Tumgik
dearskyzinha · 2 years
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thisisfrankenstein​:
- Caramba, eu não acredito que perdi a chance de ser seu namorado quando tive a fase de cabelo grande!!! No fim, não passei de outro participante do revival emo, masssssss posso garantir que já fui chamado de Harry Styles pelo menos algumas vezes na vida. Sinto muito que ele tenha ferido suas emoções quando eu estava aqui, a versão do Paraguai, dando mole. A vida, realmente, não é justa! – o sarcasmo de Frank deu profundidade ao contra-argumento sobre Harry Styles. Forçando-o a abafar o riso em seguida antes de dar outro gole no vinho. Percebeu que nem checara a garrafa para avaliar a porcentagem de álcool, pois não estava de brincadeira sobre a sua facilidade em perder as estribeiras quando escapava da sobriedade. Apesar desse talento testemunhado por poucos, nunca se metera em grandes encrencas. Parecia que esse ponto era parte exclusiva do seu eu sóbrio e deveria ser pelo desejo de querer lembrar depois. Algo que não acontecia quando se embriagava socialmente e acabava no sofá, ou em qualquer outro canto, que discutia no dia seguinte sobre a certeza do último local que estava antes da sua visão ser tomada por um completo breu e ter seu corpo assumido por outra espécie de personalidade. – Eu acho que nunca tive uma musa musical, será que sou gay ou tenho problemas? – ele esfregou o indicador pelo queixo, falsamente pensativo. Seu olhar acabou sendo seduzido pelo céu limpo, sem estrelas, só com uma Lua. Evento de raridade quando se encontravam no outono. Presumiu, lembrando subitamente das falas naturebas de seu pai, de que o dia seguinte não haveria Sol. Todas as vezes que dizia aquilo se sentia meio profético e poderia ter dito para preencher o súbito silêncio, mas estava realmente focado em lembrar se algum dia fora fã tremendo de algum artista. – Eu poderia dizer Beatles para afirmar que sou tão cool quanto os Triggs. E, caramba, achei genial que todo mundo tem nome inspirado na banda por causa das músicas e parece de bem com isso. Menos o Jude, porque achei que ele me socaria quando comecei a cruzar com ele e foi irresistível não meter um Hey, Jude! Pensei que estava sendo amigável, mas senti que minha morte poderia acontecer a qualquer momento. Enfim, deve ter lacuna para preencher pelo resto de uma vida. Acho que escuto música por osmose, pensando seriamente em assinar as recomendações da outra Alice, a Freitas, porque sou uma calamidade nesse assunto. Tenho a pequena certeza de que paguei muito pau pra Dua Lipa. Aquela mulher na turnê do segundo álbum me lembrou de ter poluções noturnas, mas acho que deve ser muita informação para seus preciosos ouvidinhos. Foi mal! – ele sorriu, meio cheio de si, embora brincasse com metade daquela frase. – Falando sério, sou uma flor frágil que gosta de Snow Patrol. Fui em todos os shows e estava ocupado demais na pandemia achando que aprenderia a tocar violão. Maior bobageira! Mas, somando todos os Longs, a família é devota ao Fleetwood Mac e já estou pronto para um duelo musical entre a gente e todos os Triggs. – na sua mente, era o potencial encontro do século, especialmente porque não havia nada mais divertido que irritar fã dos Beatles com outra banda dita a maior do Reino Unido. Por isso, se viu rindo de novo, de um divertimento secreto. – Minha mãe é maior fã e aí contaminou a família inteira. É quase impossível não entrar em casa e algum disco não estar rodando. O que faz cair em toda a questão do trailer e é aí que o nível do seu cachê seria perfeito para comprar um monte de badulaques! E, tenho que concordar, seria a conjunção perfeita ter a sua conta bancária e meu ótimo olhar de curador para comprar coisas imprestáveis. Sairíamos piores que a Luna e não estou forçando a barra. – era muito comum que as pessoas achassem que os Longbottom passavam por apertos financeiros por conta da existência do trailer, mas era até melhor que imaginassem, já que assim ninguém se sentia intimidado em ser tão grande e ter que fazer uma manutenção disso. Querendo ou não, eles miravam o oposto dos Potter e dos Weasley, mantendo a maior distância dos holofotes. Apesar do marco geracional e histórico, tentavam ser os mais normais possíveis. Ponto esse que o silenciou prontamente ao ouvir a revelação de Fallon sobre ter transtorno obsessivo-compulsivo. Não se assustou, nem se viu chocado. Sua postura se manteve acessível, mas tomou um tempo para melhor articular o assunto, sem pincelar com alguma de suas piadinhas (e sabia que seria impossível). Educadamente, colocou o vinho sobre a mesinha e esfregou as mãos no jeans. – Não sei qual é o conteúdo desse maravilhoso vinho, mas obrigado por achar que pode confiar em mim para contar sobre isso. – a nuance de brincadeira pontuou seu timbre raramente sério. Presente exclusivamente em casos de calamidade, frustração com alguma situação no DP ou quando estava prestes a ficar tão puto que seria capaz de bater a testa na parede. Ou então quando alguém precisava dele para algo e era quando inseria polidez e atenção completos. O perigo morava no seu excesso de honestidade e ele nunca se preocupara com isso, mesmo consciente de que poderia realmente estourar umas bombas. – E, outra, como você me conta uma coisa dessas e não me dá o direito de fazer as perguntas bestas? Pôxa, Fallon, assim fica difícil! – ele brincou, mais porque a ex-corvina entregara todos os pontos que facilmente questionaria sobre o assunto. Olhou-a atentamente enquanto meneava a cabeça em ceticismo sobre ela ainda ter falado tudo tão rápido, como se fosse uma espécie de telefone sem fio. Com sentido no começo e facilmente esquecido quando se pensava sobre para rebater a informação corretamente. – Bom, se está tudo sob controle, então está sob controle. Mas tenho que dizer que fiquei intrigado pela forma como os livros estão organizados na estante, porque não é apenas por cor ou ordem alfabética. É algo que só a pessoa que fez entende. Uma vez da Casa de charadas é possível ver charadas em todos os cantos. – pontuou, sem saber se estava certo ou se era somente burro, como se sentia em qualquer livraria devido à facilidade da sua irmã em fazer as escolhas naquele quesito. Gostava de livros, mais que de música, mas também parecia incapaz de escolher por conta própria. Sendo que o problema vivia em racionalizar demais, o que não era o caso ali. Estava tranquilo, oferecendo um sorriso amigável e confiante à ex-corvina. – Talvez, eu tenha notado algo mais, mas serei incapaz de lembrar agora. Mas, hei, tenha calma! Listen to the wind blow, down comes the night! – ele cantarolou Fleetwood Mac, apontando para o céu noturno. Se estivesse alcoolizado o suficiente, com certeza já estaria dançando ao redor daquela mesa e chamando todos os demônios para a Terra. Redimiu-se a batucar a batida da música na coxa da perna que continuava flexionada sobre a chaise. – Ao menos comigo, não precisa ter receio em contar essas coisas. Embora não seja geracional, saúde mental é um lance totalmente dos Longbottom e temos como provar. – e foi inevitável não pensar nos avós. Um tópico que tinha seu próprio jeito de chateá-lo e fazê-lo esconder a leve contorção na boca do estômago com um pigarro. Era um fato de família forte o suficiente para deixá-lo preocupado com os exageros de trabalho de Alice, com as plantas do seu pai, com os silêncios súbitos de sua mãe e até com seu próprio estresse. Ninguém vira nada diretamente, mas era como se tivessem, já que prestavam visitas ao Mungus e temiam a realidade de que, em algum instante, seus avós faleceriam no Mungus. E todo dia parecia perto de um novo tipo de burn out quando o assunto vinha à tona. Muitas vezes, era por isso que sequer sentia vontade de voltar para casa depois do trabalho, pois não sabia qual peso traumático estaria na mesa do jantar assim que entrasse. – Houve um momento que achei que meu pai estava com sintomas de TOC também, porque ele começou a ficar muito organizado e estrito no universo dele. Qualquer coisinha ele tinha um momento relâmpago de humor. Acho que pude concluir, me orientando pela dádiva que é o TikTok, que não era nada disso. É algo mais profundo vindo à tona e que pareceu ser possível controlar quando mais novo. Não tem como deixar impacto de trauma no fundo da cabeça por muito tempo, uma hora engatinha para a superfície e creio que deve ser isso. Daí, o laudo atual é que ele seja acumulador, mas do tipo mais esquisito possível, que ainda consegue categorizar e é até aí que espero que ele chegue. – porque, uma vez que a coisa saísse do controle, era provável que a visão de Neville se transformasse e começasse a acumular como uma caçamba de lixo. – Por isso que tenho ainda muita mandrágora para vender e espero que seja equivalente a quantidade de vezes que posso cruzar os hemisférios, perdão sou péssimo em Geografia, pra te ver! – ele lançou uma piscadela marota antes de selar os lábios com um zíper invisível. – Então, assim, Fallon Evans, se você contar meu segredo, conto o seu, tá? Soube que a Ritinha te adora e panz!… – brincou de novo para diminuir a seriedade do momento, instigando-o a dar outro gole no vinho para engolir seu próprio incômodo. – Mas, sério, que bom que você reconheceu os sintomas e foi se cuidar. Isso é um passo enorme, você tem que se orgulhar. E se orgulhar também de falar tão claramente e ainda pra mim, a última pessoa escolhida para entrar no time de Quadribol. Pode ficar tranquila que comigo não precisa realmente controlar seus impulsos. Sei que não somos tão amigos, como você e William, por exemplo, mas, no que eu puder saber e ajudar, pode contar comigo. – concluiu com a mesma seriedade polida que transpareceu nos seus olhos castanhos, que a miravam com uma atenção admirada. E redobrada também, pois, inconscientemente, procurava algum outro sinal do transtorno mental que ela possuía. Reteve-se ao devolver a taça de vinho para a mesinha e se acomodou de volta na chaise, sem perdê-la de vista. – Aliás, preciso incorporar minha versão coach para avisar que você não precisa trabalhar o tempo todo para controlar o que deve parecer incontrolável. Ainda mais sendo milionária!! Você pode me mandar uma mensagem e a gente pode andar de bike. Tem coisas que corvinos precisam aprender e se chama opções de divertimento que não envolvem gastar mais do cérebro, sabe? – era um conselho sincero, especialmente porque parecia um reflexo natural da Casa em ser imparável e só querer, querer, querer, fazer, fazer, fazer, para, no fim, não ter nada. – Agora, voltando ao trailer, é engraçado, porque a ideia foi minha. – ele riu de um jeito envergonhando, coçando brevemente a nuca por ser uma lembrança juvenil. – É meio Capitão Fantástico mesmo, inclusive, é um filme que assistimos com uma exagerada frequência nas maratonas em família. Tudo começou com Frank, mais conhecido como Faniquito Longbottom, de saco cheio de fazer as mesmas coisas no final do ano. E ele sugeriu a ideia e os pais gostaram. Alice foi difícil, porque ela é muitooooo city girl aesthetic! Mas virou projetão de família, a gente levou um ano para construí-lo e parece realmente uma casa. Poderíamos morar lá dentro, mas continuamos no mesmo endereço. Teve um período que ninguém queria voltar para casa e a gente ficou na estrada por três meses. Sem medo de perder o emprego ou desaparecer! – ele arrancou o celular do bolso e procurou a foto do trailer dos Longbottom na galeria. Arrastou-se pelo estofado a fim de ficar mais próximo de Fallon e mostrar a imagem, deixando-o ombro a ombro com a ex-corvina. – Não acho que seja tão descolada como a fazenda do Malcolm, mas tem planta e levamos a calopsita da Alice. – uma ponta de orgulho tomou suas feições ao repassar as fotos. Mal sabia seus pais que já formulava outra ideia de jerico em função da proximidade das festividades. – A gente pega a estrada todo final de ano, então, assim que o recesso de Hogwarts cair e passar o lance do reencontro, a gente mete o pé. Fica o convite se quiser ir. A gente sempre recebe um convidado e acho que este ano não tem, a não ser que James mude de ideia. Sabe como é, o gato tem a agenda lotada! Mas tem espaço o suficiente para seis pessoas. Pode levar um dos gatos. – ele guardou o celular, antes de revirar os olhos pela lembrança de que James e Alice ficavam cheios dos segredinhos e ninguém confirmava a pegação. Era quando voltava a assumir o papel de irmão mais velho, porque não queria que sua irmã tivesse o coração partido pela kenga do Quadribol, como Albus costumava dizer. – Daí, iniciamos o reality, pois será um tipo de Crossroads, onde a menina bruxa rica se mistura com adoradores de mandrágoras e não sentem perigo de serem doidos no meio do nada. É a parte favorita do meu ano, depois do meu aniversário, óbvio! – ele sugou o ar da noite. Sentiu-se meio amortecido e era o caso da mistura do álcool com o cansaço que começava a arder nos seus olhos. – E, outra, depois de toda essa conversa, quais seriam as vantagens de a gente trocar de vida se você pode se encaixar na minha, hum? Largo minha batina com a mesma rapidez do Flash. – o risinho divertido lhe escapou e seus olhos se mantiveram concentrados na presença dela, especialmente para se sentir desperto. Sentiu necessidade de piscar algumas vezes, mais pelo fato de que, de repente, alguma coisa pareceu fora do lugar. Julgou ser a movimentação de Evans na sua direção e pigarreou, sentindo o centro do tórax estufar com a súbita e exagerada quantidade concentrada de ar. Coçou a nuca de novo e recuperou o fio da meada ao se lembrar da pergunta sobre viver nos EUA. – Como diria a maior hate da Raven do UK, aka Lys, vocês pareciam até gente no meio de uma Sonserina! Mas totalmente adoráveis. É muito conceito quando as amizades ultrapassam o colégio, sem dúvidas o que vocês têm é raridade. Ainda mais pelo pouco que li no Profeta Diário e tinha seus nomes envolvidos. Tão famosos e poderosos que eu jurei que vinha uma 3ª Guerra bem aí. Já estava preparado para morar no Brasil. Deve ter sido bem dramático e foi até bom ver que Georgia passa bem. Na época que a situação dela foi reportada, achei que era mentira. Pra mim, ela tinha morrido e estavam abafando, porque aconteceu em Hogwarts. E sabemos como ali é um antro de assunto que meio mundo dá uma aliviada ou passa um paninho. Mas foi bom vê-la viva. Assim como você não é um catfish, ela confirmou não ser um robô. – embora não tivesse uma relação de longa data com a ex-sonserina também, era fato que uma vez que se virava assunto dentro e fora de Hogwarts, era praticamente impossível conter o que poderiam saber e o que poderiam falar. E realmente sentia alívio por ninguém ter morrido. – Acho muito legal ver as pessoas que estudei em seus habitats naturais, já que fomos sufocados com aquele uniforme feio que dói. Nem que eu tentasse seria galã dentro daquele negócio, embora meu look de hoje possa dizer o contrário, investi no melhor visu de fezes, como pode perceber. – falsamente cheio de si, Frank arrumou a gola do casaco e deslizou as mãos pomposas pelo tecido, na intenção de alinhá-lo e parecer o típico corvino sem ranhuras. – Agora, fico surpreso de saber que os bruxos daqui também são malas. Faz sentido por viverem de chamar os ingleses de enjoados. O que podemos concluir é que teremos que abrir campanha para Georgia e William voltarem para o UK. Assim você sofre menos com a inabilidade da turma daqui não entender o seu sotaque elegante e perfeito. – o rosto dele ficou subitamente sério, mas as bochechas tremiam pelo esforço de segurar o riso. De novo, assumiu a expressão de quem contaria um segredo arrebatador e se curvou minimamente para murmurar as palavras. – Fallon, estou ficando cansado de ter que revelar meus segredos de sucesso, mas aqui vai outro: o futuro não existe! É duro, eu sei, mas o futuro é um experimento social para ver quem morre primeiro de ansiedade. É igual quando Malcolm disse uma vez sobre o tempo ser criação da mente e é tipo isso. Sendo clichê, eu posso morrer no voo amanhã, então, faço tudo que posso agora. E fica aqui meu discurso de missa para aprovação, pois preciso garantir meu futuro de padre ou de coach. Viu só? – Frank estava longe de querer ser uma daquelas duas versões “profissionais”, que brincava entre os grupos e era motivo da sua também diversão particular. – Não precisa se preocupar. Apesar do que eu disse sobre meu pai, ele é um velho tranquilo. Ele engana todo mundo com essa de que não somos cool, quando o homem tem umas mechas grisalhas, como se fosse um modelo, pelo amor de Merlin! – e caçoava sobre aquilo ao chamá-lo de galã e ele detestava. – Acho que ele tem a mesma energia que seu pai e já estou pronto para quebrar meu nariz e ele reconstruir. – não que odiasse seu nariz, mas era o único ponto que encontrara sobre si mesmo para render chacota. Coçou-o, franzindo-o cheio das graças, antes de fechar os olhos assim que o indicador de Fallon acertou o centro da sua testa e depois acariciou suavemente os fios de cabelo que não se sustentavam mais com o gel. Ao abri-los, se deparou com o sorriso da ex-corvina, daquele cheio de dentes que de alguma forma alcançava os olhos e achou lindíssimo. Reteve-se. Perguntou-se se era efeito do álcool de novo, pois, apesar das suas considerações especiais sobre ela, não se achava um grande sortudo para ter uma chance sequer. Se é que poderia colocar daquela maneira em uma situação totalmente amigável. – Sou uma grande caixinha de surpresas e, normalmente, e para terror geral, costumo fazer o que dizem que não tenho coragem de fazer. Claro, com limites, pois não trocaria minha liberdade para assassinar alguém. Mas, no que condiz a aspectos fáceis de serem cumpridos, dou meu jeito. A única coisa que poderia me atrapalhar neste caso seria meu passaporte, mas, como herdeiro de uma família que tem um trailer, o documento vive em dia. Valeu a pena demais passar horas no avião para cumprir a promessa de te ver, como bom pretendente virtual. Nem eu acreditei quando desembarquei, pois uma coisa é passar de carro em um lugar. Outra é realmente ficar, andar e tal. – pelo benefício da magia, o trailer dos Longbottom não tinha tanto veto de trânsito. Estava registrado no contexto de transporte mágico e podiam estar em Paris em um segundo, como nos EUA no outro. – Acho que seria a maior espécie de cárcere privado já vivido, ainda mais porque, pff, você tem dinheiro, eu não passaria fome e sede, e cumpriria meu papel de enaltecer sua beleza, sua inteligência, como um queridíssimo Golden Retriever. E, aliás, é isso mesmo que você quer? Porque estou sentindo que você quer me seduzir neste exato momento! – um sorriso duvidoso pontuou seu rosto, embora pudesse sentir os músculos das costas enrijecerem de súbita tensão, conforme os dedos de Fallon transitavam pela pele do seu rosto, deslizando pela sua barba. Deixando traços que o aqueceram prontamente. De novo, voltou a sentir o ar estufando o centro do peito e as mãos grudadas no jeans começaram a suar. Sabia que era o nervosismo sobre algo que não sabia ainda se acontecia e foi tomado por um leve sobressalto ao vê-la mudar de posição, nivelando os olhares. Achou que entraria em outra espécie de paralisia, pois Fallon estava perto demais e parecia que seu coração batia no centro da testa. Tudo, se acelerando rápido demais e o congelando na mesma posição. Parte era álcool. Parte era o que ela despertara por simplesmente olhá-lo, como se quisesse alcançar algum tipo de profundidade. Viu-se arrebatado pelo perfume dela, que parecia vir em sua direção devido à oposição do vento. Não conseguiu identificar a nota específica, mas foi o suficiente para sentir o rebuliço de um espasmo na boca do seu estômago. Conforme ela falava, mais ficava impossível focar nos olhos, pois seu sangue ondulava depressa. No formato de um súbito desejo orientado pelo flerte tímido com a boca da ex-corvina. Aumentando sutilmente o calor que parecia reter o ar que saiu com um pouco de dificuldade. Sentiu vontade de tocá-la, mas conteve as mãos firmes na calça jeans. – Como posso responder tudo isso sem parecer um completo desesperado? E, a título de curiosidade, não estou desesperado. Na verdade, um pouco perdido? Não de um jeito ruim, que me faça lembrar de que larguei um bolo no forno, lá onde Judas perdeu as calças ou algo assim. – ele declarou com certo Q de confusão e nervosismo. Devagar, se aproximou, e arrancou a coragem de um Longbottom ao segurar as mãos que ela tanto massageava enquanto falava. Assim que ajustou as palmas e apertou os dedos, ignorando o fato de que engoliu em seco, sentiu a pele dela entre o quente e o frio, como se quisesse acertar as emoções. As suas definitivamente estavam geladas, mas o encontro de texturas abasteceu-o com uma nova onda gentil de calor. – Eu não sei quem falou isso no chat, ou se é eco maluco da minha cabeça, mas acho importante dizer que não vim aqui com o intuito de conseguir algo com você. Por isso o desesperado. Eu vim com emoções honestas de realmente passar um tempo na sua companhia. Até de Georgia e William. Tem vezes que, lá do outro lado, é meio solitário e Dia de Ação de Graças, por exemplo, não costuma ser um dos meus favoritos. Além da oportunidade de vender Mandrágoras e estar aqui com vocês, eu também queria a desculpa para escapar. – ele sorriu de um jeito franco, mesmo que sentisse reações desconexas passando pelas veias. – Eu vim mesmo porque fui autorizado a vir e que mal seria rever uma pessoa que, secretamente, sempre achei genial? Além de muito gata, claro, o que me faz dizer que nem todas as caixas de areia dos seus gatos serão o suficiente para meu caminhão sustentar essa responsa. – gentilmente, os seus polegares deslizaram pelo dorso das mãos dela e não soube dizer se ela se aquietou ou se estava em uma espécie de contenção enquanto o ouvia. – Eu estava focado em tempo de qualidade. Mas, repetindo a garantia, seu sensível emocional está protegido em minhas mãos e posso protegê-lo por essa noite. Bem aqui! – ele ergueu as mãos unidas e sua cabeça pendeu um pouco para o lado, mantendo o mesmo sorriso franco. – Se você quiser a mesma proteção por outras noites, vai ter que contratar meus serviços premium. – as últimas palavras se tornaram sussurros automáticos quando os rostos ficaram mais próximos. – Mas tá bem aqui, na palma da minha mão, quer mais time de bloqueio que esse? E digo isso também sem intenção de soar o garanhão que fala o que você quer ouvir, tá? Daí, você vai ter que fazer a parte mais difícil que é confiar em mim. Eu me acho confiável, mas sou apenas um homem me defendendo. – ele deu de ombros, pois era um fato. Mas nada o impediu de sorrir meio abobalhado em resposta ao sorriso gentil da ex-corvina, como se realmente estivessem prestes a compartilhar algo que ainda não conseguia prever. No entanto, parecia sentir, em forma de uma expectativa que engrandecia conforme a distância se atenuava. Em nenhum momento interrompeu o contato visual e deslizou a língua pelos lábios subitamente secos. Poderia dizer o quanto mais fosse, mas já estava envolvido e dali mesmo só Helga para responder, porque ele mesmo nem se atreveria. Suavemente, soltou as mãos unidas para emoldurar suavemente o rosto dela. Seus dedos resvalaram carinhosamente pela pele macia e sua cabeça pendeu para o outro lado, como se não pudesse perder algum tipo de reação. Seus olhos se contraíram de um jeito gracioso e enigmático. – Não sei qual seria a mesma vibe, mas, se for o que estou pensando, e que envolve uma quantidade exorbitante de saliva, acho que estamos na mesma vibe. Afinal, só existe um hot priest burro e esse, definitivamente, não sou eu. Como futuro cardeal, posso me atrever a iludir William sobre a ideia fixa de te achar alguém e me iludir também, pois somente uma aberração recusaria não entrar na sua vibe. – mais atrevido, fitou os lábios de Fallon e se inclinou na direção dela, norteado pela vontade de realmente beijá-la. Sua voz manteve o tom de sussurro assim que alcançou os olhos dela novamente. – Corvinos são competitivos, então, essa é a hora da verdade: você me beija ou eu te beijo? Eu não me importaria de começar, pois tenho uma série de amigos para contar e me gabar depois. Mas posso estar lendo os sinais totalmente errado e, se for esse o caso, me desculpe e aí vou pedir licença para me afogar na piscina.  
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A respiração de Fallon ligeiramente destoava do que poderia ser considerado como normal. Não que estivesse em meio a uma crise de ansiedade, mas, abrir-se da forma que havia feito, para alguém de quem até então não era assim tão próxima era um passo gigantesco que inevitavelmente criava um ligeiro caos em seu sistema nervoso. Tinha receios, óbvios, que envolviam desde ser vista como esquisita pelo seu transtorno obsessivo-compulsivo até a possibilidade de estar, mais uma vez, colocando os pés entre as mãos, no que condizia relacionar-se com um indivíduo do gênero oposto. Ler sinais e enxergar oportunidades no que dizia o envolvimento com outras pessoas, infelizmente, definitivamente, não era seu forte. Entretanto, não poderia negar que todo flerte, sem grandes intenções, ocorrido nos chats começara alimentar um interesse inocente que fora se fortificando conforme conviviam naqueles dias. Sentir-se a vontade, confortável, era provavelmente a real razão para que tivessem aquela conversa em que fora, talvez, demasiadamente franca. Observando-o, em silêncio, mordiscando o interior do lábio inferior, a ex-corvina buscava qualquer indício do que mais desgostava quando pessoas eram informadas de seu transtorno: dó. O TOC não era o fim do mundo, se convencera disso muito lentamente, portanto acreditava que qualquer empatia em excesso não se fazia necessária. A ex-corvina suspirou profundamente, relaxando a postura, os ombros, se deixando envolver pela diferença de temperatura entre suas mãos e as dele que agora as envolviam. Evans o encarou e certamente em seu olhar expressava a gratidão de quem não experienciava o grande constrangimento após exposição de situação mental. - Hum, não chega a ser uma charada. - murmurou logo antes de pigarrear para clarear a voz uma vez que sua garganta repentinamente parecia excessivamente seca. - Mas gosto de organizar por gênero e data de lançamento mais que pela cor. Faz mais sentido para os meus queridos neurônios desbalanceados. - um sorriso singelo que escondia certo constrangimento ganhou seus lábios. Por vezes se sentia mesmo estranha por conta de suas manias, mas era algo que precisava conviver e que combater não resolveria - apenas a deixaria em maior desacordo consigo mesma e estava cansada de se desgostar. - E nem mostrei a minha coleção de HQs, com essas eu tenho um excesso de zelo, não vou negar! O que me faz informar que, ao contrário dos Triggs, e apesar do rápido massive crush no Harry Styles, música nunca foi muito uma das minhas obsessões, ao contrário da literatura. Ler sempre foi refúgio e embora associe personagens a músicas, bem, não posso alegar que sou uma grande expert. Embora, claro, Snow Patrol seja excelente para fossas e choros com a cabeça enfiada no travesseiro. - uma breve careta pontuou suas feições uma vez que tagarelava e tentava soar divertida para não dar as suas questões mais peso do que elas possuíam. - Well, agora terei que pesquisar mais profundamente sobre a discografia do Fleetwood Mac porque, bem, preciso ao menos fingir que conheço alguma coisa no caso de realmente ganhar uma vaga na viagem de trailer. Seria terrivelmente vexatório não conseguir cantarolar uma música inteira! Veja bem, que impressão daria a sua mãe? - brincou, enquanto lentamente movia as mãos de maneira a poder entrelaçar seus dedos aos do Longbottom. Carinhosamente seu polegar resvalava pela pele macia do dorso da mão dele. Um suspiro contido escapou a ela. - O engraçado, digamos assim, é que nunca conversei realmente sobre isso com William. Ele sabe, óbvio, mas acho que nos acostumamos ao fato de vivermos em caos emocional e mental e de que certas coisas não precisam ser ditas para serem compreendidas. Mas, well, inegavelmente foi como tirar um peso dos ombros dizer a você. Um pouco como tirar um grande elefante do meio da sala, talvez? Pelo menos agora você está ciente de que não tenho meus momentos de esquisitice gratuitamente. - enquanto falava, em um tom de voz baixo, a ex-corvina pendeu a cabeça brevemente para a esquerda, para que pudesse visualizar melhor a completude dos traços de Longbottom. Os olhos castanhos pareciam carregar o mesmo entusiasmo do início da noite, o que a tranquilizava sobre a possibilidade de estar causando péssima impressão. Norte de pensamento que perdeu-se ao ouvir o comentário seguinte dele. Evans arqueou brevemente as sobrancelhas e um sorriso capcioso ganhou o canto dos seus lábios. Ela curvou-se brevemente para a frente, encurtando um pouco mais a distância entre eles, deixando-se envolver por aquela atmosfera de quem dividia um segredo. - Hum! Caso você não tenha percebido ainda, Frank Longbottom, é muito do meu interesse desvendar cada um dos seus segredos. Ainda mais quando eles parecem assim tão sábios. - sussurrou a pouca distância que os separava. A vontade de cerrar aquela distância voltou a se fazer presente, mas o receio de meter os pés pelas mãos era ainda maior, especialmente com seu histórico recente. - Listen, você pode vir sempre que quiser, ok? Eu não tenho um sofá para oferecer como Georgia e William, mas tenho um quarto de hóspedes ou… - a ex-corvina encolheu os ombros, com as sobrancelhas arqueadas, antes de liberar uma breve e melódica risada. - … sempre há um airbnb nessa cidade. You know. - completou com um olhar falsamente inocente. Estava, claramente, apenas brincando, especialmente para tentar não permitir que nervosismo em excesso se espalhasse por seu sistema. Entretanto, expectativa brotara em si sem que sequer pudesse racionalizar a respeito. Nada tinha a ver com o vinho que fazia morada em seu organismo ou com os comentários alheios sobre a relação entre ambos. O que se desenrolava naquele momento era algo que dizia respeito apenas aos dois e que ganhava nuances por conta do dito tempo de qualidade que vinham passando juntos. - Você não me soa perdido. Muito menos desesperado. E, sejamos honestos, do tanto que William e Natalie perturbam a minha paz a única desesperada poderia ser eu! Mas juro que não estou! Apenas muito muito interessada em tempo de qualidade com alguém com espírito de golden retriever, especialmente quando aos olhos alheios eu me pareço muito mais com uma gata antipática. - o cenho ligeiramente franzido suavizava as feições da ex-corvina deixando-a com uma expressão que era tudo menos antipática. Fallon mordiscou brevemente o canto de seu lábio inferior em uma demonstração de que se sentia ansiosa. Não a ansiedade ruim que por vezes era paralisante, mas a considerada normal pela ciência e que vinha junto ao desejo que parecia se fomentar e fazer morada em sua corrente sanguínea conforme Frank se aproximava. O compasso de seus batimentos cardíacos já era ligeiramente destoante do dito normal e refletia-se na maneira em como respirava, seu tórax subindo e descendo algumas vezes mais por segundo. A expectativa crescia exponencialmente, mesmo que racionalmente não quisesse alimentá-la, especialmente ciente do quão trágica era sua trajetória naquele campo, ainda assim, era impossível não se permitir envolver quando se sentia vista e realmente percebida por alguém. Um alguém com quem identificava-se de maneiras diversas e que estar confortável se fazia essencial para que pudesse se permitir sem tantos receios do que viria em seguida - era como se as palavras dele sobre a inexistência de futuro de certa forma ecoassem no fundo de sua mente. A ex-corvina fechou os olhos brevemente ao sentir as palmas das mãos dele em seu rosto, contato que lhe roubou um sorriso de canto, satisfeito. Evans voltou a mordiscar o centro do próprio lábio inferior e em seguida deslizar a ponta da língua sobre o local - uma demonstração sutil de como tudo em seu corpo parecia desperto pela aproximação, pelo contato e pelo sutil aroma cítrico que se desprendia do corpo do Longbottom. Ao voltar a fitá-lo, as orbes azuladas prontamente buscaram por encarar as castanhas. Por alguns instantes o silêncio entre ambos era interrompido apenas pela sutileza das respirações e pelo friccionar das palmas de suas mãos sobre o tecido macio da camisa dele quando, instintivamente, as apoiou nas laterais de seu corpo, sentindo brevemente a musculatura coberta. - Hum? Mesma vibe, então?! Bom saber que meu poder de sedução não é completamente inexistente. - brincou, com um breve biquinho formando-se em seus lábios, no exato instante em que seu olhar recaiu sobre os lábios dele. Evans engoliu em seco e sentiu um ligeiro rubor tomar conta de suas bochechas porque, de repente, descobrir a sensação que os lábios de Frank causariam sobre os seus, sobre sua pele, parecia essencial. Ali, tomada por um lampejo a mais de coragem, curvou-se um pouco mais para perto, tornando a distância quase inexistente. Tão perto sentia o hálito mentolado que se misturava ao aroma do vinho que compartilhavam. Fallon levou a mão esquerda a nuca de Frank, deslizando as pontas dos dedos finos pelos fios que cobriam a região. - Hum, tecnicamente nós estamos sobre uma piscina coberta. Mas longe de mim permitir a atrocidade que seria você se afogando, embora, bem, poderia testar minhas habilidades em primeiros-socorros. - murmurou, com certo divertimento, enquanto apoiava brevemente sua testa na dele. A ex-corvina depositou um beijo suave no canto dos lábios dele e em seguida roçou gentilmente o nariz no dele. Gestos tenros que destoavam do deslizar das pontas de suas unhas pela nuca do ex-corvino. - Muito competitivos, realmente. E gosto de vencer, inegavelmente! Mas posso deixar você levar a fama dessa vez. - murmurou tão próximo que seus lábios roçavam brevemente nos dele causando frisson e alimentando seus desejos. - Well, o marketing do seu serviço premium me parece muito satisfatório. Mas, seguindo as diretrizes do direito do consumidor eu vou aceitar minha amostra grátis, especialmente porque vai que você desiste de me fornecer seus serviços! Preciso ao menos aproveitar minha chance! - concluiu, com uma ligeira piscadela acompanhada de um sorriso maroto, antes de permitir-se beijá-lo da maneira que vinha desejando pelos últimos minutos.
