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#107 Sem Limites, de Niel Burger (2011)
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Um dia eu li que apenas usamos uma pequena percentagem dos nosso cérebros. Muitos podem especular os benefícios de poder usar uma percentagem maior do cérebro. É o que faz o diretor Neil Burger fez em Sem Limites (Limitless), filme interpretado por Bradley Cooper e com Robert De Niro.
Cooper interpreta Eddie Morra, um escritor de livros fracassado, desleixado e com poucas habilidades sociais, além de exagerar um pouco na bebida. Apesar de sua inaptidão, ele consegue um contrato para escrever um livro. A única coisa que não consegue fazer é realmente escrever o livro.
Até que ele cruza com o irmão de sua ex-mulher que lhe oferece uma coisa. Uma pílula que permite que ele use todo o seu cérebro. Ele fica inteligente o suficiente para saber que tem que limpar seu apartamento. Além disso, ele começa e termina de escrever seu livro, vence as partidas de pôquer, fascina todas as pessoas que encontra e ainda por cima vira uma espécie de guru da nova era da bolsa de valores. Basicamente, de um fracassado ele passa a ser praticamente um rei.
Sua ascensão o leva até Carl Van Loon (Robert De Niro), um empreendedor e provavelmente um dos homens mais ricos do mundo. Ou pelo menos do filme. As coisas complicam um pouco por causa do problema do estoque das drogas estar acabando justo quando ele está para fechar um acordo com Van Loon. Além disso, ele deu um comprimido para um perigoso agiota que gostou de ficar inteligente e agora fica fazendo chantagem para conseguir mais comprimidos. Como seu fornecedor não tem condições de fornecer mais, ele tem que dar do seu próprio estoque.
O filme foca muito no fato de abrir novas áreas do cérebro fazendo que a pessoa, na verdade, lembre de tudo que viu, ouviu ou leu em sua vida. Desde sua infância. Não é sobre inteligência, é sobre memória. O que me confunde um pouco. Ele faz muito dinheiro na bolsa de valores, e se tudo que ele leu na bolsa estivesse errado? Ou ultrapassado? E se até mesmo fosse uma mentira? Ainda assim ele conseguiria ganhar dinheiro? E se for tudo sobre informação, uma pessoa tendo um acesso a um dos maiores banco de dados do mundo, o Google, não conseguiria o mesmo efeito?
Eu sou e muitos outros (pode ser você também que está lendo) é como Eddie Morra. Eu sei muita coisa sobre tudo, só esqueci a maior parte. O filme é como nosso cérebro, apenas aproveita uma percentagem muito pequena do seu potencial. Há até mesmo um subplot sobre assassinato que não leva o filme a lugar nenhum e que não tem sequer conclusão. Talvez um dia, o tema seja melhor aproveitado.
Sem Limites está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#106 Eu, Daniel Blake, de Ken Loach (2016)
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Ken Loach nunca foi sutil em seus posicionamentos políticos, muito pelo contrário. Ao longo da carreira de meio século, o diretor britânico sempre usou suas produções para expressar indignação perante aos males sociais no Reino Unido e defender avidamente as minorias. Com o vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) não foi diferente. Em uma trama relevante e emocionalmente inquietante, Loach mostra que, aos 80 anos de idade, nunca esteve em tão boa forma.
O filme conta a história de Daniel Blake, um carpinteiro de 59 anos que, após sofrer um ataque cardíaco, é proibido por sua médica de voltar ao trabalho. Por não ter mais uma renda mensal, Daniel solicita o benefício financeiro ao trabalhador a que tem direito, mas esbarra constantemente na burocracia dos órgãos governamentais. Um dia, ele conhece Katie, a mãe solteira de duas crianças, que se mudou recentemente para Newcastle por não conseguir se manter financeiramente em Londres.
Embora se passe no nordeste da Inglaterra, é praticamente impossível não se identificar com o drama enfrentado pelo protagonista. O absurdo na interação entre ele e os representantes do Estado é tão próximo e real que o espectador não tem opção a não ser ficar do lado de Daniel. Não que este não mereça a nossa empatia. Neste ponto, o comediante de stand-up Dave Johns se mostra uma decisão acertada para o papel ao retratar Daniel como um homem justo, trabalhador e orgulhoso.
Para este filme, Loach retoma a parceria de longa data com o roteirista Paul Laverty. Juntos, eles são inteligentes ao explorar aquilo que Johns tem de melhor, o humor ácido e crítico que, quando empregado pelo roteiro, é extremamente eficiente em dosar as crescentes frustração e revolta vividas por Daniel em ver seu problema cada vez mais longe de ser resolvido, algo com o qual certamente podemos nos identificar.
Com Eu, Daniel Blake, Loach reivindica mais uma vez um tratamento humano para aqueles considerados apenas estatísticas. O diretor escancara o cinismo de um sistema que não só culpa seus cidadãos não privilegiados pela situação socioeconômica em que vivem, como cria benefícios tão difíceis de conseguir que, na prática, se tornam inexistentes. ASSISTAM!
Confira o trailer do filme abaixo:
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#105 Maníaco, de Franck Khalfoun (2012)
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Muitos podem não saber, mas esse filme é a refilmagem de um clássico dos anos 80, Maníaco (Maniac). Eu nunca assisti o original - de fato, nunca tinha ouvido falar dele antes -, mas depois de uma breve pesquisada, descobri que o enredo de ambos os filmes é a mesma. Então podemos descartar aquele tipo de remake que apenas de aproveita do nome do original, reformulando completamente a trama.
