deixar falarem um "A", tanto de Hyung Suk, quanto da garota, você saiu dali o puxando.
— Hyung Suk, onde a gente pode merendar quieto sem que ninguém mexa com você?
Ambos estavam cruzando o corredor lotados e sendo acompanhados por olhares. Alguns pareciam que estava presenciando um show anormal. De tantas pessoas alí, por que só eles tinham que ser a atração? É tão incomum um gordo e uma estrangeira? Em sua cabeça, os coreanos deveriam dar uma revisada em seu conceito de aceitação no círculo social.
— Tem o terraço---
— Ótimo, é pra lá que a gente vai e você vai ser meu guia.— Outra vez você não o deixou terminar, apenas o ordenando a esse último comando.
Não demorou tanto para que chegassem ao alto e por lá arranjassem um lugar próprio para sentar e se deliciarem com a comida que trouxe. Já comendo, você não deixou de sorrir com a idéia do quão rápido arrumou um amigo. Talvez devesse ser pelo fato de ser um garoto muito quieto. Dificilmente iria querer socializar com os mais faladores e, pelo visto, os mais desagradáveis.
— Você é bem caladinho...
— Não sou não...— Os olhos dele rolaram mostrando um pouco de seu desconcerto.
— Hum...— A garota sorriu divertida já tendo um pensamento tentador em mente.— Eu não perguntei adequadamente naquela hora...— A curiosidade veio a tona nele assim que sua pausa dramática se fez.— Gostaria de ser meu amigo?
Enquanto mordia um pedaço do sanduíche que dividiu com vossa pessoa, S/n podia jurar que ele quase engasgou com um pedaço depois dessa pergunta.
— Claro...
— Uau...— O sorriso desmanchou para uma leve surpresa.
— O que foi?
— Gostaria de ser meu namorado?— Não tinha como, sua mente implorava.
Neste exato minuto ele cuspiu um pouco do sanduíche da boca e com o resto ele se entalou. Sua mão bateu freneticamente em seu peito até que finalmente recobrasse o ar para a fitar embasbacado e perguntar descrente.
— COMO DISSE!?
Uma gargalhada estourou. Simplesmente não tinha como a garota não ter achado graça na careta que ele fez. Sua mão segurou seu estômago por breves segundos enquanto tentava se recuperar das contrações dolorosas causadas pelo seu riso. Uma vez tendo controlado, sua palavra se dirigiu novamente a ele.
— Não leve o que eu disse a sério haha! Eu só pensei que, por você ter aceito meu pedido de amizade tão rápido, eu poderia brincar um pouco.— Não deixou de ser cômico o suspiro de alívio do garoto e seu rosto torcido em indignação logo após.
Foi um bom passo para começarem a se falar. Nos poucos minutos que passou primeiramente com ele, você conseguiu fazer com que falasse um pouco mais aberto. Você chegava a brincar para ver se o mesmo entrava no embalo.
Hyung Suk sentia algo novo, mesmo que parecesse meio falso, sentia que, pela primeira vez, tinha feito amizade. Foram-se tantos anos da sua vida sem ter ninguém como você.
Pena que tudo o que é bom, dura pouco. Vocês ainda estavam tranquilos. Já haviam acabado de lanchar. A dupla conversava com mais energia agora- somente até o ponto de um grupo de caras invadirem o terraço.
Estavam barulhentos e fumavam enquanto diziam merdas. S/n só não contava com quem viria logo a seguir.
As garotas mesquinhas da sala e a garota que ordenou Hyung Suk a chamar alguém.
— Já falei pra não fumar essa merda perto de mim.— Dizia a mais provida de beleza do grupo, a mesma que gostava de dar ordens.
— Dá um tempo.— O maior entre eles pestanejou, mas logo se deu por vencido e atirou fora sua bituca de cigarro.
Você se sentiu como um imã de coisas ruins. Não deu o tempo de vocês pensarem em sair dalí e as garotas já haviam visto vocês dois, logo apontando em sua direção. Era o que faltava. Todos tinha um ar ameaçador quando estavam juntos, parecido com hienas. Hyung Suk estava pronto para sair dalí e puxar você, mas você o segurou firme no lugar e esperou eles chegarem para ver o que queriam.
