A Canção do Cotidiano Arcaico
Deixei meu rosto exposto
Em notas privadas no teu diário
Traguei minhas necessidades com a força de um karma
A rejeição sofrida eu derramei gasolina e a incendiei
Por nada, caravelas. Declinem-se nesse mar
Permaneçam à deriva dessas vozes
Enquanto a meia-noite faz outro naufrágio
Para sobrepor teus nomes inconvenientes
Devora o acidente da vida, desfiando Moiras
Com calma à aposta espiritual, um par de pernas
São vielas por onde correm hienas desdentadas
Um sonho estilhaçado, remonta-lo é um desafio
Buquês desportivos inundam banheiros
Um povo amputa o esoterismo do seu vocabulário
A farmácia ocupa todas as pulsões do inconsciente
E amar hoje é mais rígido do que pertencer
Vencer os panos por onde passaram dentes
Dilapidando um deus em troca de isqueiros
Usá-lo como bebida, usá-lo como sentença incriminatória
Esbanjá-lo como um banquete suspenso de convidados
Deixa-me provar o mal por mim mesmo
Expuseram o coração entre voyeurs e punhais
O teu faquir era um xamã que exalava revoltas
Já teus inimigos ceavam teus segredos sem vigília
Tinja a dobra do tempo com sangue
Sem feridas, os frutos ainda secos
As carruagens são tesouras delimitando
As fronteiras que não precisamos sepultar
Há um perigo à espreita, entranha a lágrima
Antes que mercadores venham ao teu encontro
Prometendo a companhia de barqueiros
A cada momento que desaba sem fraturas
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Sabe, segredos que só palavras dizem.
Ao tato a brasa pulsa
Em fogo-fátuo se recusa
A chama viva está desnuda.
A sensação em carne crua
De que jeito isso continua?
O relapso ardil em tal volúpia.
Transpira, ofega, te sussurra
Arranha a carne fria e amarga
Anseia e outra vez continua.
Lateja a derme avermelhada
A marca que alimenta a brasa
Que arde e te incita a alma.
O som do silêncio que acalma
Ecos de luxúria tão iluminada
A natureza da alma que se entrelaça.
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Tenho orgulho em dizer que minha alma é pura, não perfeita, mas verdadeira, o que olho, enxergo, o que me toca, eu sinto, o que guardo e levo é o que sou, a pureza desse coração inconformado a pulsar, inadequado a esse plano de existência vive a sangrar, mas fiel a si e a nada mais.
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fazemos amor
no encontro de olhares
no sorriso suave da sua boca
na gargalhada trocada juntos
no toque de nossas mãos
na respiração profunda
na batida intercalada do coração
no abraço eterno de nossas almas.
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Por sobre a essência do ser que dizia-se erudito... mais um ser frágil e perdido.
Quando das vísceras tuas o sangue
pútrido jorrar, quando enfim a cor
púrpura venosa te esquentar o corpo
frio, quando te circular o vivo vermelho
arterial em teus rios, teus tantos
caminhos... Apenas respire até o
cicatrizar, até a carne oxidar e o
teu tempo passar.
Há de sentir tal fato inerente a tua
vontade animal, a primordial busca por
vida, a mera corrida contra, talvez, a única
verdade certa, o teu fim em morte...
Ainda assim, estás sujeito as causais
incertezas, dúbias casualidades.
Quando? Quanto? Como quando?
Há tanto... Tanto do ser, quanto deve
ser enquanto a você.
Não deves de tal ato puro e verossímil
provar, não enquanto não se entregar
ao que há, mesmo que em tua dúvida
mortal tu sofra as dores da existência.
As tais feridas da carne por toda parte,
a dor em pleno e singelo terror.
Diga vida! Em tua essência e plena
decadência...
Um pouco de morte, um
pouco de sorte... Apenas algo que te
conforte, apenas seja forte até o fim
e, enfim, continue. Prove vida em todos
os referentes atos, tantos
fatos e acasos.
A genuína embromação ardil...
Uma verdade significativa e mais uma
possível mentira viva, pois, ainda é palavra
mutável. É o fato? O caso ou o acaso?
É a verossímil beleza natural, simplesmente
por não se opor a está verdade, a que faz
parte da presente realidade.
Silêncio! Eu te suplico...
A fome dos últimos dos eruditos
continuamente grita.
Tua carne, teu sangue, teus músculos
e teus tecidos vivos, os teus ares corrosivos.
Estás vivo, teu ser inconstante se prova a
todo instante entre constantes grandezas
físicas. Teu ser composto por complexa
química e biologia, que segue algumas
únicas simbologias... Sim, tu que
sangras em todos os dias, tu és
cada significado explorado e
constantemente mutado.
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Dafnomancia
Te sonho e ainda é uma novidade
Há uma prática que visa realizar
Ainda há futuro na decomposição?
Repousos que abdicam de navios
Conceda em mim tal Marte
O impulso que marcha o tato
Sob uma questão intrínseca
Viver é tardar o benefício
Adorar tal convencimento sob você
Os olhos que te espreitam de fora
Teus sentidos soltos do obituário
Atuando como ilha a ser enterrada
Desaparecer pela noite-caravaggiana
Instruir um exercício polido
Queimar ossos, assumir a potência
Extravasar rinhas entre boatos e pragmatismos
Assim crescem os deuses em seu jardim
Nos restos de bustos de bronze
Heróis devolvidos ao anonimato
Esquecidos por civilizações
Mistério teu outro nome é imprevisto
Espalha esses olhares pela culpa
Sem simetria, sem punição
As metades se desprendem do banquete
Digerir os segredos desvendados
Não tão extensos como o pensado
É só a lua iluminando tua ruína
Usando rispidez como a última defesa
Tudo isso fora recitado ao público
Que acompanhava hipnotizado
Pelo ruído de gravetos gritando
A beira da sua extinção perante o fogo
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