A história gira em torno de Frank, um homem que vive numa antiga loja de manequins em Los Angeles, que pertencia à sua mãe. Ele se dedica a restaurar os manequins acrescentando-lhes um toque especial: o couro cabeludo que ele próprio escalpela de mulheres reais. Sua obsessão convive em meio a lembranças da mãe, que o atormentam constantemente. Solitário, Frank acaba criando uma relação muito próxima com Anna, uma jovem fotógrafa que lhe pede ajuda para uma performance. A medida que seus sentimentos pela moça cresce, Frank percebe que seus impulsos se tornam cada vez mais incontroláveis. Muitos filmes - e até mesmo séries - relacionados a seriais killers têm sido lançados nos últimos tempos, mas, provavelmente, esse é um dos mais brutais e chocantes. Independente da performance do original, esse remake é certamente muito bem conduzido, com cenas impactantes e bastante tensão. Há tempos não vejo um filme com um assassino tão implacável e violento. Aliás, nos ainda temos a chance de nos conectarmos com o seu passado através de flashbacks e entendermos o que o levou a atacar garotas inocentes pelas ruas da cidade. Pode parecer clichê, mas problemas na infância são sempre ótimos motivos para transtornos futuros. Um grande diferencial apresentado nesse filme é em torno da posição da câmera. Ela sempre apresenta a visão do assassino. Frank está em todas as cenas mas só podemos ver o seu rosto em alguns poucos momentos. Apesar de ser original e uma boa sacada, a ideia se torna cansativa ao ser conduzida até os créditos finais. A técnica tem seus furos e pode ser um tiro no pé. Não há surpresas em torno dos ataques do assassino, porque sempre sabemos exatamente onde ele está, o que já tira metade do suspense.
Muitos podem se irritar com o final, que seguiu um caminho previsível, mas ainda acabou ficando abaixo do esperado. O “confronto final” poderia ter sido melhor desenvolvido. Porém, as últimas cenas são muito interessantes e funcionam como uma espécie de justiça poética. Se você gosta de filmes violentos e seriais killers, pode assistir com segurança, porque não vai se decepcionar. Agora, se você é mais sensível e não está acostumado com algo muito brutal, é melhor procurar outra opção... ou se preparar para diversas facadas dolorosas.
Maníaco está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#104 Ex_Machina: Instinto Artificial, de Alex Garland (2015)
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Você já parou para pensar até que ponto você deixa a tecnologia controlar a sua própria vida?  Essa é uma das principais perguntas que movimentam a trama desse longa independente que começa com Caleb, um programador avançado, descobrindo que foi o vencedor da loteria realizada na empresa onde ele trabalha. O grande prêmio é passar uma semana na casa totalmente isolada do seu chefe, enquanto ele está testando uma revolucionária tecnologia de inteligência artificial.
E acredite que essa é só a ponta do iceberg de uma ficção científica que usa alguns aspectos futuristas para fazer a sua própria análise do nosso tempo, principalmente na relação estreita que o homem mantém com a tecnologia. O roteiro, escrito pelo iniciante e promissor Alex Garland, explora esse lado de forma segura, responde seus questionamentos iniciais aos poucos e encontra espaço para críticas a nossa dependência e a nossa ingenuidade quando se trata de novas tecnologias.
No entanto, Ex_Machina: Instinto Artificial (Ex-Machina) é muito mais do que uma simples ficção científica. Na verdade, o filme é um suspense extremamente inteligente sobre a paranoia e a manipulação da ciência, da tecnologia e do próprio ser humano. E é exatamente nesse terreno que o roteiro de Garland encontra mais espaço para crescer e adicionar muitas camadas de tensão durante o desenvolvimento do filme.
A maneira como ele constrói, paralelamente, uma espécie de disputa velada entre os dois protagonistas e entre o homem e as máquinas permite que o roteiro divulgue novos detalhes de uma maneira bem homeopática e se sustente através de reviravoltas brilhantemente posicionadas, prendendo assim a atenção do espectador cada vez mais até chegar ao encontro de tudo isso em um clímax poderoso. Infelizmente, o final se alonga um pouquinho mais do que deveria e o momento em que esses confrontos deixam de ser apenas sugestões para ganhar forma tira um pouco da força do que estava sendo desenvolvido, por mais que as resoluções façam total sentido dentro do contexto trabalhado.
Isso só não prejudica o filme, porque Alex Garland também faz um trabalho visual bem interessante como diretor e compensa alguns do seus pequenos tropeços no texto. É muito interessante observar a maneira como ele usa a própria tecnologia para contar algumas partes da história e controla os movimentos de câmera de uma forma calculista para criar um jogo de ilusões cheio de cenas realmente tensas.
Entretanto, o que mais chama atenção nesse trabalho do diretor é a maneira como ele consegue controlar o ritmo do filme, que se desenvolve de uma forma bem lenta sem deixar o público perder o foco. É claro que parte desse mérito, como eu já disse, está em um roteiro que consegue apresentar novidades de forma pontual, mas os movimentos de câmera calculados, o uso dos espelhos, a fotografia, a direção de arte e a edição são muito importantes na hora de dar vida aos cenários e criar as cenas mais intensas.
A união entre esse ótimos trabalhos resulta em um filme tenso, inteligente e muito surpreendente. Ex-Machina tem a incrível capacidade de prender o seu público dentro de uma história forte, usar somente diálogos para criar um clima diferenciado e ainda trazer à tona questionamentos muito importantes para os dias de hoje. Não é perfeito, mas é filmaço que merecia ter tido um reconhecimento maior e um lançamento nos grandes cinemas.