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dearskyzinha · 2 years
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thisisfrankenstein​:
Frank estava distraído com a altura da cobertura onde passara as últimas horas, em um evento de Ação de Graças incomum. Por incomum, era mais pelo fato de que estava a mil quilômetros distante dos Longbottom, pois se metera na aventura de desembarcar nos Estados Unidos por ter se sentido desafiado o suficiente. Nem sequer pensara sobre as pessoas que não conhecia — uma penca de gente mais velha — em união com algumas conhecidas da sua época em Hogwarts. Um território novo que estava sendo empolgante desfrutar. Afinal, se ele achava que o dia na casa dos Potter era caótico, nada pareceu se comparar ao estar no meio de uma família, onde metade era nascido-trouxa. Não havia dúvidas que a reexperiência de um evento como aquele o faria vender outras Mandrágoras do seu pai. De todos os talentos que poderia ter, especialmente por ser filho de Neville, o diretor de Hogwarts, acabara se apaixonando pela cultura trouxa e basicamente considerava como uma parte especial da sua identidade. Não era à toa que atuava no Departamento mais desgastante e abandonado do Ministério da Magia. Algo que, por vezes, o entretinha. Em outras, o chateava. Contudo, era quando olhava para baixo, como naquele instante, sendo corajoso demais em testar a gravidade do próprio corpo curvado, que aquele assunto ganhava um equilíbrio na sua vida. Todo mundo estava bem, mesmo que na medida do possível. E era isso que ele, como bom Longbottom prezava: tinha que ficar bem na medida do possível, pois, conforme via a vida avançar, como a velocidade dos carros em uma caótica NY lá embaixo, não havia tempo para exigir mais que aquilo. Fato que justificava aquele seu embarque e, às vezes, se perguntava se era um efeito da família que tinha. Herdeiros de guerra, sem lidar com os próprios problemas direito. Claramente paralisados em alguma coisa e deveria ter se convencido de que paralisia não era uma opção. E parecia que aquele Ação de Graças era um daqueles momentos raros que provava seu ponto, visto que estava feliz e admirado. Emoções temporárias, mas que entraria para a história. Não se esqueceria, especialmente devido à quantidade de fotos que tirara e vídeos que gravara. Repetindo o mesmo processo contra a luz noturna, absorvendo borrões grotescos que tinham lá seu efeito intrigante. Suspirou, satisfeito, contendo um riso abobalhado. Sentiu os pés escorregarem na distração que o fez reconhecer a voz de Fallon em algum plano de fundo. Saltou do pequeno degrau e se estabeleceu em solo firme, tocando o coração de susto. - Vamos com calma, cubinho de açúcar, porque meus pais me querem de volta vivo e não estatelado no asfalto. - disse ele, fazendo menção ao próprio desequilíbrio. Recuperou-se rápido o suficiente para sorrir marotamente sobre o “cubinho de açúcar”, pois fazia parte de um comentário aleatório que fizera horas atrás no chat do Reencontro. Aproximou-se, meio dançante. Seu cérebro estava tão cheio de informações que sequer notara a decoração do ambiente e achou bonito. Certamente, não era algo que via todo os dias no UK. Nem muito menos fazia parte da sua realidade, embora tinha lá uns conhecidos com dinheiro. O que configurava a verdade de que não saía muito e por isso que seus pais pareciam dois malucos, mandando mensagem de minuto a minuto. Tinha certeza que, assim que voltasse, Alice o trancaria dentro do trailer da família pelo estresse acarretado. Isso porque era o irmão mais velho, mas se divertia com as atitudes como se fosse o mais novo. - Jardim secreto! Acho que vi esse filme, mas a mil anos atrás. - batucou o queixo enquanto encurtava a distância entre os dois. - Menina órfã, casarão, muitos segredos! É assim que me sinto o tempo todo. - a voz atuante arrancou um sutil bater das suas pestanas. - É brincadeira, longe de mim apanhar da Alice por inventar drama em cima da história de vida dela! - emendou em estado de urgência, pois sabia que, às vezes, seu tom cheio de gracinha ou sarcasmo ultrapassava a linha tênue de uma conversa formal. E ninguém entendia que estava brincando na maioria dos casos. - Tem uns cantos na cidade que fazem cinema a céu aberto com filmes antigos, acho que foi lá que vi com a Fred, sem pagar. Os burros montaram o evento perto de um colégio abandonado e dava para ver do telhado. Tô me sentindo em uma espécie de dèja vu. - inutilmente, Frank tentou puxar o sotaque francês absorvido de Dominique, mas sem o efeito blasé. - Mas, caramba, esse lugar é muito bonito. Apesar de viver no meio do mato o tempo todo, gosto mais da cidade. Principalmente da noite. É estimulante, embora as pessoas se apresentem normalmente sensíveis. Dá para arrancar umas verdades. Mas, saindo dessa ladainha, como você se sente, grande herdeira e milionária? Porque estou na dúvida, já que me parece que você gosta de ser guerreira??? - o tom confuso se espalhou pelo seu rosto e inclinou a cabeça um pouco para o lado antes de sorrir ao vê-la tomada pela iluminação da cobertura. Aceitou o convite para se sentar. Apesar de constantemente empolgado, quaisquer eventos o esgotavam facilmente. Duro é que notava quando parava de se mexer. Claramente, o dia seguinte seria difícil de tanto sono e ainda teria todo o percurso de volta pra casa. - Quando tem até uma miniadega, oh lord!, cheia dos bons vinhos, e é óbvio que vou aceitar. Pff, pobre não tem um dia de alegria só quando bancado por gente rica. Pode descer a garrafa aqui pra nós! - ele meneou as mãos como se Fallon nem precisasse perguntar e, apesar da magia, se atreveu a pegar uma das garrafas para abri-la em honesto cavalheirismo. - Um pouquinho pra cada, pois tenho fama de subir alto demais e posso me tacar daqui pra baixo, esperando ter uma piscina pra me abraçar. Em tempo: nunca mais fui convidado em festas por causa disso. - agradeceu pela bebida, com um breve aceno de cabeça. Virou-se minimamente para flexionar a perna sobre o estofado e sentiu um pouco de prazer particular, pois ali sim se sentiu abraçado. - Diz aí, deve ser bom demais ser você!  Vamos brincar de troca de família? Juro que Alice vai te achar um máximo, pois vocês andam meio assim, com os ombros duríssimos, sentam assim como se alguém espetou o traseiro e tem chefes importantes. O que me faz entrar em um assunto sério. - Frank a observou, brincando de metido a sommelier com a taça de vinho. Seus olhos se contraíram, mantendo-a em seu campo de visão. Segurando o mistério, coçou o nariz e se curvou minimamente na direção dela, como se fosse revelar um segredo. - Aqui entre nós, vou contar como nossa relação pode deslanchar: comigo você pode relaxar e até desabotoar o botão da calça para a pança respirar. Aliás, uso calcinha também, igual nosso lendário Harry Styles.  - o riso escapou primeiramente pelo nariz até se tornar uma risada audível, que tentou bloquear com o antebraço. Justamente porque pensou no “elu”. - E, antes que você me taque pelo vão, não se bebe antes de brindar! Vamos brindar! - ele ergueu a taça, empolgado, triscando suavemente na de Fallon. - Agora, te respondendo. A família de vocês é bem bacana. É outro nível né, meus amores! Espero não ter causado péssima impressão, nem com seu pai, vai que ele me achou um completo doido e, infelizmente, vou ter que dizer sim! - ele ergueu o polegar por detrás da taça para apoiar seu próprio argumento. - Ah não, pode ficar tranquila. Acho que daqui só vou querer doce, porque álcool me deixa com vontade de comer doce! Já estou pronto para afanar o estoque de William, porque descobri onde Georgia deixou a sobremesa. Se quiser, podemos bolar o roubo do século para infernizar o casal de pombinhos. - anuiu, com uma expressão marota. Ajeitou-se melhor na chaise e liberou um suspiro que relaxou seus músculos rumo à comprovação do cansaço. - Na verdade, vendi três Mandrágoras para o Ravi, viu? Então, tenho um extra para comprar brindes de turistas e deixar minha família alegre. E, caralho, eu não sabia que teria coragem de fazer isso até estar dentro do avião. Apesar dos papos no chat, não é intenção minha te deixar envergonhada e nem nada, tá? Pode me dizer em off se passo dos limites, porque sou ranzinza tem horas, mas de mim terás apenas a verdade! - não era bem uma cantada, porque era péssimo naquilo. Era mais seu quesito de honestidade e porque não queria mesmo sentir que passou dos limites. Isso para qualquer pessoa, pois realmente havia horas que usurpava do humor da sua irmã. - Então, senhorita Evans, valeu muito a pena deixar meu pai acumulador de plantas mordido de raiva e desde então estou como foragido por contrabando de Mandrágoras, espero que você me ajude a sair por fiança quando me capturarem dentro do seu coração. - a piscadela escapou e ele bebeu outro gole de vinho, sem sentir vergonha ou timidez de suas atitudes. Era óbvio que aprendera bem demais a ser uma espécie de alívio cômico. - Ou então vai me restar a Rose, nossa grande rainha da corrupção. - mencionar aquilo o deixou aturdido. Assim como Scorpius, nunca sabia se Rose falava a sério ou não. - Então, está confirmado que seu sensível emocional está protegido em minhas mãos. Na próxima, vamos pro Alaska, daí vendo todas as Mandrágoras de uma só vez. - ele anuiu, consciente de que seu pai teria outro surto se vendesse mais alguma de suas plantas. Não sabia mais se era amor por plantas ou um caso de acumulação, mas, assim como Alice, compactuava daquela ligeira preocupação, que parecia uma silenciosa resposta de trauma. - Agora é sua vez de me dizer se atendi as suas expectativas no que começou como crush virtual e virou do mundo real. Ao menos, você não deu uma de catfish, embora eu seja pobre e zoado. Mas juro que tomo banho, trabalho, sei cozinhar e não é minha mãe que lava minhas cuecas. Pode mandar a letra e assim encerraremos o reality Frank in USA. - a gargalhada escapou de novo, sem intenção de ser abafada, querendo espaço para provar que estava à vontade e ainda conectado com as últimas horas da sua experiência. Sentiu o celular vibrar no bolso e ignorou por saber que não tinha mais o que responder à sua mãe. Coçou o nariz novamente, praguejando mentalmente ser alérgico. - Aliás, tenho que fazer uma resenha: você parece mais confortável e feliz aqui e imagino que seja por causa de Georgia. Já pensou em morar em definitivo? Ou você já mora e eu estou por fora? De qualquer jeito, aqui não me parece tão diferente do UK, a não ser os bruxos daqui serem mais flexíveis. Seria uma perda sem igual na terra do rei com dedos de salsicha, mas a gente que lute e perca. Ao menos, tenho uma selfie nossa pra colocar embaixo do meu travesseiro e sonhar com você. - a falsa expressão de choro dominou seu rosto e bebericou de novo o vinho, desmanchando a cena com um novo sorriso meticulosamente ousado.
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O ar de divertimento facilmente tomava a face de Fallon sempre que observava a maneira caótica como Frank se movimentava e expressava. Ele parecia leve, gracioso a própria maneira e entusiasmado de um modo tão fluído que chegava a parecer uma vulnerabilidade que precisava ser protegida dentro de um potinho das reviravoltas naturais a experiência humana. De certa maneira, percebeu, ele lhe recordava a energia presente em sua melhor amiga em seus anos de Hogwarts - e talvez fosse por esse motivo que sentia-se a vontade com tanta facilidade. No que dizia respeito a convivência social era complexo para a ex-corvina baixar seus muros de proteção e apenas permitir-se usufruir de tempo de qualidade com quem quer que fosse. Comportamento que vinha aos poucos tentando mudar, tanto pelo incentivo constante do psicólogo, quanto porque a sensação de estar sozinha mesmo rodeada de pessoas começara a realmente incomodá-la. Os resultados daquela tentativa de ser mais aberta já eram visíveis, como a aproximação com Alice Bones e Natalie Black-Abbott, e até mesmo com a família Triggs de que agora fazia parte. Ainda assim, possuía suas dificuldades que facilmente faziam-na refletir o estereótipo de corvinos antipáticos - ou simplesmente parecer chatona como Jude costumava chamá-la. Questões que felizmente não permeavam sua mente naquele instante em que uma risada escapara por seus lábios ao ouvi-lo citar Harry Styles. - Well, momento adequado para confessar que meu eu de doze anos de idade tinha um massive crush em Harry Styles? - uma breve careta moldou suas feições a lembrança das vezes em que fora aos shows do cantor e de conhecê-lo pessoalmente graças aos bons contatos de seu pai. - Feliz ou infelizmente a magia acabou quando comecei a ler as entrevistas. O homem nunca assumia nenhuma posição em nada, mas ainda assim era eficaz em usurpar várias bandeiras de militância. Reizinho do queerbait e das críticas negativas a sua performance como ator. 2022 foi um ano difícil para o Harry. - riu, baixinho, curvando brevemente sua taça para tocar na dele em um brinde. - Agora, respondendo sua pergunta, devo dizer que financeiramente é realmente muito bom ser eu. - meneou a cabeça levemente para corroborar seu ponto, o que fora suficiente para fazer o óculos escorregar para a ponta do nariz fino. - Se não posso resolver problemas, ao menos compenso comprando coisas desnecessárias. - brincou enquanto ajeitava o óculos colocando devidamente no lugar onde deveria se manter. A forma como a questão fora abordada pelo Longbottom não a retraíra como se poderia supor baseado em seus comportamentos pregressos. Evans estava ciente de cada um de seus privilégios e os usufruía, embora, em grande parte, tentasse usá-los em favor de outros. - Mas, se quer saber, o ideal seria a minha conta bancária e a sua personalidade em uma só pessoa. Boom. - gesticulou como se realmente estivesse soltando uma bomba no chão enquanto voltava a bebericar seu vinho. - Já quanto a parte de gostar de ser guerreira, inclusive, pensando em atualizar minha biografia do instagram com essas exatas palavras… - seu tom de voz ameno até então carregava uma óbvia diversão, Evans arqueou brevemente as sobrancelhas enquanto o fitava. Não era muito de falar sobre si mesma, muito menos sobre suas questões psicológicas, entretanto, sentir-se confortável dava margem para ser mais aberta. - Eu meio que preciso me manter ocupada, sabe? Vou contar algo que metade das pessoas lá embaixo nem devem saber, e nem é porque trato como segredo, é que nunca vi razão para falar a respeito. Pois bem, eu tenho transtorno obsessivo-compulsivo. Não é lá um grande problema, quando devidamente diagnosticado e tratado, mas eu meio que preciso permanentemente de ordem em certos aspectos da minha existência e, well, trabalhar e estudar me dão esse senso sem que eu desenvolva compulsões e obsessões too much insanas, sabe?! Antes que você pergunte, tenho acompanhamento médico e estou em uma fase praticamente livre de padrões prejudiciais, mas, well, se você descer a escadas e entrar no apartamento vai perceber que há padrões que fogem um pouco do cotidiano. - embora estivesse falando mais rápido do que normalmente se expressava, era interessante perceber que não se sentia envergonhada em comentar sobre algo que estaria em sua vida para sempre. Na verdade havia certo alívio em apenas contar a alguém que tinha um problema e estava longe de ser uma miss perfeição. - Além disso, como você, sou ex-corvina, e nós simplesmente somos incapazes do ócio profissional. Ugh! - um breve biquinho formou-se em seus lábios porque realmente não conseguia sequer aproveitar férias direito, quando as tinha, pois logo inventava alguma maneira de ocupar cada minuto do dia. - But, hum, ok, chega de falar de mim! Não posso levantar todas as minhas red flags antes de meia noite, portanto vamos voltar a você! Sua família realmente vive em um trailer ou trailer é para as férias? Sempre acreditei que vocês moravam no caldeirão furado e estou meio que me sentindo enganada. De qualquer maneira, já visualizei aqui em minha cabecinha o reality “Fallon: The Simple Life” numa vibe Paris Hilton de bota cor de rosa no campo. De quebra realizaria o maior pesadelo da minha falecida mãe de gabaritar todos os clichês da loira rica padrão que precisa desesperadamente fugir da própria bolha! Você meio que me deve isso agora! - brincou com um amplo sorriso preenchendo seus lábios. Dois anos antes aquele tipo de comentário envolvendo Amelia seria impossível para quem fora machucada demais pela própria genitora. As marcas deixadas por ela estariam sempre presentes em si, mas aprender a lidar sem sofrer era parte de seu tratamento e amadurecimento. - Mas, uh, sem brincadeira, me parece uma vibe meio Capitão Fantástico, sem a parte do completamente isolado da civilização, o que pode ser bem interessante, então, sim, nós podemos trocar de vida, se você quiser. Ou eu posso te apresentar um pouco mais da minha enquanto você me apresenta da sua. - uma risadinha baixa escapou por seus lábios ao perceber que soava como uma péssima cantada, ainda assim sustentou o olhar preso ao do mais velho mesmo sem fazer ideia do que diabos realmente rolava entre eles. - Entretanto vou pular a parte da Igreja. Não posso comparecer às missas se meu interesse é corromper o padre. - disse e embora soasse como uma piadinha, especialmente pela expressão em seu rosto, certamente não se expressaria de tal forma se não tivesse interesse. Evans ajeitou-se sobre a chaise de maneira que deitasse de lado e com uma melhor visão de Frank. A noite estava brevemente nublada, mas a lua era um adereço a mais na iluminação do rooftop. - E, sim, em partes, você tem razão. Contudo, é fácil ficar mais confortável aqui. Georgia é minha soulsister e tê-la por perto me faz sentir que estou segura, de certa maneira. E tem a Claire por quem estou perdidamente apaixonada e quero mimar todos os dias para o desespero dos pais dela. O William que é como um irmão, apesar de encher minha paciência com essa ideia fixa de me achar alguém. É fácil estar onde eles estão. E é confortável viver em um lugar em que não recebo ao menos duas ameaças por dia, um dos motivos por qual mudei, inclusive. Aquela baboseira da Skeeter me deu mais dor de cabeça do que imaginam. Mas, bem, não diria que os bruxos daqui são tão flexíveis assim, sabe? Ainda há quem olhe torto para no-maj e descendentes porque a história entre eles é bem caótica. Entretanto não estar em guerra é um alívio para qualquer um. Só que sinto saudade da vida em casa com pessoas que entendam o que digo sem zoar meu sotaque. White People Problem. Não sei se ficarei definitivamente porque a ideia é ser suporte para William e Georgia enquanto eles se adaptam a vida como pais e, de qualquer maneira, tenho que ir e vir por conta do trabalho, por ora é o que temos. Devo confessar que é estranho não ter um planejamento de futuro a esse respeito, mas estou tentando aprender a viver deixando certas coisas simplesmente acontecerem. - expressou-se, dando brevemente de ombros, como se não fosse assim uma questão muito relevante. Anseios com o futuro ainda consumiam seus neurônios, mas de uma maneira mais saudável - o que, claro, não a impedia de vez ou outra surtar no vazio e silêncio do próprio apartamento. - Oh, por Rowena! Agora tenho que pensar em como recompensar Neville Longbottom se quiser ser aceita na família! - brincou, esticando brevemente a mão para bater com o dedo do meio no centro da testa de Frank. Gesto que posteriormente tornou-se um gentil acariciar dos fios de cabelo que cobriam a região. - Posso ser honesta? Bem, eu não achei que você realmente viria até vê-lo no portão de desembarque. Ainda pondero se não estou em algum tipo de alucinação causada por medicação, mas, se for o caso, bem, gosto dessa realidade momentânea. - um sorriso singelo, afável, honesto, moldou suas feições bonitas e refletia-se em suas orbes azuladas. - Ugh, Frank Longbottom, vendendo tão bem o próprio peixe está me fazendo pensar seriamente em cárcere privado, hein? Conheço as leis e você me faz considerar desrespeitá-las. - disse enquanto deslizava as pontas dos dedos pelo rosto dele, acariciando gentilmente a barba curta que cobria seu queixo. - Well, eu agirei em sua defesa, embora você disponha da melhor advogada possível aka sua irmã. Mas precisarei que alguém aja em minha defesa caso realmente venha a cometer um pecado já que o padre é um grande charmoso e a igreja adora caçar bruxas. - a expressão em seu rosto até então relaxada modificou-se brevemente no instante em que sentou-se. Sua postura não era tão impecável quanto antes, mas ainda refletia seus anos de ballet. - Listen, er, papo meio chato, tá? Eu não estava brincando sobre emocional sensível. Vênus em câncer aqui o que faz de mim uma mulher emocionada quando se envolve demais. Por uma série de questões, que não são relevantes no momento, eu meio que criei umas regrinhas pessoais para meio que me preservar de me empolgar demais com alguém que não esteja numa vibe minimamente similar. - uma breve careta moldou suas feições. Era uma besteira, reconhecia, mas sua última experiência emocional a deixara ciente de que precisava aprender a não se deixar levar rápido demais. Era carente, em demasia, o preço da falta de afeto materno. - Então, eu meio que preciso que você seja franco comigo conforme as coisas forem, hum, fluindo?! E, bem, eu espero que você não se sinta impelido a nada por conta das conversas no chat, ou do incentivo dos demais, da sutil pressão das pessoas que me rodeiam e que são super protetoras comigo. E, uh, eu estou falando um pouco too much, eu sei, mas, bem, acho melhor verbalizar do que ficar no breu completo. Enfim, inclusive posso ser uma excelente comparsa no furto de doces, especialmente para aborrecer William. - uma risadinha melodiosa escapou por seus lábios, mas não era capaz de camuflar o fato de que sentia-se ligeiramente ansiosa em estar se expondo. O jeito com que massageava os nós dos dedos provavelmente a denunciava. Por outro lado também tirava-lhe o peso de tatear no escuro. - E, ah, look, saiba que você não me deixou envergonhada e nem nada. Na verdade, mais que nunca compreendo a Fleabag e todas as ideias que pululam aquela mente com relação ao hot priest. - disse, honestamente, conforme movia-se sobre a chaise para aproximar-se um pouco mais dele. Curvou-se brevemente para a frente, deixando os rostos mais próximos, mas sem que invadisse o espaço pessoal do outro. Tão próxima tinha um melhor vislumbre das orbes castanhas que pareciam refletir o entusiasmo de uma alma genuinamente alegre. Um sorriso gentil tomou os lábios de Evans que logo se viu mordiscando o canto inferior do próprio lábio ao ponderar que se tivesse um pouco menos de receio em tomar iniciativas certamente agiria diferente. - Fico lisonjeada com a ideia de uma foto nossa embaixo do seu travesseiro, mas fico ainda mais satisfeita em ter sua presença física! - murmurou, mantendo o olhar preso ao dele, meneando brevemente a cabeça para corroborar o que dizia, enquanto deslizava suavemente a ponta da língua pelo próprio lábio. - Se quer saber, creio que não há uma melhor companhia para essa noite.
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dearskyzinha · 2 years
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@thisisfrankenstein
- Bem-vindo ao jardim secreto. - murmurou em um falso tom conspiracional, logo acompanhado de um sorriso despretensioso, uma Fallon que finalmente sentia-se relaxar depois de uma longa noite de ação de graças em companhia dos Triggs. Diante da área que vinha decorando a sua própria maneira pelos últimos meses, e que se encontrava no telhado do prédio onde vivia, nada existia além da imensidão do céu noturno e os sons de uma vivíssima Nova Iorque alguns metros abaixo. Embora fosse um espaço particular, afinal estava atrelado a cobertura da família Evans, Fallon fizera questão de encantá-lo com algumas medidas de seguranças - para a maioria dos trouxas pareceria nada além de um telhado comum, assim não passariam por ali mais tempo que necessário. Para ela, no entanto, era seu lugar favorito naquela cidade quando não usufruía da companhia de Georgia. - Hum, eu era um pouco obcecada nesse filme quando criança. Não tenho certeza do que diz ao meu respeito. - disse, com um ligeiro arquear de sobrancelhas, conforme caminhava em direção a chaise de estofado branco repleta de almofadas azuis, onde indicou a Frank que ele poderia sentar se assim quisesse. Ainda de pé Evans caminhou em direção a mini adega que estava sempre abastecida com alguns de seus vinhos favoritos, tantos bruxos quanto trouxas. - Você quer algo para beber? Well, vou precisar de pelo menos uma taça para ver se consigo relaxar depois de passar quase toda noite em estado de alerta para possíveis crises familiares. É horrível não conseguir relaxar nunca, não recomendo. - comentou, num só fôlego, como alguém que vinha controlando os impulsos ansiosos por tempo demais, tanto era que, ao contrário do que seria seu padrão, sequer tivera tempo de constranger-se em falar demais. Com as taças e a garrafa flutuando a seu lado, Fallon caminhou em direção a chaise onde sentou-se com uma postura impecável enquanto oferecia uma das taças ao Longbottom. - Well, Senhor Longbottom, devo informar que estou muito grata por sua presença. Os Triggs te adotariam agora mesmo se pudessem. - riu, baixinho, ciente de que não mentia. Frank era carismático e facilmente gostável, ao menos para a maioria. Tê-lo ao redor vinha sendo um bálsamo bem-vindo pelos últimos dias. Evans bebericou um gole refrescante de sua bebida antes de colocar a taça sobre uma pequena mesinha ao lado da chaise para que pudesse aconchegar-se mais próxima ao mais velho. - Caso ainda sinta fome eu trouxe alguns aperitivos mais cedo porque já planejava monopolizar sua nobre atenção. Mas juro que não sou carente, apenas ligeiramente attention whore. - brincou liberando um suspiro resignado. A verdade era que por mais que gostasse e se desse bem com a maior parte de sua nova família havia uma presença que a deixava excessivamente consciente de si mesma - o que era o inferno na terra para quem possuía transtorno obsessivo-compulsivo. Para desanuviar a mente e não se pegar remoendo demais as questões familiares moveu a cabeça apenas o suficiente para ter um melhor vislumbre das feições de Longbottom. - Então, possivelmente me arrependerei dessa pergunta, mas, vamos lá, está valendo a pena abrir mão de uma valiosa mandrágora por uns dias nos Estados Unidos? Em nome do meu sensível emocional minta. - concluiu com um sorriso sereno que deixava claro que estava apenas brincando.
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dearskyzinha · 3 years
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dearskyzinha · 3 years
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I said I was fine. You didn’t need to check on me.
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dearskyzinha · 4 years
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fearlesstriggs​:
- Awn, não se preocupe. Já estou habituada a fingir que estou bem em pé. - respondeu Georgia enfiando outro cookie na boca. Fitou os próprios pés e moveu os dedos lentamente. Literalmente, parecia um maldito hobbit salvo que os pés não eram peludos. Ao menos, poderia se dar uma sequência interminável de cafés da manhã, embora falasse sério sobre o exame de diabetes. Sabia que tinha que seguir uma dieta adequada, até a seguia, mas não era a salada que adoçava suas frustrações e combinava perfeitamente com as tempestades da sua mente. Toda torcida era para que desse certo. - Pois coma mesmo, Skyzinha, porque William é a pior das formigas. - e o comentário a fez rir, meio torta, porque o biscoito marcou um lado da sua bochecha. - Macusa é um nome que me dá vontade de fazer trocadilhos sexuais. - divagou Triggs, alisando a barriga mais uma vez. -  Se há algo que aprendi nessa mudança toda é que as pessoas também podem chegar até você. Como bem se lembra, eu cheguei perturbada das ideias por aqui e óbvio que eu não sairia passeando no playground universitário. Logo as horas de interação chegam e sempre alguém te chama. Normalmente é a pessoa mais excluída da classe e isso é bom. Eu só ando com os excluídos e eles são os únicos que podem passar a mão na minha barriga. - contou a ex-sonserina. Ela suspirou profundamente, porque não era a primeira vez que vinha a sensação de que deixava algo para trás. A diferença é que tinha um verdadeiro motivo para trancar a universidade. Fallon estava certíssima sobre o percurso que tinha que fazer. Não era ruim, mas por meses tivera que aprender a não vomitar no trem mágico que a levava diretamente para a porta da universidade. E sua barriga parecia maior que o esperado, o que intensificava todas as dores e espasmos. Ainda assim, ela sempre encontrava uma brecha para se culpar. Era como se fosse uma desistente patológica e piorava porque a vida em si atrasava mais e mais suas chances de formação como se aquilo não estivesse escrito na sua história. O que a deixava ainda mais paranoica com contas, com se sentir inútil, entre outras coisas que não falava em voz alta. Mas estava tudo concentrado e nenhum outro cookie afagaria aquele desconforto secreto. - Foi assim que nossa história de amor começou, inclusive, e você resolveu me ignorar por dias, semanas, me partindo todinha ao meio. Me deixando triste ouvindo músicas românticas. - emendou revelando um sorriso contido. Parecia que aquilo acontecera há milhões de anos, pois Georgia não se sentia como uma garota de 20 anos. Parecia que já tinha 30 e seja lá como uma mulher de 30 se sentiria com tanta merda que lidara em curto espaço de tempo. - Eu te achei e deu tudo certo desde então. - ela lançou o último pedaço de biscoito goela a baixo e se encaminhou para buscar um pouco de água. - Metade do que você está dizendo é nóia. - ela espiou Fallon no instante que a melhor amiga lançou um risinho nervoso. - E, como sempre digo, quem não te dá uma chance está cometendo um crime de grande desperdício. - os copos foram depositados com cuidado na bancada e, gentilmente, Triggs empurrou os óculos da melhor amiga. - Qualquer coisa, leve fones. Ouvir música dá a impressão de que você está acompanhada de amigos imaginários. O que acho meio difícil preservar no seu caso, porque, de fato, não tem como resistir ao sotaque e ao glamour de forasteira. É sexy e misterioso. - um risinho fraco lhe escapou. Cobiçou de novo a cadeira, mas acabou apoiando os braços para se manter um pouco curvada. Não era uma posição genial, mas permitia que seus músculos alongassem e dava a sensação de alívio aos seus ossos. Ficou de cabeça baixa por alguns segundos, ponderando sobre o papo de chá de bebê. Se havia algo que Georgia ainda temia, além de ser tragada pela sua depressão, que não deixara de existir só porque tinha uma criança nadando em seu útero, era exposição. No aniversário de ambas, ela tivera que basicamente implorar para que ninguém compartilhasse fotos suas, a não ser que fossem da cintura pra cima. Não sabia se realmente cumpriram aquilo, mas, se estava tudo em paz, significava que sim. - Bom, você sabe que a lista é limitadíssima, então, da minha parte está tudo bem. Pensando seriamente no feitiço que corta o sinal e aí ninguém posta nada na internet, sabe? - Georgia se endireitou e liberou um gemido dolorido. - Sobre William, eu acho que estamos empacados na vossa excelência chamada Margaret Fraser. Até considerei a possibilidade de convidá-la, pois ela é, literalmente, a única família que ele tem. E eu não quero dar mais motivo para aquela garota me odiar. Mas… Minha mente se lembrou de coisas e não sei se estou a fim de lidar com aquela megera. - Georgia riu meio amargurada, se perguntando por quais motivos pensara no passado em pedir desculpa a Margaret por uma briga horrorosa em seu último ano em Hogwarts. Uma briga que Margaret incitara para afastá-la de William e que a fizera ouvir coisas horríveis. Além de perder as estribeiras com a cunhada que, inclusive, a chamara de vadia Mackenzie. Ou vagabunda. Não lembrava, mas o flashback trouxe uma agitação incômoda no sistema nervoso de Georgia, pois, como sempre, poderia ter apagado o seu ataque, mas seu corpo ainda sentia. Ainda reagia. E tudo que acontecera antes parecia se abrir pouco a pouco, especialmente quando questionava intimamente sobre o quanto sua vida se alterara de curso. Cada retrocesso soava como a contagem regressiva do seu ataque e cada reviravolta parecia tê-la empurrado para ser atacada. De uma hora para a outra, ela acabara inclusa em treta de poder entre dois clãs escoceses. E todos queriam ver quem era a bastarda que, certamente, atrapalhava demais. A briga com Margaret deveria ter sido o sinal para que recuasse, mas costumava ser destemida. Naquele dia, estava infantilmente inconformada de estar presa no castelo. Além de profundamente infeliz. Tão quanto costumava ser destemida, Georgia também era teimosa. Ela poderia ter sumido exatamente naquele dia, porque, além da irmã de William, Nicholas se apresentara na cena, meses depois de avisá-la que os Mackenzie queriam sua cabeça. Era bizarro repensar em cada detalhe daquela cena e suspirou tristonha. Aquele tipo de memória rachava seu crânio e piorava quanto mais ia fundo para organizar a timeline dos eventos e que queria enfrentar a estática da parte desmemoriada do seu cérebro. Como se quisesse fazer germinar o vácuo sem informação. - Eu sei que a senhorita quer gastar seus milhões, mas, por favor, nada de extravagante porque só aumenta minha ideia de boletos a serem pagos quando eu for agraciada com milhões de dólares ou euros. Esse dia não é hoje. - já cansada, Georgia escolheu se sentar no sofá. Era o pior lugar para o malabarismo que envolvia se inclinar para o lado menos dolorido e se deixar afundar, torcendo para que não se arrebentasse no processo. - Aliás, eu ainda preciso falar com a minha mãe. - Georgia contou e respirou fundo. Não voltara a falar com sua mãe desde o escândalo por conta da sua gravidez. Não gostava, mas, a partir daquele dia, decidira que não queria ninguém se metendo na sua vida. Era o famoso se não agrega, cai fora. - Ela é a única fora da minha parte da lista e eu não posso mantê-la fora da lista quando eu botei a minha tia. - Lucy vinha sendo a única mulher adulta que conversava, além de Elissa Thorne. Ela vivia querendo fazê-la escrever para a revista da família, mas Georgia achava que passara daquela fase - e poderia ser apenas sua habitual relutância de admitir que ainda era boa naquilo. - Acredito que não tenho mais ninguém a acrescentar. E se Alice Bones está inclusa é meramente para eu não passar de sem educação. - e se sentia horrível ao pensar daquele jeito, pois Alice nunca lhe fizera nada. Mas Alice tinha a sina da garota popular que poderia fazer merda a qualquer momento e Georgia desaprendera a confiar de pronto. - E isso inclui a Natalie pelo mesmo motivo. Eu ainda tento entender o conceito daquele grupo, mas acho o nome bem legal. - ela riu fracamente a lembrança do Beatas Club. Antigamente, Georgia acharia aquilo um máximo visto que nunca fora avessa em conhecer novas pessoas. Agora, ela achava tudo estranho já que se sentia muito bem em sua bolha. - Enfim. É sempre o convite que a gente espera que recusem, mas Alice não vai recusar. Ela vive de perguntar como está a minha barriga no privado. Sem contar que ela acha que sou um tipo de coach profissional e posso culpar o jornal de Hogwarts por isso. Ao menos eu ainda acho que sou boa para dar conselhos, ainda mais quando ela, bem, também se fodeu naquela merda de mundo bruxo. Mas… É só meu eu desconfiado falando mais alto. Afinal, eu sou mais capaz de ajudar os outros de qualquer forma e isso me deixa com menos complexo de inferioridade. - e muito disso remetia ao fato de que Georgia ajudava os colegas de classe com seus textos e as notas boas que vinham a deixavam reconfortada. E esperava o mesmo a Alice, pois parecia que ninguém realmente se safava daquele inferno que não voltaria nem sob ameaça de forca. Pensamento que não se aprofundou, pois sentiu uma vibração contra sua palma e ficou aliviada. - Inclusive, eu acho que a dona da festa acordou. - comentou Triggs, como se Claire estivesse presente entre ambas. - Fico imaginando o que ela achará dessa bagunça familiar. Vou ter que fazer um manual de instruções para não haver dúvidas. - as vibrações, como Georgia costumava descrever, eram inicialmente suaves. Era como se Claire despertasse lentamente, analisando o termômetro do momento. E o termômetro poderia ser suas oscilações de humor, não sabia, mas estava conectado. Além do fato de que aquelas vibrações indicavam que a bebê ainda estava interessada em se manter viva dentro dela. O que poderia resultar em piadas, mas, se havia um medo peculiar, e pungente, era fracassar naquela mínima função. - Você tem alguma ideia mirabolante para o chá de bebê? Tudo que vi e li me parece insano.   
