Tumgik
bfontes · 12 hours
Text
sempre que saio sozinho eu olho para os lados procurando um amor. eu sei, é bobo, mas eu olho. nunca com o pescoço esticado, voltas em torno do corpo e olhos esbugalhados. é uma olhada tímida, devagar, como se não quisesse nada do mundo. olho para direita, olho para esquerda, depois para o copo na minha frente, e bebo quando não o encontro. é uma mania como outras que tenho: fazer um carinho no pescoço (sim, um autocarinho), forçar a vista para placas de carros, escover os dentes durante o banho e olhar para os lados procurando um amor. você não olha? nem um pouquinho? sei lá, sinto que ele pode estar por perto, prefiro estar atento.
9 notes · View notes
bfontes · 3 days
Text
alguém comentou numa poesia minha "eu todo dia por enquanto", assim, sem vírgulas, sem explicação. mas a gente entende, né? guardei, tem cara de título de um livro, de um texto, de um comentário na poesia de alguém. eu tenho uma dificuldade imensa de mudanças, frequento os mesmos lugares faz anos, não sou da coragem da descoberta, porém eu acabo de mudar de cidade, estou aqui faz vinte dias, e vim pra ser outro, tenho desejo de ser outro, e até agora nada, cometendo os mesmos vícios (e delícias), erros e acertos, ao menos estou perto do mar. vinte dias é pouco, pode crer que a mudança vai vir. essas minhas manias, coração desaforada, escrita pendente, rezas pela metade, corridas curtas. é isso, eu todo dia por enquanto.
33 notes · View notes
bfontes · 1 month
Text
sabe o que eu mais gosto? é que nós demos as mãos, muito antes do meu primeiro beijo.
39 notes · View notes
bfontes · 2 months
Text
eu tenho medo de tudo. tenho pesadelos todas as noites. tenho doenças infantis e pintas que nascem de um dia para o outro. tenho três cicatrizes: uma em cada joelho, uma enorme que cruza o meu pescoço. tomo remédio para os ossos e faço terapia. choro em todos os filmes, todos. fecho livros e sinto falta dos personagens. escuto amigos como se eu soubesse algo sobre a vida. não sei nada sobre a vida. e tenho medo de tudo. de tudo. e escuto discos de blues como se eu fosse um sopro no deserto. sempre que me dizem "eu te amo" eu choro. claro, foram poucas às vezes, porém chorei em todas elas. eu tenho medo de absolutamente tudo. mas eu finjo tanto e tanto, que esqueço que tenho medo de tudo, e só me resta coragem.
escrever ser ler parte 2939.
56 notes · View notes
bfontes · 2 months
Text
quando vi você nem sabia que isso ainda poderia acontecer comigo
essa coisa de amor
76 notes · View notes
bfontes · 3 months
Text
dar as mãos para você foi o meu maior ato de coragem. aceitar os seus dedos e percorrer estrelas com a certeza de um voo em que somente um dos corpos possuía asas. confesso, não me lembro do momento em que você me soltou, recordo apenas do meu corpo perfurando nuvens e de ter gritado algo como "a noite está linda". a noite estava realmente linda, ela não iria mudar por conta de casais confusos, transas ruins, um vizinho chato. ela precisa iluminar um primeiro encontro, motoristas de caminhão e corpos que caem. ela precisa ser bonita em dias que nada mais é. era uma noite linda, é disso que eu gosto de lembrar.
61 notes · View notes
bfontes · 3 months
Text
Eu estava apagando umas fotos do meu celular e encontrei um print de uma conversa com uma ex-namorada. A conversa era de 2017, não faz tanto tempo assim, e não fazia sentido algum, era algo como "amorzinho, você explica pra ela que só temos um sofá e uma cama de solteiro?". Acho que ela estava falando da casa da praia, e eu dei o print para enviar para alguém explicando que a casa só tinha um sofá e uma cama de solteiro. Mas o que pegou foi esse "amorzinho". 2017 não faz tanto tempo assim. O que me leva a crer que não faz tanto tempo assim que eu fui o amorzinho de alguém. Na minha cabeça faz décadas. Esse amor, essa mensagem, essa casa na praia. Eu apaguei a mensagem, não sei, não quero topar com ela de novo, não me fez mal nem nada, só não quero. Quero uma mensagem de hoje, com um amor maior. Pô, bem maior.