Ex_Machina: Instinto Artificial está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#103 Sinistro – A Maldição do Lobisomem, de William Brent Bell (2013)
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Apesar da onda maçante de filmes envolvendo vampiros, as produções que envolvem os seus rivais da natureza – os lobisomens – não ficam para trás quando o assunto é variedade. Ainda que em menor quantidade, até porque um enredo deste tipo requer uma produção considerável, esses metamorfos da lua cheia têm ganhado atenção em produções independentes. Nos últimos anos, destaca-se Sinistro – A Maldição do Lobisomem (Wer), Wolves e WolfCop, três filmes com tons muito distintos, que chamaram atenção suficiente para entrar em nosso mundo.
Na história de Sinistro – A Maldição do Lobisomem, após o assassinato brutal de uma família americana em férias na área rural da França, um homem peculiar que vive perto da cena do crime é cegamente acusado pelos assassinatos. Acreditando que seu cliente é inocente, a advogada de defesa americana Kate Moore e sua equipe decidem fazer uma abordagem científica, a fim de provar a incapacidade física do homem para as autoridades locais. Conforme ela investiga sua enigmática história familiar, ela descobre evidências que sugerem o renascimento inesperado de uma lenda. Quando um banho de sangue tem início, Kate deve fazer tudo o que puder para sobreviver ao terror que se segue e impedir que o caos se espalhe.
A primeira coisa a se destacar neste filme é que não estamos lidando com um found footage, apesar de a câmera tremer tanto quanto em produções deste segmento. Isso pode incomodar muita gente, e até fazer com que o filme fique com uma cara mais amadora, mas há um determinado estilo, que é mantido durante todo o longa por parte da direção, que parece lógico. É como se acompanhássemos toda a história através dos olhos de uma testemunha onisciente, algo muito parecido com o que vimos no uruguaiano A Casa.
Um dos maiores acertos deste filme é o modo como o enredo trata a história do lobisomem e sua transformação. Desde o começo, acompanhamos um personagem que, acredita-se, é afetado pela luz da lua cheia, tornando-se uma criatura fora de controle. O ângulo científico com o qual é desenvolvida a história é realmente algo novo. Fora isso, não há muita coisa diferente em torno da mitologia do lobisomem deste filme e o que conhecemos popularmente. Mas é justamente esta pesquisa em torno dos efeitos que a “maldição” causa ao corpo humano que destaca este filme de tantos outros lançados ultimamente.
Muitas pessoas não irão gostar do desfecho do filme, que fica aberto e com a possibilidade de diversas interpretações. Mesmo com a reportagem final, nada fica claro a respeito do que realmente aconteceu depois que o filme terminou. Poderia ter se encerrado de uma forma mais inteligente, mas isso ainda não consegue tirar o mérito e a originalidade do filme. Gosto muito de ver como o roteiro não se prendeu a um pequeno grupo em algum lugar isolado, fazendo uso da polícia para caçar a fera e repórteres para disseminar a informação. É uma pena que não se aprofundaram nos efeitos da mídia em torno de um evento que, até então, poderia ser considerado extraordinário. Apesar do fato de que algumas coisas poderiam ser melhores, recomendo este filme justamente por sair do lugar comum, apresentando um novo ângulo em torno de um ser que já foi cansativamente explorado.
Sinistro – A Maldição do Lobisomem está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#102 O Primeiro Amor, de Rob Reiner (2010)
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Clássicos como Meu Primeiro Amor e ABC do Amor enfeitam nossas prateleira e nos fazem rir e emocionar ainda nos tempos de hoje. Em época que não se captura mais a magia de uma das épocas mais inesquecíveis das nossas vidas, o diretor Rob Reiner retorna no filme O Primeiro Amor, tornando-o, desde já, um clássico do gênero.
O Primeiro Amor conta o relacionamento entre dois vizinhos e colegas de escola, a menina Juli e o garoto Bryce, dos 7 aos 13 anos. Juli apaixona-se instantaneamente por Bryce assim que o caminhão de mudança chega ao bairro; Bryce demora seis anos para descobrir a garota inteligente, generosa e linda que Juli é e, finalmente, sentir o mesmo amor. A história é contada do ponto de vista de ambos, alternadamente, criando aos poucos o universo interior dos dois, e a evolução de atitudes de meninas e meninos com relação ao sexo oposto.
O que torna O Primeiro Amor um filme tão peculiar e diferente é a maneira como Rob Reiner resolveu contar a história. Somos introduzidos ao filme pelos pensamentos e olhos de Bryce (Callan McAuliffe) e depois as mesmas cenas que são mostradas pelos olhos e pensamentos de Juli (Madeline Carroll).
A história vai e volta e, as emoções e os sentimentos dos dois personagens são relatados nas mesmas cenas, mostrando a visão do menino e da menina no filme. Se fosse nas mãos de outro diretor, O Primeiro Amor passaria a ser uma obra cansativa e desinteressante, no entanto nas mãos experientes de Reiner o filme se torna uma obra deliciosamente delicada e divertida de se acompanhar. Adaptar a história para os anos 60 é outro ponto forte do filme. Levar o público de volta para um ano mais 'charmoso', torna a trama mais gentil e apreciável.
O que prevalece no final do filme é simplesmente a descoberta do primeiro amor. Apesar das constantes dúvidas que os personagens possuem, o amor é assim mesmo: simples e complexo, cheio de antônimos e sinônimos.