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- Hum, é meu jeitinho tímido de ser! – murmurou oferecendo a melhor amiga um sorriso afável. Evans sentia como se aquela lembrança do início da amizade de ambas viesse de um ponto muito distante do passado quando, na verdade, fazia pouco menos de seis anos. À época, sua experiência em Hogwarts indicava que o melhor que podia fazer por sua própria segurança era se manter o mais distante possível de grande parte dos sonserinos, mesmo aqueles que saíam em sua defesa, como fora o caso de Triggs. No entanto, por maiores que tivessem sido seus esforços fora impossível não se deixar envolver pela persona de Georgia, e tê-la ao redor fora a salvação de seus últimos anos em Hogwarts. – Aliás, well, acho que nunca a agradeci o suficiente por ter salvado a minha experiência escolar. Por mais que sempre tenha amado aprender, e que Hogwarts seja uma fonte inesgotável de sabedoria e etc, foi só ao conhecê-la que me senti realmente feliz por estar lá. – pontuou, com honestidade, enquanto gentilmente apertava a mão de Triggs que estava sobre o balcão. Era agridoce revisitar as memórias daquele passado recente, especialmente quando muito havia acontecido entre aquele primeiro encontro e o momento atual. Sua versão de 14 anos sentia-se paranoica e indefesa, sua versão de 20 mantinha a paranoia, mas era eficaz em defender-se. Quanto a Georgia, a vida dela transformara-se de tantas maneiras que era até mesmo difícil acreditar que tanto ocorrera em tão pouco tempo. – Enfim, você está certa, a maior parte do meu receio vem de uma paranoia que sou incapaz de explicar. – em tese acreditava que parte tinha a ver com seu TOC, a outra era um reflexo da experiência recente em seu antigo lar. – De qualquer maneira, não adianta me consumir com o que pode acontecer. Resta torcer para que tudo flua naturalmente. – disse, dando de ombros logo antes de liberar uma risada suave devido as palavras de Triggs. – Woah, gostei bastante da possibilidade de ser a criatura sexy e misteriosa do semestre! Obrigada pelo afago no ego, Gia! – completou, claramente divertindo-se com a escolha de palavras da ex-sonserina. Logo voltou a mordiscar seu cookie e enquanto o mastigava prestava atenção no que a amiga tinha a dizer. Não era uma surpresa para si que ela tivesse suas dúvidas sobre quem convidaria para o chá de bebê, especialmente quando ainda haviam pendências familiares a serem resolvidas. O que a fazia pensar em seu pai e no quanto ele se encontrava aborrecido com aquela falta de entendimento entre Georgia, Prudence e William, principalmente, pois, de certa maneira, os deixava em meio ao fogo cruzado. Tanto era que a ex-corvina evitava dividir muito do que sabia com o patriarca uma vez que respeitava a privacidade de Georgia e William, assim como Raymond pouco lhe atualizava sobre Prudence. Como arremate havia o fato de que não visitava o apartamento em que crescera a meses justamente para evitar saia justa com a madrasta. Aquela situação precisava ser resolvida, mas claramente não seria ela a pressionar qualquer uma das partes. Com aquele pensamento em mente Evans levantou-se para limpar as mãos e em seguida bebericou o copo com água que Triggs deixara sobre a mesa. Ao invés de retornar ao lugar anteriormente ocupado a ex-corvina fora em direção ao sofá em que a melhor amiga se acomodara. – Precisa de mais uma almofada nas costas? Um apoio para os pés? – indagou novamente fitando os pés inchados dela. Para não alongar-se na questão buscou pela varinha que, graças a sua recente experiência no UK, deixava sempre em fácil acesso. Assim a usou para convocar o Ipad guardado em sua cheia, porém perfeitamente organizada bolsa. Com o acessório em mãos ela finalmente acomodou-se no sofá, tomando o cuidado de manter-se de frente para a melhor amiga. – So, voltando ao que realmente interessa, hum, não quero ser invasiva a respeito da situação com sua mãe, mas talvez essa seja uma boa oportunidade para que vocês tentem se entender. – e realmente acreditava no que dizia, e sequer baseava-se no desejo do retorno da famigerada harmonia familiar. Por mais que fosse bastante claro para si o quanto a relação entre as Triggs se desgastara nos últimos anos, imaginava que a ex-sonserina deveria sentir a ausência materna, especialmente com o avançar da gravidez. - Além do mais, meu pai adoraria estar mais presente. Ele já faz mais perguntas sobre você e Claire do que sobre mim. – disse, revirando os olhos teatralmente, fingindo que se incomodava em não ser mais a única fonte de preocupação de Raymond. Seu pai era do tipo protetor, cuidava de absolutamente todos ao seu redor, o que tornava uma contenda familiar seu pior pesadelo. Aliado a isso havia o fato de que todos moravam distantes demais, o que impedia as reuniões familiares semanais. – Quanto a família de William, well, costumava me dar bem com Margaret, but, não sei se isso ainda é possível uma vez que minha reputação anda meio em baixa graças a Skeeter. – Evans voltou a revirar os olhos, dessa vez em exasperação. Em um momento diferente de sua vida talvez Skeeter não estivesse tão errada sobre o que publicava, no máximo poderia acusá-la de exagerar nos fatos. No entanto, naquele ponto, a narrativa produzida por ela se tornara uma imensa dor de cabeça não apenas por ser mentirosa, mas por ser o tipo de publicidade do qual não precisava, principalmente por criar desconfiança sobre seu real envolvimento na causa que defendia. Suspirou, resignada. – But, enfim, nunca achei que deveria se desculpar com ela. Muito pelo contrário. Inclusive, em outras circunstâncias, diria para não convidar pessoas com quem não se sentirá confortável com a presença, ainda mais se levarmos em consideração que há outros parentes com quem William tem certo contato. Como, por exemplo, o enfermeiro para quem ele vendeu a cabana, o Scott. Ele me pareceu bastante tímido, mas simpático. E ainda há o irmão do Scott, Malcolm. – Evans sabia da existência dos dois indivíduos porque redigira o contrato de venda da cabana de William, assim como ajudara nos trâmites finais. Com Malcolm cruzara até mesmo antes, em todas as vezes que o Dept. de Ligação com os Trouxas trabalhara em conjunto com os Obliviadores. Para além dos dois, William ainda possuía uma meia-irmã que, particularmente, conhecia e admirava, mas que sabia que sua melhor amiga possuía ressalvas. – Não faço ideias se são próximos o suficiente para ganharem um convite, mas são opções válidas, i guess. But, well, como falamos de família direta, e ambos tem suas ressalvas com integrantes de cada lado, o ideal é que cada um ceda um pouquinho. – Evans encolheu os ombros como quem se desculpava por não ter uma solução para a situação. Ainda assim, aquele era um problema de resolução fácil comparável ao que teriam se Nicholas Mackenzie fosse pauta para um convite. Pensar no ex-sonserino, e na ausência dele naquele núcleo familiar confuso, sempre a fazia sentir uma pincelada de culpa. – Errr... – ela meneou a cabeça de um lado para o outro como se assim pudesse mudar o foco de seus pensamentos. - ... uh, quanto as meninas, o nome daquele grupo parece uma perfeita definição da minha vida sexual. Aliás, tenho quase certeza que apenas da minha. – disse, liberando uma risadinha suave a lembrança de que, contra todas as probabilidades, estava em um grupo chat com Alice Bones e Natalie Black-Abbott. – Well, nós estudamos por sete anos na mesma escola e nunca fomos próximas, então, é normal estranhar a proximidade de agora. But, gosto das duas, elas são divertidas e definitivamente duvido que recusem o convite. Única chance de uma delas não aparecer, no caso Natalie, é se tiver muito trabalho no Departamento em que ela faz estágio. – e, levando em consideração o que sabia dos eventos recentes por aquelas bandas, era fácil deduzir que mais uma vez o Ministério sobrecarregaria seus funcionários. – Hum, eu acho que é muito bom que Alice a procure para conselhos e afins. Embora tenha assistido a certa distância, sei que o último ano não foi dos mais fáceis para ela. E não foram só os garotos que a importunaram, so, creio que valha a pena proporcionar, direta ou indiretamente, um ambiente acolhedor para ela e para Natalie. Além do mais, em nada me impressiona que ela a veja como uma espécie de guru. Você faz bem para quem te tem ao redor, Gia, digo por experiência própria. - um sorriso tenro moldou o canto dos lábios de Fallon. Por maiores que fossem as diferenças entre suas personalidades e as das duas ex-sonserina, começava a acreditar que de certa maneira possuíam alguma sintonia. - Agora, caso queira manter a privacidade do nosso pequeno evento posso executar o feitiço que corta o sinal de internet. But, devo lembrá-la que seus primos e Andrew serão os primeiros a protestar, além de tentar desfazê-lo. – Evans riu baixinho enquanto desbloqueava o Ipad para mostrar para a amiga as ideias que tivera até ali. Delicadamente passou o aparelho para as mãos de Triggs. - Hey, Claire! - murmurou baixinho em direção ao ventre da melhor amiga, logo antes de colocar sua mão sobre a região. – So, sobre as ideias, eu estive pensando em seguir o tema que vocês escolheram para o quartinho dela, uh? Mas há outras opções conforme você for passando as imagens. Tudo em cores claras e tons pasteis, mas também há opções em cores mais vivas, caso seja sua preferência. – enquanto falava sentia em sua palma as ligeiras vibrações que correspondiam aos movimentos de Claire no ventre, de certa maneira, era como se ela respondesse a voz da mãe e a sua - o que era sempre muito empolgante. – Há algumas tradições de brincadeiras com os pais, mas se você não quiser não precisamos fazer. E, hum, há os presentes. Se você não quiser pedir peças de enxoval nós podemos pedir apenas fraldas, ou se não quiser nem uma coisa e nem outra, nós podemos sugerir doações para abrigos de crianças em idade de zero a três anos. – um desses abrigos, inclusive, vinha ajudando mensalmente. Era o mínimo que podia fazer quando vivia com muito mais dinheiro que a maioria. – Como disse, embora esteja organizando, todas as decisões relevantes ficam por sua conta. – disse enquanto seguia acariciando gentilmente o ventre da melhor amiga. – But, levando em consideração o que aconteceu no nosso aniversário, devemos lembrar do fator Jude, além, é claro, do fator Andrew. Os dois juntos são, certamente, incontroláveis. – disse, projetando os lábios para frente em um ligeiro biquinho contrariado. Jude, especialmente, parecia um especialista em ser imprevisível, o que tirava de si o controle que prezava ter em situações sob sua responsabilidade. – Aliás, sempre esqueço de perguntar, mas vocês já escolheram um padrinho?
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dearskyzinha · 4 years
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Desde que mudara-se para Nova Iorque era comum que Evans passasse algumas horas de seu dia na casa de Georgia e William, especialmente quando o Fraser não se encontrava. Não que tivesse problemas com o namorado de sua melhor amiga, longe disso, mas ambos se revezavam na tarefa de não deixar uma muito grávida Georgia Triggs sozinha por tempo demais. Aos leigos poderia parecer que eram excessivamente cuidadosos no que dizia respeito ao bem estar de Triggs, contudo, como estavam cientes da possibilidade de um parto prematuro, nenhum dos dois queria deixar a ex-sonserina por conta e risco. Além do mais, para Evans, gastar seu tempo livre com a melhor amiga era exatamente a razão pela qual optara por mudar de país. Ao estarem juntas sentia-se menos vulnerável, afinal, a ex-sonserina era seu porto seguro. Assim, sempre que saía de seu estágio de meio período na M.A.C.U.S.A, que na verdade nunca acabava uma vez que seu chefe mantinha contato durante todo o dia, Fallon acabava naquele mesmo lugar, sentada a frente da bancada americana dividindo-se entre observar Triggs e seus dotes culinários e em responder e-mails de trabalho. – Hum? – murmurou, ligeiramente confusa, logo antes de colocar o celular sobre a bancada. Evans franziu ligeiramente o cenho como quem tentava fazer compreensível as palavras da melhor amiga, ainda assim, apenas a explicação seguinte de Georgia tratara de deixar tudo esclarecido. A ex-corvina não podia dizer que estava totalmente surpresa com aquela decisão, mas, parte de si esperava que ela levasse um pouco mais de tempo antes de decidir por trancar a bendita matrícula. – Well, particularmente me sinto um pouco territorial sobre sua barriga então compreendo e aceito completamente seu segundo argumento. – disse, arqueando as sobrancelhas em um trejeito divertido que era corroborado pelo seu tom de voz. Evans aproveitou-se da proximidade entre ambas para carinhosamente acariciar a protuberância no ventre de Triggs, sempre ansiosa pela chance de sentir um dos chutes da pequena Claire - o que aparentemente não rolaria naquele instante. Embora estivesse apenas brincando sobre seu ciúme, compreendia que deveria ser desconfortável para uma mulher grávida ter pessoas fora de seu círculo íntimo se sentindo no direito de acariciar seu ventre. – Além do mais, imagino que a rotina de sair daqui para ir a Ilvermorny será extremamente cansativa para você nesse ponto do desenvolvimento de Claire. Trancando a matrícula você terá mais tempo para se focar nessa reta final da gravidez. – pontuou, apoiando a decisão da melhor amiga pois realmente parecia-lhe o melhor para o momento, mesmo que até ali estivesse contando com a presença de Triggs para que não se sentisse uma completa estranha em seu primeiro semestre em Ilvermorny. – Hum, ok, falando em reta final da gravidez, você e William terminaram a lista de convidados para o chá de bebê? Prometo que, caso estejam cansados demais para uma maior participação nos preparativos, esse é todo o trabalho que terão, o resto ficará por conta da orgulhosa madrinha que vos fala. – ao falar de seu lugar como madrinha de Claire um sorriso largo e afetuoso pontuou as feições de Evans. Era evidente o quão ficara feliz com aquele convite, mesmo que ainda não tivesse a certeza se o merecia. – Contudo, por mais que conheça seus gostos e me comprometa a evitar ostentações, é claro que você vai precisar aprovar tudo! – Evans pressionou os lábios contendo um sorriso travesso ao mesmo tempo em que movia as sobrancelhas sapecamente. Embora não fosse exatamente o tipo de pessoa que adorava promover festas, vinha encontrando alguma distração na ideia de fazer aquele chá de bebê, especialmente naquele período em que se aproximavam do mês de setembro, época do aniversário de morte de sua mãe, e que normalmente ficava emocionalmente mais sensível. Além do mais, apesar de estar em um outro país, ela seguia se informando do que ocorria com a comunidade bruxa no Reino Unido, especialmente com a escalada da violência que agora parecia ir de encontro até a quem considerava como inatingível. Norte de pensamento que a fez liberar uma respiração profunda enquanto empurrava os óculos em direção ao rosto. Pensar no que acontecia do outro lado do oceano por vezes engatilhava seu comportamento obsessivo-compulsivo, algo que queria evitar naquele instante. Assim, logo voltou a focar-se em Triggs e no que ela dizia. – Uh, então não vai ser muito diferente do que já acontece na Macusa. – murmurou, meneando a cabeça de um lado para o outro. Sua adaptação a entidade americana que correspondia ao Ministério da Magia ocorrera de forma bastante natural, o que não a impedia de vez ou outra sentir falta das relações estabelecidas em seu país de origem, especialmente no Dpt. de Ligação com os Trouxas. – Well, uh, você sabe que sou um verdadeiro desastre em me abrir para conhecer novas pessoas, então estou um pouco receosa de não conseguir me enturmar. Especialmente porque essa é uma turma que já se conhece alguns anos e sou, literalmente, a forasteira. – confessou assim que encarou a melhor amiga. Evans vinha remoendo aquele receio pelas últimas semanas, e conforme se aproximava a data de início das aulas maior ele se tornava. – Ugh, não consigo me dar bem com pessoas que conheço imagina com desconhecidos. – resmungou, mais para si mesma que para a melhor amiga, ao lembrar-se de seu recente desentendimento com Jude. Uma breve careta pontuou a expressão da ex-corvina. – Não é como se estivesse totalmente enturmada com meus antigos colegas da recém renomeada Bagshot Academy, mas ao menos já sabia como as coisas funcionavam. Já sabia o quê e quem evitar, agora é tudo um novo terreno, e acho que ter receio é natural. Não sei. – tagarelou logo antes de liberar uma respiração profunda seguida de um risinho nervoso. – Listen, me desculpe, é bobeira minha, vai ficar tudo bem. Só preciso passar pelo primeiro dia para entender o que me espera. – disse, tanto para tranquilizar a melhor amiga quanto para recordar-se de que já havia passado por situações muito piores no Reino Unido e sobrevivido. O primeiro dia de aula não seria o fim do mundo. Respirou fundo. – Well, uh, voltando ao ponto do sotaque, é completamente ultrajante que os americanos zombem do nosso quando o deles é extremamente sem graça. Por Rowena, o nosso é claramente charmoso! – murmurou, com uma careta de falso desgosto marcando suas feições logo antes de esticar-se para pegar um dos cookies feitos por Triggs. O cheiro era perfeito e abria o seu constantemente ausente apetite. Desde que mudara-se para o US Evans ganhara uns quilinhos consideráveis graças as guloseimas de Triggs. – Well, preciso aproveitar que William não está aqui para comer todos os outros antes que eu termine o meu primeiro. Aliás, posso levar uns para Jacob? - questionou ao recordar do quanto o caçula também parecia gostar das guloseimas de Triggs. Distraída enquanto saboreava o cookie, seu olhar recaiu sobre os pés de Georgia que pareciam inchados, o que era normal para aquele estágio da gravidez. - Acho que precisa dar um descanso para os seus pés, Gia. Quer que faça uma massagem? 
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@dearskyzinha​
- Este é aquele mais novo dia que eu não tenho ideia do que estou fazendo da minha vida, mas preciso silenciar meus desejos. - Georgia comentou assim que colocou um refratário cheio de cookies recém-saídos do forno embaixo do nariz de Fallon. Limitou-se a um suspiro assim que analisou se tudo estava nos conformes, como se nunca tivesse feito aquela receita ao menos uma vez a cada semana a fim de tentar acalmar seus ânimos exacerbados e aplacar afirmações ou pensamentos como o que ousara anunciar. - O novo ano letivo começará e eu já tenho em mente trancar a minha matrícula. Eu não consigo me imaginar em um ambiente em que de um lado terá pessoas me achando um completo ET e do outro desesperados em passar a mão na minha barriga como se fosse o novo pet do pedaço. - ela emendou o pensamento a fim de não deixar sua melhor amiga boiando completamente. Aproveitou para ponderar se devia se sentar, mas desistiu. Estava aí algo insuportável de se fazer, cheio de malabarismos, embora também não estivesse à vontade em pé. Seis meses e algumas semanas de gravidez pareciam ter passado como um vulcão na vida de Triggs. De um segundo a outro, a ex-sonserina parecia ter engolido uma bola gigante e os desconfortos escalavam com a mesma rapidez com que Claire crescia. Era complicado lidar com as dores nas costas e na bacia. Tão quanto com a sensação de que suas pernas curtas fraquejavam o tempo todo — e isso também se devia ao seu tamanho. O que a tornara basicamente a melhor amiga das compressas quentes. Inclusive, melhor amiga da sua já enraizada paranoia que, em reflexo do seu estado, se justificava em preocupações exageradas com espasmos e contrações que a forçavam a ficar atenta, por indicações médicas, sobre possibilidade de parto prematuro. O que não era bom para sua ansiedade que palpitava o tempo inteiro, pois sua mente aprendera a gerar outras milhões de ideias de jerico. Alisou a barriga para dissimular o desconforto ansioso, consciente de que sua filha tirava um cochilo. Pensamento que enrugou seu cenho, pois a sua criança em fins de formação não podia perceber as visitas que já se manifestava com chutes. Tornando sua barriga uma grande nave espacial por conseguir vê-la se movimentando — algo que ainda tentava se acostumar visto que na primeira vez Triggs achou que estava ficando deformada. Suspirando de novo, Georgia atendeu seu desejo e tomou um instante para sentir o chocolate do recheio derretendo em sua língua. - A propósito, como será seu começo de ano letivo de qualquer forma? - indagou de boca cheia. - Como eu te disse, não tem muito do que se preocupar. Eu não senti a mesma hostilidade de Hogwarts. A única merda é que eles vão zombar seu sotaque por dias. - o que Georgia considerava um extremamente suave visto o que ambas já engoliram no lugar que ainda via como o chernobyl mágico. - E não ignore meus biscoitos. Eu preciso passar no teste de tolerância a glicose, agradecida!  
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dearskyzinha · 4 years
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weezedjude‌:
- Inacreditável? Foi isso mesmo que ouvi? - Jude tocou brevemente o canto da orelha, de maneira a empurrá-la minimamente para a frente, fingindo que não escutara Fallon direito. Comportamento que se alterou no mesmo instante diante da menção de darling que, particularmente, o entreteve em uma gostosa e audível gargalhada por soar como uma resposta ao seu ma chérie. Ele era dado a determinadas provocações. E se as provocações eram retornadas, o rapaz se sentia mais impelido em querer subir o jogo. Não agia assim aleatoriamente, claro. Para isso existia as alfinetadas sutis, como quem cobrava um boleto, dependendo das circunstâncias. E aquela era uma circunstância que pedia aquele tipo de jogo que tinha plena consciência do seu poder de deixar a outra parte da conversa irritadíssima. Era jornalista no final das contas e apreciava a alfinetada seguida de sondagem. O lado positivo, e ao mesmo tempo negativo, é que ele não se alongava. Não por falta de paciência, mas porque se a pessoa do outro lado agia dentro do esperado, dando-lhe o sinal, mesmo que nas entrelinhas e inconscientemente, o leme das provocações se alteravam. Por um momento, fez uma autocrítica básica a fim de saber se não tinha acelerado demais na sua perspectiva azeda que se alimentara pelo ínterim de tempo que lera todo o material concedido por Darius. Era um acúmulo de divergências ao ponto de passar mais de uma semana no Reino Unido. Independentemente, não daria no pé, mesmo que Evans desse todos os indícios de que daria um jeito de sair pela tangente. Foi o que presumiu diante do recolhimento súbito de suas coisas. Entreve-se também. Se ela fosse uma fonte, provavelmente nem se importaria, mas se tratava da melhor amiga da sua prima. Tinha que ter mais cuidado até porque tinha mais medo do que sua prima, Georgia, poderia fazer ao saber da sua abordagem nada cordial a quem sabia ser considerada como uma irmã. - Óh, alguém acabou sendo mordida. - pontuou assim que a atenção dela recaiu sobre si. - Não precisava recolher todas as suas coisas, como se estivesse prestes a ser presa. A única pessoa do rolê aqui que pode ser presa sou eu apenas por respirar. - Jude emendou sem perder seu humor. Um humor que dava um jeito de controlar o aborrecimento do que sabia e que parecia conquistar várias notas em sua mente, se abrindo tudo de uma vez só. - Posso saber quem estragou seu incrível dia? - perguntou com brava e falsa inocência. Não precisava ser expert em linguagem corporal para sacar que tinha tocado uma série de nervos. Mesmo que sutilmente. - Qualé, Fallon! - exclamou e, assim que ela se levantou, ele fez questão de se sentar. Esticou as pernas longas e massageou os joelhos. Não tinha parado para descansar desde que saíra do seu quarto de hotel para continuar com suas investigações (desnecessárias). - Você deveria cair no meu joguinho, pois seria bacanérrimo te ver puta da cara. E se você continuar falando alto desse jeito, eu serei obrigado a chegar mais perto. O que seria inconveniente, pois não quero tomar um soco, nada desse tipo. Meu trabalho me exige por inteiro. - o tom de flerte derrapou em seu sotaque carregado, seguido do mover das sobrancelhas rapidamente como de quem aprontaria. Parou quando ela duramente o chamou pelo nome. - Veja bem: eu preciso bancar o desagradável para ganhar a atenção de um alguém tão famoso neste mundo bruxo. Poderia me dar um autógrafo ou algo assim? Você pode usar de campanha a favor das minorias. - dito aquilo, Jude apontou para o local que ela deixara de ocupar. Um novo sorriso frouxo lhe escapou com convicção de que aquilo tudo era extremamente desagradável. Além de não fazer sentido algum. - Como deve saber, eu sou jornalista formado e quando alguém me oferece canal aberto de diálogo é como oferecer um jabá. Não que eu seja comprado fácil, mas certos jabás são difíceis de resistir. - e um sorriso caloroso contrastou a expressão malandra de Jude. - Então, saiba que estou tentado a fazer perguntas horríveis. E que posso ser horrível, ainda mais quando não me foi muito digerível saber que você é… - Jude ergueu o indicador para iniciar sua contagem de fatos que declararia em seguida. - Um. Melhor amiga da minha prima. Dois. Que tem um relacionamento estampado no Profeta Diário com quem tentou matar minha prima. Três. Um namorado purista ferrenho que pertence a um dos piores clãs da Escócia. Inclusive, muita coragem da sua parte, pois noção nenhuma. Quatro. Isso não encaixa no seu papel de militante trouxa, além de melhor amiga da minha prima que, inclusive, sabe disso? - Jude estava anormalmente sério depois de ter lançado sua roleta de contestações. Ponderou para saber se tinha mais a acrescentar, mas notou que apertara mais nervos que, honestamente, não o incomodou visto que cada informação estava estampada em um jornaleco. Salvo o nome de Georgia, nunca mencionado naquele sensacionalismo. - Ma chérie, esse não é um canal, mas um túnel em aberto. Você pode me responder ou eu posso ficar com as minhas convicções. E minhas pesquisas. - concluiu em um tom extremamente cirúrgico. Como jornalistas faziam para mostrar que tinham controle ou o quanto sabiam de uma pauta para que a fonte expelisse logo o que tinha a dizer. O que viria em seguida seria uma análise de comportamento e ele já tinha muito para apurar naqueles curtos minutos em que trocara algumas frases com a mais nova. Para arrematar a provocação, a voz dele caiu algumas oitavas, imitando-a na maneira de falar em quase um sussurro. - Rita Skeeter, eu diria que ela é ótima no que faz. Não é todo mundo que tem um poder tão grande de manipulação. E eu quase fui manipulado, porque, de certo modo, faz sentido para um roteiro dramático. Amiga se apaixona pelo irmão psicopata e a amiga mora nos EUA e ninguém está vendo o que você faz aqui. É bem uma série adolescente da Netflix ruim, mas que dá ibope, como você mesma deve ter notado. Então, eu posso ouvir o que tem a me dizer ou eu vou ter que aderir ao delírio coletivo. - ele voltou a se ajeitar na cadeira e cruzou os braços. Sorriu, despretensiosamente, e emendou. - Sem pressão alguma. Vou até tomar uma água. E, outra, eu vou com a sua cara, saca? Mas eu não estou indo muito com a sua cara neste momento depois de ler tudo que li sobre o que aconteceu com Gigi. Espero não sair com o cancelamento oficial, pois os futuros jantares seriam horrorosos e não quero roubar o protagonismo do William de ser o ponto de conflito da família. Eu prefiro me manter de canto nesse caso e acredito que você também.
Conforme o mais velho se pronunciava de uma maneira muito pouco cordial a ex-corvina assumia, mesmo que inconscientemente, uma posição de contenção. Seu semblante mantinha alguma neutralidade, como se cada alfinetada não estivesse atingindo muito mais nervos sensíveis do que Triggs poderia imaginar, assim como mantinha o corpo esguio ereto, mesmo que pontuado por alguma tensão nos músculos de seus ombros. Contudo, o que possivelmente denunciava seu desconforto eram suas mãos. Fallon rolava os anéis compulsivamente no que era um dos inúmeros tiques que se relacionavam ao seu TOC. Por fim, a ex-corvina passou a pressionar a ponta da unha do polegar da mão direita na palma de sua mão esquerda, ao mesmo tempo em que os outros dedos massageavam o dorso. Como quem vivia a ansiedade que relacionava-se ao TOC, situações que a tiravam da zona de conforto acabavam desencadeando vislumbres, para os leigos, do seu transtorno obsessivo-compulsivo. Como Jude não sabia, assim como a maior parte dos integrantes diretos e indiretos de sua família, ao perceber o que fazia a ex-corvina esforçou-se para conter-se ao colocar as mãos nos bolsos de sua calça jeans. Para além das insinuações e perguntas de Triggs o que despertara aquele comportamento foram lembranças de um passado não tão distante. Fallon ainda resguardava consigo uma inegável culpa por não ter agido de maneira diferente quando descobrira que Nicholas era meio-irmão de Georgia. Vez ou outra a ex-corvina ainda se via ponderando sobre como a história entre os meios-irmãos poderia ter se desdobrado de maneira menos conflituosa, menos dolorosa, se à época tivesse tomado decisões diferentes. Por mais que desejasse, jamais conseguiria desfazer o que já havia acontecido e, por mais que Georgia não lhe imputasse culpa ela a sentia mesmo assim. Sempre sentiria. Com ou sem intenção Jude trazia tudo aquilo de volta à tona, o que certamente lhe renderia uma hora extra com seu psicólogo. Um suspiro contido escapou a Evans que, entre as lembranças e as alfinetas de Triggs passou a se sentir ainda mais desconfortável e, tal sensação aliada a falta de controle sobre a situação alimentava uma irritação que nada mais era que uma resposta defensiva ao que, de certa maneira, era um ataque por parte do mais velho. Embora irrequieta a ex-corvina mantinha-se atenta ao que Triggs dizia, assim como ao comportamento dele de maneira geral. Arqueou uma de suas sobrancelhas ao movimento dele que indicava que deveria sentar-se uma outra vez, o que levando em consideração suas emoções preferiu não fazer, afinal queria encurtar aquele encontro o máximo possível. As gracinhas, assim como o falso flerte por parte dele, ao contrário de em outras situações, não lhe roubavam qualquer sorriso, mas pareciam eficientes em alimentar o desconforto e a irritação crescentes em si. No entanto, antes de voltar a pronunciar-se, a ex-corvina o encarou com uma ligeira confusão marcando seu semblante. Até onde sabia Georgia não havia aberto aos familiares do que se tratava o desdobramento que a afastara do mundo bruxo. Conforme ponderava, a ruguinha entre suas sobrancelhas crescia de tamanho. Ali haviam duas possibilidades ou Jude tivera acesso ao profeta diário de dois natais antes que colocava Nicholas como agressor de Triggs ou ele tivera contato com, o que até onde sabia era resguardado em segredo de justiça, o processo que levara ao julgamento e prisão de quem de fato a machucara. Nicholas dissera uma porção de barbaridades naquele julgamento, como de costume, mas não possuía nenhum envolvimento direito ou indireto no que ocorrera a Georgia. O que era um dos poucos alívios que envolviam aquele processo, de resto sobrava-lhe o gosto amargo de quem presenciara a expressão da crueldade gratuita dos indivíduos de clã. Mesmo depois de mais de um ano lembrar-se daquela época ainda era doloroso, especialmente quando estivera tão perto de perder sua melhor amiga em ao menos duas oportunidades. Engoliu em seco. Tais lembranças pesaram um pouco mais em suas emoções, deixando-a com um humor que normalmente exigia que se distanciasse da possibilidade de interação - o que não parecia uma opção para o momento. Em meio ao turbilhão de lembranças Evans sequer percebera que uma outra vez massageava as juntas compulsivamente, no entanto, ao perceber, tentou disfarçar usando ambas as mãos para empurrar os óculos em direção ao rosto antes de recolocá-las nos bolsos. Ao voltar a encarar Triggs o semblante contido de antes dava lugar a um que transparecia um pouco mais de seu desagrado com a abordagem. - Well, listen... - iniciou, ainda processando o que ele havia dito, e, acima de tudo, a maneira como ele escolhera se expressar. - ... acredito que não devo satisfações de qualquer natureza a você, ou a qualquer outra pessoa. – pronunciou e, apesar do que dizia, a ex-corvina não soava excessivamente defensiva, apenas como alguém que comentava o óbvio. - E, se essa história tivesse alguma veracidade deveria explicações a Georgia, e somente a ela. – e, era certo que Evans jamais faria algo que sabia que machucaria sua melhor amiga. - Listen, em certo aspecto até compreendo o seu desagrado, contudo, não sou objeto de seu escrutínio jornalístico para que se comporte como se tivesse a obrigação de te dar explicações. Há várias maneiras de se abordar um assunto como esse, Jude, e quando se diz respeito a alguém que faz parte da sua convivência pessoal é de se esperar que ofereça o mínimo de cortesia. Não existe isso de precisar ser desagradável para chamar minha atenção quando você tem meu telefone, sabe onde eu moro, conhece os lugares que frequento. Existia uma gama de opções para que você me procurasse e fizesse perguntas, mas suponho que tenha sido mais interessante me enxergar como alguém não confiável, como alguém que deveria ser pega desprevenida, porque assim, quem sabe, minha conduta corroboraria a ideia que você tem da verdade. Até onde sei, não dei motivos para que você viesse até mim com esse tipo de empáfia que me oferece muito pouco respeito, e que faz pouco caso do meu envolvimento em causas que são sim importantes para mim. Sinceramente? Não faz mais a menor diferença se você vai ou não com a minha cara, a sua abordagem já me diz o bastante. Por mim você manteria a opinião que bem entender a respeito dessa história, mas, feliz ou infelizmente nós fazemos parte da mesma família e não quero ser a responsável por pesar ainda mais um clima que já anda bastante ruim. - disse, mantendo em seu timbre uma calma que certamente não sentia, e que aprendera a manter graças ao curso de Direito. Por maior que fosse a irritação em si, não deveria deixar transparecer excessivamente. Além disso, naquele caso, apesar de nada contente com a maneira que o mais velho se referia a si, Evans não daria a ele o prazer de tirá-la do sério por completo. - So, esclarecendo suas dúvidas, não tenho segredos com sua prima, e quando essa história surgiu fui até ela para prestar esclarecimento, o que, no final das contas, nem precisava. Pode parecer estranho para você, mas ela confia em mim. Ela sabe que não a machucaria dessa forma. Enfim, traduzindo, não estou em um relacionamento com Nicholas Mackenzie. Nunca estive. - o que era uma verdade inegável, embora, em um passado que sequer parecia real, houvesse uma nesga de algo mais entre si e o Mackenzie. – Pois bem, antes que argumente que essa história não poderia ter surgido do nada, esclarecerei que, de fato, não surgiu. Eu e Nicholas estivemos no mesmo ambiente no Dia dos Namorados. Antes que crie toda uma teoria a respeito disso, o ambiente em questão era o St. Mungus. Estive lá acompanhando uma colega de trabalho que feriu-se ao abrir um pacote direcionado ao Departamento de Ligação com os Trouxas que continha pús de bubotúbera. Nicholas estava lá graças a uma internação compulsória. - ali Fallon interrompeu-se para mais uma vez checar os arredores. Para além do comportamento paranoico que mantinha sempre que estava ali, não queria que ninguém mais lhe ouvisse uma vez que o acordo com Nicholas não deveria ser de conhecimento geral. - Well, por um acaso do destino nós nos esbarramos em um dos corredores. A informação que compartilharei agora, meu caro colega jornalista, é confidencial e espero que possa mantê-la em off. Nicholas possuía informações sobre o movimento purista a oferecer e queria um acordo por elas, minha função foi intermediar esse acordo entre ele e o Ministério. Foi assim que tivemos acesso a lista de nascidos-trouxas em maior risco, e da mesma maneira descobriu-se onde os puristas mantinham em cativeiro algumas das pessoas desaparecidas. Inclusive, entre eles, o irmão de Andrew Badcock. - para dizer tudo aquilo Evans havia se aproximado um pouco mais de Triggs, ainda assim mantendo uma distância que respeitava o espaço pessoal de ambos. Seu tom de voz não era muito superior a um sussurro, mas esperava que fosse o suficiente para ele compreendê-la. - Skeeter tem olhos e ouvidos em todos os lugares, especialmente no Mungus. O acordo nunca chegou a figurar nas páginas do Profeta Diário, no lugar dele a narrativa fantasiosa que nos transformou em um casal. O público de Skeeter comprou a ideia, o que não chega a surpreender, afinal, muito melhor torcer e acompanhar um romance improvável do que dá atenção ao que realmente acontece ao seu redor, certo? É o que vende jornal hoje em dia. Ninguém está interessado em quantos nascidos-trouxas estão desaparecidos, em como o movimento purista se fortifica, no quanto outras minorias tem sido prejudicadas, contanto que Skeeter siga os alienando. - e, naquele ponto, sua chateação estava muito mais explícita do que desejaria - o que era perceptível em seu timbre, e no brilho de suas orbes azuis. Logo a ex-corvina voltou a afastar-se. – Caso minha palavra não seja o suficiente para convencê-lo, e acredito que não é, cheque com suas fontes, ou no mínimo procure a Corte bruxa. Não será simples, mas imagino que tenha seus métodos para checar informações confidenciais, e é lá que o acordo com Nicholas se encontra arquivado. Caso também não seja o suficiente, faça uma busca pelo meu nome e verá que a algum tempo dei entrada em um processo contra Skeeter e O Profeta Diário. – um processo que provavelmente se estenderia por muito tempo e que sequer conseguiria tirar do imaginário público o que era visto como verdade. – Se ainda assim nada disso for suficiente para que se convença que estou falando a verdade, resta sugerir que envie seu currículo para Skeeter. Tenho certeza que ela ficará radiante em ter na equipe um jornalista com seu nível de formação, e que está absolutamente inclinado a defender suas manipulações. - sugeriu, e apesar de seu tom de voz sério, o sarcasmo sutil em seu timbre era perceptível. - Enfim... – ao silenciar-se Evans mais uma vez olhou ao seu redor enquanto distraidamente mordiscava o lado interno de seu lábio inferior. Embora tivesse se focado na parte da conversa que a envolvia diretamente, não esquecera que Triggs parecia saber demais sobre o que ocorrera a Georgia. Ao voltar a fitá-lo existia uma seriedade a mais marcando o semblante da ex-corvina. – Listen, eu não sei como, e muito menos o quanto você sabe sobre o que aconteceu com Georgia, e compreendo que queira preencher os espaços vazios de informação, mas, pelo bem da sua prima, não leve esse assunto até ela. Você não faz ideia do quanto os últimos anos foram difíceis para ela, para sua tia, para William. Todos eles ainda estão se curando do que houve. Nesse momento, apesar dos pesares, Georgia está bem, e a última coisa da qual precisa é relembrar esse passado, especialmente por causa de Claire. Ela precisa de serenidade. – por mais que quisesse encurtar aquela conversa, Fallon precisava garantir que Georgia não seria atormentada por aquele passado recente. Embora não tivesse acompanhado todas as fases da ex-sonserina após o ataque, estivera por perto tempo suficiente para compreender o quão enraizado era aquele trauma. – Também não faço ideia do quanto andou vasculhando a respeito dos clãs escoceses, mas, pela sua segurança, deveria se manter longe dessa gente. Eles são violentos e impiedosos, e não veem problema algum em eliminar quem consideram como ameaça. – aconselhou enquanto o encarava. Embora fosse inegável sua chateação, não era de sua natureza deixar alguém que conhecia se ferrar apenas por um instinto vingativo. - Well, considerando que sairá daqui com muito mais informações do que quando chegou, e certamente muito mais do que esperava colher, se não houver mais nada que queira insinuar, acusar, ou questionar, nós encerramos por aqui. - apesar de suas palavras darem a entender que ainda estava aberta ao diálogo, Evans sequer esperou que o mais velho respondesse antes de se colocar em movimento.