41 notes · View notes
bfontes · 3 months
Text
escrevendo sem parar e não ler o que escreveu parte três. hoje uma jornalista me perguntou o que eu desejo para esse novo ano. e eu não sei o que eu desejo, ou eu ainda não tenho desejo, juro, não tenho o nome de alguém, de uma cidade, o valor de uma casa. e isso pra mim é terrível, pois eu necessito estar obcecado pela coisa, seja lá o que for essa coisa, eu funciono assim, subindo pelas paredes. e não é uma doença, só preciso que me tire o sono um pouquinho, ou me tire da cama, é essa coisa de precisar, sabe? típica coisa de quem não passa fome, brincar de conquistar um objeto qualquer. mas eu não tenho, ainda não tenho, e não é algo que você arranca debaixo do chuveiro, precisa trombar em você do nada, num atropelamento, porque a gente nunca sabe o que quer até essa parada pular nos nossos ombros e a gente pensar "porra, era isso que eu precisava" e a gente nem precisava, a gente precisa é desse negócio de ter um desejo. (eu sempre falo "a gente" pra eu não carregar esses sentimentos bizarros sozinho, se virem com isso). e a jornalista ficou sem a minha resposta, ou eu terei que mandar esse texto pra ela, pois no momento eu não desejo nada. claro, tem aquele desejo de miss, saúde para os meus e paz para a humanidade (eu sempre pulo as ondas com uns desejos egoístas, mas eu juro, sempre peço saúde para a minha família, sempre), só que não é disso que tô falando, é papo de amor, grana, sexo, de profissão, de mudança de cidade, de nome, de jeito, dos dentes, do implante capilar, esse objetivo final, para eu poder fracassar em algo esse ano e conseguir responder uma pergunta tão simples.
21 notes · View notes
bfontes · 3 months
Text
Eu não acho que você queira mesmo me ver, sabe? Por isso eu não disse nada hoje. Você prefere quando a gente se encontra e a galera está toda lá, e rola um abraço longo e geralmente dançamos, e é isso, e tudo bem. E no final quase sempre rola um beijo (na última vez não rolou) e a gente troca mensagens dizendo que deveriamos nos encontrar, e que estamos com vontade, e que essa música me lembra você agora. Mas a gente não quer. Você não quer. Nós teríamos ido ao cinema, na livraria, no parque, na droga de uma exposição, e isso tudo numa manhã ou numa tarde, pois sair numa tarde diz tanto, não sei se você percebe isso, ver alguém na claridade, no meio do dia, disposto a dividir um tempo tão importante, com um sol sem vergonha, dizendo que vai ficar tudo bem, ele fará tudo por nós dois. Consigo contar nos dedos as pessoas que eu beijei antes de anoitecer, todas elas foram importantes pra mim. Ontem estive com uma italiana, ela marcou um encontro as dez da manhã, eu achei um absurdo (ao mesmo tempo incrível), como pode essa doida querer topar com o meu rosto antes do almoço, e caminhamos pelo bairro, tomamos um expresso, vimos fotos de indíos em preto em branco numa galeria, almoçamos num lugar caríssimo (e terrível), e procuramos discos raros, e ela meu um deles de presente, pois a nossa moeda não tem valor, ou eu merecia, não sei, mas ela deu, e não eram nem três horas da tarde. Você percebe ou é loucura minha? Não eram nem três horas da tarde, por isso eu sei que ela queria tanto estar ali. Agora ela está em Lyon, sim, ela é italiana e mora na França. E nós aqui, no mesmo país, sem dizer nada. Antes de embarcar ela me enviou uma foto, em que eu estou no restaurante, em frente a algumas plantas, em preto branco, igual aos indíos que haviamos visto. Eu pareço tão feliz, mas eu nunca percebo na hora, só quando me enviam uma foto.
obs. ler depois.