O Primeiro Amor está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#101 Extermínio, de Danny Boyle (2002)
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Eu gosto simplesmente da ideia de jogar um homem sozinho no meio do caos, e ele ser perseguido por um bando de maluco esfomeado. Claro que existem referências aos clássicos de George A. Romero e outras obras do gênero, mas podemos dizer que Extermínio (28 Days Later) mais influenciou do que foi influenciado. O remake de Madrugada dos Mortos, de Zack Snyder (um dos poucos filmes bons do diretor, diga-se de passagem), que o diga.
Jim (Cillian Murphy) acorda peladão no maior estilo Milla Jovovich, na franquia Resident Evil e descobre que Londres foi pro saco. Tudo está destruído e a maioria das pessoas foi contaminada com um vírus da raiva feroz (desculpe o trocadilho). Jim encontra um grupo de outros sobreviventes e eles tentam escapar juntos da ameaça.
Para os iniciados em The Walking Dead, é praticamente impossível não olhar para Selena e lembrar logo de Michonne. Especialmente porque Selena é cruel com os inimigos e costuma andar acompanhada de um enorme facão. Ela é apresentada desta maneira para ir se revelando uma pessoa mais frágil e deixar uma margem para a investida romântica de Jim. Na maioria das vezes em que os roteiristas tentam enfiar romances no meio de filmes como Extermínio, o resultado é uma merda. Para a alegria geral, o romance de Jim e Selena é desenvolvido naturalmente. Sem pressão. E o espectador torce para que eles consigam escapar com vida e ficar juntos.
O elenco também conta com o experiente Brendan Gleeson, que interpreta a figura paterna que Jim precisa. Ele é carinhoso, responsável e cuida para que os personagens consigam escapar da cidade com vida. Christopher Eccleston (9º Doctor!), parceiro de Danny Boyle em Cova Rasa, dá as caras como outra figura paterna para Jim, mas desta vez representando a autoridade e imposição.
O roteiro de Alex Garland possui diversas passagens expositivas, com diálogos contando para o espectador o que está acontecendo. Esse probleminha (que incomoda tanto algumas pessoas inteligentes e passa tão batido para outras menos exigentes) é compensado com diversas rimas interessantes. Extermínio é uma obra sobre o medo e a solidão. No primeiro ato, Jim acorda e se descobre sozinho no mundo. Pouco depois, quando os personagens estão acampando, ele tem um pesadelo e acorda acreditando que foi abandonado. E por fim, no terceiro ato, ele acorda mais uma vez, mas agora ele têm segurança e aguarda pelo resgate.
Se você ainda não assistiu a Extermínio, e se for um fã de zumbis, tente corrigir isso o mais rápido possível. Além de oferecer uma interpretação diferenciada dos mortos-vivos, o longa-metragem possui todos os elementos que fazem Danny Boyle ser um dos grandes cineastas da atualidade: o uso de uma trilha sonora forte em momentos chave, aliados com uma montagem ágil e um ritmo alucinante. E tudo misturado com muito sangue, e babas, e essas coisas que a gente gosta de ver em filmes de zumbis.
Extermínio está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#100 Quase Famosos, de  Cameron Crowe (2000)
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Mesmo sem formação profissional para trabalhar como jornalista, um garoto de apenas 15 anos acompanha uma banda de rock em sua trajetória e assim o longa enfatiza a verdade no mundo dos famosos e a experiência de vida que o protagonista adquiriu nesse tempo.
O escritor e diretor Cameron Crowe foi bem detalhista e aprofundou bem nas bandas da época, tal competência resultou no Oscar de melhor roteiro. A combinação de imagens com trilhas dos próprios astros citados é destacável. Ele também não se esqueceu dos fãs, que no longa metragem são mostrados como grande importância para os grupos musicais.
Os atores escolhidos se encaixaram perfeitamente em seus personagens, estilo, linguagem, posto, tudo bem trabalhado, da parte de atuação do grupo de rock, o que sai na frente é a forma como eles interagem entre si, brigas, decisões, todos os detalhes que realmente acontecem na vida real.
No contexto geral do filme, é reforçada a ideia de fazer o que temos vontade, que com o esforço muitas oportunidades aparecem e essas que irão mudar a nossa vida para melhor. A maneira como tudo é mostrado, cada detalhe importante, fases da vida do jovem jornalista que alcançou seu objetivo, motiva para todos fazerem o mesmo.
Quase famosos é um filme perfeito, tanto em estética, linguagem, proposta, quanto em coração. Assistam!
Veja o trailer do filme abaixo:
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#99 O Cérebro que Não Queria Morrer, de Joseph Green (1962)
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Assistindo ao filme Close To God, e principalmente pelo seu desfecho, esse humilde ~escritor~ não poderia deixar de lembrar do filme O Cérebro Que Não Queria Morrer (The Brain That Woudn’t Die) que assombrou a minha infância: uma cabeça que é mantida viva em um sinistro laboratório por fios, elétrodos e um misterioso soro - assista ao filme completo abaixo.
Na época não consegui assistir ao final do filme que passava na TV: quando a monstruosa criatura (um experimento mal sucedido do cientista) escapou de um armário para matar a todos, saí correndo para o banheiro com uma baita dor de barriga de medo! Close To God fez-me lembrar do filme daquela sequência final a qual não consegui assistir. Alguns anos depois resolvi rever o filme e, finalmente, encarar a sequência final.
O filme é uma verdadeira cápsula do tempo de uma época onde thrillers psicológicos se misturavam com sci-fi sobre estranhas criaturas e o medo do progresso científico acelerado pelo impacto dos primeiros transplantes de órgão humanos. Essa atmosfera criou um fértil campo para filmes hoje cultuados.