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dearskyzinha · 4 years
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O eriçar dos pelinhos em sua nuca, uma característica felina que a animagia trouxera para o seu dia a dia, foi o que a alertou para o fato de que provavelmente estava sendo observada. Percepção que a fez alterar a postura relaxada de quem, até então, mantivera-se parcialmente com a guarda baixa enquanto atualizava sua agenda de compromissos para o dia. Uma agenda bastante cheia para quem estava de férias escolares e que sequer continuaria morando no UK. Seu retorno ao país, e mais especialmente a DI, estava relacionado não apenas as poucas burocracias que ainda precisava acertar para sua transferência para Ilvermorny, mas ao pedido de seu chefe para que acertasse o desligamento dele de suas funções como professor daquela instituição. Pedido que não interferia em suas férias do trabalho que só começariam quando fosse oficialmente transferida para a M.A.C.U.S.A, em cerca de duas semanas. Como a criatura que precisava de organização e controle que o era, Fallon possuía tudo planejado na ponta da caneta. Aliás, era essa ideia de controle que, junto a posição pouco privilegiada que tinha por aquelas bandas, costumava deixá-la a maior parte do tempo em alerta. Por mais que estivesse em um pátio aberto na Universidade, onde supostamente não deveria haver alto risco de ataque, a ex-corvina mantinha a varinha em fácil alcance e, assim que sentira o eriçar de seus pelinhos, envolvera os dedos ao seu redor, pronta para se defender caso fosse necessário. Naquele caso a paranoia não era apenas um reflexo do TOC, mas um retrato da experiência de quem nos últimos meses vinha recebendo ofensas e ameaças de toda a natureza. No entanto, ao reconhecer a voz de Jude Triggs a tensão em seus ombros dissipou-se quase por completo e a mão que anteriormente envolvia a varinha fora parar no centro do peito. Massageou a região repetidas vezes enquanto liberava uma respiração aliviada. Era claro que preferia que nenhuma atenção fosse chamada para a sua presença, mas sendo Jude um conhecido seu, dos males aquele era o menor. Ao menos foi o que lhe pareceu a princípio. Fallon girou o corpo sobre o banco em que se encontrava para que pudesse ficar de frente para o mais velho. - Oh, hey!  Veja bem, se o mundo é pequeno demais para nós dois eu não sei, mas, se você me assustar assim uma outra vez, certamente não estarei mais aqui para que o compartilhemos. - disse, à guisa de cumprimento, com um humor sutil marcando seu timbre. Um sorriso singelo, receptivo, marcou o canto de seus lábios. Não dava para dizer que possuía uma relação de proximidade com o Triggs como William e Georgia possuíam, mas, até então, acreditava que estavam em bons termos. Percepção que, para sua completa infelicidade, foi se alterando conforme o mais velho, falante como de costume, e claramente atropelando etapas, mostrava-se muito pouco amistoso. Ao ouvi-lo insinuar, na verdade, afirmar, que era uma militante seletiva, Evans sentiu-se um tanto incomodada, a ponto dos músculos de seus ombros voltarem a tensionar. Parte de si queria acreditar que era apenas uma brincadeirinha por ser uma inegável representante da classe privilegiada, mas, toda a linguagem corporal de Triggs indicava o contrário. Confusão perpassou por seu semblante, pois não recordava-se de ter agido de qualquer maneira que justificasse tal alfinetada. Contudo, certo esclarecimento veio com a cereja no topo do bolo; a menção ao dito príncipe purista, o namorado que nunca teve, mas com quem grande parte da população bruxa acreditava que vivia um romance tórrido. Foi impossível para Evans evitar revirar os olhos em pura exasperação. Desde sua visita ao Mungus, no fatídico dia dos namorados, Fallon precisara aprender a lidar com o que intitulara como “delírio coletivo patrocinado por Rita Skeeter”. Uma mentira que tomara proporções tão grandes que começava a duvidar da possibilidade de ser esquecida. A ex-corvina não possuía qualquer ideia de como Nicholas Mackenzie estava lidando com aquele assunto, mas imaginava que muito pouco o incomodava uma vez que para os homens calúnias daquele tipo eram recebidas como elogios. Para ela, no entanto, sobrava todo tipo de julgamento. Mais ameaças, mais ofensas, mais paranoia. Um dos motivos pelo qual sair daquele ambiente se tornou extremamente necessário para a sua saúde mental. Nos últimos meses havia aprendido que de nada adiantava negar o relacionamento uma vez que o público de Rita parecia realmente interessado naquela narrativa que envolvia dois lados opostos. A opção que restara-lhe fora dar entrada num processo que certamente se arrastaria por anos e que muito pouco faria para reparar o estresse que aquela história já lhe causara. De resto, bastava lidar. E era o que vinha fazendo. Contudo, por mais irritante que fosse receber críticas de quem não a conhecia, nada se comparava ao julgamento de quem convivia consigo. Era claro que sua convivência com Jude era relativamente recente, contudo, acreditava que haviam estabelecido proximidade o suficiente para que lhe oferecesse ao menos o benefício da dúvida. De qualquer maneira, haviam milhares de outras maneiras de abordar aquele assunto sem precisar fazê-la se sentir, na falta de uma palavra mais adequada, desconfortável. - Oh? Wow! Por Rowena, isso é... hm, inacreditável. - balbuciou, meio chateada, meio irritada, sentindo os olhos arderem como sempre faziam quando sentia-se afetada por alguma coisa. Por ter aprendido a se conhecer bem, Evans sabia que precisava de um instante para tranquilizar-se antes de dizer qualquer coisa. Quando irritava-se costumava agir como uma legítima filha de Amelia e não gostava nada daquele comportamento. Além do mais, sabia que não fizera nada de errado e mesmo se estivesse mantendo um relacionamento com Nicholas a única pessoa a quem deveria explicações seria sua melhor amiga. A ex-corvina liberou uma respiração profunda enquanto piscava repetidamente. Por um instante concentrou-se em guardar a agenda e o resto de seu material dentro da bolsa que carregava consigo. Quando deu-se por satisfeita, colocando tudo categoricamente arrumado em seu lugar, percebeu que podia voltar a pronunciar-se. Ao voltar a encarar Jude seu semblante era sério, contido. Mas seu olhar não escondia certa chateação pela abordagem desagradável. - Well, darling... - a última palavra carregava consigo parte da irritação que continuava a rondá-la. -... apesar de seu interesse não soar nada genuíno, vale dizer que estive muito bem até poucos instantes atrás. - pontuou, esforçando-se para manter um timbre calmo, neutro. Fallon levantou-se do banco, checando mais uma vez se não deixara de guardar qualquer um de seus acessórios, em seguida voltou a encarar o mais velho. - So, hm, por um instante a surpresa de encontrá-lo por aqui foi bastante agradável, infelizmente, você fez bastante questão que essa sensação não se perpetuasse por muito tempo. Uma pena. Creio que poderia dar continuidade a esse comportamento meio passivo-agressivo carregado de alfinetadas e diretas, mas não é muito meu estilo. - disse em um tom de voz baixo porque não queria chamar atenção para a conversa de ambos. Além do mais, como faziam parte da mesma família, não era sua intenção tornar toda a questão muito maior do que precisava ser. A ex-corvina liberou um suspiro resignado. Apesar de ainda sentir-se tensa, ela não assumira uma postura excessivamente defensiva. Embora ainda mantivesse o semblante contido, cada vez mais transparecia sua chateação com a postura de Triggs. Evans empurrou os óculos em direção ao rosto antes de retornar ao tique de massagear as juntas - que servia também como uma tentativa de relaxamento. - Jude. – chamou, depois de mais um instante em silêncio, assim que tornou a fitá-lo. - Listen, se quiser me questionar a respeito de algo o faça diretamente. Eu sei que não somos tão próximos, que convivemos a menos de um ano, mas quero acreditar que existe ao menos um canal aberto para o diálogo, sabe? Não custa oferecer o benefício da dúvida antes de bancar o degradável. – disse, franzindo o cenho daquela maneira que formava dobrinhas entre suas sobrancelhas. Mais um dos sinais de seu aborrecimento com os rumos daquele encontro inesperado. Além do mais, considerando apenas o que se encontrava nos jornais, não fazia muito sentido para si o comportamento do mais velho. - Caso contrário, well, você parece já ter uma opinião formada, e só me resta lamentar que seja mais um contagiado pelos delírios de Skeeter. - e, por mais que não fosse sua intenção deixar tão claro, fora impossível disfarçar o azedume em seu timbre, principalmente ao se dar conta que era de se esperar que um jornalista com a experiência de Triggs desconfiasse de qualquer linha escrita por aquela charlatã.
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@dearskyzinha
— É oficial. O mundo é pequeno demais para nós dois. — a voz de Jude era reconhecível a uns bons metros de distância, pois estava para nascer alguém que gostasse tanto de ser ouvido. Claro que não tinha a menor intenção de chamar a atenção de Fallon Evans como se usasse um megafone, mas tinha sido forte demais. Principalmente ao levar em consideração o que descobrira nas últimas semanas e que lhe dera mais motivos de infernizar suas fontes secretas no Reino Unido. Além disso, se tornar praticamente um colecionador das versões antigas e atuais do Profeta Diário — e sua mãe teria uma síncope ao saber que estava gastando dinheiro com coisas que tinha em mente que não usaria para exercer seu trabalho. Ao menos, gostaria de acreditar que não usaria e não foi nenhuma surpresa em se ver em crise de consciência sobre a quantidade de matérias que poderia escrever sobre o caso da sua prima, Georgia Triggs, mais os interligados que incluíam a garota à sua frente. Uma garota que atiçava um novo tipo de curiosidade nem um pouco bem quista. — Eu espero que não esteja interrompendo sua seletiva militância. Mas, como pode perceber, meu trabalho é basicamente infernizar a sua vida. — um sorriso frouxo pintou em seus lábios. Era indisfarçável o azedume em se dirigir aquela a quem formara opiniões muito melhores para serem queimadas tão rapidamente. Isso porque nem encontrara a real fonte do problema: um tal de Nicholas Mackenzie. Sendo como era, Jude não descansaria até encontrar quem infelizmente descobrira ser uma espécie de cool kid da Sonserina. Pior, parente distante por ser meio-irmão de Georgia. Se não fosse jornalista, certamente seu cérebro teria entrado em curto circuito. Mas, male male, se via mais intrigado naquela zona de intersecções de pessoas improváveis. Quanto mais chafurdava aquela história, mais tinha certeza que alguma coisa tinha sido aumentada. Era um absurdo atrás do outro. — Mas, antes que me cobre visto que não dormimos juntos, sei ser minimamente educado. Como vai você, ma chérie? — o ma chérie era seu código extremo da falsidade. E tinha sido uma postura muito natural para quem se sentia meio desconfortável na presença da mais nova. — Pensei que ficaria os meses das férias nos EUA. Mas imagino que tenha ido visitar, como é mesmo, seu príncipe purista. Eu poderia entrar com o pedido de cancelamento, mas eu me esqueço que brancos não são cancelados.
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dearskyzinha · 5 years
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Georgia não estava errada em acreditar que houvera certo estranhamento por parte de Evans com relação ao lugar escolhido para o que intitulava como “brunch de aniversário”. Nada que tivesse tomado muito tempo de ponderação por parte da ex-corvina, afinal, apesar da primeira visita de ambas àquela cafeteria ter sido moldada pela tensão da gravidez recém-descoberta de Triggs, o ambiente acolhedor e, a comida de qualidade, haviam deixado sua impressão positiva. Além do mais, o lugar tinha seu marco, pois fora onde ambas começaram a entender as mudanças que uma criança traria para a vida da ex-sonserina. – Well, você não me ouvirá reclamar de toda e qualquer oportunidade que surgir de comer essa torta de limão novamente. Só não digo que é a minha favorita pois nenhuma é melhor que a sua. – disse, em um tom de voz suave, ao mesmo tempo em que lançava uma piscadela cúmplice para a melhor amiga. – Hum, já que estamos falando de reparação histórica, mesmo que não me pareça necessário, me resta sugerir que venhamos até aqui mais vezes. A deusa sabe que preciso ganhar uns quilinhos, e esse lugar certamente contribuirá para isso. – concluiu, arqueando as sobrancelhas brevemente, e permitindo que um sorriso afável moldasse seus lábios. Evans desviou sua atenção da melhor amiga para que, de fato, experimentasse um pedaço da bendita torta de limão. Suspirou, em contentamento. Quando estava ali, em Nova Iorque, em companhia da melhor amiga, era que entendia o que a impulsionara a buscar por uma mudança de ares. Não era como se os problemas que deixara do outro lado do oceano Atlântico desaparecessem, contudo, a ideia de que pelo menos por um tempo eles não conseguiriam alcançá-la proporcionava certo alívio. E era esse alívio que a deixava menos tensa, com um melhor humor, e com um apetite que raramente se fazia presente quando estava em território britânico. Embora desde o principio estivesse em posição de risco por conta de seu status sanguíneo, o caos no mundo bruxo vinha a atingido com um pouco mais de força desde que tornara-se foco de uma exposição indesejada, que era corroborada quase semanalmente por Rita Skeeter. Tal exposição a deixara mais suscetível a variáveis tipos de assédio e ameaças - um completo pesadelo para quem sempre prezara por ser invisível. Questões que não deveria, e nem queria, ponderar naquele momento e que se esvaíram de sua mente assim que ouvira Georgia informar que Jude estava na cidade. Se ainda estivesse mastigando certamente teria se engasgado com o pedaço de torta. – Diamond também veio? – questionou, arqueando ligeiramente uma das sobrancelhas. Embora tivesse convivido muito pouco com os primos de Triggs, havia percebido que a energia deles era de um polo oposto à sua. Provavelmente não conseguiria acompanhá-los nem se quisesse muito. – Well, contanto que ele esteja focado no fato de que é seu aniversário, por mim tudo bem. – brincou, subindo e descendo as sobrancelhas em um trejeito sapeca. Via de regra, Evans não esperava que ninguém, além de seu pai e Georgia, recordasse de seu aniversário – e não se chateava com o fato, uma vez que crescera com uma mãe que fazia questão de ignorar a data. – Just Kidding. Ok, well, ele não pode cometer um sequestro se não nos encontrar. E tenho certeza que podemos ocupar o nosso dia com as muitas coisas que há para se fazer nessa belíssima cidade frenética. – disse, no tom de voz conspiratório de quem sabia muito bem quais programas poderiam fazer pelo resto do dia. Como suas visitas a Nova Iorque eram sempre curtas demais, Evans quase nunca podia levar Georgia aos seus lugares favoritos da cidade. Contudo, antes que pudesse sugerir um destino que as deixaria fora do radar de Jude por ao menos algumas horas, a ex-sonserina empurrara uma sacola em sua direção. Evans afastou a torta e o suco para o lado, para que pudesse colocá-la diretamente à sua frente. Ao abri-la, cuidadosamente, deparou-se com mais uma demonstração do talento que Georgia possuía para confeccionar. A ex-corvina retirou a jaqueta de dentro da caixa e, por alguns instante, distraiu-se ao deslizar as pontas dos dedos pelos patches coloridos, e, mais especialmente, sobre a frase escolhida por Triggs - uma frase que enxergava como um motto. Um sorriso largo, bonito, daqueles que raramente dava, e que iluminava suas feições cansadas, brotou naturalmente em seus lábios. Evans retirou o casaco fino que usava, e prontamente o substituiu pela jaqueta. – Bem, eu poderia tentar me defender da acusação de que uso uma só cor, mas meio que acabei de me dar conta de que meu closet oscila somente entre cores neutras, e blusinhas geeks para usar em casa. Hum, sinal de que preciso renovar meus looks. – um breve biquinho formou-se em seus lábios. Aproveitando-se do fato de que estavam em uma cabine, o que dava-lhes o mínimo de privacidade, Evans levantou-se. – So, fiquei bem? – questionou, em um tom de voz divertido, enquanto dava uma viradinha para Triggs visualizar a parte de traz da jaqueta. – Hum, listen, não há nada de pobre sobre esse presente, ok?! Eu amei, de verdade! Assim como amo todos os presentes que você me dá, porque sei que há tempo e afeto envolvidos na confecção. Ugh, baby girl, você aquece meu coraçãozinho, sabe?! – disse, com sinceridade, ao voltar a sentar-se ao lado da ex-sonserina. – Obrigada, Gia! – concluiu, com um sorriso afável moldando seus lábios. Evans curvou-se em direção a melhor amiga e depositou um beijo carinhoso em sua bochecha. Assim que voltou ao seu lugar, a ex-corvina prontamente deu atenção ao outro presente, um pequeno book com fotos suas. Embora estivesse ciente de que atendia a um padrão esteticamente aceitável, por inúmeras questões que não valiam a pena ruminar naquele momento, Evans possuía alguns problemas com a própria aparência – um dos motivos pelo qual evitava tirar fotos, especialmente selfies. Faltava-lhe a famigerada autoestima. Contudo, as fotos tiradas por Georgia, que, em maioria, eram capturas de momentos espontâneos, eram de bom gosto. Faziam-na não implicar tanto com algumas imperfeições, como a bendita marca de catapora em sua testa. – Well, meu sobrinho ou sobrinha vai ter o book de recém-nascido mais bonito já feito. – comentou, em um tom de voz baixo. Engoliu em seco, e em seguida respirou fundo. Embora mexesse com alguns de seus botões, de maneira geral, a sensação que aquele book gerava era positiva - para sua própria surpresa. – Eu... você sabe que não sou a pessoa mais segura com relação a aparência, certo? But, well, olhando essas fotos, sinto meu ego ligeiramente massageado. - murmurou, e em seu tom de voz, na maneira que fitava a melhor amiga, ficava claro que, apesar da tentativa de soar divertida, estava realmente grata por aquele presente que a fazia se enxergar pela percepção dela. - Listen, mais uma vez; muitíssimo obrigada! - murmurou, com óbvia sinceridade. Sem que sequer se desse conta, Evans girava alguns dos anéis que usava, o que correspondia a um dos tiques que acompanhavam seu TOC. Desprendendo-se de tal repetição, a ex-corvina colocou a mão sobre a da melhor amiga, e a apertou afetuosamente. – Eu realmente amei os seus presentes, menos a parte em que você torna minha missão de dar presentes à altura quase impossível. – completou, voltando a fazer um biquinho com os lábios. Cuidadosamente Evans guardou o book dentro de sua mochila, para, em seguida tirar de lá a caixa com os presentes que daria a Triggs. Naquele momento daria apenas os seus, os de Raymond esperaria para entregar quando estivessem em casa, pois tinha em mente que falar em seu pai recordaria a ex-sonserina de Prudence, e as coisas entre as duas seguiam não resolvidas desde que Georgia a informara que estava grávida. – So, minha vez. – murmurou, ao entregar a caixa de presentes. – Há quatro pacotes dentro da caixa, eu gostaria que você começasse pelo envelope pardo. – pontuou, sentindo-se um tanto insegura. – Well, não é realmente um presente, mas, como faltavam poucos dias para o nosso aniversário quando terminei de lidar com as burocracias, achei que seria adequado entregar hoje. Você lembra que disse que precisava de ao menos seis meses para me organizar se quisesse uma mudança? So... – Evans pendeu a cabeça ligeiramente para o lado, enquanto seguia observando a melhor amiga - muito mal disfarçando o seu súbito nervosismo. No envelope pardo encontravam-se os documentos de sua futura transferência para Ilvermorny, assim como a oferta de estágio na M.A.C.U.S.A - que só fora possível porque seu atual chefe trabalhava para os dois Ministérios. - ... nossa distância física diminuíra de 5.567 km para apenas 14,4 km. Well, ao menos por alguns meses. Eu gostaria de estar mais presente até o nascimento do seu bebê, e poder ajudá-la nos primeiros meses pós-nascimento. Além disso, well, por mais que queira me manter presente, ativa, resistente, diante do que se desdobra na comunidade bruxa no momento, penso que também preciso aprender a respeitar os meus limites. De qualquer maneira, acredito que ainda há muito o que possa fazer a distância. Enfim... – deu de ombros e gesticulou como quem não queria se estender demais naquele tópico. Embora parte de si estivesse mais que confortável com a decisão de se distanciar da comunidade bruxa britânica, ainda existia aquela voz no fundo de sua mente que acusava de covardia. Evans meneou a cabeça de um lado para o outro, como se assim pudesse espantar tal norte de pensamento. – Hum. Esses dois ... – apontou para o saquinho de veludo preto, e para o presente fino e retangular embalado em papel rosa claro. - ... tem a ver com seu bebê. Bem, o primeiro é pra você colocar na pulseira charms. A criança é mais um marco importante na sua vida, na nossa amizade. Eu sei que a gravidez veio em um momento inesperado, but, há uma beleza singular em vê-la crescer, florescer, e expandir sua família. Fico feliz em poder acompanhar tudo isso bem de perto, em fazer parte do processo, e em me dispor a estar ao seu lado nos bons e maus momentos. - expressou, honesta e afetuosamente. Aquela fase de amadurecimento, em que abandonavam de vez a adolescência, seria árdua, mas, ao menos, tinham uma a outra. – O segundo é a ilustração digital de uma foto que tirei sua dia desses, sem você perceber. Estamos quites. – disse, com um ligeiro sorriso, movendo as sobrancelhas sapecamente. – A propósito, devo dizer que a gravidez tem deixado-a ainda mais adorável, é, inclusive, difícil conter a vontade de apertá-la o tempo inteiro. – meneou a cabeça vezes seguidas para corroborar o que dizia. Um sorriso tenro pontuou o canto dos lábios de Evans. – Por fim, ali... – apontou para uma pequena caixa envolvida em papel prateado. - ... well, você está de casa nova, chaves novas, so, um chaveiro novo me pareceu uma boa ideia. Como pôde perceber, não estive no melhor da minha criatividade esse ano. – completou, franzindo o cenho, ao mesmo tempo em que encolhia os ombros como quem se desculpava. – So, listen, obrigada por sempre tornar esse dia especial para mim, para nós. Essa data não seria a mesma se não tivesse você ao meu lado! Hum, feliz aniversário pra você também, Gia!
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@dearskyzinha
— Eu sei que você provavelmente deve estar se perguntando o motivo de estarmos aqui. No lugar que eu paguei vexame e ainda comi demais ao ponto de passar mal depois. Mas vamos dizer que é reparação histórica. — Georgia disse segundos depois que ambas foram servidas com seus respectivos pedidos. Ao contrário da primeira e única vez que estiveram ali, e que envolveu suas lamúrias da recém-descoberta gravidez, a ex-sonserina se sentia um tanto mais energizada. Suspeitosamente confortável. Podia-se dizer até que alegre — fato que não se devia a uma boa quantidade de medicamentos que ajudavam sempre a botar flores em sua mente perturbada e deprimida. Apesar de fazer referência a um dia sem tesão algum, o que tinha para compartilhar naquele dia, além de felicitações com sua melhor amiga, era de certo modo empolgante. Talvez, recompensador. E Triggs não saberia precisar quando havia sido a última vez que se sentira daquela maneira. Especialmente quando seguia com alguns sintomas da gravidez, que completara milagrosos 4 meses não muito recentemente, e se adaptando a diminuição dos medicamentos. Sem contar que a última semana não tinha sido feliz, nem empolgante, porque ruminara sobre o dia em que decidira apagar as memórias e sumir. Seu suicídio indireto que não deixara de ocorrer e foi horrível se ver abatida pelo luto por quem não existia mais. Uma versão de si que criara uma tour de despedida que ainda gerava certa dor interior. Nem toda quantidade de desculpa que pedira apagaria aquela mancha, que a impulsionara a duvidar do que vinha duvidando todos os dias: de que seria uma boa mãe. Algo que sua própria mãe, a mulher que insistia em telefonar, ao ponto de manter o celular no mudo e socado nos confins da bolsa, parecia ter muita razão. Pensamento que não era adequado para o momento e tratou de focar no que realmente interessava. — Aliás, eu estou tirando a gente da rota de Jude que, pelo que me consta, acabou de chegar. E ele vai querer cometer um sequestro. Acho bom você se preparar psicologicamente. — mesmo que não tivesse tanto convívio com o primo, Georgia convivera com ele por tempo suficiente para sacar a extroversão em excesso e que seres deprimidos como ela passavam a evitar como se fosse a própria personificação do capeta. — Mas, tirando isso, eu só queria me redimir daquela situação ridícula. Além de prestigiar minha irmãzinha em um lugar quieto e que tem doces de qualidade. — ao dizer isso, Georgia ergueu uma sacola, que continha uma caixa preta, e a repassou para Fallon. — Perdão pela pobreza do presente, mas eu não tenho tanta grana para te dar o que merece. Acho que esse é meu kit mais pobre de presentes, mas compenso no Natal. — Georgia declarou em um tom constrangido. Sentiu uma torção no estômago que a fez apoiar a mão na barriga aparente, pois ela vinha carregando todas as preocupações possíveis e até mesmo inexistentes. De novo, sua vida mudara de uma hora para a outra e estava em uma nova adaptação. E era bizarro, pois seu único plano ao se mudar para NYC foi somente se manter o mais longe possível do Reino Unido. Detalhes que impediu de ruminar ali mesmo, com uma dose típica de ansiedade no seu organismo, ao bebericar um pouco do suco. — Eu não sei se ficou bom, mas foi o que consegui fazer. Os patches me parecem bem colados, mas, qualquer coisa, eu arrumo depois. Eu não queria nada com cara de morte, nem muito berrante, nem unicolor. Ainda mais pra você que parece que usa uma cor só. Então, eu resolvi enfiar todas as cores possíveis. E também não queria fazer nada igual àquela que te dei de formatura… Enfim. É melhor eu ficar quietinha ou provocarei meu próprio cancelamento. — ela desenhou um zíper nos lábios e sorriu fracamente. A última menção também não caiu bem, pois havia sido naquele mês, se não estivesse enganada, que sofrera um atentado em Hogwarts. Fato sem imagens, mas que ainda lhe causava arrepios. — Só estou reafirmando o quanto você é sucesso e que te admiro muito. Se não gostar, bom, não tem troca no estoque, mas, pelo menos, tenho outro presente e acredito que esse estará fora de cogitação de ser negado. Está embaixo da peça e ele foi feito para não haver dúvidas de que você é muito gata. — Georgia fazia menção a um pequeno book de fotos que tirara de Fallon no último ano. Outro presente arriscado, pois conhecia bem sua melhor amiga. — Bom, feliz aniversário, Skyzinha!
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dearskyzinha · 5 years
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shadesofteddy‌:
Georgia era um tanto familiar com a persona Edward Lupin, mas nunca o vira pessoalmente. Se um dia isso ocorrera, com certeza estava ocupada demais com algum dos seus antigos colegas de Hogwarts. Ou mais precisamente um que ainda considerava como amigo apesar da distância abismal. A questão é que ela poderia levar tudo aquilo em consideração para se sentir menos nervosa diante de um alguém que nunca lhe acarretara mal. Porém, as marcas negativas de uma tentativa de ingressar e se manter em uma vida acadêmica, com expectativas que fora incapaz de atender e obrigações que não tivera condições de cumprir, a fizeram se sentir atacada. Um atestado que tinha um Lupin de assinatura, a fonte real da sua constante autodúvida dentro de sala de aula. Era-lhe surreal que voltara à faculdade depois daquele capítulo, mas não queria dizer que vinha sendo fácil. Principalmente naquele período em que se via atolada de trabalhos e de provas que não conseguia administrar. Graças ao seu ataque, a ex-sonserina perdera consideravelmente a capacidade de concentração e esse era um ponto relevante para seu fracasso universitário constante. Contrastando com sua vontade de tentar, algo que fizera em sua fase no DI. Dera-se um mês para ao menos saber se era aquele molde de vida que queria. Se seria capaz de se sustentar em um universo que a expelira antes que sua noite de formatura se encerrasse. Um evento que poderia não mais lembrar, mas, conforme os meses se passavam, rumo ao aniversário de sua quase morte - e que ainda via como a primeira morte de si -, seu corpo inteiro entrava em alerta, como se algo trágico fosse ocorrer a qualquer momento. Como naquele instante em que se via rígida na cadeira, sentada a uma mesa junto com um tipo de autoridade que ainda a atordoava. Duas, na verdade, pois o responsável em apagar suas memórias também estava ali, no canto de outra mesa, fazendo-a se sentir desconfortável por se lembrar de que tal decisão foi sua forma nada brilhante de evitar outra tentativa de suicídio. Tudo naquele cenário compunha uma grande cena de gatilho e, mesmo que Edward tentasse segurar sua atenção, o flight da sua ansiedade estava em modo extremo. Já que não podia fugir de corpo, especialmente porque parte daquela ideia de jerico era sua, escapismo mental foi a solução. Conseguira ir para longe, tendo seus pensamentos entrecortados por uma voz ou outra. Seu distanciamento parecia ter durado uma eternidade já que retornara ao presente ao se assustar com o toque de Fallon na sua mão que segurava uma colher como se fosse âncora de salvação. Resfolegou. Não queria espiar Aiden, mas era impossível não cruzar com o semblante do auror para assim centralizar sua atenção em quem parecia genuinamente interessado em um trabalho que, sem dúvidas, queria o mais distante de si. - Desculpe, eu estava pensando se deixei o forno ligado. - Georgia disse depois de bater as pestanas como se tivesse acabado de despertar de um sono profundo. Gentilmente, ela esfregou o olho esquerdo com a mão livre e depois a depositou na barriga. Era em gestos inconscientes como aquele que a verdade da gravidez vinha à tona e seus olhos se arregalavam um pouco como se acabasse de descobrir tal fato. Apesar das mudanças em seu corpo, dos exames, do desejo de comer metade das coisas que tinha no cardápio, da preocupação constante, entre os afazeres diários, sobre como sustentaria e educaria uma criança, ainda dava para se enganar sobre a barriguinha saliente. Dava para se entreter dando outros motivos - e vinha fazendo isso na faculdade. Vira e mexe ouvia que a aceitação sobre uma gravidez, ainda mais inesperada, vinha aos poucos. Para mulheres normais, pensava depois que consumia muita informação online. Impossível para quem tinha dois transtornos mentais, um histórico suicida e que começava a passar por outro desmame de medicamentos. Essa última parte era a que vinha gerando mais estresse tanto pelas mudanças de comportamentos e de humor, junto aos hormônios aflorados, quanto porque foi na piração de um desmame que pensou em se tacar na frente de um trem. A última coisa que precisava era revisitar tudo aquilo, mas seu corpo sentia. Sua mente sentia. Era como em Hogwarts, a paranoia, perturbando-a. Respirou fundo e ajeitou a postura. Os dias começavam pouco a pouco a ficar mais quentes, um inferno porque não achava que tinha condição alguma de usar peças mais reveladoras. - Bem, retomando, eu penso em quinhentos planos por segundo, então, eles podem soar meio confusos. - começou a dizer depois de apertar a mão de Fallon de volta, como para sinalizar que estava tudo bem. De fato não estava, pois mal conseguia olhar para Edward, o que fez o menu vir a calhar. - Eu reencontrei esse projeto nas minhas coisas um tempo atrás e, depois de falar com Fallon, concluí que era melhor despachá-lo para ser útil a ser motivo do meu eterno tormento. Eu não lembro exatamente cada palavra do que escrevi. O máximo que cheguei a fazer foi ler os intertítulos. Todo caso, foi esse projeto que me ajudou a não repetir de ano e creio que toda energia dele possa ser melhor aproveitada em algum lugar que ganhando poeira nas minhas caixas. - em uma nova limpeza, Georgia despachara muito mais que ainda a interligava com o mundo bruxo inglês. Doara os livros. O uniforme. Não tinha mesmo a intenção de retornar àquele lugar. Nem por motivos de hecatombe. Fato esse que era real, o que a fez lançar um olhar inconsciente de censura para sua melhor amiga que seguia brincando com fogo. E para quem já era toda cagada das ideias sobre o que puristas eram capazes de fazer, vê-la ainda ativa naquele inferno só piorava sensações de memórias que não tinha mais. Além disso, mexia na porta que tinha fechado sobre Nicholas em uma carta basicamente de despedida. O que parecia não ter adiantado, pois aquele energúmeno ainda retornava para sua vida. E não conseguia não pensar na merda que era ele ter sido envenenado. Entregando que aquela família não tinha hora para parar. Realização não tão nova, mas que servira de motivação para liberar seu projeto para domínio público. - Eu prezo pelo anonimato. - continuou em um tom duro. Ao dividir aquele trabalho, Georgia não tinha a menor intenção de ser heroína ou algo do tipo. - Eu parto do pensamento de quando eu escrevia no Jornal de Hogwarts. Ninguém me lia, mas os poucos que liam se sentiam bem de alguma maneira ou compreendiam que ponto eu queria atingir. Eu sempre intencionei gerar discussão. Antes, eu me engajava pessoalmente. Agora, eu não posso. Talvez, nem quero e isso pode ser considerado como uma despedida de tudo que deixou de fazer sentido pra mim. Ainda mais quando penso que tem gente que passou pelo mesmo que eu, que tem chances de passar ou ainda passa. - se calou por um momento para ingerir um pouco de água. Os enjoos matinais seguiam tão quanto aquela necessidade absurda de querer dormir por horas - sem sintoma de depressão. - Esse projeto chegou a me dar ideias extras, em um tempo que eu ainda me via um tanto mais sadia e inspirada. Um movimento mas, considerando meu histórico e minha situação atual, eu não posso ir mais além ao que está no papel. Você pode fazer o que quiser, desde que também não mude uma linha do que escrevi. - não era uma boa pedida pensar em Nicholas, mas parte daquele trabalho tinha ele como denominador comum. Indiretamente, claro, visto que só dividiam o mesmo sangue paterno. Realização que a fez sentir um espasmo na espinha. Era horrível como aquilo ainda a tirava de seu completo cerne. - De algum modo, eu sempre quis fazer alguma diferença no mundo bruxo de lá. Mas, como se o universo soubesse, essa é a última coisa que me restou para agir. - ela largou o menu e finalmente fitou Edward. Ele a olhava atentamente, de um jeito que julgou compassivo, e ela retribuía com um ar destemido. Por um segundo, sua atenção caiu no bloco de pergaminhos e lamentou sem saber porque lamentava. - Talvez, eu não deva fechar esse capítulo dando meu silêncio. Mesmo que ninguém saiba que sou. O que não duvido que logo descubram, pois eu parei no Profeta Diário. - e se lembrava de tais implicações. Tudo que envolvia aquele projeto ainda a atormentava, porque tinha um emaranhado de espinhos, e tudo vinha com força fulminante, desconcentrando-a. -Então, no máximo que puder, eu conto com sigilo. Principalmente porque você não botará só sua vida em risco e eu espero que eu não tenha que desenhar. - cutucou com o humor do Satanás que tirava Georgia do eixo. Era incontrolável e claramente se intensificava graças ao que Edward representava. Respirou fundo de novo, mais para se acalmar, e um flash trouxe a lembrança de um comentário que parecia ter sido sobre Minerva. Fazia tempos que não a via. A única pessoa que, realmente, sabia o que fazia ao tentar mantê-la nos domínios de Hogwarts. E a desobedecera todas as vezes. Como a estúpida e ingênua que costumava ser. Lembrança que não caiu muito bem. - Eu não tenho plano de estratégia, a não ser vetar a publicação em qualquer meio que seja neutro ou sensacionalista. Também não quero que meu texto seja usado para gerar mais injúria, embora seja isso que automaticamente acontecerá do ponto de vista de quem se sentirá atacado e não poderia me importar menos. Meu intento quando escrevia não era colocar lenha na fogueira, mas passar de ano. Nada menos que isso e espero que meu pedido seja preservado. - concluiu, de um modo quase cirúrgico. Havia sim emoção na sua voz graças aos sintomas da ansiedade, mas o lado enriquecido de si por causa daquele desdobramento com os Mackenzie deixara uma emoção que ela ainda não sabia lidar ou expressar bem: a raiva. Ainda congestionada dentro do seu ser. - Se tiver alguma sugestão, fique à vontade. Apesar de eu estar meio que surtando, Fallon me disse que você não é um ente das trevas, então, eu espero que minha confiança não seja traída. - Georgia voltou a puxar o menu e percebeu que precisava comer. Não por fome, mas para manter a boca ocupada.