45 notes · View notes
bfontes · 4 months
Text
tem uma coisa em você que me faz ficar
235 notes · View notes
bfontes · 7 months
Text
somente quem anda encarando o chão não se apaixona ao passar por você.
94 notes · View notes
bfontes · 10 months
Text
Se eu procurasse sentido nas coisas jamais teria encontrado você.
65 notes · View notes
bfontes · 10 months
Text
pensei em você o dia inteiro desejei você o dia inteiro e nada disse para que eu nunca perca o seu cheiro nas minha mãos o pensamento fresco e a ilusão de um primeiro amor
72 notes · View notes
bfontes · 10 months
Text
Trabalho todos os dias na mesa em que já deitamos. Pensaste nisso?
14 notes · View notes
bfontes · 10 months
Text
Eu vou indo. Não quer que eu vá para a sua casa? Quero, mas é melhor não, você não suportaria os meus olhos pela manhã, implorando para você ir embora.
33 notes · View notes
bfontes · 11 months
Text
Era domingo quando vi você você atravessando a rua de mãos dadas com um cara em minha direção. No dia seguinte, segunda-feira, eu lançaria um livro novo. Bem, na terça descobri um tumor no pescoço. Todo uma vida em três dias. Falando assim sobre a terça-feira, e esse lance do tumor, parece apenas um detalhe, mas nem foi aí que eu desmoronei, foi um pouco depois disso tudo, até esse momento eu aguentei firme. Dias depois começaria a sequencia de mil exames, aquela coisa toda de tirar sangue. Num desses dias, eu esqueci a minha carteira, e sem a carteira eu não poderia fazer os exames daquele dia, e eu desmoronei. Não foi quando vi você, e lancei o livro, e o tumor resolveu dar as caras, foi quando perdi o controle das coisas que carrego nos bolsos e que tem documentos dizendo, olha, eu sou o Bruno, aqui está provado. Eu chorei tanto. Sério, muito. E estava do lado do meu pai, fazendo o desmoronamento ser ainda maior, confirmando a minha falta de controle. Eu não chorei quando vi você e o cara. Fiquei triste, acho. Pô, mas tava chovendo, era domingo, e eu tava bebendo numa mesa de bar na calçada, tomando alguns pingos, e você atravessou exatamente aquela rua. Mas eu não chorei, na verdade, alguns minutos depois eu estava dançando. Feliz, acho. Mas o lance da carteira é outra coisa, né? É isso que a minha terapeuta vai dizer, que não é a carteira, é esse lance todo das mãos dadas, e o livro, e o tumor, e eu não ser o cara, e a chuva, e eu envelhecendo, as coisas não enfrentadas, tristezas desrespeitadas, e não ser o cara de outra pessoa, sem problemas no pescoço, e que dança com a certeza de que é feliz. Lembrei. Eu dancei muito naquela noite, e tomei uma cachaça de gingibre que eu amo, e fiquei com uma garora linda e nós cantamos alto “O meu pensamento tem a cor de seu vestido... Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?”. Tem até um vídeo, um dia eu te mostro. Então devo ter deixado pra ser triste no dia da carteira, sabe? Eu faço essa coisa de deixar pra depois, com a tristeza então, quase sempre, talvez todo uma vida. Fica fácil colocar a culpa nas mãos dadas ou no problema no pescoço, ou no convênio que eu deveria ter feito, nossa, penso nisso mais do que tudo, e tem o lance do desmoronamento, e é sobre isso que tô escrevendo, desmoronar tem sempre o nosso nome impresso, a cena assistida pelo meu pai, eu ali, despedaçado, chorando criança, pois esqueci a minha carteira em algum lugar, e dói tanto. Reescrever mil vezes. Tentativa de diário número 39239013.
70 notes · View notes
bfontes · 1 year
Text
Na noite já vi michês, copos quebrados, travestis, encontros do tinder, batidas de carro, bloco de carnaval, ex-namorada, navio ancorando, bicicleta de uma roda, glitter, lantejoula, luz piscando, azul, branca e amarela! mas nunca vi uma borboleta.
42 notes · View notes