Visto em perspectiva, O Cérebro Que Não Queria Morrer é uma pérola cinematográfica por nos anos 1960  por levantar questões que atormentavam as pesquisas em Inteligência Artificial desde aqueles tempos: mas afinal, o que é a consciência humana? Ela reside unicamente no cérebro, podendo o restante do corpo ser eliminado? Ou o corpo na sua totalidade tem consciência e, por tanto, alma?
Uma questão na época complexa e cheia de sutilezas e que hoje, com o imaginário tecno gnóstico que motiva as neurociências e IA, tudo parece ser resolvido com o projeto das Cartografias da Mente: a consciência poderia ser traduzida em bytes e, num futuro próximo, poderíamos fazer um upload final do nosso Eu para uma rede bioeletrônica, conquistando a vida eterna.
Além disso esse cult dos anos 1960 faz um irônico comentário sobre a erotização da indústria do entretenimento e a transformação da mulher em um boneco erótico consumista: onde mais um cientista procuraria um novo corpo para a cabeça da sua noiva? Em boates com shows eróticos e concursos de modelos.
Se metaforicamente tanto os espetáculos eróticos como os estéticos nos desfiles de modelos transformam seres humanos em objetos sem individualidade que entregam-se ao voyeurismo dos espectadores, no caso do olhar do Dr. Bill vai mais além: literalmente ele vê todos corpos como que estivessem sem cabeça. Apenas uma variedade de exemplares sem dignidade humana. Simples objetos para seu experimento científico, um exército industrial de reserva para reposição.
Esse é o perigo do progresso científico sem ética ou moral: de repente a Ciência torna-se um álibi para a satisfação de perversões, destrutividade e dominação. A luz da razão pode também produzir sombras.
Confira o curta no vídeo abaixo:
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#98 Mundo Cão, de Marcos Jorge (2016)
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Dirigido por Marcos Jorge, Mundo Cão é um filme repleto de mistérios que vão precisar de atenção para serem notados na primeira vez que vê o filme. Esse filme e um drama/suspense brasileiro que surpreendeu as expectativas, mostrando que cada vez mais os filmes brasileiros estão sendo melhor produzidos, tendo mais trama destruindo o estereótipo do cinema brasileiro que diz que todo filme brasileiro tem sexo e sacanagem.
O filme consegue retratar muito bem a realidade de uma família brasileira, uma vida tranquila uma vida em andamento, os personagens tem atuações excelentes, exigindo muito trabalho e sacrifício de cada um deles.
Seria um prazer realmente maléfico comentar sobre a atuação dos demais atores porem para comenta-lo precisaria revelar coisas que vocês vão preferir sentir e entrar nos truques do diretor, enfim, o elenco foi muito bem escolhido, escolhido meticulosamente para os personagens para que se encaixassem na historia de forma bem homogênea, na própria coletiva pode se sentir uma alegria e um entrosamento bem grande dos atores presentes.
Vale ressaltar um fator interessante de Marcos Jorge, que ele prefere trabalhar com atores sem experiência de cinema, que foi o caso de Vini Carvalho (João) e Thaina Duarte (Isaura).
Houve uma tensão forte e uma quebra de medos de alguns atores que tem medo de cachorro, foi necessário muito preparo dos cães para que as cenas ficassem o melhor possível e foi feito com sucesso tendo so uma cena em que há uma pequena falta de sincronia do cão na cena, fora isso foi feito ótimas cenas com os cães, algo que para um filme é muito difícil e tanto foi o trabalho desses belos cães que Marcos Jorge insere nos créditos os nomes de cada um dos cães do filme.
Mundo Cão é um filme e extremamente recomendado, não quero ser nenhum “puxa-saco” do cinema brasileiro, mas sim esta melhorando muito, boa produção um bom roteiro, história, alguns fatores previsíveis, sim porém outros nem um pouco. Aproveitem e curtam o filme, e não peçam spoiler valerá a pena.
Mundo Cão está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#97  Filth, de Jon S. Baird (2013)
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Bruce Robertson é um policial escocês corrupto repleto de particularidades. Viciado em cocaína, ninfomaníaco e de uma bipolaridade cada vez mais frequente, ele está de olho numa bem-vinda promoção no trabalho. Para sua sorte, um crime brutal acaba de acontecer e ele foi incumbido da tarefa de desvendar o crime e isso pode ser o trampolim necessário para conseguir sucesso entre os demais concorrentes na corrida pela promoção, ao mesmo tempo em que ativa um jogo de mentiras incontroláveis que joga seus colegas de trabalho um contra o outro numa rede de intrigas. Mas seu passado, uma esposa desaparecida, seus excessos com álcool e bebidas vem a atrapalhar seus planos, deixando transparecer aos olhos de todas as pessoas ao seu redor algumas de suas facetas, tanto por sua gritante falta de noção da realidade, quanto por suas falhas de caráter. Filth é comédia dramática de humor negro que foi escrita e dirigida por Jon S. Baird. Adaptada de um livro de mesmo nome escrito por Irvine Welsh (também autor de Trainspotting), o filme não se censura em mostrar ao seu modo o pior do pior da Escócia em contraste com seus feitos: a televisão, a máquina a vapor, o golfe, o whisky e a penicilina. O orgulho de ser escocês se confronta com a vergonha da trajetória de seu protagonista e resulta numa louca viagem que explora o melhor do mau gosto com uma boa trilha sonora e algumas passagens bem iluminadas pelo conjunto de ideias.