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Foi impossível poupar uma risada assim que ouviu Georgia chamá-lo de possível entidade das trevas. Argumento que lhe servia não somente de diversão particular, como também para ter um termômetro sobre o comportamento da ex-sonserina. Apesar da determinação em seu timbre, ele capturara a mesma rigidez, deduzida no instante em que se sentaram, e distração que o fez crer, pelo ínterim de tempo que Fallon esboçava suas considerações, que ela não diria muita coisa. Por isso mesmo que Teddy se viu surpreso com a assertividade de quem seguia transmitindo incômodo na linguagem corporal. Algo que não o abalava, porém, lhe dava o direcionamento de como deveria continuar a conversa. Honestamente, não esperava que Triggs se impusesse. Não por achá-la incapaz, mas sim pelo peso do assunto. Fizera sua própria lição de casa, claro, o que o tornou ainda mais cuidadoso na exposição de seu interesse em publicar o projeto dela. Contudo, quem passava pelo que ela passou não queria reviver nenhum trecho do capítulo em específico e não houve um só momento que a jovem não deixara isso claro como água. A preocupação em ser uma figura de autoridade não era um grande problema, concluiu. O problema é que a garota fora marcada e, pelo visto, tal fato parecia incluir Aiden Cross, a quem ela também entregara seu desconforto - e ele continuava fingindo que o auror não existia tão quanto fingindo que o auror não era responsável por parte do desconforto que nada tinha a ver com a virada de uma noite na balada. Fato do qual o fez engolir em seco e pegar o bloco de pergaminhos. Não era momento para centralizar no que seria um futuro episódio de choro livre na companhia da acionada Dominique. Aquele momento pertencia às jovens que aguardavam seu parecer sobre um projeto que ele mesmo passara a acreditar. E, por meio das palavras de Georgia, seu instinto de ação já começava a desenhar alguns insights. - Não sou um ente das trevas. Ao menos não nos dias que não tem Lua Cheia. - declarou o ex-lufano cheio de humor. Não tinha preocupação alguma sobre se anunciar como um lobisomem. Desde cedo aprendera uma das lições mais difíceis do crescimento: se aceitar. Sozinho, sem pais para acompanhá-lo no processo. Ser mordido não tinha sido algo emocionante, aceitável, mas não dava para viver negando o que existia. Não gostava da licantropia, mas nada podia fazer a respeito a não ser compensar nas semanas em que a Lua estaria a seu favor. Período que não tinha que se preocupar com seus ânimos, vontades e com a poção que odiava ingerir. - Mas estamos na mesma página. Acredito que o anonimato se faz necessário, independentemente se descobrirem quem assina este projeto. O que me faz questionar se você tem algum desejo de retornar ao mundo bruxo inglês. Caso sim, será importante informar, porque você precisará de proteção. Infelizmente, não tenho controle dos mais radicais e são esses radicais que podem descobrir de onde vem esse trabalho. Não quero assustá-la, mas o clima segue estarrecedor e esse projeto será bomba no formigueiro. - concluiu, deslizando os dedos pela nuca tensa. Seus cabelos estavam no tom original, castanho claro, mesmo que sua emoção mais forte fosse a ressaca que poderia deixar seus fios com cor de merda pura. - Concordo sobre os veículos. Tão quanto sua distribuição. O que me faz pontuar outro impasse e não sei se vocês concordam: eu acredito que Georgia precisa ler o material para aprová-lo. Parece desnecessário, mas não é. Para manter sua essência, mesmo que no anonimato, eu precisarei de uma revisão sua. Mas, se for muito incômodo, talvez, quem sabe Fallon possa ajudá-la? A última coisa que eu quero é que se sinta perturbada. Compreendo sua necessidade de se livrar desse aparente Chernobyl que não é Chernobyl, mas esses pergaminhos sempre estarão interligados a você. Querendo ou não é sua história e, como você mesma pontuou, há quem passe por isso neste instante. Você é uma fonte confiável, Georgia, não somente pelo que passou, mas pelo que a moveu a escrever isso aqui. Tudo bem, você ganhou nota, mas isso é ponte pra pesquisa. E acredito que você sabe que pesquisa não é prioridade no mundo bruxo e nunca é tarde para mudar isso. Afinal, se um fala, é quase certo que outros vão endossar o que foi dito. - Teddy declarou. Não lhe passou batido o desejo de Georgia em se livrar do projeto, mas seria nem um pouco sensato transmitir a mensagem sem leitura prévia da autora. Além do mais, não era nada positivo estimular mais raiva do que ela já sentia por toda aquela situação. Para que pudessem trabalhar juntos, em harmonia, Triggs precisava compreender que a experiência dela era relevante. Ela precisava acreditar que estava sendo extremamente útil. - Mesmo que você não possa estar no mundo bruxo inglês, não quer dizer que você não possa ser ativa de outra maneira. Basicamente, você se tornará um tipo de Ghost Writer. - encerrou aquele ponto se sentindo um tanto satisfeito. - Bom, agora falando em planos e em estratégias. Ainda mais agora quando penso em anonimato para não chegarem em nenhum de nós. - Teddy se endireitou e tirou uma caneta que estava pendurada na lateral dos pergaminhos. Não conseguia falar de planos sem rascunhá-los. - Eu repartirei esse material e, com isso, distribuirei em diferentes formatos. - ele desenhou vários quadrados no avesso de um pergaminho. Em seguida, bebericou um gole do seu chá e fez uma careta. Pelo tempo que ouvira as jovens, a bebida ficou fria. - A distância entre países é tudo nesse esquema. Já é um tipo de retenção, porque as fontes estarão espalhadas. O que me faz pensar que seria um tanto lógico disparar o primeiro texto em um ponto que não envolva o eixo USA e UK. Não sei qual e aceito sugestões. Essa medida nos ajuda a despistar. - continuou desenhando setas, letras e quadrados que só ele mesmo compreenderia mais tarde. - Sobre injúrias e afins, Georgia tem razão de que isso é inevitável, mas não será sua responsabilidade. O material será disponibilizado com livre interpretação. Como todo projeto acadêmico. A questão que fica é se você deixará por isso mesmo. - Teddy se voltou a Georgia e a encarou firmemente. Sabia como ninguém que certas provocações eram difíceis de manter o bico fechado. Ele era um exemplo, a completa curva do preconceito, e o seu silêncio nunca dera nada. A não ser enxaqueca e crise de identidade. - O que me faz ser ousado em deixar a porta meio aberta caso um dia você se sinta à vontade em falar sobre suas ideias extras quanto a esse projeto. Pode ser daqui 84 anos, não tem problema. - ele sorriu de modo afável na direção de Georgia. Tinha sim curiosidade sobre aquele viés da conversa, mas não era um impasse seu para ser articulado. Considerando o caos no mundo bruxo inglês, ele partiu pelo mais seguro: não fechar a oportunidade. Virou-se na direção de Evans e continuou: - No mais, penso que eu e você, ou caso Georgia queira alguém mais envolvido nesse processo, e que seja próximo de vocês, podemos mexer na divisão do texto. Penso que não precisaríamos recorrer à Georgia nesse primeiro momento. Sem contar que isso garante vantagem em proteger a autora e o bebê. - se pudesse falar that’s the tea, Teddy o faria. Mas acabou fazendo do seu jeito, ingerindo outro gole de chá para reforçar seu meme favorito e sorrindo satisfeito em seguida. - Precisamos alinhar mais alguma coisa? - perguntou, fazendo questão de pegar as comandas das duas garotas. Não porque tinha pressa de sair, mas porque era real o fato de que ninguém ali pagaria algo pelo seu atraso.
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O pressionar de lábios que visava conter sua risada diante do comentário de Georgia se mostrara totalmente desnecessário quando Lupin começara a rir. Um sorriso breve pontuou os lábios de Evans enquanto ela voltava a encarar a melhor amiga. Seu polegar massageava o dorso da mão dela, para que assim pudesse, além de demonstrar apoio, pressionar os pontos exatos de relaxamento. Fallon estava ciente do quanto tudo aquilo custava a Georgia, e, por mais que acreditasse no impacto positivo que poderia ser gerado pelo projeto, sua maior preocupação era que nada daquilo intervisse na vida da ex-sonserina. Logo seu olhar recaiu rapidamente sobre a barriga de Triggs. Com nove semanas de gestação acreditava que a proeminência em seu ventre só era perceptível a quem vinha acompanhando as mudanças em seu corpo com atenção. O que acreditava ser algo positivo, ao menos quando se levava em conta que Georgia e William esperavam pelo fim do primeiro trimestre para que pudessem enfim anunciar o que via como boas novas. De maneira geral, estresse nunca fazia bem à sua melhor amiga, e, naquele caso, sua preocupação ia além dela para concentrar-se também na criança. Com gentileza, Evans soltou a mão de Triggs para que ela pudesse checar o menu diante de si. O que a ex-corvina reconhecia muito mais como uma medida de contenção para a mente ansiosa, do que prontamente da fome desregulada de uma mulher grávida. Evans liberou uma respiração profunda. Por alguns instantes apenas se mantivera atenta as respostas que Lupin direcionava a Triggs, mas acabou distraindo-se uma outra vez com a figura de Aiden Cross. Havia em si uma ligeira curiosidade por aquele indivíduo que muito se baseava em suposições que passara a levantar conforme se aprofundara nas leituras dos diários de sua mãe. Não havia nenhuma citação direta a ele, obviamente. Embora continuasse sem nenhuma intenção de ir atrás de sua família materna, a descoberta de seu país de origem afunilara bastante as possibilidades. Não eram tantas as famílias de sangue-puro na Irlanda do Norte, e os Cross estavam entre elas. Norte de pensamento que não era relevante para aquele momento, e da qual distanciou-se para voltar a dar sua atenção total a conversa. Evans meneou a cabeça em concordância diante da ideia de que, para o bem ou para o mal, apenas o ato de publicar aquele projeto seria uma bomba no formigueiro. O comentário seguinte, a respeito da necessidade de revisão do projeto, a fez virar-se uma outra vez em direção a melhor amiga. – Listen, nós faremos da maneira que você achar melhor, mas, devo confessar que concordo com ele. – disse, no seu habitual tom de voz baixo, mas que soava calmo e seguro. – É seu projeto. É pessoal. Sua experiência. Posso revisa-lo sozinha, se for da sua preferência, mas creio que perderia em essência. Ou podemos fazer juntas. Duas mentes geminianas, que valem por quatro, trabalham melhor juntas, certo?! – sua última frase possuía uma dosagem certeira de humor de quem fazia uma pequena brincadeira com a temática de horóscopos. Quando se conheceram, no quarto ano de Hogwarts, Fallon era totalmente incrédula ao poder dos astros, mas Georgia intervira de maneira a mudar sua mente cética àquele respeito. Evans ofereceu um sorriso afável e cúmplice a amiga antes de voltar a se concentrar na figura do mais velho. Seu olhar recaiu sobre os rabiscos que ele fazia no pergaminho, e que pareciam-lhe completamente incompreensíveis. – So, acho uma boa ideia partir de um lugar que não remeta diretamente ao ponto onde realmente se encontram as fontes. E, hm, acho que tenho uma sugestão que pode soar interessante. O Departamento de Leis da Magia tem trabalhado em colaboração com o Departamento de Cooperação Internacional em Magia. É uma forma de nos mantermos ciente de como o caos no UK vem se refletindo em outras partes do mundo. Então, nós recebemos semanalmente publicações de imprensa a esse respeito. Os americanos, por exemplo, em maioria se preocupam em como o momento vigente pode oferecer perigo ao Estatuto Internacional de Sigilo em Magia. Pela própria história deles, e do quanto prezam pela não exposição, essa é a temática que mais interessa por aqui. Ou seja, creio que mesmo que pudéssemos, não faria sentido partir daqui. Por um outro prisma há os franceses. A proximidade territorial tornaria mais rápido o alcance ao público que visamos, além disso, ao contrário daqui, o que se lê na imprensa francesa é uma clara preocupação com essa nova onda conservadora, e em como esse novo advento purista pode contagiar outros países da Europa. So, hm, ao menos a princípio, creio que são a nossa melhor opção. Se todos tivermos de acordo, posso pesquisar a respeito dos veículos de imprensa que melhor atenderiam nossas necessidades. – completou, mal percebendo que enquanto falava girava o anel em seu dedo anelar da mão esquerda, o mais comum entre seus tiques. Pensar no que vinha se fortalecendo no UK era o suficiente para deixá-la mais estressada que o normal. Para sua infelicidade, o movimento purista parecia ganhar força enquanto as medidas do Ministério surtiam pouquíssimo efeito. Pelo que ouvia pelos corredores do Ministério, se nada mudasse, em pouco tempo se tornaria inviável manter a segurança de instituições como Hogwarts e a DI. Reflexão que a mantivera ligeiramente alheia a conversa, mas não o suficiente para deixar de ouvir a sugestão de Lupin. Evans desviou o olhar dele para Georgia, como maneira de apurar com a sugestão seria recebida. Sugestão que para si soava completamente cabível, mas que não sabia como Georgia receberia, ainda mais quando se levava em conta o histórico dela com o outro Lupin. – Hum... – murmurou, voltando sua atenção ao mais velho assim que percebera que era a si que ele se dirigia. - ... não consigo pensar em ninguém que poderia nos auxiliar. A não ser, talvez, William? Ele esteve presente durante todo o processo de realização do projeto, mas, não sei se ele é favorável a mexer com isso agora.. – calou-se, subitamente, ao ouvir o mais velho se referir ao bebê que Georgia esperava. Evans franziu o cenho, questionando-se por um breve instante como ele poderia saber. Foi então que recordou-se do comentário sobre a lua cheia, e faltando tão pouco tempo para a próxima, era de se presumir que os instintos de Lupin estivessem mais apurados. Se ela, na condição de animagos, adquirira algumas percepções mais rebuscadas, imaginava que no caso dele fosse ainda mais latente. Pigarreou para clarear a voz. – ... a não ser que Georgia tenha alguma outra sugestão, ao menos de início, não consigo pensar em mais ninguém. – continuou, como se ele não a tivesse surpreendido nem por um instante. Evans voltou a buscar pela mão de Triggs, para que pudesse mais uma vez tentar relaxá-la. Virou-se ligeiramente, para fitá-la com um pouco mais de atenção, o que não a fez notar de imediato que Lupin pegara as comandas de ambas. – Tudo bem? – questionou, baixinho, a melhor amiga, enquanto seguia massageando os pontos certos em sua mão. Demorou alguns instantes, mas logo voltou a encarar Lupin. Uma outra vez pressionava os lábios, por mais que tivesse sido totalmente pega de surpresa, não negaria que havia certa graça na maneira casual que ele anunciara que estava ciente de uma gravidez. – Hm, acho que não. - disse, retomando o assunto, enquanto, com a mão livre, voltava a empurrar o óculos em direção ao rosto. - Por minha parte basta saber em quais formatos pretende distribuir o projeto e quando podemos começar a trabalhar nele. – pontuou, respirando fundo em seguida. – Há alguma ponderação a mais por sua parte, Gia? – voltou a questionar, mais uma vez focando sua total atenção em sua melhor amiga.
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dearskyzinha · 5 years
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@unshapelygeorgia
- Hm. – murmurou, enquanto abaixava a xícara com o latte que bebericava, uma Fallon que alternava sua atenção entre Edward Lupin, sentando à sua frente, Aiden Cross, acomodado a algumas mesas de distância, e Georgia Triggs, sua melhor amiga e razão pela qual aquele encontro se dava. Desde a chegada de Lupin, com um atraso considerável, a jovem dividia sua atenção silenciosa principalmente entre ele e seu antigo professor de Leis da Magia. Observação que era moldada por uma curiosidade discreta. Os cabelos ainda úmidos, e as feições cansadas de ambos davam-lhe algumas ideias. Suspirou, discretamente. – Tudo bem. Essa é uma cidade que supostamente nunca dorme, entendo que a noite seja propícia, usando suas palavras, a excessos. – respondeu, em um tom educado, correspondendo de maneira gentil ao sorriso que pontuava os lábios do mais velho. Além dos atrativos normais que Nova Iorque possuía em qualquer um que a visitasse, Evans imaginava que no caso de Lupin, similarmente ao seu, a cidade proporcionava uma sensação de liberdade que as noites de Londres não oportunizavam mais. Ali costumava ter a sensação de que era quase completamente normal e ordinária, que podia fazer o que bem entendesse sem se preocupar se chamava atenção para sua posição. Em Londres era o completo oposto. Além do status sanguíneo que a colocava em posição de minoria que corria risco ainda havia toda a exposição que ganhara graças as matérias delirantes de Rita Skeeter. A ex-corvina esforçava-se para enxergar tais matérias como apenas uma dor de cabeça a mais no conjunto estressante que virara sua rotina. O caos no mundo bruxo em nada era saudável para si, principalmente pelos desdobramentos de seu TOC. Quase distraidamente a jovem girava alguns dos anéis que usava – um dos tiques que expressava sua maneira de conter-se. Atenta ao mais velho, Evans franziu brevemente o cenho ao ouvi-lo dizer que pagaria pelos pedidos, em seguida direcionou seu olhar para Georgia enquanto pressionava os lábios para conter um sorriso. Sabia muito bem que sua melhor amiga não gostava que assumissem as despesa, especialmente diante da gravidez que a deixava com um apetite mais voraz. – Ah, Sr. Lupin... digo, Edward. – corrigiu-se tanto por não estarem na DI quanto por se sentir quase à vontade diante da figura do mais velho. - Nós o convidamos e, até onde recordo, quem faz o convite costuma arcar com as despesas. Nós não podemos ao menos dividir? – questionou, mesmo ciente de que provavelmente receberia uma negativa. - Ok, tudo bem, acho. – completou, ligeiramente desconcertada, pois, assim como Georgia, Evans costumava preferir arcar com as próprias despesas. Linha de raciocínio que a jovem logo deixou de lado para focar-se no que de fato os reunia naquela cafeteria em Nova Iorque: o projeto que Georgia escrevera em seu último ano em Hogwarts. A ex-corvina voltou a observar a melhor amiga, em busca de averiguar como ela se sentia  ao se tornar figura central da conversa, e ao receber a informação de que projetos como o dela estavam sendo tirado de cena. A informação dada por Lupin apenas corroborava o quanto a situação no mundo bruxo se agravava. Evans liberou uma respiração profunda. – Well, levando em conta que alguns ataques já foram direcionados a instituições que resguardam partes da História bruxa, principalmente a que vai contra a onda crescente, resguardar em segurança os originais de projetos como esse é uma decisão acertada. – murmurou, enquanto seguia observando a ex-sonserina. Embora o projeto fosse dela, e coubesse a ela decidir a maneira como o usariam, Fallon sabia que ao menos naquele primeiro momento caberia a si dar uma breve explicação a Lupin. Ainda assim, a ex-corvina ao encarar a melhor amiga buscara confirmar se ela não gostaria de pronunciar-se primeiro. Recebendo um sinal verde Fallon tratou de ajeitar-se na cadeira, empertigando um tanto a postura, ajeitando o óculos que havia escorregado para a ponta de seu nariz. - De pronto, agradeço que tenha se disponibilizado a vir até aqui encontrar conosco. Com tudo que vem acontecendo, acredito que não tenha sido a mais simples missão remanejar sua agenda. - ao menos era o que acreditava quando levava em conta que o mais velho era diretor da DI, e ainda agia no que podia se considerar como resistência a onda de intolerância crescente. - Bem, diante de todos os desdobramentos recentes é complexo saber em que podemos de fato confiar, mas acredito, e acho que Georgia concorda... - Evans voltou espiar a amiga antes de continuar a se pronunciar. Devido ao histórico com o outro Lupin, aquele que ambas fingiam que não existia, era provável que Triggs ainda tivesse um ligeiro pé atrás com Edward. - ... que ter o seu auxílio e contribuição para o que pretendemos é imprescindível. So, sem mais delongas, você está correto, há um plano. Apesar da distância de países, Georgia está bem informada do que acontece no Reino Unido, tanto pelas conversas que temos, quanto pelo que é veiculado por aqui. – e pelo pouco que lera a respeito nos jornais americanos, e pelo que ouvira nos corredores da M.A.C.U.S.A, era possível se notar certa preocupação com o desenrolar da situação em solo europeu, principalmente pelo zelo que possuíam pelo Estatuto Internacional de Sigilo em Magia. - So, em uma dessas nossas conversas o projeto foi lembrado. Georgia o escreveu há um pouco mais de dois anos, e a temática não poderia ser mais atual. Nenhuma de nós tem a ilusão de que trará luz a cabeça oca de purista, mas, ao menos acredito que é o tipo de leitura que pode romper a bolha de conforto de quem acredita que em situações como essa é possível agir com neutralidade. Como disse, atualmente toda contribuição é bem-vinda. – meneou a cabeça brevemente para corroborar o que dizia. Esperar apenas por soluções advindas do Ministério da Magia não os levaria a lugar nenhum. - Estamos cientes das chances de incômodos, mas há uma forma, ao menos parcial, de solução. Poucas são as pessoas que sabem da autoria desse projeto e, hm, gostaríamos de manter assim. – disse, antes de desviar sua atenção de Lupin para Georgia. Aquela era uma condição de Triggs tanto quanto sua. A última coisa que Evans queria era que sua melhor amiga recebesse ameaças durante o período gestacional. A proteção dela e dx bebê vinham em primeiro lugar. – Ahn, aliás, eu sou apenas a intermediária. Creio que Gia tenha algumas ponderações a fazer sobre como podemos lidar com o projeto, certo?! - completou, ao colocar sua mão sobre a da amiga para apertá-la com gentileza, sua maneira de corroborar o fato de que estava ali por ela. 
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@dearskyzinha
Desconforto não resumia em nada o que Teddy sentia desde que aquele dia se iniciara. A única coisa que tinha certeza no momento é que possivelmente estava próximo de uma crise de enxaqueca tão quanto de uma ressaca moral - que o fazia agir como se Aiden Cross simplesmente não existisse sendo que, para sua infelicidade, ele também estava presente naquele ambiente. Pelas suas lentes, evitar a claridade era uma boa pedida, embora achasse uma falta de educação com as duas jovens sentadas lado a lado e que fingiam que não o observavam. Assim que seu pedido surgira, uma dose nem um pouco tímida de chá de gengibre com mel, ele se tornou mais acessível, sem ligar para o possível abatimento em sua aparência. Afinal, passava por outro tipo de abatimento e que seria ótimo jogar para debaixo do tapete. Abatimento esse que nada tinha a ver com a ressaca por intermédio do álcool, mas sim com a pessoa que espiara antes de puxar conversa. - Desculpe pelo atraso novamente. Eu acabei me excedendo em NYC e eu já deveria estar acostumado. - declarou em um tom educado e jovial. Por não se encontrar no DI, Teddy não via motivo para ser professoral. Sem contar que havia alguém naquela mesa que, pelas informações de Fallon, não lidava bem com figuras de autoridade como ele. Ainda mais quando tinha o seu sobrenome. Fato que o fez retornar a um dos motivos que acarretaram a dispensa de Patrick Lupin do quadro docente da instituição que seguia como diretor. - Bom, acho que podemos correr pelo tempo perdido. Inclusive, o que vocês pedirem cai na minha conta e não aceito não como resposta. - continuou, escondendo seu sorriso, que sempre contraía o canto de seus olhos, por detrás da xícara. Sua atenção transitou de uma garota a outra e, depois de sorver um pouco do chá, puxou sua mochila para arrancar um bloco de pergaminhos que estacionou no centro da mesa. Um bloco que era o motivo de estar ali. - Essa é uma cópia que tirei da versão original que está segura com a profa. Minerva. Trabalhos como esse andam sendo retirados de cena antes que furtem e destruam. - avisou por precaução. Pouco a pouco, o mundo bruxo inglês parecia querer retomar o ponto de censura a quem não fosse purista. Toda precaução vinha sendo necessária, especialmente entre docentes e diretores das instituições mágicas. - Pelo que me consta, estamos aqui porque Georgia quer analisar as chances de botar o projeto dela no mundo. Eu honestamente acho ótimo, mas imagino que vocês saibam das chances de certos incômodos. - Teddy se dirigiu à Georgia como forma de chamar a atenção de quem lhe parecia muito distraída. Além de tensa. A última coisa que precisava era causar estresse a alguém impossível de não relacionar com o clima atual do mundo bruxo inglês. Não queria sentir pesar, mas sua respiração profunda saiu na frente, denunciando-o. - Eu confesso que fiquei assustado com a mensagem que recebi de Fallon, mas não ao ponto de não ficar genuinamente interessado. Afinal, qualquer tipo de contribuição para o momento que vivemos é bem-vinda. Por isso eu achei essa conversa necessária, porque preciso saber se há certeza em ceder essas páginas para domínio público. Páginas excelentes, a propósito. Dariam ótimos ensaios em um follow-up. - complementou oferecendo um sorriso afável às adolescentes. Além de ler aquele projeto, Teddy fizera outra lição de casa: a mencionada Minerva McGonagall. A quem teve acesso muito rapidamente no intuito de remontar a linha do tempo em que o texto em discussão fora pensado, seguido e concluído. - Estou aqui de ouvinte e imagino que, pelo distanciamento de países, exista um plano.
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dearskyzinha · 5 years
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unshapelygeorgia‌:
Mesmo com o aviso de Fallon sobre a falta de necessidade de ir até o balcão, a fim de escolher alguma coisa para enganar o seu estômago, a mente de Georgia não parava de sinalizar de que era o melhor a se fazer. Afinal, era melhor se distanciar de qualquer novo prejuízo e até mesmo evitar que sua língua a impulsionasse a tecer comentários dos quais se arrependeria. Por um segundo, cobiçou a vitrine enquanto esfregava as mãos suadas contra o jeans, a fricção de pele e tecido lhe servindo de um parâmetro da realidade momentâneo. Não estava com fome. Na verdade, ainda se sentia um tanto enjoada, mas não negaria algo para ocupar as mãos. Só que, depois do comentário educado da sua melhor amiga, preferiu se ater ao espaço que ocupava. Uma péssima opção visto que, apesar de ter sido uma grande extrovertida por boa parte da sua vida, a ex-sonserina raramente se sentia confortável em ser o chamariz da conversa. Ainda mais quando envolvia uma pauta grave, detalhe muito recorrente nos dias atuais da sua vida. Naquele instante, era tanto o centro das atenções quanto a causa da conversa séria, e não era nada confortável. Parecia que estava em uma sala de interrogatório, prestes a ser despida totalmente, entregue sob uma luz forte, um holofote, que nada mais era o olhar atento de Fallon sobre si e que ainda não ousara encarar. Embora parte de si soubesse que a ex-corvina não seria grosseira, ou algo desse tipo, a fusão de pensamentos intrusivos negava. Ali, esperando seu julgamento, percebeu que não tinha muito no que acreditar a não ser nos ecos mentais que incitavam cada vez mais a adrenalina em cada curva do seu corpo. Ao ponto de sentir um novo calafrio que a fez se empinar, como se tivesse acabado de descobrir que sentara em um formigueiro, e segurar a respiração por alguns segundos. Era o medo e sabia o que poderia vir a seguir caso temesse o medo de sentir medo. Engoliu em seco, empurrando uma nova bile amarga, e tentou se ajeitar, mas a cadeira parecia muito menor que ela. Como as roupas que trajava e que pareciam sufocá-la - e não ousou tirar o casaco. Sentia-se encolher e não sabia o que fazer a não ser permanecer imóvel. Suas mãos, retornando ao refúgio entre as coxas, ficavam cada vez mais suadas conforme capturava qualquer nova onda de medo. Emoção que a chafurdava no intuito de encontrar um espaço para se assentar, engrossando o seu receio de ter uma crise de pânico para tornar tudo mesmo o verdadeiro déjà vu de um capítulo da sua vida parecido com o que vivia naquele instante. O terror da possibilidade de gravidez lhe foi latente no passado, e sua mente e seu corpo lembravam perfeitamente de como se sentira naquela noite. Amedrontada. Desesperada. Solitária. Já convivendo com o início do que seria o desejo insano de morrer. Mesmo acompanhada por Evans, sentia a solitude do seu quadro. Uma parte de si queria se deprimir, mas a ansiedade pedira passagem primeiro e desespero poderia ser sua próxima parada. Resfolegou, aplacando a vontade de chorar. Não era uma boa pedida chorar, especialmente por se sentir ainda dentro de uma centrifugadora, desorientada demais para chegar a algum veredito pessoal quanto a novidade que recaía sob sua cabeça e que pedia realização. A realização que a deixaria mais frágil e tal ideia lhe roubou um muxoxo. Antes, Georgia costumava levantar a bandeira de vulnerabilidade. Agora, vulnerabilidade era a palavra que mais detestava. Se pudesse, e se fosse forte o suficiente, jamais choraria. Aprendera a detestar o choro, porque era um sinal, de muitos, de que tinha fracassado. Que não conseguira dar conta de absolutamente nada. Que era uma completa fraude. O estado de vulnerabilidade a quebrava por inteiro visto que se entregava com extrema facilidade em nome dos seus transtornos, não tendo mais pique de reunir seus cacos para seguir adiante. Para começar de novo, o que fazia da sua não tão mais atual mudança para NY um tipo de último teste. Havia melhoras desde que passara a morar ali, mas parecia que tinha sido um erro. Aparentemente, não podia tentar se sentir bem com nada ou se tornar minimamente esperançosa. Quem quer que comandasse seu roteiro não passava de um filho da puta sádico, pois estar grávida era a prova concreta de que não tinha sua própria vida em mãos. A não ser que fosse com a intenção de tirá-la já que seguia perdendo o direcionamento para que tudo ficasse bem. Para que não caísse na tentação da mesmice de colocar novos cacos embaixo do tapete. Parecia que não tinha outro papel a representar a não ser da belíssima desistente que se transformara e era terrível cair na real sobre sua circunstância atual. Não dava para desistir. Era uma armadilha permanente e que resultaria no que já sabia: um fracasso completo. Seria sua própria testemunha, de novo, e não duvidava que, diante daquela visão antecedida de insucesso, seus pensamentos suicidas retornassem. Não podia ser responsável por uma criança. Era um absurdo e por ser tão absurdo capturou entre seu redemoinho mental a verdade de que seu corpo não sustentaria uma gravidez. Era impossível. E era óbvio que perderia o bebê assim que criasse afeto. Era tudo muito óbvio e tal nova dita verdade a fez se mover novamente em nítido desconforto. Xingou-se mentalmente por pensar tamanha asneira, mas a corrente dos seus pensamentos intrusivos sempre tinha o comando e ela ficava à mercê de cada um. Queria relaxar, a fim de pensar melhor, mas a rigidez causada pelo medo estressava sua pele e apertar as juntas foi o único esforço verdadeiro para não perder o fio da meada do que Fallon seguia lhe dizendo. Sentiu de novo a vontade de ir atrás do que comer para não ter que aguentar o que sabia ser julgamento. Não tinha como não julgar uma adolescente grávida. Ainda mais uma adolescente grávida com menos pinos na cabeça. - Não sei como está meu paladar. Nunca pensei sobre. - respondeu, sem nem sequer tocar o cardápio, porque, intimamente, não tinha o que dizer sobre aquilo. Naquele quesito também não capturara tantas mudanças, pois, assim como os sintomas que lhe eram tão corriqueiros, comer em demasia era outro efeito da sua ansiedade. Calou-se, se sentindo competir com a sua dissociação. Deveria ter sido sugada da realidade por bons segundos, pois, do nada, Fallon tinha mudado de lugar, se acomodando ao seu lado. Pensou em se afastar, em reflexo da defensiva que também se formava entre as camadas do medo que se tornava cada vez mais pungente. Um pequeno comando do seu cérebro inspirou Georgia a repuxar os braços, em reflexo do desejo de não querer ser tocada. Tocá-la seria o mesmo que apertar um botão para que se debulhasse em lágrimas e se viu tendo que se conformar de que não existia controle sobre aquele aspecto. Como tudo em sua vida. Tentou inutilmente não cair na própria cilada em entregar mais uma camada inútil da sua vulnerabilidade, mas logo a turves em seus olhos se fez presente e fungar não deu muito resultado. De novo, a centrifugação, que a fez resfolegar e seus lábios tremerem em reflexo do que não conseguia manter dentro de si. Não queria ceder às sua emoções, pois o medo estava ali, querendo muito mais de si, mas nem o calor das mãos da melhor amiga em seu rosto e depois contra suas próprias mãos aplacara o que sentia. O toque não mitigava o que ruminava e o que a corroía desde que saíra da clínica. Uma vez no ciclo da ansiedade, era difícil controlar o tornado de emoções que sempre aguardava o timing perfeito para arrebatá-la. - Não, obrigada. - murmurou, a voz falha pela falta de uso. Sentia sede sim, mas algo lhe disse que era bom não se mover. Fallon seguiu tentando tocá-la e, meio relutante, finalmente a encarou. Fungou profundamente, como se quisesse capturar no ar a réstia de uma dignidade que não existia. Fazia muito tempo que não sabia o que era dignidade, pois só se prestava ao papel de envergonhar todo mundo ao seu redor. - Ok. - concordou, tentando afundar uma dose de ceticismo que tingiu seu timbre. Muito do que Georgia pensava ou verbalizava naquele estado não era necessariamente a sua própria verdade. Mas também não era completamente uma sequência de mentiras, pois era assim que suas sombras se manifestavam. Era sua pior versão, pois dizia o que ninguém suportava escutar e agia fora do padrão em função do que se criava em sua mente. E o fato para tanta defensiva vinha da constante de que Evans a julgaria. Poderia ser ali e agora. Poderia ser pelas suas costas. Em um estado sereno, jamais desconfiaria da sua melhor amiga, mas, em sua mente, seria anormal se a ex-corvina não despejasse veneno sobre seu estado. Em resposta a tal pensamento intrusivo, Triggs recolheu as mãos e segurou o cardápio como ponto de salvação. Redimiu-se ao comportamento de ouvir e nada mais, e não sabia o que queria ouvir. Também não sabia o que dizer. Tudo era fodido de um jeito inexplicável. Simples assim. E por mais que a parte sem ruído do seu cérebro afirmasse que a ex-corvina tinha a melhor das intenções, queria ouvir coisa ruim. Ideia que a impulsionou a cobrir o rosto brevemente e depois se virar um pouco para enxergar a jovem ao seu lado. - Fallon, minha mãe vai me esganar. - retrucou, mas sem uma nesga de emoção. Georgia era puro cansaço, algo visível no movimento lento em que puxara alguns fios de cabelo para trás. - Ela passou das preocupações naturais comigo. - liberou um suspiro profundo e olhou além da cabeça da melhor amiga. Ainda era difícil encará-la e sua mente vagueou para o cenário em que teria que contar sobre sua gravidez a William. Poderia colocar um post-it na geladeira, bem do seu jeito covarde mesmo, e pensar nisso embrulhou ainda mais seu estômago. Se já tinha uma opinião de antemão sobre Prudence, queria nem pensar como seu namorado reagiria. Ele que vinha acertando a vida dele. E ela sempre atrapalhando tudo. Pensar assim a entristeceu, pois caíra na sua verdade afetada pelos transtornos de que parecia que estava destinada a viver só para desgraçar quem vivia ao seu redor. - Minha mãe tem acumulado impressões negativas demais sobre William. Ela vai odiá-lo mais do que aparentemente odeia, sem motivo algum, e está aí algo que ele não precisa. Não por minha culpa. De novo. - e aquele sentimento de culpa finalmente se manifestou. A luz da impotência também, fazendo-a retomar a posição anterior e começar a brincar com o açucareiro. - Não tenho a menor ideia de como vou falar isso para os dois quando o melhor é fugir de casa ou algo assim. Sei que soa uma bobagem, mas eu não tenho a menor ideia de onde começar. E eu não vou poder dizer para ninguém ir embora. Apesar que não duvido que isso aconteça e fico contente que minha mãe tenha uma nova vida para se ocupar. Isso é bom. É muito bom. - respirou fundo novamente, se curvando um pouco, como se tal atitude fosse muito custosa. - Eu sou uma decepção ambulante, sabe? Não consigo fazer nada certo. Nem o mínimo. Dar a minha mãe a notícia de que ela será avó não é nenhum sonho de princesa quando sei que o que ela mais quer é me ver formada. Sei lá. Felizmente, não corro risco de ser deserdada, apenas ignorada nos próximos anos. Isso, sendo muito positiva, porque eu duvido da minha sorte de ficar grávida por noves meses. Da mesma forma que é surreal saber que terei um bebê e é ainda mais surreal acreditar que algo em mim trabalhará corretamente para, de novo, fazer o mínimo. - e dizer o grávida a enrijeceu um tanto mais. Não soava bem em sua boca. Não ornava com sua pessoa pequena e fodida. - É muito ruim saber que nem o mínimo eu consigo fazer, mas tudo bem. Eu já deveria ter me acostumado, sabe? - deu de ombros, desvalidando suas palavras. Desvalidando seus sentimentos. Desvalidando a dor que começava a sentir. - Minha mãe nunca foi o tipo de mãe de me colocar expectativas altas, mas me ver com um bebê antes dos 25 anos não estava nos planos dela. Ela sempre me educou para me ver crescer, para ser diferente, seja lá o que isso significa, e não… - não conseguiu pronunciar o mãe, tapando a reticência com um novo resfolegar que a fez se mover desconfortavelmente mais uma vez. - Tudo sempre esteve nas entrelinhas. Por isso que digo que ver a filha única com nada além de um bebê será decepcionante. Ela vai ficar decepcionada comigo. Enfim… - e sabia que não suportaria a rejeição. Tinha consciência de que vinha sendo um perrengue ambulante desde que fora atacada e que vinha tentando recompensar todo mundo. Vinha tentando ser o menos trabalhosa possível, cumprindo suas tarefas e engolindo sua própria merda. Mas as coisas mudavam quando tudo virava de ponta cabeça. Vinha o desejo desesperado de sumir para que todos ao seu redor contassem com um pingo de normalidade, pois a verdade era única: algo ruim sempre a acompanharia. - Não precisa se desculpar. - garantiu, em um tom um tanto mais amigável. Tinha consciência de que sua melhor amiga nada tinha a ver com seu perrengue e não tinha nada que descontar nela a decepção consigo mesma. Uma decepção que incitava mais sua inquietude. - Eu só achei que você agiria de modo pior. Não sei. E tudo bem você querer me julgar. Eu me julgaria. - e sua mente não queria desprendê-la daquela ideia persistente. - Enfim, me perdoe por isso. Me sinto horrível de tê-la tirado da sua rotina. Eu só não queria passar por esse desespero sozinha de novo. Prometo que não causarei mais perturbações a você. - e não era uma coisa muito boa de se dizer, pois Georgia possuía certa tendência em se fechar. Tudo para minimizar a impressão constante de que era um estorvo completo. E agora era um estorvo em dose dupla, pensou, cobrindo o rosto, do seu modo urgente e desesperado, se perguntando até que ponto rejeitaria uma criança que nada tinha a ver com sua estupidez também. Suspirou consternada e, ao se ajeitar, se deparou com um frame da sua ultrassonografia. Parecia uma memória distante agora que o baque de estar na clínica diminuíra, restando aquela angústia em forma de desespero aglomerado do que descobrira em poucos minutos. O que piorou o estado de rejeição horizontal e tapou a boca para conter o choro que queria porque queria fazê-la explodir. - Merda! - xingou e pegou a ultrassonografia, nem se dando conta de que sua mão tremia. Seu corpo inteiro tremia e suava por todos os poros. - Meio desnorteada? Você está sendo gentil. - Georgia segurou a foto com as duas mãos e firmou os cotovelos sobre a mesa. Contra a claridade dava para ver melhor o único ponto que sinalizava que tinha uma vida dentro de si. Uma vida se formando e que mal sabia que contaria com uma jovem sequelada. Foi então que Triggs se viu na pane de querer ou não querer ser… mãe. Nunca pensara sobre maternidade e, com certeza, aquele teria sido o último plano das suas famosas listas. Da mesma forma que nunca cogitara relacionamentos, o seu lado materno nunca fora incitado, embora seguisse fazendo muito jus ao seu famoso título de mamma bear. Deveria se dar crédito por tal reconhecimento em meio ao seu caos mental, que a inspirou a deslizar os polegares sobre aquele pontinho que ainda estava em formação. Georgia poderia se odiar todos os dias, mas ainda conseguia amar o outro e poderia amar seu bebê. Meu bebê, ditou mentalmente e sentiu seus batimentos cardíacos se intensificarem. Queria acreditar que sim, que era capaz de amar e de aceitar sua nova condição, mas, de súbito, se viu atordoada pelas ditas verdades repetitivas sobre sua falta de capacidade de cuidar de si mesma, o fato de que não poderia se apegar, de que não era um bom exemplo - o que a fez rememorar suas tentativas de suicídio. Não tinha esperança desde que sofrera seu ataque e parara de projetar um futuro porque não via mais muito sentido na vida. E ter uma criança era projetar um futuro. Como faria isso quando a vida a norteara para caminhos estreitos e espinhentos? Não sabia, mas era fato que sobrevivia à mercê de uma bússola invisível que não era coordenada por si mesma. Além disso, era real demais que existia unicamente para suprir expectativas, pois era tudo que lhe restava para pagar pelos últimos três anos de transtornos. Aquela criança não sabia onde se metia e Georgia se viu ainda mais triste de saber que causaria mais desordem. Delicadamente, apoiou a ultrassonografia contra o açucareiro e sentiu o agridoce daquelas ditas verdades infectar seu paladar. Era muito ainda para processar e nem sabia se processaria aquilo tudo direito. A culpa a esmagava. O medo também. O pânico queria se manifestar e ela se encolheu na cadeira. Não conseguiu respirar fundo, pois seu coração acelerou mais, parando em seus tímpanos como uma fanfarra. Tinha medo do medo. O medo de ter um bebê dentro de si. De ser mãe. De contar sobre aquilo. De não ser boa o bastante pra variar. Fechou os olhos, como se assim recobrasse o controle, mas a desrealização tomou conta, forçando-a a segurar as laterais da mesa para se manter no presente. - Eu não consigo. Eu não consigo fazer isso. - murmurou em meio a um gemido de contenção e se esforçou para ouvir o conselho da melhor amiga sobre respirar fundo. Lembrou-se do exercício que sempre praticava quando a ansiedade queria vencê-la. Inspirar em 4 passos. Segurar por 7 segundos. Exalar com força. Repetiu algumas vezes mais e voltou à realidade se deixando nortear pela voz da ex-corvina. - Eu estou tentando não infectar nada disso com meus pensamentos negativos, mas é impossível. Eu só penso no pior quadro. No quanto de insucesso eu terei. No quanto… - olhou para Fallon em um súbito ato de coragem. Limpou os cantos dos olhos, se sentindo mais horrível ainda. Por mais que existisse William na equação, Georgia só conseguia se ver sozinha e isso lhe infligia dor gratuita. - Desculpa. - prendeu a respiração desregular, tentando se recompor, mas desmoronou quando Evans tocou sua barriga. Percebeu que não fizera aquilo desde o teste de farmácia, se deixando nadar para uma zona de negação que parecia desanuviar conforme chorava do modo mais silencioso que conseguiu. Olhou para baixo, contemplando a mão da amiga contra seu ventre. O soco que faltava. Estava grávida. Avançando para um segundo mês. Seria mãe. Queria gritar. - O que eu gostaria era de acordar e perceber que estou sonhando. - comentou depois de um soluço estrangulado. Acariciou brevemente a mão da ex-corvina, sem muita certeza do que fazia, mas lhe pareceu um gesto sensato até mesmo para reafirmar sua nova condição. E sentiu doer de novo, porque, passada a negação, tudo que veria seria um abismo. - Sei que é seu papel de amiga dizer coisas boas, mas sabemos que isso é um pesadelo. - deu voz aos seus pensamentos e pegou a ultrassonografia de novo. Pendeu a cabeça para o lado e liberou um suspiro tristonho. - É nítido que não tenho condições de cuidar de uma criança e não tenho muita fé que isso dê certo no final das contas. E eu já me sinto horrível de amaldiçoar um bebê que não tem culpa de nada e me sentirei ainda mais horrível se algo acontecer… Com a criança durante a gestação. - matraqueou em função do pico da sua ansiedade misturada com nervosismo puro. - Eu sou fraca. Não tenho saúde mental. Isso não vai longe. - e enxugou os olhos com o dorso das mãos. Era uma convicção. Nada era lhe dado a não ser que fosse tomado drasticamente, reafirmou mentalmente. Aprendera a lição - que só existia em sua mente. - E sei que não posso pensar assim. É errado. É injusto comigo e com o bebê. Se eu pensar assim, eu não vou desenvolver afeto pela criança. Mas é impossível não crer que tudo que desenvolvo afeto dá em merda no final. É culpa minha e nada disso teria acontecido se eu tivesse sido mais inteligente. Meu Deus, o que há de tão errado comigo? - indignou-se e se retorceu para respirar melhor. Apoiou a mão na nuca e sentiu os fios molhados de suor. Espiralava e precisava parar com aquilo. - Seus conselhos são válidos e sou muito grata por você estar aqui comigo. Eu poderia cometer uma besteira. - e não sabia qual besteira, mas, sem dúvidas, faria algo que se arrependeria depois movida pelos seus pensamentos intrusivos. - Obrigada de novo. Por estar aqui. Você já tem muito que lidar e não quero ser um peso a mais na vida de ninguém. Eu vou dar meu jeito. - não sabia que jeito seria aquele, mas, por estar tomada por tanta coisa ruim era óbvio que não matutava coisas muito boas. - Eu só não queria que a criança fosse recebida de pronto com tamanha rejeição, pois eu sei que isso rolou comigo, sabe? Minha mãe não fala para não terminar de me foder, mas quem ia querer um filho de homem abusivo não, é? Eu só… Não sei… Eu só queria ser capaz de acessar a pessoa que eu costumava ser antes… Antes do meu ataque. Não é essa pessoa que você está vendo que a criança precisa. - fitou as mãos abertas, sentindo desamparo. - Sei que não estarei sozinha, mas me sinto assim. Como em praticamente tudo na minha vida. E não gosto de dizer essas coisas porque pareço ingrata, mas é verdade. Eu só espero ter forças para contar sobre isso a minha mãe. Ao William. Meu Deus, William. Eu vou arrasar a vida do garoto de novo. Quero ver se ele não vai a canto algum dessa vez. - e as últimas palavras lhe escaparam em desalento, sendo esquecidas quando tocou a mão de Fallon gentilmente. - Obrigada. De verdade. - e mostrou a ultrassonografia como parte essencial do seu agradecimento. - Quem sabe eu não me anime a criar um novo scrapbook, não é? Nada como o primeiro mimo vir diretamente da titia Fallon Evans. - e sorriu fracamente, entre lágrimas, se apressando em enxugá-las, consciente de que já chamava a atenção das pessoas naquele lugar.