Não é como se estivessem devendo um agiota para fugirem desse jeito.
Finalmente estando cara a cara. O maior dentre todos se pronunciou.
— Então você é a novata estrangeira.— O mesmo sorriu ladino. Você se controlou ao máximo pra não mostrar sua cara de nojo para essa expressão dele. Ele fedia a tabaco e estava bastante suado, então sua concepção sobre a imagem dele não se tornou nada boa.
— Eu mesma.— Disse em tom firme S/n. Sua mão ainda estava na mão de Hyung Suk, então você podia sentir sua frieza e tremeliques. Parecia vara verde.
— Fiquei sabendo por aí que tava colocando panca na sala de aula para cima das meninas...Procede a informação?— Ele estava perigosamente próximo de você e ao fundo se escutava a risada dos outros.
— Não procede, quer saber o porque?
Ele levantou uma das sobrancelhas. Não acreditava na audácia que ela estava tendo. No mínimo, esperava sua cabeça baixa, um sim e um pedido de desculpas bem vergonhoso.
— Porque suas meninas estavam incomodando meu amigo quando ele simplesmente estava conversando comigo. Acha justo alguém te bater simplesmente porque se incomoda com sua conversa?
Ah, se nesse momentos se pudesse ler mentes. Mentalmente Hyung Suk deveria estar implorando para você se calar e saírem dali e você em como arrumar um revólver rápido se aquele cara fizesse uma gracinha.
— Não concordo com o modo preconceituoso que uma delas me tratou também. Você deveria rever suas amizades- Ah, espera, você deve ser da mesma laia também, isso explica muito coisa.
Um estalo seco se ouviu após sua fala.
Seu ouvido esquerdo zumbiu. Por que ficou tonta do nada? Foi tão rápido o golpe que foi incapaz de ligar os pontos ao redor? Sua mão descansou em sua bochecha que começou a inchar logo após o ataque. Você olhou enfurecida para ele, mas não perdeu sua razão.
— No fim das contas não é tudo verdade? Estrangeiros nem pessoas de verdade são. Olha esse seu rosto estranho e esses olhos. É nojento haha! Ah...Porquinho.— Ele olhou rápido e com desprezo para Hyung Suk.— Me espere na frente do ginásio e leve meu uniforme.
Mais uma vez ele sairia dalí, mas a deixando sua mão agora. Não contente, você o segurou mais firme e não o deixou ir.
— Com que direito?— Você perguntou.
— Hum?— O grandão olhou sem entender o que você ainda queria fazendo isso.
— Nem o meu pai me bate no rosto, quem dirá um moleque como você.
S/n estava a beira de um colapso. Isso piorou quando ele começou a rir com deboche e sua turma o acompanhou.
— E o que vai fazer? Chorar?— Ele estava pedindo para você imaginar todos os tipos possíveis de estratégias para sua morte.
— Eu não terminei.— Seu olhar estava banhado em braza. O calor de sua raiva não poderia a dominar ou então perderia a total razão e algo pior aconteceria.— Vai ser a última vez que você encosta a mão em mim, vai ser a última vez que vocês vão intimidar ele. Uma coisa que eu odeio em moleques fodidos como vocês, é esse temperamento merda e modo como tratam os outros como animais como se estivessem em uma hierarquia. — Dessa vez você soltou a mão de Hyung Suk e deu um passo a frente para mostrar que tinha peito para encarar aquele otário.— Eu levo o nome de cada um que está aqui e abro b.o contra todos.
Nesta última fala, as malditas risadas começaram de novo.
— Podem rir, mas eu prefiro ser racional. Podem esnobar achando que não vão ser presos por serem de menor, mas uma boa remuneração perante a justiça eu vou poder conseguir. E não pense que sairá do bolso de vocês, e sim de seus pais. Imaginem! Verem que seus filhinhos são só um grupo de vadias e valentões que intimidam pessoas no colégio. E não pensem que pare por aí. Eu vou fazer de tudo para acabar com a vida de vocês se continuarem a passar da linha.
— Era para ser uma ameaça?— Perguntou uma das meninas.