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Filth é sem surpresa a combinação de muito do que já foi feito antes. Portanto sua funcionalidade se deve mais pela competência da sua forma física e narrativa, do que propriamente por sua originalidade. Com traços de Trainspotting, de Psicopata Americano, de A Recompensa e até mesmo de Clube da Luta, essa produção bebe de muitas fontes e se nutre da inspiração alheia para dar o devido embasamento a sua trama de humor e mistério. Ainda que surja como um chocante exemplar de comédia negra (o sexo é tratado como a causa e o objetivo que move o mundo), as drogas legais ou não transbordam em tela sem limites, Jon S. Baird entrega um filme delirante e deveras alucinado. E não apenas pela atuação impressionante James McAvoy (que exagera um pouco mais do habitual em sua performance) e de um punhado de outros atores bem escolhidos que compõem o elenco de apoio, mas também pelo enredo que explora de maneira estilística todas as possibilidades da insanidade em tela alternando o recurso cômico com o apelo dramático que o filme toma a certa altura do desenvolvimento da história. Entretanto, se o filme começa desde sua premissa com o objetivo de ser engraçado ao espectador, que fique certo que seu destino é perturbador em sua essência, trágico por consequência e interessante pelo conjunto (mas McAvoy deixa uma bem-sucedida piada antes dos créditos finais para o agrado daqueles que buscaram essa produção para dar risada).
Por fim, Filth é um filme de ritmo ágil, politicamente incorreto e de poucas surpresas e alguma excelência em sua proposta, que tira do espectador algumas boas risadas e alguma compaixão por seu caótico protagonista que esconde por trás de uma cortina de fumaça de excessos alguns segredos inesperados e tocantes.
Filth está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#96 O Expresso da Meia-Noite, de Alan Parker (1978)
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Depois que se assiste a O Expresso da Meia-Noite (”Midnight Express”) fica-se com um nó na garganta. Não por tristeza, mas talvez por revolta. Inacreditavelmente baseado em uma história real, o filme do inglês Alan Parker é um petardo emocional e sensorial que dificilmente pode ser esquecido ou tido como entretenimento simples e fácil. Se a história do americano Billy Hayes é sofrida e deprimente, ao menos originou um dos melhores filmes de 1978 e talvez o melhor da carreira do cineasta. Billy Hayes, vivido no filme por um impressionante Brad Davis, é um jovem americano de classe média que é preso na Turquia com um carregamento de haxixe. Acusado de tráfico de drogas, ele é preso imediatamente e condenado a seis anos de cadeia, sem dar muitas chances ao advogado contratado por seu pai. Às vésperas de sua soltura, porém, como forma de fazer dele um exemplo aos EUA - com quem não tem a mais amigável das relações - o governo turco transmuta sua sentença para prisão perpétua. Uma vez condenado, Hayes é trancafiado em uma prisão assustadora, violenta e sem muita noção do que significam as palavras Direitos Humanos. Sua única chance de sobreviver ao inferno é fugir com alguns companheiros de cela no que eles chamam de Expresso da Meia-noite, ou seja, um túnel. Para isso, ele terá que testemunhar uma truculência inimaginável em seus dias na América.
Poucas vezes se viu no cinema uma obra tão abertamente brutal como O Expresso da Meia-Noite. Sem medo de chocar e/ou afugentar seu público, Alan Parker mergulha seu protagonista em um buraco de racismo, dor e violência. Para isso conta com o inspirado roteiro de Oliver Stone (premiado com o Oscar): mesmo alterando substancialmente algumas passagens do livro escrito pelo próprio Hayes - as passagens do livro que se referem a sua experiência homossexual dentro da prisão foi deslavadamente modificadas, o que tira um pouco de sua credibilidade, o script do futuro diretor dá a exata noção do pesadelo no qual um jovem saudável, amado pela família e pela namorada é jogado de uma hora para outra. O filme não faz julgamentos morais a respeito de seu protagonista, que no entanto, depois de tanto sofrimento, acaba conquistando a simpatia do público, mesmo longe de ser um exemplo a ser seguido.
Não se pode esperar que O Expresso da Meia-Noite seja um filme para divertir. É cinema sério, de denúncia, mas que jamais esquece de seu principal objetivo: contar uma boa história, com personagens fortes e um roteiro bem estruturado. Contando ainda com uma fotografia opressiva de Michael Seresin e uma trilha sonora de Giorgio Moroder que já tornou-se clássica, é um filme que dificilmente abandona a memória. O único alívio que se tem ao assisti-lo é saber que, mesmo sendo uma história verdadeira, não aconteceu conosco.
O Expresso da Meia-Noite está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#95 O Sanduíche, de Jorge Furtado (2000)
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Jorge Furtado é sem dúvida o cineasta brasileiro que mais profundamente explorou a linguagem do formato curta-metragem. Ilha da Flores é o curta mais lembrado do cineasta e o mais visto na história do cinema brasileiro – considerado pela crítica europeia um dos 100 curtas mais importantes do século passado. Em 2000 Jorge furtado lançou o curta O Sanduíche, unindo experimentalismo e simplicidade e iniciando a sua temática documental e metalinguística sobre as mídias que iria desenvolver de forma cômica nos longas Saneamento Básico e séria em O Mercado de Notícias sobre as mazelas do jornalismo brasileiro atual.
O curta O Sanduíche é um exercício que em narrativa cinematográfica chama-se “narrativa em abismo”: um filme dentro de outro filme e dentro de outro filme e assim por diante. Curta instigante: imagens que, como se estivessem projetadas num espelho, refletem outras imagens de si mesmas.