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Uma vez que expressara o que tinha em mente, restou a Fallon manter-se em silêncio para dar a Georgia algum tempo para absorver o que ouvira. Com gentileza a ex-corvina apoiou a palma de sua mão esquerda nas costas de sua melhor amiga, acariciando a região com uma forma de tentar acalenta-la. Embora não houvesse em si qualquer intenção de modificar o que havia dito, era inevitável não se questionar se não havia atravessado alguma linha invisível. Por mais que tivesse as melhores das intenções, a verdade era que não possuía qualquer parâmetro de comparação para o que sua melhor amiga vivenciava naquele instante, o que claramente dificultava a sua intenção de se fazer útil. Assim, novamente, optou por manter-se em silêncio enquanto a ouvia esmiuçar cada pormenor de seus temores. Embora não estivesse dentro de sua alçada julgar o comportamento alheio, de certa maneira, a reação de Triggs lhe parecia condizente com a situação vivenciada. Enquanto continuava a acalenta-la, Evans recordou-se que aquela não era a primeira vez em que dividia a aflição da possível descoberta com sua melhor amiga. Se comparasse a reação de Triggs ao alarme falso àquela realização de uma gravidez verdadeira, poderia até mesmo dizer que, de uma maneira ampla, no momento atual, tudo parecia um tanto menos caótico. Ao menos, ao contrário da primeira vez, conseguiam racionalizar sobre o assunto. A ex-corvina respirou fundo, lentamente, sentindo um ligeiro desconforto em seus pulmões. O inverno era sempre um inimigo de suas vias respiratórias, o que se agravava quando vivia situações de estresse. Um estresse que era totalmente direcionado ao receio do que o futuro reservaria para Georgia, e não aos corriqueiros temores de seu dia-a-dia no mundo bruxo. Colocando-se no lugar de Triggs, mesmo que minimamente, era fácil compreender de onde vinha toda a aflição que ela demonstrava. A maternidade por si só era uma responsabilidade enorme e tornava-se um desafio ainda maior para um alguém que não se programara para as mudanças que uma criança demandava, e que pouco confiava em suas próprias capacidade, como ocorria à sua melhor amiga. Quanto mais a ouvia expor os temores que possuía, mais eles pareciam completamente cabíveis e aceitáveis. Porém, fora impossível não se chatear ao perceber o quanto o ciclo dos últimos dois anos havia minado toda e qualquer confiança de Georgia em si mesma, no Universo, e na capacidade do que a envolvia pudesse tomar um rumo positivo. Levando para um viés mais pessoal, tal percepção tornava-se ainda mais devastadora, pois o elo positivo entre ambas sempre fora Triggs. Era a ex-sonserina quem costumava acreditar que tudo daria certo, quando para Evans sempre parecera muito mais fácil não criar expectativas. Lembranças de um tempo que agora parecia muito distante, uma época em que eram pessoas bem diferentes. Ali, sentadas na cabine daquela lanchonete, não estavam mais as mesmas garotas que se conheceram em Hogwarts. Ambas haviam experienciado altos e baixos, especialmente baixos, o suficiente para se tornarem aquelas versões, sem o suficiente de auto aceitação, de si mesmas. Ainda assim, e mesmo com o peso dos distúrbios mentais que as impeliam a padrões solitários, ao menos, tinham uma a outra na tentativa de atravessar qualquer que fosse o caminho. Por mais que Georgia pontuasse o quanto se sentia sozinha, e que lidaria com a gravidez e implicações daquela maneira, era fato que Evans não se ausentaria. Daria todo o suporte necessário, e não o fazia por sentir qualquer tipo de obrigação, mas por realmente se importar com sua melhor amiga. Continuou a ouvi-la, guardando seu silêncio, até que ela colocasse tudo para fora, o que acreditava ser de suma importância para um alguém que nos últimos anos tornara-se uma mestra em internalizar todas as suas dores. Gentilmente Evans emoldurou o rosto de Triggs entre suas mãos, e com delicadeza limpou o acúmulo de lágrimas nos cantos dos olhos dela. Por mais que acreditasse que já havia dito até mais do que deveria, cedeu ao desejo de continuar a pronunciar-se na esperança de que algo servisse de alento para sua melhor amiga. - Listen, você precisa reaprender a não ser tão dura consigo mesma, a não exigir tantas demandas de si, a respeitar o seu próprio tempo. Como disse anteriormente, eu não tenho qualquer dimensão do que você está sentido agora, mas acredito que sua primeira reação não é muito diferente de qualquer outra mulher que se descobre grávida inesperadamente. Eu sei que seus distúrbios intensificam suas emoções, principalmente para um polo negativo, mas é compreensível e aceitável essa negação de primeiro momento. - pontuou, com calma e clareza marcando seu timbre, embora sentisse certo nervosismo para se expressar. Sentia que pisava em ovos, não tanto por falar com Georgia, mas por tentar acalmá-la quando não possuía qualquer propriedade no assunto. - Inclusive, você citou o que acredita que aconteceu durante a gestação da sua mãe como exemplo, e, ok, talvez ela não tenha tido uma reação positiva quando descobriu que te esperava, mas, ainda assim, não mediu esforços para ser uma mãe incrível para você. – disse, e, naquele tópico, era um pouco difícil manter certo distanciamento. Ali, caminhava sobre a linha tênue dos próprios sentimentos. Durante os meses que se debulhara na leitura dos diários de Amelia, soubera que a descoberta de sua gravidez fora bem-vinda por ela, mas por motivos que em nada tinham a ver com o amor materno. Gerá-la fora a garantia financeira que sua mãe sempre buscara, e por mais que agora compreendesse as motivações por trás de todas as ações dela, não deixava de ser dolorosa a ideia de que fora apenas um meio para um fim. Exemplo que poderia dar a Georgia, porém, aquela não era uma conversa sobre si, suas dores e temores, e citá-los lhe daria a desconfortável sensação de que se vitimizava. Novamente engoliu em seco, e em seguida pigarreou para clarear a voz. – Well, eu entendo o quanto é dolorosa até mesmo a possibilidade de rejeição por quem te colocou no mundo. Porém, no seu caso, essa não é uma certeza, mas uma possibilidade ao qual você se agarra, e eu posso estar errada, mas parece como autossabotagem. Não só com você mesma, mas principalmente no que condiz a sua relação com Prudence. O concreto é que ela não abriu mão de tê-la, cuidá-la, e amá-la, e é tão mais significativo do que uma primeira reação. De verdade. - continuou, recobrando uma calma que parecia um tanto incomum. Embora apresentasse significativos avanços no que condizia as mágoas que carregava consigo desde a infância, ainda se tratava de uma ferida em cicatrização que ardia dolorosamente sempre que era cutucada. - Hm, well, continuando, esse momento inicial de descoberta não define como você vai se sentir em relação a essa criança, Gia. Nesse caso, ter medo é natural, eu acho. Sua vida deixa de ser apenas sua porque agora há uma extensão de quem você é. Você e William. É uma responsabilidade imensa, e acredito que também estaria apavorada no seu lugar. Não acredito que se trate de uma rejeição a criança em si, mas a todas as mudanças que a chegada dela demanda. - e, de certa maneira, conhecia a sensação, pois com a morte de Amelia a responsabilidade por Jacob caíra de bandeja em seu colo e, de início, jamais imaginou que conseguiria administrar a presença de uma criança em sua vida. Era óbvio que possuía todo um suporte, e que Raymond agira em seu favor, mas a maior responsabilidade ainda era sua. Era a única família sanguínea que a criança possuía, e todos os dias se esforçava para dar a ele a percepção de que era querido. – Listen, eu acho, e detesto trabalhar apenas na base do achismo, mas esse é o único viés possível nessa conversação, que antes de contar a William, a Prudence, ou a qualquer outra pessoa, você precisa primeiro ter o seu momento. Nesse instante você ainda se encontra em meio ao turbilhão emocional da revelação, e é necessário tempo e calma para se acostumar com as mudanças que uma gestação impõe. Não estou falando em uma amplitude que envolva relações pessoais e o seu futuro, mas sim diretamente no seu corpo e mente. Independente de qual versão sua acredite que seria a melhor para lidar com a situação, essa criança já tem o mais importante dos vínculos com você. Essa Georgia diante de mim, e mais ninguém. Você pode não enxergar, mas continua a ser a mesma pessoa que ama, cuida, e protege os seus. – meneou a cabeça brevemente para corroborar o que dizia. - E, well, talvez, quando tiver processado melhor a situação, seja uma boa ideia conversar com a Drª Thorne. Há questões medicamentosas que precisa acertar com ela, além disso, pelo que recordo, ela possui a experiência com o período gestacional que me falta, e me impede de ser uma melhor conselheira. – além disso, diante dos distúrbios que Georgia possuía, o acompanhamento psicológico fazia-se essencial durante todo o período gestacional, tanto quanto o pré-natal corriqueiro. – Hm, aliás, você estava dizendo que teme não conseguir levar essa gravidez em frente, e isso me recorda que o Obstetra passou alguns exames. Corriqueiros, para avaliar como está a sua saúde. Além disso, recomendou algumas vitaminas essenciais para você, e que ajudarão no fortalecimento do bebê. – ditou, fazendo uma nota mental para que passasse todos os cronogramas a Triggs quando ela estivesse menos tensa. – Eu compreendo que pareça impossível lutar contra todo e qualquer negativismo no momento, que o medo de se afeiçoar e perder seja sufocador, but, haverá todo um acompanhamento para que nada de mal aconteça a você ou a criança. – pontuou, e um breve sorriso moldou o canto dos seus lábios ao observá-la fitar a imagem da ultrassonografia. Por mais que naquele instante tudo soasse impossível, e extremamente complexo, sabia que Triggs se afeiçoaria a criança. Era da natureza dela acolher a todos com o máximo de gentileza e carinho, não seria diferente com o próprio bebê. – Ah, well, você disse que não fazia ideia de por onde começar, e penso que o único caminho possível é, literalmente, o começo. A partir de agora por mais que sua mãe, William, eu, sejamos importantes para você, sua energia precisa ser concentrada em si mesma, em se cuidar física e mentalmente, pelo seu próprio bem e pelo do bebê. – ditou, já sabendo da dificuldade para Triggs seguir tais recomendações. Feliz ou infelizmente sua melhor amiga possuía o dom de se anular pelos outros, e naquele caso não havia cabimento para se agir de tal maneira. – Além disso, desculpe novamente por dizer mais do que deveria, mas como sua melhor amiga, e irmã, é também a minha função chamar atenção quando parece cabível. – pontou, e ali era perceptível que se sentia um tanto desconfortável. Via de regra Fallon evitava o máximo possível se meter na vida alheia, porém, não havia como ouvir Georgia sem intervir. – So, primeiro, você precisa parar de se culpar por coisas que estão completamente fora do seu controle. Não é sua culpa se sua mãe tem uma visão errada de William. Não sei se você recorda, but, naquela viagem de Páscoa, disse que achava que o problema entre eles morava no fato de que ela, talvez de forma inconsciente, projete nele a imagem do próprio passado. Isso não é culpa sua, ou de William, é uma questão que Prudence precisa resolver com ela mesma, penso eu. – por mais que não soubesse muito a respeito da relação de Prudence com Gaspard Mackenzie, diante do que conhecia dos Mackenzie, não era difícil deduzir que fora problemática e abusiva. E, ao seu ver, era somente a experiência com Gaspard que poderia dar sentido as reações de sua madrasta a William. – Hm, em segundo lugar, me repetindo, eu entendo que você se sinta em dívida com sua mãe por uma porção de fatores, e que você queira dar a ela o que acha que ela precisa, principalmente depois dos últimos dois anos, mas sua existência não deve se resumir a suprir as expectativas maternas. De novo, é a sua vida, Gia. Mesmo que sua mãe não aprove, e fique furiosa com os desdobramentos, cabe apenas a você decidir como vai agir. Então, ao menos por ora, tente colocar a reação dela em segundo plano. Essa gravidez é sobre você, William e o/a bebê de vocês apenas. E, isso me leva ao terceiro ponto; você não fez essa criança sozinha, William tem tanta responsabilidade quanto você. Não há o menor cabimento nesse papo de que você está estragando a vida dele. Btw, no caso improvável dele agir como um imbecil, me disponho a transformá-lo em um telescópio, sempre tive o desejo de transformar homens em objetos inanimados. – disse, e embora estivesse bem séria de início, seu timbre suavizou-se na última frase, carregando um ligeiro e quase imperceptível humor. Voltou a respirar fundo, e dessa vez parecia existir um tanto a mais de cansaço em si. Evans moveu-se sobre a cadeira, deixando seu corpo de frente para Georgia, pra que pudesse ter uma melhor visão dela. Antes de pronunciar-se uma outra vez, empurrou de voltar ao lugar o óculos que escorregara para a ponta de seu nariz – o que vinha acontecendo com bastante frequência uma vez que seu rosto estava mais fino graças aos quilos que perdera por conta do estresse em que vivia. – Listen, você não precisa me agradecer, e nem se desculpar por nada. Tenho certeza que também estaria ao meu lado se estivéssemos em posições inversas. – voltou a menear a cabeça positivamente, antes de baixar minimamente o olhar, e dar-se conta de que voltara a rodar o anel em seu dedo. O tique que expressava sua ansiedade. Com alguma relutância, Evans colocou as mãos sobre suas coxas. – Ah, e, hm, para falar a verdade, eu precisava dessa mudança na minha rotina. Tanto porque eu não posso me prender aos padrões repetitivos do TOC, e garanto que é bem fácil de permitir que isso aconteça, quanto por precisar respirar ares diferentes. – voltou a engolir em seco, sentindo-se subitamente um tanto mais nervosa. – Fugindo um pouco do assunto, e desviando sua atenção de uma ideia fixa, deixe-me questionar uma coisa; o quão boa vem sendo a experiência em Ilvermorny? – questionou, com uma curiosidade genuína. – Por mais que goste do meu curso, e esteja especialmente satisfeita com o meu novo cargo no Ministério, o momento continua não sendo dos melhores no Reino Unido, e não acredito que se tornará mais fácil em um futuro próximo. E, não sei, vir para cá talvez seja uma possibilidade. – possibilidade que primeiro surgira em sua mente assim que Georgia se mudara para a America, mas, que apenas começara a levar a sério com a intensificação das ameaças que vinha recebendo – algo que em muito devia ao sensacionalismo barato de Rita Skeeter. Tudo o que vinha vivenciando era desgastante para sua saúde mental, e por mais que seguisse resoluta em ajudar no que tangia os direitos dos nascidos-trouxas, precisava se atentar um pouco mais a si mesma. Com a gravidez de Georgia via um motivo a mais para uma mudança, e era claro que Jacob a acompanharia. De maneira um tanto inconsciente, Evans encolheu os ombros como quem se desculpava. Em seguida seu olhar recaiu uma outra vez sobre a melhor amiga, que ainda lhe parecia desolada, o que alimentava sua preocupação em como ela lidaria com toda a situação quando não estivesse por perto. – Deixarei para julga-la quando recriminar os mimos que darei ao meu sobrinho ou sobrinha. – murmurou, um momento antes de curvar-se para depositar um beijo tenro na bochecha de Triggs. - Acho justo um scrapbook para o/a pontinhx. Uh, documentar toda a experiência é muito à sua cara. – o sorriso singelo voltou a pontuar o canto dos lábios de Fallon. – Listen, eu falo sério quando digo que estarei ao seu lado nessa, e não adianta tentar me afastar porque já conheço as suas formas de agir. – disse, recobrando a seriedade ao seu timbre, e não abrindo brechas para negativas da ex-sonserina. – Btw, novamente, me desculpe se soei invasiva em algum momento, but, realmente não consigo vê-la tão mal, perdida, e não me comprometer em ajudá-la a encontrar uma saída. Como disse antes, você não está sozinha nessa, meu bem. – murmurou, gentilmente, e em seguida envolveu Georgia entre seus braços em um gesto de ternura. Beijou-a nas têmporas, e em seguida limpou os resquícios de lágrimas em suas bochechas. – Nós estamos nessa juntas. De verdade. Eu amo você, baby girl. – disse, bem baixinho, e de uma maneira cúmplice. Evans voltou a respirar fundo, e por mais que ainda pudesse se esticar em conselhos não solicitados, sabia que dali em diante restava aguardar pelos desdobramentos seguintes. – Hm, so, você ainda quer comer? É por minha conta, e antes que reclame, me deixe mimá-la um pouquinho, ok?
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dearskyzinha · 5 years
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Se respondesse prontamente ao instinto natural e protetor para com Georgia teria a acompanhado até o banheiro no instante que adentraram a lanchonete em que se encontravam. Porém, diante do baque da confirmação que sua melhor amiga acabara de receber, Fallon preferiu dar a ela alguns minutinhos de privacidade. Naquele ínterim de tempo a ex-corvina tratara de procurar o lugar mais reservado possível dentro daquela lanchonete que era uma velha conhecida da época em que passara uma temporada em Nova Iorque. O lugar era discreto, as cabines davam o ar de privacidade do qual precisavam, porém, ainda assim, a ex-corvina utilizou-se da varinha por baixo da mesa para executar alguns feitiços que as deixariam ainda mais seguras. Excesso de sua parte que tinha muito a ver com a paranoia que a acompanhava graças o atual momento no mundo bruxo britânico, mas que também era uma maneira de dar a Georgia o lugar mais seguro e discreto possível longe das paredes de casa. Enquanto aguardara o retorno da ex-sonserina, Evans buscara pelos exames que carregara consigo, e que na pressa Georgia teria deixado para trás. Quanto mais encarava o pontinho minúsculo, que não parecia maior que um grão de feijão, mais seu cérebro parecia processar a realidade de que a vida de Georgia e William mudaria de forma definitiva. Diante do quadro mental de sua melhor amiga, que ao seu ver apresentava melhoras significativas desde a mudança para Nova Iorque, era impossível prever como ela responderia àquela novidade a longo prazo. Imaginava que o pânico fosse uma comum a mulheres que se descobriam grávidas inesperadamente, e que se tornasse ainda mais latente para aquelas que lidavam com distúrbios que cobravam muito da sanidade mental. Era o tipo de situação em que não possuía maneiras de colocar-se no lugar de Triggs e que tudo o que podia fazer era oferecer o seu máximo apoio. Como era prática, e possuía uma mente que clamava por padrões de organização graças ao seu nada agradável TOC, Evans precisava sentir que de alguma maneira o estava sendo útil. Relera a receita feita pelo Obstetra, fazendo uma nota mental de que precisariam passar na farmácia mais próxima para se abastecer de todas as vitaminas essenciais para o primeiro trimestre da gestação. Além disso, buscara por especialista em outras áreas, focados no período gestacional, que ajudariam Triggs a se manter o mais saudável possível no víeis físico, no entanto, psicologicamente, tudo dependeria de como sua melhor amiga enxergaria a situação com o avançar dos dias, e em como sua psicóloga administraria as possíveis mudanças nas dosagens de ansiolíticos e antidepressivos. Uma respiração profunda escapou a Evans. O cansaço era provavelmente perceptível em suas feições, e dava-se tanto pelo impacto da notícia a respeito de Triggs, quanto de suas próprias questões no Reino Unido. Não vinha dormindo bem, a paranoia intensificava-se conforme as ameaças à sua segurança tornavam-se mais constantes e coléricas - motivadas pelo acordo que fizera com Nicholas Mackenzie -, não se alimentava corretamente, e os pensamentos intrusivos pareciam cada vez mais intensos, assim como seus padrões obsessivos-compulsivos. Possuía a consciência de que precisaria abrir mão de algumas coisas antes que atingisse o seu limite físico e mental, mas era pura teimosia e detestava a ideia de que falharia em seus propósitos. O que defendia no mundo bruxo ia muito além de seus próprios interesses, era uma causa na qual realmente acreditava, mas, embora não quisesse enxergar por tal prisma, não valia que deteriorasse uma saúde mental que oscilava entre momentos de estabilidade e instabilidade. No entanto, naquela tarde, embora se sentisse afetada pela confirmação da gestação de Triggs, sentia-se o mais estável possível. E o era essencial para que pudesse dar a sua melhor amiga o que ela precisava; apoio incondicional. Ali, diante de Triggs, Fallon apenas a observou por um instante, dando-se conta de cada tique nervoso que indicava que o turbilhão emocional queria pegá-la de jeito. O que não faria bem a ela, e nem ao feto. Para o seu próprio espanto, já pensava naquele grãozinho de feijão que crescia dentro da ex-sonserina como um alguém por quem também precisava prezar. Com certa dificuldade, pois parecia que existia algo entalado em sua garganta, Evans engoliu em seco. Distraída em observar as reações de Triggs mal percebera que repetia seu tique padrão de rolar o anel em seu dedo. Não porque sentia os níveis de ansiedade em si a pico, mas, porque não queria dizer a coisa errada. – Hm. Eu pensei em fazer os pedidos enquanto você estava no banheiro, porém, fiquei em dúvida se seu paladar para bolos continua o mesmo. – murmurou, um tanto timidamente, enquanto seguia fitando a figura de Triggs. Embora a confirmação definitiva da gravidez tivesse vindo com a consulta ao Obstetra, o resultado do teste de farmácia fora mais que suficiente para fazê-la pesquisar longamente a respeito do assunto. Logo entendera que a percepção de alguns odores e sabores se modificava naquele período, o que a fizera protelar os pedidos, além de evitar qualquer fragrância que pudesse vir a incomodar Triggs. – Nós não precisamos ir até o balcão para fazer pedidos, e nem chamar o garçom. Eles deixam esse cardápio eletrônico sobre as mesas, e nós só precisamos selecionar os itens que desejamos. – completou, antes de empurrar o cardápio em direção a melhor amiga. Embora tivesse em mente que Georgia precisava de espaço para digerir aquela novidade, o desejo de aproximar-se fora maior, e assim o fez. Evans levantou-se e deu a volta ao redor da mesa para que pudesse se posicionar ao lado de Georgia. Delicada e gentilmente a ex-corvina colocou suas mãos sobre as da melhor amiga. Carinhosamente esfregou os polegares pela pele macia e fria. – Você está gelada. Quer que peça algo quente pra beber? Ou uma água? – questionou, enquanto massageava os dorsos das mãos de Triggs. Evans soltou uma das mãos da melhor amiga para que com o indicador pudesse empurrar gentilmente o queixo dela para cima. As lágrimas acumulavam-se nos cantos dos olhos da ex-sonserina, uma cena que tinha seu impacto no emocional de Evans. Detestava vê-la daquela maneira. – Hm, eu tenho percebido que você vem evitando me encarar desde que saímos do Obstetra, não sei o real motivo, mas espero que não seja por receio de enxergar em mim qualquer tipo de julgamento. Posso garantir que em mim a única coisa que você vai encontrar é apoio. – disse, em um tom de voz que exprimia certa calma, o que acreditava que era essencial para tentar confortar a ex-sonserina. Além disso, por mais que reconhecesse a irresponsabilidade de Georgia e William em não se prevenirem, não possuía qualquer intenção de recordá-la de tal fato naquele instante. De nada adiantaria, e apenas agregaria mais estresse a ex-sonserina, de qualquer forma, estava certa que os adultos que os rodeavam teriam muito a dizer àquele respeito, até mesmo para si. – Listen, não negarei que essa é uma situação um tanto complicada, ou fodida, usando o termo de sua preferência. Eu queria ter na ponta da língua um discurso pronto e encorajador para dar, mas, não tenho certeza se é o que você quer ouvir no momento. Aliás, sequer tenho certeza se você quer conversar. Ainda assim, me sinto no direito de recordá-la que, por pior que a situação pareça, você não está desamparada. Eu estarei com você, e por você, nessa. – Evans meneou a cabeça vezes seguidas para corroborar o que dizia. O quanto se importava, e se preocupava, com Triggs tornava impossível que se tornasse uma figura ausente naquele momento - já lhe bastava a culpa que carregava por não ter sido presente nos meses posteriores ao desdobramento da ex-sonserina. Com gentileza estendeu o polegar em direção ao canto do olho da melhor amiga, afastando as lágrimas que se acumulavam ali. – Quanto a sua mãe... – começou, e em seguida liberou uma profunda e dolorosa respiração. Não era difícil prever que sua madrasta não encararia aquela novidade com bons olhos. Algo que não julgava porque era óbvio que ela se preocupava com o bem-estar da filha, principalmente depois dos últimos dois anos, e uma gravidez naquela altura do campeonato soava precoce demais. - ... bom, como toda boa mãe, é natural que ela venha a se preocupar. – não deixava de ser um tanto irônico que estivesse falando em uma boa mãe quando não possuía qualquer referência naquele sentido. – E penso que é bem mais fácil que ela mate William. – disse, aplicando um ligeiro senso de humor ao seu timbre. Talvez não fosse o adequado para o momento, mas, era irresistível demais a ideia de fazer tudo soar menos pesado. – Listen, é muito provável que sua mãe não tenha a mais positiva e acolhedora das reações, o que em certos termos é bastante compreensível, mas, como venho aprendendo um tanto tardiamente, a aprovação e o apoio materno são um bônus bem-vindo, mas nunca devem ser um objetivo. – disse, e sentiu-se ligeiramente desconfortável por reconhecer novamente a ironia de ser portadora de um conselho como aqueles quando ainda tentava se distanciar da sombra da aprovação materna. Porém, reconhecia que vinha conquistando pequenas vitórias, mesmo que tardias. Não era sua alçada julgar o relacionamento de Prudence e Georgia, mas, há tempos vinha percebendo em sua melhor amiga o padrão errático de focar-se apenas em suprir as expectativas de sua genitora. – Eu sei que não tenho muita moral para dizer isso, principalmente levando em conta o meu histórico, e nem quero me meter na sua relação com Prudence, but, é a sua vida, e como agir diante da situação atual é algo que cabe apenas a você decidir. – completou, e fez uma nota mental de não se estender mais naquele tópico em específico. Tanto porque por sua falta de referências adequadas de uma relação mãe e filha poderia estar enxergando um padrão inexistente, quanto porque realmente se sentia uma maldita intrometida dando pitaco. - Well, desculpe qualquer coisa. – disse, baixinho, e sem sequer ter a certeza se seria ouvida por Georgia. Com a intenção de se afastar em definitivo daquele tópico em específico, Evans recordara-se da foto que pedira ao Obstetra sem que Georgia sequer se desse conta. A ex-corvina esticou-se apenas o suficiente para puxar a foto do ultrassom que ficara em cima de sua agenda aberta do outro lado da mesa. Conhecendo Georgia da forma que o fazia, sabia que aquela imagem teria seu impacto sobre ela, restava torcer para que fosse positivo. – Hm, so, você me pareceu meio desnorteada durante a consulta, e, ahn, me reservei ao direito de pedir ao médico uma foto da primeira ultrassonografia. Imagino que é de seu interesse manter essa primeira imagem do ou da bebê. – delicadamente Evans empurrou a imagem em direção a melhor amiga. Não era muito nítida, não quando o feto tinha tão poucas semanas, mas, acreditava que quando soubesse o que fazer Georgia se daria conta da importância de documentar todo o processo. – Well, há muito a se processar no momento, não sei o que você fará e como fará, mas independente de qual seja a sua decisão, eu estarei com você. – como ex-corvina, era natural a Fallon buscar por mais de uma resolução para qualquer que fosse a questão, por mais que não se sentisse à vontade com as possíveis soluções. Era claro que existiam maneiras diversas de se lidar com uma gravidez não planejada, mas nenhuma delas lhe inspirava qualquer contentamento, muito pelo contrário. Embora não possu��sse a coragem de citá-las, apenas o pensamento fora capaz de deixá-la com um gosto amargo na boca. A ex-corvina balançou a cabeça de um lado para o outro, como se pudesse se afastar daquelas ideias, e voltou a focar-se em Triggs. – Gia, respira fundo. – aconselhou, ao notar o pânico na voz de sua melhor amiga. Exercícios de respiração eram sempre a saída mais prática, e rápida, na tentativa de acalmar os picos de ansiedade. Evans concentrou-se em acalmar, e observar as reações da ex-sonserina, e apenas voltou a se pronunciar quando ela lhe pareceu menos propensa a um ataque de pânico. – Olha, realmente não faço ideia do que é estar no seu lugar, mas, de certa maneira, compreendo o que é ter em primeiro plano apenas o prisma negativo. Uma gravidez nesse momento foge por completo do que se pode considerar como ideal, porém, aconteceu, e não há como mudar o fato em si. Por mais que você acredite que não tem condições de viver esse processo, e que tudo pareça tumultuoso, vale lembrar que essa é a única visão que seus transtornos te permitem ter quando estão a pico, e imagino que eles estejam no momento. – disse, e novamente seu timbre era marcado por certa calmaria, o que era incomum para quem ultimamente vivia em picos repetitivos de estresse. – Sei que parece impossível no momento, mas você precisa de calma para lidar com a situação. Para enxergar além de tudo o que pode vir a ser negativo. Para se acostumar com a ideia de que há uma vida sendo gerada dentro de você. – murmurou, e gentilmente colocou a palma de sua mão direita sobre o ventre de Georgia. Um mês e alguns dias não era tempo o suficiente para gerar uma barriga proeminente, mas, ainda assim, era perceptível algumas diferenças físicas em Triggs. - Não há problema em temer o desconhecido, o inesperado, ainda mais algo que vai mudar significativamente à sua vida. Não vai ser a mais fácil entre as tarefas, mas, como disse, eu estarei aqui por vocês. - pontuou, baixinho, e em seguida afastou a mão do ventre de Triggs. Evans voltou a encará-la, e era perceptível em seu semblante que estava resoluta em dar todo o apoio que fosse necessário. - Desculpe, estou ciente de que não tenho embasamento, que soo repetitiva, e que provavelmente disse mais do que deveria, but, é difícil vê-la tão perdida e não tentar mostrar que sempre há um caminho. Uh, se for de sua preferência manter-se em silêncio, well, meu ombro amigo está aqui também ao seu dispor. 