— Não, considere um aviso. Porque eu vou garantir um futuro pra vocês onde vão se encontrar vendendo drogas ou se prostituindo até a morte. Na minha palavra vocês podem confiar.
Você estava falando tudo da boca pra fora, mas essas palavras fizeram cada um que estava alí sentir sua espinha arrepiar quando seu olhar se mostrou vazio ao dizer.
— Tch! Vamos embora.— O cara que até então tinha lhe esbofeteado e feito pouco de você, se virou e saiu dalí com o restante.— Venha, porco!
— Ele não vai!— Aquele cara parecia um cachorro louco e enraivecido ao olhar para você e seus dentes se serrarem visivelmente.— Se fizer alguma coisa com ele e eu souber, podem esperar que eu vou colocar em prática tudo o que falei! Eu não sou brasileira atoa!
Uma das meninas se virou e demonstrou espanto. Dava pra ler em sua face a surpresa que teve. Provavelmente o fato de citar que era brasileira a assustou um pouco? Não, bobagem. Em sua cabeça jamais passaria que esse tipo de coisa séria suficiente para amedrontar alguém.
— Não fode! Você é mesmo do Brasil!?— Mas parecia sentir um leve engano no que pensou depois de ouvir esta pergunta sair da boca dela.
— Vamo, caralho! Com certeza ela só tá blefando.— O garoto puxou uma mexa do cabelo dela e recebeu um empurrão como moeda de troca pelo incômodo causado de sua parte.
— E se for verdade!? Ela pode ter ligação criminosa com vários por aqui! Ela pode até mandar nos matar! Lembra de como é o Brasil!!? E SE ELA FOR NAMORADA DE UM MAFIOSO!?
Okay, de todas as coisas a se pensar, essa foi a mais absurda, porém, a de maior ajuda. Com certeza, com um pensamento destes, ela não voltaria a importunar vocês durante um bom tempo com o seu grupinho. Também não os culpava por pensar assim, afinal, foi você quem implantou a tal ideologia sobre ser uma estrangeira brasileira na cabeça deles.
— Cala a boca, é só não mexer mais com ela.— Findando o surto daquele grupo, eles se foram.
Você suspirou e caiu sentada no chão, sentindo o cansaço pairar sobre seus ombros e um peso estranho surgir em sua consciência.
— Desculpe por não poder te proteger ou dizer algo.— Pela primeira vez, depois de tensos minutos, ele abriu sua boca para dizer alguma coisa. Ele se sentou ao seu lado e manteve seu olhar baixo sem ousar por um segundo sequer a olhar na face.— Mas você não precisava fazer isso, você só arrumou um inferno particular, agora eles não vão parar.
— Aah...— Você suspirou pesado.— Não liga, Hyung Suk. Eu sei bem como é passar por isso, ninguém é de ferro. Eu só quero que me faça um favor...— Fitando seriamente para ele, tornou a falar.— E olha nos meus olhos quando eu estiver falando com você.
Esse foi o primeiro comando em sua vida escolar que Park Hyung Suk não exitava em obedecer.
— Nunca se submeta a ser tratado pior que um cão, você me entendeu? Tudo tem seu limite e você tem que saber demarcá-lo.
Ele se calou por instantes, mordeu seu lábio com receio, mas logo firmou sua postura e o olhar.
— Certo! Eu juro nunca mais te deixar na mão em momentos assim e impedir ao máximo que esse cenário se repita novamente!
— Tá aí! Eu gostei dessa sua fala firme! Haha! — Vocês trocaram soquinhos e deram risadas, mas que logo foram cortadas pela preocupação do garoto por ver sua face mais inchada.
— Vamos na enfermaria...— Aconselhou.
— Sinceramente, como aquelas garotas conseguem andar com caras daquele jeito.— Você recebeu auxílio de Hyung Suk para levantar-se, mas logo sentou-se a beira do prédio, assim o fazendo a olhar confuso.— Vamo esperar o recreio terminar. Não quero andar com essa cara inchada num corredor movimentado.
Ele sorriu, porém não deixando sua preocupação de lado, assim sentando com você e apreciando a vista do térreo e as pessoas que por lá passavam.
Que bela maneira de arranjar uma amizade.
Continua...
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