O curta começa com uma singela cena de separação, que revela-se ser outra coisa. Sempre o final de alguma coisa é o início de outra – encontros, separações e descobertas que procura levar às últimas consequências o princípio metalinguístico de filmes dentro de filmes: um ensaio de uma peça de teatro revela-se um filme dirigido por outro ator que está em outro set de filmagem sendo dirigido por outro até tudo se converter em documentário onde espectadores dão depoimentos sobre porque gostam do cinema.
O Sanduíche vai além da dualidade ficção e realidade, mas como esses dois planos se confundem e se refletem até se tornarem uma coisa só. Percebemos a desconstrução não só da técnica cinematográfica (diretor, gruas, câmeras, refletores, cenários etc.) mas também da própria atuação do ator – não sabemos mais quando vemos o personagem representado por um ator ou um ator possuído pelo personagem.
No fim, Jorge Furtado quer trazer o espectador para a realidade: dos simulacros da tela onde tudo é espelho refletindo outro espelho, cópia da cópia, reflexo de outro reflexo, o curta quer nos conduzir para a mesma realidade onde está o sanduíche – o único elemento do filme que se mantém constante, está sempre lá atravessando todos os planos ficcionais.
Assista o curta no vídeo abaixo:
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#94 Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel (2007)
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O Escafandro e a Borboleta (The Diving Bell and the Butterfly) é um desafio o espectador. Durante seus primeiros trinta (talvez mais) minutos, não vemos o rosto do protagonista. Num clássico filme de doença, passado quase que inteiramente dentro de um hospital, Janusz Kaminski reiventa o que se chama de fotografia, assumindo não apenas o ponto de vista de quem conta a história, como transformando sua visão turva e limitada num carrossel de experimentos visuais e sensoriais em que os atores encaram a câmera o tempo todo. Um trabalho impressionante que precisa ser visto para dar conta de sua totalidade.
Em seu terceiro longa, Julian Schnabel radicaliza seu compromisso com o marginal, que ficava mais em seus objetos nos filmes anteriores que dirigiu, Basquiat e Antes do Anoitecer, e leva suas experiências plásticas para a forma como filma. É seu trabalho mais apurado, embora a radicalidade do primeiro ato seja abafada depois de uma reviravolta, espertamente justificada no roteiro, tornando o filme mais convencional e talvez mais palatável para um espectador que busca apenas uma bela história. Afinal, o filme é sobre um editor de uma revista que sofre um derrame, perde os movimentos, mas consegue escrever um livro.
Mesmo assumindo esse lado mais clássico, Schnabel adota alguns métodos que deixam O Escafandro e a Borboleta diferenciado dos outros exemplares de seu ‘gênero’. Primeiro, Ronald Harwood, que escreveu aquela ode à tristeza que é O Pianista, não apenas adaptou o livro de Jean-Dominique Bauby, como tentou capturar seu antes e seu imediatamente depois, rendendo um monólogo aparentemente interior que ganha a cumplicidade do espectador, o único capaz de ouvir o personagem principal, o que cria uma intimidade silenciosa.
O segundo grande trunfo é como, apesar de bastante delicado e inevitavelmente entristecido, o filme tem um enorme senso de humor, com Mathieu Amalric fazendo piadas sucessivas sobre a condição de seu personagem e todos que o cercam. Um grande trabalho de interpretação, por sinal, já que o ator só tem diálogos em flashback, mas se desdobra para dar conta da complexidade do protagonista. O restante do elenco, cujas performances são quase que sempre uma conversa com a câmera, também é desafiado, com Emmanuelle Seigner e, principalmente, Marie-Josée Croze sendo as melhores em cena.
Entre o filme de doença e o experimento cinematográfico, Julian Schnabel conseguiu um meio termo bastante equilibrado. Um filme inteligente, que tenta trazer um algo novo e que, ao mesmo tempo, é uma homenagem singela que talvez mereça uma estrelinha a mais.
O Escafandro e a Borboleta está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#93 O Predestinado, de Peter Spierig e Michael Spierig (2014)
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Para quem ainda não assistiu O Predestinado (Predestination), recomendo assistir sem saber nada, sem ler qualquer sinopse ou comentário. Foi exatamente o que fiz e confesso, foi uma viagem surpreendente, que me deixou extasiado durante seus minutos e feliz por finalmente ver uma obra tão diferente, dessa mistura louca de drama, ação, suspense e ficção científica. Uma história tão fantástica que de tantas perguntas que me deixou no final, a mais cruel de todas foi: por que diabos que ninguém está falando sobre este filme ainda?
Um agente temporal (Ethan Hawke) sofre um acidente em sua última missão, quando precisava desativar uma bomba, queimando seu rosto e o desfigurando completamente. Depois de várias cirurgias e com um rosto irreconhecível, ele passa a trabalhar, aparentemente, como bartender. É, então, que no balcão de seu bar surge John (Sarah Snook), que promete lhe contar a melhor história que ele já ouviu, cantando sobre sua difícil infância e todos os percalços que o levaram até ali. Após ouvir tudo, o agente lhe oferece sua própria missão, voltar no tempo, lhe dando a chance de se colocar frente a frente com aquele que arruinou sua vida.