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Georgia era acostumada a conviver com diversos sintomas mentais e físicos. Todos, associados aos dois transtornos que lidava diariamente, impulsionando-a a uma oscilação constante, cheia de altos e baixos. Obviamente que ela sempre carregava os baixos aos altos visto que esses sintomas, além de outras reações, exigiam, praticamente todo santo dia, muito da sua pessoa. Principalmente quando ansiedade e depressão colidiam e brigavam pelo espaço da vez - e, às vezes, ela relutava para não dar espaço porque lhe era raro um só dia de paz, em que não se via prestes a ser condensada por aqueles dois transtornos. Humor. Pensamentos intrusivos. Ruminação. Alimentação desequilibrada. Sono. Falta de sono. Doenças psicossomáticas aleatórias. A sensação de não ser boa o bastante. A culpa. Mais a culpa de achar que estava magoando meio mundo. Mais a culpa de que tinha que fazer algo quando não queria. A vontade de urinar antes mesmo de sair de casa, pois vai que todos os banheiros do mundo desaparecessem. Era oscilação atrás de oscilação, sintoma atrás de sintoma, no ritmo de um estalar de dedos e nada disso lhe era exatamente novo. Tudo aquilo, e mais um pouco, apenas se intensificara com o passar daqueles dois anos e o mérito disso vinha do seu não esquecido, embora apagado da sua memória, ataque em Hogwarts. Triggs vivia aquela coisa de não poder ver o acontecimento, mas o acontecimento ainda estava embrenhado em seu ser. Em cada calafrio que a retorcia quando um gatilho era acionado. Seu corpo e sua mente ainda respondiam ao medo e à paranoia gerada por tal evento que quase custara sua vida. Corpo e mente ainda sabiam o que tinha sofrido, como uma memória muscular, e, diariamente, brigava para não entrar na famosa espiral que a tirava do mundo ao seu redor. Às vezes conseguia. Às vezes não. Desde que seu transtorno de ansiedade fora diagnosticado, antes mesmo de ingressar na escola de Magia, descobrira que não seria uma humana funcional. Porém, ainda funcionara naquela época e conseguira ter uma vida dita saudável. Por ter sido muito mais destemida, ela não se tornara refém da sua ansiedade, pois se dera a chance de se conhecer melhor e assim contornar suas crises. Só que as coisas gradualmente pioraram quando recebera o diagnóstico de depressão e Georgia não conseguia se controlar como antigamente. Ainda mais quando existia o agravante de outras doenças psicossomáticas mais a novidade dos pensamentos suicidas. Enquanto a ansiedade exigia movimento, a depressão pedia a falsa constante do repouso, que abria espaço para mais oscilações dentro do humor depressivo, além de mais ansiedade e angústia. Enjoo. Dores de estômago. Exaustão. Sono em excesso. Tonturas e dores de cabeça. Em menos de um ano, ela possuía uma bagagem sintomática muito maior, que a destruía (e destruíram nas vezes em que tentara se extirpar do planeta), mas nunca a surpreenderam. Nem os medicamentos que entraram em cena e que consumia desde que se entendia por gente. Recusara-se em primeira mão a tomar remédios para a depressão e, agora, parecia que não conseguia viver sem eles - mesmo que sempre sentisse que todos pioravam seu estado de sofrimento. A única coisa que jamais lhe ocorrera é que alguns desses mesmos sintomas podiam ser associados a algo que jamais cogitaria de tanto que menosprezava o funcionamento do seu corpo - que considerava falho demais para prosperar. No caso, uma gravidez. De tão centrada que a ex-sonserina vivia entre seus transtornos, jamais que as estranhas cólicas abdominais, os seios inchados e as roupas apertadas a fariam enxergar que um bebê começava a se formar dentro de si. E esse mesmo bebê vinha mexendo com seus hormônios, tornando-a impossível. A começar pela mesma oscilação de humor que a fazia comprar briga com William por nada ou afastar os cachorros abruptamente. O cansaço pungente e a vontade de não querer enfrentar a vida também a enganara, pois, para felicidade da sua mãe, não ficara muito tempo à toa em Nova Iorque. Passava horas na universidade de Ilvermorny e, mesmo que duvidasse de si mesma, conseguia realizar as atividades. Lenta e quase parando, mas conseguia. Porém, isso também se alterara, pois a falta de força de vontade para escrever ao menos uma lauda de texto gerara seu estresse, fazendo-a pensar novamente de que não deveria continuar estudando, indo contra ao fato de que, secretamente, gostava por se sentir útil e mais fora da sua cabeça. Mas os ecos se formaram, contando que estava sendo estúpida em se iludir com algo que não iria pra frente. Por já ser deprimida, o cansaço exacerbado começou a roubá-la devido aos pensamentos intrusivos persistentes e o distanciamento de tudo começou a não só afligi-la, mas deixá-la temerosa. O que ressaltava o fato de que vinha dormindo demais, o evitamento, e isso sempre foi muito associado aos seus picos deprimidos. Por estar acostumada de ter uma saúde mental conturbada, Georgia achou que perdia de novo para a depressão de tanto pessimismo e vontade de morrer que lhe pegara de jeito há precisamente um mês. Um mês que a colocara na boca de um furacão, deixando-a à mercê do que já sabia. Ou achava que sabia, pois o que achava que sentia nada tinha a ver com o que convivia. Era algo novo. Algo que já tomara um susto e estava se saindo como igualmente e internamente desesperador. Precisou se sentar no banco mais próximo devido à tontura que sentiu em efeito ao golpe de uma notícia que dizia que estava grávida de um mês e alguns dias. A barriguinha saliente, enfim, não era sobre os doces que comia exageradamente. O mesmo para os sutiãs apertados. O mesmo para o desgosto súbito com seu corpo, o que a inspirara ao velho hábito de usar roupas maiores para se esconder. O mesmo para os enjoos porque qualquer cheiro, até mesmo do seu namorado, se tornara insuportável. De quebra, não era para estar naquele estado de choque completo, pois parte do seu inconsciente tinha sido preparado e, claramente, escolhera a negação. Antes de estar naquela clínica, fizera o famigerado teste de farmácia, o que a fez viver um déjà vu com sua companhia, e melhor amiga, Fallon Evans. O resultado positivo a forçara a fazer os exames oficiais e agora tinha um bendito obstetra. Além da notícia de que iria ser mãe - e sentiu uma imensa vontade de vomitar devido ao maldito “parabéns” e assim o fez, reencontrando Evans depois. Sentada à uma mesa, Georgia escondia as mãos entre as coxas. Mãos suadas e trêmulas, sinalizando que parecia prestes a entrar em curto circuito. Sua mente espiralava os piores cenários, tensionando cada músculo, e se contorceu graças a uma gota de suor que dançou da sua nunca até sua espinha, impulsionando o famoso pavor interno e que poderia render uma crise de pânico. Seu sistema nervoso conflitava, dificultando a respiração e emitindo os sintomas que lhe passaram completamente despercebidos. Se não fosse pelo fato de que, em um belo dia, resolvera consultar seu aplicativo de menstruação, jamais desconfiaria que gerava um bebê a um mês e alguns dias. Atrasos ou alterações daquele tipo lhe eram muito normais graças aos medicamentos, mas não daquela vez. Daquela vez não tinha sido salva. Ali, tentando ordenar seus pensamentos, chacoalhando as pernas ansiosas, se indagou porque tinha que passar por aquilo. Parecia que a vida não queria deixá-la em paz um minuto sequer, mesmo consciente de que não tinha condições de lidar com mais nada. Nem com ela mesma. Parecia que nunca existiria paz e foi batata voltar a um dos seus pensamentos mais persistentes: não podia agir a favor de si mesma porque uma tragédia sempre aconteceria para interromper seu percurso. O padrão de vitimização que não tinha controle, embora, por mais que se usasse do mesmo padrão pra tudo, estivesse um tanto melhor em NYC. Presenciava alguns resultados positivos, mesmo não se agarrando a eles, mas, pra variar, o universo não esperou para que se sentisse totalmente segura e até mesmo confiante. Nada na sua vida soava destinado a apenas ser, pois bomba atrás de bomba sempre a interpelava. E uma nova bomba caíra sobre si e era evidente que não conseguiria lidar. Que não conseguiria ir adiante porque era uma pessoa nada funcional. Não como antigamente. E pensar dessa forma engatilhou a culpa, pois percebeu que a criança que carregava já sofria rejeição de antemão. Resfolegou, o esforço ardendo na sua garanta e em seus olhos que começavam a lacrimejar. Do susto, parecia que queria sentir raiva. Raiva daqueles testes sem noção da vida. - Isso é fodido. - murmurou. Não olhava para a melhor amiga porque não queria chorar. - Isso é fodido. - repetiu, sentindo a famosa sensação de que estava dentro de uma centrifugadora. Estava grávida. Um mês e alguns dias. Seria mãe. Uma mãe fodida, pelo visto, pensamento que a fez se cobrar de que deveria lidar melhor, pois sua vida não estava imersa no caos de antes. Mas tudo era uma lupa meramente externa e ilustrativa. Dentro de si, ainda existiam vários demônios, constantemente prontos para consumi-la, e agora uma criança nadaria entre eles. Não deveria ter dado sinal de que queria mudar ou melhorar. No fundo do poço nada a atingia. Era melhor que tivesse se mantido na inércia e ficado lá, pois, evidentemente, a pouparia de passar por aquilo…. Apertou os olhos, como para interromper aquele fluxo de ecos. Não podia chegar a sentir medo ou perderia o controle. - O que farei? - havia pânico em sua voz, que intensificou o brilho de seus olhos lacrimejantes. - Minha nossa, eu não tenho condições de passar por isso. - emendou, apertando mais as coxas contra suas mãos. A adrenalina crescia conforme cada pensamento intrusivo tomava seus neurônios, esmurrando as chances de ver algo de bom naquilo tudo. - Minha mãe vai me matar. - balbuciou. Era nítido que Georgia estava dissociando. A desrealização que incitaria o medo de ter medo. O medo de estar grávida alimentado pelo medo constante trazido sempre pela ansiedade. Seu corpo queria desligar e implodir em resposta a tão assustadora notícia. - Eu quero bolo. - ditou, do nada, mais para ter que se levantar e evitar a entrada do medo que começava pinicar dentro de si. E também porque não queria lidar com o que imaginou que viria a seguir: o julgamento da sua melhor amiga. Já sabia que era falha e estúpida por tempo demais, não precisava de acréscimos aos seus descréditos pessoais.
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dearskyzinha · 5 years
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highlanderwho‌:
- Tu poderia poupar as palavras caprichosas e me chamar de Lúcifer logo de uma vez. Um baita de um elogio. Deu até saudade de cometer crimes de ódio em Hogwarts só porque estava entediado. Como estou agora, mas não tem nada mais que eu possa fazer a não ser trepar. - Nicholas interpelou a ex-corvina. Apesar de ainda sentado, e muito centrado na parede branca à sua frente, a inclinação da sua cabeça era o suficiente para espiá-la conforme mantinha o ritmo daquela conversa esquisitíssima demais para o seu gosto. - Não me faça repetir que não tenho o menor intento de te dedar, pois ainda posso fazer isso quando tu zarpar daqui. Basta uma corujinha e din, din, din, ao menos uns três vêm dar conta dessa tua traseira. Confesso que sentiria inveja, mas por outros motivos. - Nicholas sabia da eficiência daquelas corujas quando descobrira sobre o ataque contra Andrew Badcock. Que, na verdade, era contra Arthur Badcock, o que o incumbira de tornar aqueles puristas mirins sua piada particular. Poderia ser leigo para muitas coisas, mas farejava vexame como ninguém. A começar pelo maldito Lestrange que não tinha prioridade de nada ao ponto de infernizar Alice Bones de tal forma desnecessária para o clima atual. E nem sabia quem liderava aquela merda visto que, ao menos para Nicholas, não era tão difícil separar um lixo trouxa do outro e tirá-lo do planeta. Bastava não ser estúpido em sair enfeitiçando qualquer um sendo que a lista prezava por ordem e por precisão. Embora não se envolvesse diretamente, era estarrecedor como aquela nova onda anti-trouxa era mais estúpida que a anterior. Uma pura chacota. Impressões que só seriam possíveis de ter graças ao fato de que era um Mackenzie. Crescera ouvindo as histórias da sua família e os feitos durante as duas guerras bruxas. Quando criança, indagara sobre tudo ao seu pai, nem sempre obtendo a resposta concreta - e que acabava sanando por conta própria nos arredores de Glasgow. Quanto mais sabia, mais aquelas informações iam fomentando e muito o seu ainda irredutível caráter. Um caráter que poderia não ser levado tão na ponta da pena, mas sua criação ainda era a denominadora crucial de muitas das atitudes do ex-sonserino. Muito do que escondia. Muito do que fingia não sentir. Muito do como agia indesculpavelmente e tratava qualquer pessoa como merda se não fosse seu dito igual. Fallon Evans estava longe de ser uma igual a si, mas, de fato, não estava mesmo com vontade de liberar coruja alguma. Criar alarde para um nome que constava em uma lista. Decisão que nem era mais sobre estar entediado e querer aborrecê-la, mas porque teria que responder a uma outra pessoa que, sem dúvidas, não queria saber tão cedo. Não quando as cartas que trocavam finalmente se cessaram, o que Nicholas ainda não sabia ser bom ou ruim. Afinal, escrever para sua meia-irmã era o raro instante de distração contra o seu aborrecimento contínuo no Mungus. Fora ela, só havia Margaret Fraser, a quem pintava de mais doida que os Longbottom. - Eu achava que era debochado, mas tu tá querendo passar do limite. - caçoou ao comentário dela sobre ser insignificante. - Em períodos como este, jamais que sangues-ruins são insignificantes. Eles são mais que necessários porque precisamos de bodes expiatórios para instaurar o caos. Quanto mais jovens, melhor, pois os velhotes perdem as estribeiras. Como imagino que esteja a Mac Na Galla Granger que, infelizmente, perdeu a chance de morrer. - e declarou aquilo com sua famosa falta de tato agregado a um prazer particular que o fez deslizar o indicador pelos lábios. Como se fosse possível saborear uma coisa como aquela. O que de fato era, pois ele mesmo não escondera a alegria de saber que Percy Weasley tinha batido as botas, reforçando a existência não só de uma, mas de duas listas. Uma para os mirins. Outra para os mais velhos e articulados. - Ah, Sassenach, tu tens sorte. Uma sorte chamada Georgia. Que posso até considerar minha própria sorte também de não estar internada aí. Sgoinneil! Tenho que dizer que se eu estou em paz, Georgia também deve estar, porque acho, apenas acho, que estão cagando para os herdeiros no momento. - dizer o nome da sua meia-irmã deixara de ser um fato inédito para Nicholas. Talvez, pelo hábito de escrever o nome dela no topo de todo pergaminho e, na única tentativa de ser o engraçadinho debochado, tomou uma comida de rabo em letras garrafais. Desde que descobrira a existência dela, não houvera outro tratamento a não ser o renegada Mackenzie. Ou maldita. Ou anã. Ou qualquer coisa ruim, como uma série de palavrões que entoara em júri, meses atrás, quando fora acusado de tentar assassiná-la. Não era um nome fácil de entoar, mais pela grafia. Era um nome forte, que o fez puxar o R com intensidade. - Porra, tu ainda joga nessa de ex-marido? Aye right, Sassenach!  Tu não ilude um escocês carente. - um risinho anasalado lhe escapou ao notar o tom quase imperceptível de humor da parte da ex-corvina ao chamá-lo de ex-marido. Ato que contribuiu para oxigenar seus neurônios preguiçosos que seguiam lhe dando imagens do arquivo mental que tinha o nome daquela garota. Era muita coisa que não recordava, o que não era uma surpresa para quem se esquivava de qualquer tipo de relacionamento ou de experiências minimamente positivas, mesmo que toda aquela “relação” tivesse sido composta pelo seu anterior intuito de se aproximar da meia-irmã. Projeto que falhara drasticamente junto com ele mesmo, sendo consumido pelos Mackenzie e sua mãe, que não descansara até dar cabo em quem vira como extrema ameaça. Sendo que a ameaça tinha mais de dezenove anos e Nicholas chamava de mocreia nas horas vagas. Para não dizer a biscate envolvida com Charlie Tyler. - Acho que dei provas demais do meu amor a Vossa Majestade e o poço do romance se esgotou. Me entristece não estarmos casados e com um cachorro, felizes na Escócia. Tu me deve demais, Sassenach. - declarou, o sorriso lascivo voltando ao canto de seus lábios. - Os Mackenzie gostam de histórias trágicas. Acho que tu tem material o suficiente para sacar uma porra dessas. Claro que nossa história seria melhor, porque não aceitaria menos que isso. Questionamento ridículo quando é claro que eu só tiraria o meu da reta.- desde que fora internado, muito pouco Nicholas sabia dos Mackenzie. Era um tipo de peso que não vinha sentindo com a mesma frequência em comparação ao período em que transitara mais pelo mundo bruxo, no falso intento de estudar, ou da vivência do período em que tentara sentar de vez na liderança do clã, sendo até mesmo forçado a se casar. Por mais que também não fosse admitir, havia certa leveza naquilo. Era um tanto libertador. E, por ser libertador, parecia que Nicholas se tornava uma versão mais suavizada de si mesmo, embora seguisse como o ser incorrigível. Era como gostava de se vender apesar de ser realmente assim, sem uma gota de limite. Em meio a todo o tédio proporcionado pela sua internação, não pensava no que aqueles filhos da puta faziam ou deixavam de fazer. Não recebia visitas de ninguém daquelas bandas, nem da maldita da sua tia-avó, outra responsável por inspirar sua nova ruína visto que ela nunca escondera o intento de mudar as diretrizes que regiam no sistema da sua tão adorada família. Mesmo que isso o custasse no processo. Em sua mente, tudo que envolvia os Mackenzie parecia pertencer ao mesmo bloco, culminando no mesmo tipo de repetição: ele se fodendo. Uma informação que vira e mexe seu psicólogo ditava, não com aquelas exatas palavras, e algo dentro do ex-sonserino ainda era relutante em aceitar que lá ele só servia para aquilo mesmo: se foder. Ser o próprio bode expiatório, conclusão que o fez se virar um tanto mais para ampliar seu ângulo de visão sobre Evans. Não que ela tivesse muito a ver com aquilo, mas pensar em ser bode expiatório era muito mais que ser sequestrado e aparecer numa vala. Era para dar um tipo de exemplo e os Mackenzie eram ótimos naquilo. Sua meia-irmã era o mais próximo de exemplo que tivera e ainda se perguntava como ela conseguiu sobreviver a tudo aquilo - quando ele mesmo não pensava duas vezes em se deixar morrer, razão de mais uma nova temporada no Mungus. - Não posso dizer o que há depois do negrito, nighean, até porque eu não lembro. - e realmente não lembrava, porque sua atenção era tanto seletiva quanto limitada. - Tu percebeu que esse papo tá muito egocêntrico? Tu tá me exigindo 200% de atenção e eu não tenho tempo para inglesas carentinhas repetindo esse draminha de não ser relevante sendo que só faltou tomar o leitinho hoje cedo. - levantou-se, gargalhando, e parou diante dela em um tranco. A distância ainda era o que chamavam de segura, mas, para Nicholas, era uma quebra que poderia ser vista como ameaçadora - se assim quisessem. Afinal, ele queria que respeitassem seu espaço, mas não necessariamente respeitava o da outra pessoa. - Sassenach, se eu fosse prodígio em assassinato, tu estaria no meu pódio. E eu não te mataria de qualquer jeito. Eu daria carinho primeiro. - sorriu, falsamente, rebatendo o tom irônico dela. Atentou-se a figura à sua frente e apurou uma certa apreensão, mas não saberia precisar exatamente ao que se referia. Desde o primeiro instante em que se aproximara, ela lhe pareceu retrair. Retração que parecia aumentar conforme falava e conforme ela mesma fingia que estava sendo muito da engraçadinha. - Ah, não precisa ficar tristinha. Tome. - tirou um lenço do bolso do sobretudo e o estendeu a ela. Ação e reação da maneira como ela respirou fundo, como se algo doesse. - Sei que é difícil ser especial nesse nível, mas basta cuidar direitinho da sua bundinha e fica tudo ok. - teatralizou, com os olhos piscando várias vezes, vendendo o ar falso de um anjo. - Gu dearbh? Bom saber que tu não sairia correndo, porque eu teria que ir atrás e eu não sou de correr. Felizmente, fui muito bem educado com o uso da varinha e, sem ela, tu já tem uma vantagem estrondosa. Só gente pobre sai correndo atrás da outra, wee man. - revirou os olhos. A ideia de correr realmente o desapontava. Era muito fino e elegante para se prestar a tal papel. Pensamento que o fez deslizar as mãos cuidadosamente pelo sobretudo, com puro nojo daquela ideia de correr. - Aye. Sempre tem uma curandeira de perna aberta quando se menos espera. Aqui é o acúmulo de gente entediada, Sassenach. Tu deveria vir brincar de vez em quando pra deixar de ser chatinha de galocha. - zombou novamente. Pela falta do que fazer, começou a andar de um lado para o outro, alisando a barba bem feita. - O que tu poderia ganhar além da chance de uma noite de sexo sem fim comigo? Tu me mata de vergonha com esse relaxo de atenção. - parou de andar e voltou a se sentar, mas agora exatamente ao lado dela. Fez-se confortável, olhando-a de canto como se a desafiasse a tirá-lo dali. - Tu me diz que eu estou todo preocupadinho com teu bem-estar, mas, desde que cheguei, tu não parou de admirar minha beleza e, agora, me sobe de nível falando do meu pau. Agradecemos a preocupação. Era o mínimo esperado depois de notar, ainda mais agora, que suas pernas seguem incríveis, Sassenach. - murmurou com tremenda satisfação. Seu olhar faiscou em lascividade ao acompanhar os movimentos dela em afastar os cabelos, atraindo-o pelo que reconheceu ser perfume, e empurrar os óculos. - Prefiro Vossa Majestade sem esse binóculo na cara. - comentou, aleatoriamente, apontando para o seu próprio nariz. - Falando nisso, ainda espero ansioso meu capítulo da espanhola. Tu deveria me mandar já que não tenho muito que fazer e nem pra onde ir. Tu és uma maldita salafrária em pele de cordeiro. Não é à toa que vou fingir que acredito nessa de coleguinha quando ainda é óbvio que tu veio me ver. - riu-se, terminando o ato com um suspiro afetado. - A minha antiga psicóloga achou legal me botar para cativar os moribundos desse hospital, mas jamais contaria com meu desprazer que é ajudar humanos no geral. - e ao lembrar do que vinha fazendo, desde que começara aquele exercício, foi impossível não gargalhar de novo. - Bom que eu roubei vários doces. - tirou um do bolso e o ergueu na direção da ex-corvina. - Esse tu pode comer, tá livre de veneno. - assim que ela pegou o doce, voltou a se levantar e consultou o relógio de parede. Pontualidade não era com Nicholas, mas, de novo, o tédio era tanto que parecia uma agenda ambulante. E isso fodia muito seu humor. - Voltando a falar de negócios, antes de eu desaparecer dos seus quatro olhos, vamos dizer que posso tirar teu nome da lista, mas isso custaria meio caro. Pode ser o uísque, pois estou me prostituindo por álcool, ou minha saideira daqui, o que é o melhor presente que tu pode dar ao seu ex-maridinho. - seus olhos conquistaram um brilho singular que escureceu um tanto o tom de uísque e suas sobrancelhas se curvaram, quase deixando-o muito próximo de um humor taciturno. - Então? Esse é o momento que tu me mostra que é valentona mesmo. E, me usando de apelos emocionais, sabemos que tu não pode morrer. Ainda mais porque alguém já deve ter visto nós dois juntos, pois esse inferno vive cheio de auror disfarçado. Daí, se tu morrer, dias depois desse encontrinho, eu acabarei entrando no ciclo vicioso seu e da sua amiguinha, e, caralho, eu não quero ter mais nada a ver com isso… - sua cabeça pendeu para o lado e o sorriso de canto se fez presente. - A não ser que jurem amor eterno a Lúcifer.
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Para Fallon sempre seria um tanto surpreendente o que considerava como: habilidade natural de Nicholas Mackenzie em terminar qualquer tipo de frase com um comentário de cunho sexual. Não chegava a constrangê-la porque, apesar de não conviverem pelo que parecia anos, acostumara-se com aquela forma de agir do mais velho e, por vezes, se via norteada a responder de uma maneira similar. Porém, por todos os motivos que os levaram para caminhos bem opostos, a prudência a alertava que o melhor era ser comedida para não dar qualquer impressão errônea. – Oh, well, eu estava apenas sendo excessivamente respeitosa com a sua pessoa. E, hm, pelo que me consta, apenas o círculo íntimo de Lúcifer tem autorização para chamá-lo pelo nome e, até onde recordo, infelizmente, não cumpro os requisitos para fazer parte do seu. – rebateu, mantendo uma suavidade constante e enganosa em seu timbre, fazendo alusão ao fato de que, como nascida-trouxa, existia certo diferenciamento na forma que o Mackenzie, e tantos outros sangue-puros, enxergavam sua existência. O que chegava a ser um tanto cômico quando se levava em consideração que possuía raízes mágicas nos dois extremos de sua árvore genealógica. Lily Evans pela parte de Raymond, e uma, ainda desconhecida, família pura por parte de Amelia. Ainda assim, no quadro geral, o que valia era o fato de que era o fruto de duas pessoas que nunca viveram no mundo mágico, e que um grupo considerável de indivíduos enxergava nisso motivos para desmerecê-la. Contudo, para um alguém com inúmeras questões de baixa autoestima, e que possuía tendências a duvidar constantemente de si mesma, era interessante perceber o quanto Evans não se sentia diminuída por fazer parte de uma minoria que nos últimos meses vivia em um estado constante de alerta. Todo aquele caos no mundo bruxo servira para deixá-la ainda mais consciente do quanto os bruxos britânicos precisavam se desenvolver socialmente para, quem sabe no futuro, alcançarem uma vivência com um tanto a mais de equidade. Norte de pensamento do qual se distanciara para que pudesse se concentrar no timbre conhecido de Nicholas. Apesar de forte e arrastado, Fallon apreciava a sonoridade do sotaque do Mackenzie, combinava com a criatura intensa que ele o era. Enquanto o ouvia, distraidamente, a ex-corvina continuava a girar o anel em seu dedo, um tique que a ajudava a se manter focada. A ideia de que existiam duas listas de alvos validadas de formas diferentes parecia-lhe interessante porque, ao menos teoricamente, deveria organizar as formas de ataque. No entanto, se fazer consciente de que estava em destaque em uma daquelas listas era o suficiente para aumentar os níveis de estresse em seu organismo. Era claro que sabia que corria perigo, e era por saber disso que se tornara extremamente cuidadosa com sua forma de agir. Nunca repetia o mesmo trajeto, nunca ia de um lugar para o outro usando dos mesmos trajes, por vezes até fazia uso de feitiços para modificar, momentaneamente, pequenos detalhes de sua aparência. Era uma rotina exaustiva que alimentava uma paranoia que se refletia em seu transtorno obsessivo-compulsivo. O que vivia quando no mundo bruxo era o tipo de estresse que atrapalhava sua adaptação ao seu transtorno, e era por tal motivo que, por mais que ainda estivesse focada em se fazer relevante em favor da minoria ao qual pertencia, por vezes se via refletindo se não seria mais confortável apenas mudar de país, como seus dois melhores amigos haviam feito. Questão que lhe voltava a mente sempre que encostava a cabeça no travesseiro, mas que não era relevante naquele instante. A jovem piscou por vezes repetidas, como se saísse de uma espécie de transe momentâneo, e seu olhar voltou a recair na figura de Nicholas. Era estranho como aquele reencontro transcorria como se nunca tivessem deixado de conversar. Era ainda mais estranho que continuasse a não se sentir tão ameaçada pela presença dele como deveria. – Well, nesse caso, penso que preciso agradecer à sorte. – murmurou, ainda um tanto distraída, ao retomar a conversa. O que a atraíra de volta fora a menção a Georgia. Sua melhor amiga costumava ser o ponto central das conversas entre ambos num passado recente, o que não se repetiria no que dependesse de Evans. – E, hm, a você, por não estar disposto a me dedurar, o que evita que outros, como foi que você disse? Ah sim, tomem conta da minha traseira. – enquanto falava a ex-corvina mantinha um olhar atento as feições do mais velho, como se buscasse por algo que nem ela mesmo saberia explicar. Mais uma das estranhezas presentes àquela conversa. – Uh, hm, eu espero que vocês dois se mantenham em paz. – voltou a murmurar, de uma forma um tanto evasiva, no que era o máximo que se permitiria dizer a respeito de sua melhor amiga. – Enfim, é o mínimo depois de tudo. – completou, com honestidade, antes de desviar sua atenção em direção a parede diante de si. Embora tivesse suas ressalvas com relação a figura de Nicholas, especialmente depois das barbaridades que o ouvira proferir diante de um júri, esperava que ele encontrasse qualquer que fosse a paz que precisava. E esperava ainda mais para Georgia. Embora otimismo não fosse uma particularidade sua, Evans queria acreditar que a mudança para a América ajudaria Triggs a se reencontrar. Sua melhor amiga ainda possuía muito a acrescentar ao mundo, bastava que ela voltasse a acreditar nisso. A ex-corvina voltou a liberar uma respiração profunda e ruidosa – e como sempre, dolorosa. A asma, que fazia parte de sua vida desde a infância, tornava-se insuportável àquela época do ano, levando-a a sentir uma queimação constante nos pulmões. Sensação que ficara um tantinho mais forte diante da risada que escapara por seus lábios. Era uma risada baixa, melodiosa, e que se dava graças ao comentário certeiro do ex-sonserino ao dizer que ela implorava por atenção. Não que tivesse intenção, mas reconhecia sua carência. – Hmmm... veja bem, chamá-lo de ex-marido é uma forma de relembrá-lo do forte laço sentimental que já nos uniu. – rebateu, justificando o uso daquela expressão, e se utilizando novamente daquele tom humorístico quase imperceptível. Embora recordasse que usavam aqueles termos para se dirigirem um ao outro, não possuía muita certeza de quando, e como, começara a ser comum entre ambos. – Well, devo confessar que estou bastante surpresa com o fato de que você, mesmo depois de tanto tempo, ainda consegue reconhecer as minhas necessidades com tamanha facilidade. - franziu o cenho, formando a característica ruguinha entre suas sobrancelhas. - Uh, é inacreditável, but, você está me fazendo considerar seriamente que muito mais vale um ex que reconhece a sua carência, do que um atual que não compreende nem o mais óbvio dos sinais. – embora ainda mantivesse o humor em seu timbre, que ali se mesclava com ironia, a ex-corvina silenciou-se assim que o mais velho levantou-se. Evans pendeu a cabeça um tanto para trás, para que pudesse enxergar melhor o rosto de Nicholas. Ele se encontrava mais próximo do que deveria, porém, ainda respeitando o que era o seu espaço pessoal. Não sabia exatamente se havia alguma intenção ameaçadora por trás daquele gesto, porém, não se sentia de tal forma, o que a levou a retribuir o olhar dele sobre si. O encarou por um tempo que não saberia mensurar, mas o suficiente para fazê-la sentir o tensionar nos músculos de seus ombros e pescoço. Evans apenas desviou sua atenção para acompanhar o movimento da mão dele em direção ao lenço que lhe era oferecido. – Awn. Que gentil da sua parte. Agradeço o mimo, e o guardarei com muito afeto para o momento em que realmente precisar. – murmurou assim que pegou o lenço e o guardou prontamente no bolso do sobretudo. Aproveitou-se daquele movimento para novamente sentir a varinha, que seguia muito bem guardada, e que esperava que continuasse assim. – Well, pelo bem do nosso divórcio, creio que seja melhor continuar sendo uma chatinha de galocha e me manter distante das suas orgias por entre essas paredes. Quem aguentaria se retomássemos o nosso tórrido caso amoroso? Tenho certeza que as curandeiras ficariam furiosas em perdê-lo, porque faço questão de certa exclusividade, há um tantinho de possessividade em mim...  – gesticulou, indicando o quanto daquela dita possessividade. – ... o que geraria péssimos atendimentos por aqui. E, hm, não quero ter as mortes alheias pesando na minha consciência. – disse, enquanto acompanhava com o olhar a movimentação dele pelo ambiente. Embora reconhecesse que seria mais seguro manter alguma distância física, não moveu-se um só centímetro no momento em que ele sentara bem ao seu lado. Excessivamente próximo, tanto que o acertaria se movesse seu braço direito com rapidez. Ali, tão perto, não tinha como escapar do característico cheiro que acompanhava o Mackenzie. Um perfume adocicado que conhecia bem e que, até então, não recordava, e que lhe trazia memórias que preferia manter guardadas no fundo de sua mente. Evans voltou a respirar fundo. – Ah, hm, eu parei de escrever faz um tempo. – disse, concentrando-se naquele comentário que a fazia se recordar da primeira vez em que se falaram, sob uma das imensas árvores de Hogwarts. Até aquele instante, a ex-corvina não havia reparado que fazia séculos que não escrevia qualquer coisa sobre nada. Lembrava-se que o deixara de fazer logo após um de seus manuscritos misturar-se a uma atividade que entregara a Dickinson, situação que teria se tornado facilmente vexaminosa se, à época, não tivesse uma relação de proximidade com seu ex-professor. Depois disso, houvera todo o período de turbulência que vivenciara entre Julho e Outubro do ano anterior, onde cutucara feridas abertas que, agora, cicatrizavam lentamente. Escrever sempre fora uma espécie de fuga de sua realidade, e perder aquele hábito era algo realmente significativo. – Não tive muita inspiração recentemente. – continuou, voltando a se concentrar na figura de Nicholas. – But, hm, você me deu algumas ideias bastantes interessantes. Look, o mercado literário bruxo não produz muitos YA de qualidade, aposto que a tórrida história de amor entre um homem purista e uma garota nascida-trouxa atrairia uma boa quantidade de leitores, ainda mais diante do atual momento caótico que vivemos. Além do mais, há sempre espaço para uma cena de espanhola, e todas as outras coisas que supostamente devo a você, entre um percalço e outro. Hm, penso que poderia finalizar a nossa jornada literária, usando suas palavras, casados e com um cachorro, felizes na Escócia. Tudo o que nos foi negado pelo destino, ex-maridinho. – finalizou lançando uma ligeira piscadela em direção ao mais velho. Não falava nada sério a respeito daquilo, mas não negava que era uma premissa que muito facilmente faria sucesso. – Prometo escrever uma página inteira de agradecimento apenas à sua pessoa, e destinar 5% da renda do livro para sua conta no Gringotes. – meneou a cabeça positivamente para corroborar o que dizia, e só parou ao notar que ele lhe oferecia um dos bombons que tinha nos bolsos. – Awn. Outro mimo. Você me acostuma mal demais. Torna quase impossível que qualquer outro homem conquiste o meu coração extremamente carente. Não é justo de sua parte. – um suspiro escapou por seus lábios entreabertos antes que guardasse o bombom em um dos seus bolsos. Embora quisesse acreditar em Nicholas, a prudência não permitia que experimentasse aquele chocolate sem antes ter a certeza de que não se encontrava envenenado. A ex-corvina podia ter dito algo a mais relacionado a leva de comentários advindos dele, porém, preferiu concentrar-se no que parecia uma oferta bastante razoável. Evans voltou a empurrar o óculos em direção ao rosto, enquanto ponderava. Era certo que não arranjaria uma só gota de álcool para o ex-sonserino, contudo, embora não fosse a mais fácil entre as missões, tirá-lo dali não lhe parecia impossível. Diante do que fora dito por ele, era possível presumir que aquela se tratava de uma internação compulsória, o que a fazia se recordar de algumas das aulas de Leis da Magia. O Ministério só chegava a intervir de tal forma na vida de um cidadão quando tornava-se claro que ele era uma ameaça a si mesmo e, possivelmente, a outros. Uma vez que se perdia os direitos sobre si mesmo, o que muitas vezes era bastante arbitrário, para recuperá-los era necessário adequar-se a uma série de demandas impostas pelo Ministério. No caso de Nicholas, se não estivesse equivocada, apenas uma junta médica poderia liberá-lo da internação. Porém, viviam um momento conturbado, e o Ministério da Magia encontrava-se inclinado a abrir exceções para qualquer um que trouxesse informações relevantes para as investigações. – Well, longe de mim carregar a culpa por estragar o seu tratamento. But, penso que o seu segundo pedido talvez me cause menos dor na consciência. – a jovem pendeu a cabeça um tantinho para esquerda, para vê-lo melhor, uma vez que novamente ele se encontrava de pé. Evans levantou as mãos com as palmas abertas, mostrando-as para o ex-sonserino. - Se vamos tratar de negócios, precisarei usar da minha varinha para nos dar privacidade. Creio que seja prudente manter o assunto apenas entre nós dois. - informou, antes de buscar a varinha no bolso do sobretudo, e lançar Abaffiato ao redor de ambos, e em seguida a guardou novamente. – Seria ótimo ter o meu nome fora dessa dita lista, mas imagino que não seja o suficiente para atender os seus interesses. Veja bem, apesar de concordar com o que diz a respeito da importância dos jovens nascidos-trouxas no momento atual, penso que, a menos que estivéssemos falando de uma figura do alto escalão ministerial, a segurança de um único individuo não será o suficiente para um acordo que realmente o beneficie. Entretanto, o Ministério precisa se adiantar ao outro lado, seja lá quem o compõe. O que me faz acreditar que seria muito mais fácil negociar a seu favor se tivermos a lista, ou melhor, as listas, a oferecer como barganha. – enquanto falava Evans mantinha um olhar atento a figura do mais velho. Era um olhar escrutinador de quem ponderava se deveria ou não seguir em frente com aquilo, se ele era ou não digno de qualquer confiança. – Hm, você estava falando sério quando disse que escolheria tirar o seu da reta em primeiro lugar, certo? Acredito que quanto mais informações você estiver disposto a compartilhar, melhor será o acordo que podemos negociar a seu favor. Conhecendo as diretrizes do Ministério, e desse hospital, imagino que eles podem te oferecer desde uma liberação monitorada, até uma liberação total. Essa última, obviamente, envolve uma maior cooperação de ambas as partes. – disse, com uma rara tranquilidade que ressaltava a segurança com qual tratava de assuntos profissionais. Com atenção, Evans encarava o brilho singular dos olhos de tom uísque do ex-sonserino. A jovem liberou uma outra respiração profunda assim que se colocou de pé. Aproximou-se, porém ainda mantendo uma distância segura entre os dois. – Não sei se você precisa de um tempo para ponderar a respeito de suas opções, mas penso que é educado de minha parte deixá-lo considerar o que é de seu interesse. But, se realmente deseja se ver livre daqui, creio que não seja uma decisão tão complexa a se tomar. – pontuou, calmamente, enquanto ponderava uma outra vez o quanto aquele reencontro conseguira tornar-se ainda mais estranho, mas não de uma forma negativa. – Well, não vou mais ocupar o seu tempo, ainda mais quando você tem uma tarefa de suma importância a cumprir, além disso, contrariando o seu pensamento, eu tenho que checar a pessoa que vim acompanhar. – e apesar do comportamento moderado de Nicholas em sua presença, não queria testar a sorte com uma outra nascida-trouxa. Caminhou em direção ao leito do outro lado do corredor, porém, parou em frente a porta, e voltou a virar-se em direção ao mais velho. Evans o fitou atentamente, e havia um ligeiro brilho obstinado em seus olhos azuis. - Hm. Tome o seu tempo para decidir se realmente deseja requerer um acordo. Quando tiver sua decisão, basta me enviar uma coruja. Enquanto isso analisarei as vias legais e os trâmites necessários. - disse, naquela mesma calma imposta a voz, embora seu sistema nervoso continuasse alterado. - Well, parece que há uma chance de nos revermos em breve, o que apenas ressalta a minha condição de quem não pode morrer. Cuide-se, Highlander. - completou, enquanto o encarava uma ultima vez antes de adentrar ao leito em que Megan encontrava-se. 
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dearskyzinha · 5 years
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highlanderwho‌:
A cada dia que passava se aumentava o desejo de Nicholas Mackenzie em sair do Mungus. Quanto mais os dias passavam, mais seus níveis de inquietação aumentavam. Inquietação muito bem recompensava com o vão de tédio que o tornara facilmente um dos maiores pesadelos daquele hospital. Para variar, não tinha a menor ideia do quanto de tempo estava enfurnado no que chamava de muquifo, mas tinha a ideia plena de que uma hora ou outra teria que se manifestar para conquistar sua dispensa - ou, pra variar, forçá-la. Mas, ao contrário das últimas vezes, se sentia muito mais vigiado devido ao que Charlie comentara de ter blá-blá-blá ultrapassado a cota de overdose. Com isso, havia muito mais do que detestava, como a terapia propriamente dita, reforçando o maldito sufoco. Por isso mesmo era mais fácil pensar em bolar uma fuga, o que não seria tão complicado já que também estava dedicado demais em traçar várias curandeiras escolhidas a dedo. Ao contrário da última vez, em que se gabara em todo o processo por ter se autointernado, daquela vez não tinha graça. Daquela vez, ele sabia que era tudo um tanto diferente, mas preferia fingir que não era. Algo que o estressava em diferentes picos de um dia. Nada no seu quadro era uma maldita novidade, pois overdose era praticamente o seu nome do meio. Seja como fosse, era evidente que estava de cu cheio de estar naquele lugar e de ter que lidar com coisas imbecis, como ser um dos malditos cupidos responsáveis em entregar bilhetes de Dia dos Namorados. Com direito a usar asas, o que era ainda mais humilhante, porém, topara o desafio justamente pelo motivo de curar o tédio e se deliciava com a verdade de que Elissa Thorne estava pagando um tanto caro a cada bilhete fraudado que passava por debaixo de cada porta - porque nem fodendo ele ia trocar oxigênio com gente moribunda. Conforme ficava mais arredio com sua situação, mais cínico e insatisfeito Nicholas ficava. Além do mais, pirracento e teatral. Àquela altura, era para a banda se mover do seu jeito e não o contrário. De qualquer forma, coletava pequenos prazeres, como naquele instante em que aguardava mais uma reação chorosa graças a mais bilhete que ou teria muito palavrão, uma mentira descabida ou uma posição sexual rica em detalhes. E, pensar naquelas opções, roubou de si uma risadinha sádica ao mesmo tempo que se inclinava para admirar a traseira de uma curandeira que evidentemente não havia lhe prestado uma visitinha particular. - Mìorbhaileach! - cantarolou, com o sotaque carregado, em puro contentamento. Demorou-se onde estava, escorado à porta, suas sobrancelhas se arqueando muito lentamente em sinal de singelo interesse ao que via. Distração que não perdurou muito quando, ao se curvar, se viu atraído pelo vislumbre de uma silhueta que lhe pareceu estranhamente familiar. Poderia ser impressão, como vinha acontecendo a torto e a direito, já que via sempre as mesmas pessoas no Mungus, mas aquela silhueta era diferente. Charlie era a única pessoa que seguia vendo com frequência, um pé no saco ambulante, mas era sua única fonte de familiaridade. E não era o caso ali. Não ao ponto de apertar as vistas para ter certeza de que não via coisas. Afinal, não era de ficar parado a fim de sanar curiosidades que não lhe competiam, pois era adepto da regra de que as pessoas vinham até ele e não o contrário. O mesmo para informações. Mas havia algo de enigmático naquele ponto no fim do corredor, o cheiro de proeminente revés, pois estava curioso e essa mesma curiosidade o fez caminhar, mas sem antes socar os novos doces roubados nos bolsos do seu sobretudo. Conforme se aproximava, o sorriso no canto dos lábios se pronunciava até se transformar em uma risadinha contrafeita de quem acabara de descobrir um delicioso segredo e, em seguida, bolaria uma vingança em cima disso. Não era possível que Merlin estava lhe dando mais uma pessoa para infernizar em um curto espaço de tempo. - Dè fo shealbh, Sassenach!? - exclamou no instante que percebeu que ela o encarava. Por mais espantoso que fosse, sabia muito quem estava à sua frente. Fallon sangue-ruim Evans, como constava na lista de quem chamava de puristas mirins. Dita melhor amiga da sua meia-irmã pentelha, de belas pernas e de belos lábios. Detalhes que percebeu que não tinham mudado ao medi-la de cima a baixo, sem disfarçar o teor da lascividade do sorriso que retornou a repuxar o canto de seus lábios. Estava prontinho para ser o famoso descordial de sempre, em nome do seu próprio tédio e da sua falta de necessidade de ser educado com qualquer ser humano, mas, para seu próprio desentendimento, se viu em algum tipo de repentino retrocesso, com a diferença de que sabia mais ou menos com quem lidava daquela vez. Subitamente, se viu em um tempo muito diferente à primeira vez em que a abordara. Anos luz. Outros motivos. Outro Nicholas. Pontos de partida que começaram a abrir outras memórias alojadas no mesmo buraco fundo do seu cérebro, onde nada de lá saía. Um efeito em dominó que incandesceu seus olhos cor de uísque, dando força a uma lâmpada interior que o ex-sonserino se prontificou a apertar o pause ao empertigar sua postura. Ato que o fez se recordar da amada Oclumência, que o pouparia daqueles lembretes sem sentido e que deixaram de fazer parte do seu cotidiano. Ainda assim, não conseguiu reter seu olhar que parecia que buscava um tipo de reconhecimento, mas nem ele sabia muito bem os motivos de agir assim. Havia algo que representava aquela garota que havia sido afugentado e que parecia querer atormentá-lo. Nisso, percebeu que estava incomodado e desviou o olhar prontamente. O método de não lidar com a caralhada de coisa que sentia e que era completamente patético, pois, do seu ponto de vista, lidar com lambança emocional era o mesmo que achar lindo ter lepra. - Vossa majestade pode tirar as roupas se estiver interessada em matar o tempo com um nobre escocês. Estou um tanto entediado. - voltou à conversa e a pegou no instante em que vistoriava sua aparência, com direito a um comentário aos seus trajes. Foi quando se lembrou das asas e as arrancou, largando-as ao canto. - Se eu fosse mais romantiquinho, diria obrigado pela parte que me toca. Tu sabes como ninguém que sempre fui um anjo. Um anjo sempre pronto para ser cavalgado. Co-dhiù, poderia continuar com meu bilhete amoroso, mas é difícil quando tu me deve uma trepada. Tu não deveria ter vindo aqui me lembrar do meu sonho de consumo para saber o que é que uma sangue-ruim tem de bom. - disse, sem culpa. Sem filtro. Deliciava-se com seus argumentos, como sempre, que nunca visavam respeito pelo outro. E o risinho petulante que lhe escapou estava ali para confirmar um comportamento do ex-sonserino que parecia ser impossível de diluir. Um risinho miniatura em comparação ao que largava entre os corredores e fazia Charlie mandá-lo tomar no cu toda vez. - Mas podemos deixar isso para depois. No momento, estou muito intrigado. Muito me intrigado em saber como Vossa Majestade segue viva quando há um belíssimo alvo na tua traseira. - Nicholas contou e se curvou para o lado, como se pudesse realmente ver a traseira da ex-corvina. - Seria um belíssimo desperdício de sangue-ruim. Sad but true. - tocou teatralmente o centro do peito antes de se sentar, mantendo um banco de distância entre ambos. Esticou as pernas e deslizou as duas mãos pela nuca, alisando os cabelos bem cuidados. Sentia o cansaço daquele dia, como de todos os outros. Um cansaço de quem não tinha nada pra fazer e se tornava uma bola de energia concentrada no mesmo lugar. Na mesma dinâmica. E era extremamente aborrecedor. - Aye, right! Tu continua tendo um problema sério de colocar essa traseira perto da vara quente. Não que eu vá te foder desse jeito, prefiro de outro modo, mas tua sorte é que estou debilitado e desinteressado para dar cabo na… Como é que te chamam mesmo? - pausou, seu cenho se contraindo enquanto fitava a parede, como se pudesse ver ali o que estava escrito naquela lista. - Enxerida do Departamento dos sangue-ruins. E isso ainda é delicado para o que tinha escrito depois do negrito. - fitou-a pelo canto de olho. Apesar de estar tanto tempo preso, Nicholas tinha consciência do que rolava no mundo bruxo. Ao mesmo tempo que tentava engolir o início da nova ladainha da sua família, testemunhara o movimento purista se articular e entrar em ação. Não sabia precisamente os pontos de ataque, pois não era bom nessa parte. Sua parte era passar despercebido. Somar informações, como todo Mackenzie simpatizante fazia. Não sabia quem era o responsável por instaurar o caos daquela vez, mas, vira e mexe, recebia informação privilegiada. A primeira de todas havia sido a mencionada lista, que acabou no esquecimento porque estava muito ocupado em ser o alcoólatra que não conseguia deixar de ser. Apesar disso, se deu conta de que o nome daquela garota deveria ter despertado seu interesse à época, mas passou batido. O que não era o fato espantoso do momento, mas sim vê-la viva quando tinha quase certeza de que muitos já tinham sofrido algum tipo de represália. - Quem está internada no quartinho do lado? Minha nobre irmãzinha? Juro que não tenho nada a ver com isso dessa vez. Mas é capaz que digam que sim, porque eu realmente sei bolar assassinatos no meu quarto. - revirou os olhos. Ainda rolava um descontentamento de ter sido acusado por algo que não cometera e que ninguém lembrava que um dia tentara conter. O que contribuiu demais para sua fúria ao longo de todo o processo que envolvia o quase assassinato da sua parente renegada. Outra memória muito distante de si e que parecia tê-lo despertado diante da sua companhia-não-companhia. Fora isso, havia uma ausência de crítica para com a irmã que vinha pelo fato de que trocara algumas cartas com ela e ainda vinha tentando digeri-las. O que tinha consciência de que não aconteceria e por isso mesmo vinha causando no Mungus como se não houvesse amanhã. - Sassenach, sassenach, tsc. Como posso ignorar a top 5 da lista dos puristas? - deslizou a mão despreocupadamente pela barba bem feita e pegou uma das asas que usara. - Como disse, um anjo divino dando informações privilegiadas pra ver o pau comer. E, antes que tu saia correndo como uma frígida, estou sem varinha. Estou frágil e triste para reagir. - ironizou, em um tom falsamente afetado, e tirou do bolso o que reconheceu ser um bombom - e não pensou duas vezes em abocanhá-lo, oferecendo só quando amassou a embalagem. - O que caralhos tu faz aqui? - sua expressão se fechou para uma mais rabugenta. Por mais que não fosse fazer nada, sabia que encheriam a porra do seu saco por não mandar alguma coruja fofoqueira em modo alerta sangue-ruim. Mas o desejo de aporrinhá-la era maior que qualquer outra coisa no momento. - Vai me dizer que tu se tornou uma chatinha de galocha que gosta de sentir cheiro de cadáver sedado a uma hora dessas? Eu ainda voto que tu sentiu minha falta, mas não precisa dizer em voz alta. Nosso romance jamais daria certo em uma época tão difícil. - suspirou, com tédio dessa vez. - Tu podia traficar um uísque pra mim e tudo certo. Eu preciso encher a cara o mais rápido possível ou vou acabar quebrando meu próprio pau de tanto trepar pra esquecer da minha bebidinha. 
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- Hmmm... longe de mim retirá-lo do que me parece uma função de suma importância para a ordem e funcionamento do Hospital por hoje. – pontuou, pausadamente, enquanto o observava se despir das ridículas asas de anjo. Embora tivesse se direcionado ao ex-sonserino, uma pequena parte de si esperava que ele apenas a ignorasse, pensamento que, provavelmente, fora motivado por pura ingenuidade sua. Evans moveu-se sobre o banco, como se assim pudesse ceder um pouco mais de espaço para o mais velho. Ainda que tivessem dividido algumas experiências, em um passado que parecia-lhe fazer parte de uma outra vida, era estranho demais que estivessem naquele momento dividindo o mesmo espaço. E mais ainda que estivessem dialogando, mesmo que da forma mais esdrúxula possível. Além disso, para seu próprio espanto, apesar dos termos nada elogiosos que ele direcionava a si, nenhuma de suas bandeiras vermelhas de autopreservação havia sido totalmente hasteada até aquele exato momento. Evans fechou a agenda que ainda mantinha no colo, a qual previamente enfeitiçara de uma maneira que impedia outras pessoas de realmente saberem quais eram seus compromissos, e a guardou novamente dentro da bolsa que carregava a tiracolo. Discretamente a ex-corvina alisou as laterais do sobretudo azul escuro que usava, sentindo ali à sua varinha muito bem guardada. Podia ainda não se sentir ameaçada pela presença do mais velho, mas diante do momento que viviam, uma pessoa como ela, de sangue-ruim, como Nicholas bem fazia questão de frisar, no mínimo precisava se manter o tempo todo de guarda em alta. Ainda assim, aquela era provavelmente a primeira vez em que Nicholas se dirigia a ela naqueles termos, o que lhe gerava certo incômodo, contudo, de tanto que se tornara comum receber ameaças e ouvir o que deveria soar como ofensa através daquelas palavras, parecia que havia construído certa resistência, a ponto de não se dar ao trabalho de corrigi-lo ou rebatê-lo. Além do mais, não existia de sua parte qualquer complexo por ser uma nascida-trouxa. O único sinal de que havia certo desconforto de sua parte era o fato de que girava o anel em seu dedo anelar da mão esquerda, em uma espécie de tique, que muito tinha a ver com seu TOC. O mesmo TOC que era o responsável por manter a ansiedade em alta em seu organismo, no que era representada pelas batidas fortes de seu coração e as respirações ruidosas que liberava em um momento ou outro. Evans virou-se um tantinho para o lado, para que tivesse uma melhor visão de Nicholas Mackenzie. Observando-o com um tanto a mais de atenção pôde perceber que ele ainda era muito bonito, que o cabelo grande e espesso ainda parecia ser extremamente macio, e que ainda parecia existir algo muito bem segredado por trás do brilho dos olhos de cor uísque. Percepções que fazia a um nível muito pessoal e quase esquecido, e que deixara de lado para ponderar a respeito do que ele deixava escapar sem que tivesse feito uma única pergunta. Era claro que estava ciente de que era um alvo em potencial graças a sua condição de nascimento, só não fazia ideia de que possuía um apelido em particular em uma lista de possíveis alvos. Engoliu em seco. Aquela descoberta parecia tornar a sensação de perigo um tanto mais real, afinal, a ouvia diretamente de um alguém que sabia que sentia orgulho de sua posição de privilegio. Evans conhecera a crueldade dos Mackenzie, mesmo que em nenhum momento ela tivesse sido direcionada a si. Não era difícil imaginar que aquela família estava diretamente envolvida no caos que se espalhava pelo mundo bruxo. Ainda assim, escolhera manter-se cordial com o mais velho. O que só era capaz de fazer porque, uma vez que vinha se adaptando ao TOC e suas particularidades, vinha reencontrando traços de sua personalidade que pareciam perdidos, como aquele de se adaptar com certa facilidade a companhia de quem quer que fosse. - Uh, se bem me recordo, anjos são criaturas sem vontade própria, sem livre arbítrio, e criados com o único objetivo de cumprir a vontade de Deus. Uma descrição que não me parece combinar muito com o seu espírito, a não ser, é claro, que você assuma a alcunha do anjo revolto que foi expulso do paraíso. Criatura interessante, a propósito. - comentou, dando-se conta de que uma comparação com Lúcifer cabia bem ao ex-sonserino, o que a levou a pressionar os lábios para conter um sorrisinho. – Well, muito fico aliviada em saber que não é sua intenção dar cabo em mim. Ao menos não do ponto de vista mórbido. – arqueou uma das sobrancelhas enquanto mantinha um olhar atento a figura do mais velho. Não possuía qualquer intenção de incentivá-lo nos comentários de cunho sexual, porém, se recordava corretamente, mantê-lo naquela linha de conversação era o mais próximos de papo amigável que conseguiria. Não que tivesse pretensões de se alongar naquele reencontro, porém, não negaria que existia algo de interesse na companhia. – E, ah, não fazia ideia de que existia um apelido tão especifico para a minha insignificante pessoa nessa lista de indesejados. Espero que quem a compôs não fique muito chateado ao perceber que terá que alterá-lo. – disse, como uma calma que não a pertencia, antes de deslizar a ponta da língua por seus lábios ressecados. – Hmm... questionaria o que mais há depois do nome em negrito, mas acredito que não preciso ouvir mais termos nada elogiosos a meu respeito vindos de um grupo de pessoas que desconheço por completo. A propósito, por um brevíssimo instante você quase me deu a ilusão de que se preocupa com o meu bem-estar. Por muito pouco não foi a coisa mais romântica que fizeram por mim, ex-marido. – continuou, com um humor quase imperceptível marcando seu timbre. Evans não saberia explicar de onde viera a memória de que costumavam se chamar daquela forma, apenas parecia que quanto mais se mantinha em companhia do mais velho, mais aberta ficava à lembranças interessantes a respeito de um tempo em que conviviam com regularidade. Uma outra lembrança daquela época era a constante preocupação que o Mackenzie costumava nutrir por Georgia. Preocupação que outrora fora convincente o suficiente para fazê-la confiar nele. Era bizarro como aqueles meios-irmãos haviam tomados caminhos tão diferentes que não parecia existir espaço para um na vida do outro. Algo pelo qual sentia certa culpa, afinal, tudo poderia ter se desenrolado de uma maneira muito diferente se tivesse levado a existência de Nicholas ao conhecimento de Georgia desde o início. Sensação que a importunou ali, ao ouvi-lo perguntar por Triggs, o que prontamente fez a ex-corvina desviar o olhar em direção a parede diante de si. – Não há com o que se preocupar, ninguém terá motivos para acusá-lo injustamente de qualquer coisa, Georgia não poderia estar mais distante desse quarto. – disse, em um tom de voz tão baixo que sequer sabia se o ex-sonserino fora capaz de ouvi-la. Falar de Georgia com ele também não era a sua intenção. Apesar de sentir culpa no fato de que não houvera uma real chance para os dois como irmãos, também sentia uma nesga palpitante de raiva pelo mais velho não ter sido capaz de proteger Georgia de sua família paterna. O que acontecera na formatura de ambas causara um estrago tão profundo em quem Triggs o era que quase dois anos depois ela ainda sofria para reencontrar as partes de si mesma que apreciava. Presenciar o pior momento da vida de sua melhor amiga era algo que ainda doía. E que seguiria doendo até vê-la dar sinais de que realmente se recuperava. Linha de pensamento que deixara se dissipar ao ouvir o comentário seguinte do Mackenzie. Uma ruguinha proeminente marcara o espaço entre suas sobrancelhas, o que indicava que ponderava. Voltou a engolir em seco. – Hm. Top 5? – questionou, surpresa, enquanto seguia ignorando o fato de que ouvi-lo chamá-la de Sassenach ainda a afetava de certa maneira. – C’mon, Highlander... – e aquela última palavra em especifico deslizara por seus lábios quase cantarolada. - ... compreendo que diante da ideia de criar caos é necessário se atacar todo e qualquer membro da minoria, porém, sou irrelevante demais para figurar em qualquer top 5. Hm, essa é a sua maneira de tentar me fazer sentir especial? – sua última frase escapara com o mesmo tom irônico presente as falas do mais velho. Embora pudesse parecer que não estava levando-o tão a sério quanto deveria, a ideia de que figurava no top 5 de uma lista de alvos em potencial parecia assentar em sua mente, o que apenas servia para aumentar os níveis de estresse em seu organismo. Evans estava envolvida até o pescoço na defesa dos direitos dos nascidos-trouxas, mas realmente não conseguia enxergar sua relevância em meio a tantos presentes no movimento. A ex-corvina respirou profunda e lentamente, no que fora presenteada pela irritante sensação de compressão em seus pulmões. - Ouch! Sinto muito desapontá-lo, mas não sou tão frouxa quanto você acredita. Eu não pretendo sair correndo, e duvido muito que você precise de uma varinha para fazer qualquer tipo de malefício a qualquer um. – rebateu, assim que recobrara um tanto a mais de controle sobre suas emoções. Embora pudesse considerar que vinha lidando bem com aquela que era uma clara situação de estresse, a ex-corvina sabia que se sentiria exausta e sobrecarregada uma vez que estivesse no conforto de seu apartamento. Seria ali que se veria refletindo a exaustão sobres os perigos que corria todos os dias, - dessa vez estimulada pelas informações cedidas por Nicholas - e que se veria norteada para o ciclo do TOC. – Hm, uh, acho que preferia quando você presenteava com bombons que não possuía qualquer intenção de comer. – comentou, calmamente, a lembrança da caixa de chocolates escoceses que uma vez ganhara do mais velho. Mal chegara a prová-los antes de jogá-los fora impulsionada por sentimentos nada positivos gerados pelo ex-sonserino. Outro momento vivenciado por ambos que parecia irreal naquele instante. – Frágil e triste. – repetiu as palavras deles, e pela primeira vez naquela conversa permitiu que um esboço de sorriso se formasse em seus lábios. – Imagino que seja bastante fácil encontrar quem o console entre essas paredes. – arqueou uma das sobrancelhas sugestivamente enquanto o fitava. A ex-corvina possuía alguma lembrança das peripécias sexuais narradas pelo mais velho. – Me parece que você e seu uísque costumam ser companheiros inseparáveis, quase me convenceu a ajudá-lo apenas pela nobreza e etc etc. But, me diga o que eu ganharia o fazendo burlar seu tratamento? Se você tiver uma proposta interessante, sou toda ouvidos. – continuou, embora não tivesse qualquer intenção de fazê-lo descumprir qualquer passo do que imaginava que era um tratamento extremamente exaustivo. No fundo esperava que ele superasse aquele ciclo vicioso em algum momento. – Aliás, espero que você esteja se protegendo ou capaz que o seu pau caia a qualquer momento e não te sobre nem o sexo como distração. Creio que esse seria o seu maior pesadelo, não é mesmo? Apesar que, well, há outras opções. – completou enquanto ganhava tempo para pensar em como responderia ao questionamento dele sobre o que fazia ali. Apesar de considerar que mantinham-se em termos aceitáveis, nem de longe confiava naquele cidadão. Fallon afastou algumas das mechas soltas de seu cabelo, e em seguida empurrou os óculos em direção ao rosto. A ruguinha entre suas sobrancelhas ainda estava ali, marcando sua expressão. – Uhm, dizem que romances proibidos são os que rendem um maior interesse, ao menos quando se trata do mercado literário. O nosso não daria mesmo certo já que seus amiguinhos puristas adorariam o meu sofrimento. Imagina só a sua posição nisso tudo, lealdade aos seus ou a sua namoradinha? Uma decisão bastante difícil. – a ironia em seu timbre era quase imperceptível. – Respondendo à sua pergunta, infelizmente não vim aqui matar a saudades de você, e, até o momento, desconhecia esse kinky bizarro de curtir sentir cheiro de cadáver sedado. Vim apenas acompanhar uma colega que precisava de atendimento, nada demais. – deu de ombros, como se realmente não fosse nada demais quando na verdade lidava com um ataque que possuía sua gravidade, e que geraria uma investigação por parte de seu departamento. Mais uma vez engoliu em seco. – Ou seja, não vou demorar muito mais por aqui. Porém, confesso que estou interessada em saber no que consiste sua função de anjo além de me alertar da corda ao redor do meu pescoço.
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dearskyzinha · 5 years
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@highlanderwho
Com o clima nada amistoso que norteava o mundo bruxo, era de se esperar que comemorações como a do dia dos namorados fossem completamente ignoradas, porém, não era exatamente o que se via ao percorrer os corredores de qualquer uma das instituições ligadas ao Ministério da Magia. Compreendia que manter as tradições era uma forma de passar a ideia de que tudo ia muito bem apesar dos pesares, e como um alguém que estava a espera de informações no Mungus, porque sua colega de departamento (que a substituiria assim que fosse transferida para o de Leis da Magia) não cumprira os protocolos de segurança e tivera parte do corpo coberta por pus de bubotúbera, Fallon não negaria que vez ou outra se via distraída pela decoração exagerada que incluía, até mesmo, a presença de pequenos cupidos lançando corações em direções as pessoas da forma mais aleatória possível. Porém, embora distrair-se ajudasse a conter seus pensamentos negativos, que não paravam de fazê-la ponderar que por muito pouco não era ela quem se encontrava com parte do corpo coberta de furúnculos, a ex-corvina não via a hora de simplesmente poder se ausentar daquele bendito ambiente. Contudo, não havia uma maneira de sair dali e deixar sua colega de trabalho sem ninguém para lhe fornecer qualquer que fosse o apoio necessário. Morgan, assim como a ex-corvina, se tratava de uma nascida-trouxa, e assim como Fallon o faria, não tinha interesse em alertar a família do que acontecia no mundo bruxo, além disso, estavam certas de que não seria seguro se ter trouxas circulando por aqueles corredores. Não restava muito a se fazer além de esperar, o que segundo o enfermeiro que auxiliava no caso, um homem alto, de cabelos ruivos, e com um quase imperceptível sotaque escocês, levaria algumas horas apenas para que tivessem a certeza de que os ferimentos estavam limpos para que pudessem fazer os curativos sem correr o risco de, posteriormente, infeccionar. Para dar a Morgan alguma privacidade, como a que gostaria de ter se estivesse no lugar dela, a ex-corvina voltara ao corredor, onde ocupara o banco encostado a parede oposta ao leito de onde saíra. De dentro da bolsa que carregava consigo tirou sua agenda, e pelo tempo que lhe restava ali tentaria reorganizá-la. Era uma forma de ocupar sua mente, assim como uma tentativa de apaziguar a sensação crescente, e nada saudável, de que a quebra de sua rotina lhe acarretaria algum tipo de malefício - pensamento que era oriundo do TOC, e com o qual ainda vinha aprendendo a lidar. Assim, manteve-se naquela função, por um tempo que não saberia precisar o quão longo fora, e se percebendo distrair tanto por aquela decoração brega de Valentine’s Day quanto pelo fato de que era impossível se sentir segura em qualquer que fosse o ambiente bruxo em que se encontrava. Sensação, que junto àquele instinto que adquirira desde sua transformação em animagus, era a principal responsável pelo eriçar dos pelinhos de sua nuca no exato instante em que reconheceu, mesmo a uma distância considerável, a voz com sotaque escocês carregado que não ouvia a um tempo consideravelmente longo. Engoliu em seco. Podia, é claro, manter-se da forma que estava, com a cabeça baixa e focada em suas próprias questões. Porém, era curiosa, e não se via diante do dono daquela voz a tanto tempo que muito mal tinha certeza se realmente pertencia a ele. Evans ajeitou a postura e virou-se apenas o suficiente para que o observasse saindo de um dos leitos ao fim do corredor. Era um tanto irônico que se deparasse com aquele cidadão quando a lembrança dele retornara à sua mente algumas semanas antes, durante o casamento de seu pai, em uma conversa bastante intensa com Georgia. Era ainda mais irônico que o reencontrasse justamente naquela data, a mesma que compartilharam por um acaso do Universo dois anos antes. Causava-lhe a ligeira sensação de déjà-vu, uma repetição de ciclo, assim como a experiência que tivera nas primeiras semanas do ano quando fora atropelada por Dickinson. Aquelas pessoas, que fizeram parte de um momento em especifico de sua vida, retornavam do nada para sumirem da mesma forma, era como se cumprissem um ciclo sazonal. Norte de pensamento que a fez revirar os olhos brevemente. A última lembrança que possuía de Nicholas Mackenzie era de um alguém que destilava com muita propriedade um tipo de ódio que até então não havia presenciado por parte dele. O Nicholas que conhecera na audiência do caso de Georgia em nada lembrava o mesmo cara que ficara furioso com a falta de cuidado que ela e a ex-sonserina possuíam com a própria segurança. À época, a conclusão que havia chegado era que não sabia, e nem nunca saberia, quem ele realmente o era, e estava bem com aquilo porque não acreditava que cruzariam o caminho um do outro novamente. E em tempos como aquele, em que pessoas como ela possuíam um alvo na testa, sequer era seguro que estivesse no mesmo corredor que um alguém declaradamente purista. Pensamento que deveria ter sido forte o suficiente para fazê-la desprender seu olhar da figura do mais velho, mas não o fez, porque ele também havia notado à sua presença. Fallon sentiu um ligeiro tensionar em seus músculos, assim como o acelerar de seus batimentos cardíacos em razão de uma súbita onda de ansiedade, que era a mistura de receio com alguma outra emoção que era incapaz de reconhecer. Ainda assim, o encarou da mesma forma que ele o fazia. Orbes azuis presas a orbes cor de uísque como se procurassem por algo que se perdera. A ex-corvina escrutinou a aparência do mais velho como se buscasse entender o que ele fazia ali afinal de contas, foi quando a lembrança da conversa com Georgia voltou a pulular entre seus neurônios. Podia, é claro, estar equivocada, mas as vestes que ele trajava pareciam corroborar a ideia de que era um paciente ali – o que trazia mais algumas lembranças à sua mente a respeito do ciclo de vícios de Nicholas Mackenzie. Apesar de suas conclusões, julgando apenas pela aparência, o Mackenzie parecia bem. Provavelmente melhor que Georgia e William, pensou com certo azedume. A prudência a estimulava a encerrar aquele reencontro ali, em uma simples troca de olhares, porém, se encontravam num corredor quase vazio, e se bem se recordava, Nicholas Mackenzie não lidava bem em ser ignorado e muito menos em ser tratado com grosseria. – Hm... belos trajes. – comentou, quase impulsivamente, apontando para as vestes do ex-sonserino. A jovem ficou satisfeita em perceber que seu tom de voz era firme e educado. Nada a mais e nada a menos. Evans continuou o encarando enquanto empurrava os óculos, que haviam escorregado para a ponta de seu nariz, em direção aos olhos. – Well, hm, nunca pensei que o veria em uma forma tão... angelical. – completou, antes que desviasse sua atenção da figura do ex-sonserino para a agenda que já não sabia se conseguiria continuar a reorganizar.
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