A pequena sinopse que escrevi é absolutamente nada perto da grandeza que o filme alcança, mas preferi fazer uma pequena introdução e não estragar qualquer surpresa que a obra possa oferecer. E digo te antemão, são muitas surpresas. E que surpresas! Fazia tempo em que um roteiro não me surpreendia tanto quanto este, a cada momento, uma nova informação, e a cada nova informação um novo choque. Existem, em seu desenvolvimento, inúmeros pontos de reviravolta e é brilhante como todos funcionam, é de uma inteligência muito rara quando pensamos no atual cenário da ficção científica. Confesso que fiquei de boca aberta por vários instantes, pois simplesmente me recusava a acreditar em tudo o que estava vendo. É uma viagem das boas, que entregam mais perguntas do que respostas, e isso é muito bom, faz o público pensar e refletir sobre tantas coisas. O filme terminou e eu não conseguia pensar em outra coisa, fiquei voltando ao início e indo de volta ao final, tentando juntar as pontas e tentando achar algum sentido nesta trama extremamente confusa e intrigante, daquelas de explodir os miolos e bugar o cérebro.
O Predestinado está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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#92 O Dia Em Que Dorival Encarou O Guarda, de Jorge Furtado e José Pedro Goulart (1986)
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Um dos melhores curtas-metragens de Jorge Furtado (dessa vez, junto com Pedro Goulart). A interpretação do ator João Acaiabe imprimi uma força a Dorival que realmente era necessária para dar crédito a trama e aos feitos do personagem. Além de ser mais uma analogia a ditadura brasileira ou qualquer sistema militar.
A história se passa numa prisão militar onde Dorival está preso, o personagem está a dez dias sem tomar banho e pede a um praça (soldado mais raso que existe) para tomar banho. Ao escutar a primeira recusa, o protagonista do curta começa sua revolução oral que vai importunar toda camada hierárquica da prisão.
O primeiro ponto, um pouco de mau-gosto, mas era a visão do guarda, são as imagens colocadas de King Kong nos rompantes de fúria de Dorival. Essa mistura de ficção com realidade é mostrada também na seqüência do cabo que lê um gibi. A princípio, não entendemos o porquê de um cowboy no meio da história, depois mostra-se que estávamos dentro do ideal do cabo da prisão, que lia a história em quadrinhos de TEX, obviamente crendo ser o mocinho que está livrando a terra dos índios selvagens.
Durante a trama aproveita-se para criticar os soldados que só sabem receber ordens, sem ao menos saber exatamente quais são. Marionetes que não tem vontade própria para abrir qualquer exceção. Em um dos momentos, corta a imagem de Dorival e vai para outra cena com o povo com a bandeira com a palavra “revolução” e é isso que ele representa naquela cela. Ao final descobrimos que realmente os soldados são bonecos que seguem ordens mesmo que elas não existem, simplesmente pelo fato de terem medo de questionar as ordens.
E de um jeito ou de outro, Dorival consegue seu banho.
Confira o curta no vídeo abaixo:
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#91 Star Trek, de J.J. Abrams (2009)
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Um novo começo, este poderia ser o subtítulo do décimo primeiro filme da franquia mais cultuada da ficção científica Star Trek. J.J. Abrams se utiliza de sua principal arma em Lost, a viagem no tempo, para embaralhar e reconstruir tudo aquilo que conhecemos e conseguir um feito inédito. Agradar a gregos e troianos. Por quê? Pelo simples fato de que traz o gostinho saudosista aos fãs que vêem seus personagens preferidos personificados em versões juvenis impressionantemente bem caracterizados, mas cria uma história atual, com efeitos visuais, ação e ritmo que empolga a qualquer cinéfilo interessado em ficção científica. Não é a toa que se tornou um midas de Hollywood, fadado ao sucesso.
Bom, como fã da série clássica, e mais uma vez repito, apenas da série clássica já que a Nova Geração nunca me empolgou, devo confessar que senti falta daqueles roteiros mais inteligentes, onde a trama gerada em torno de enigmas, sem apelar para tantos efeitos especiais. Porém, não sou tolo e entendo perfeitamente que os tempos são outros. A linguagem cinematográfica mudou com a tecnologia e não dá mais para criar filmes de ação e ficção científica sem apelar para explosões, lutas, perseguições e cenas surpreendentes. A destruição de um planeta é algo marcante, que jamais seria possível sem a tecnologia atual.
Os personagens estão todos lá, Uhura, Kirk, Scotty, Spock, McCoy, Sulu e Checkov. Mesmo com a mudança no tempo-espaço, a personalidade de todos ficou intacta, dando a sensação do momento histórico que o espectador está presenciando, mesmo que os personagens não tenham a noção disso. Mesmo, Chris Pine não tendo o charme de William Shatner, sua interpretação do eterno capitão arrogante e impulsivo está convincente. Mas, o destaque é mesmo Spock, apesar dos resquícios de Sylar (da série Heroes), Zachary Quinto encarna a personalidade turbulenta do meio humano, meio vulcano que está sempre entre a lógica e pequenas manifestações de emoções. Nem mesmo quando Leonard Nimoy surge na tela com a frase: "Eu sou Spock", o que causa emoção em qualquer fã do personagem, Quinto não perde sua vez. Ambos, agora, são Spock.
A história em si é conduzida por uma nave romulana que volta ao passado para uma vingança pessoal e acaba embaralhando a história, alterando fatos e matando personagens décadas antes da hora. Cabe aos tripulantes da Enterprise lutar para que eles também não destruam o planeta Terra, reequilibrando o sistema e conduzindo a nova história.
Apenas um comentário final, que acredito não estrague em nada. O filme termina com Leonard Nimoy narrando o texto imortalizado por William Shatner que começava todos os episódios da série clássica. Uma sensação boa de nostalgia que dá abertura para um novo começo de uma saga já imortalizada.
Star Trek está disponível no catálogo do serviço de streaming Netflix até a data desta publicação.
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