Tumgik
filosofiz · 3 years
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Nota sobre o ponto cinza
Paul Klee
Tradução Christine White
O Caos como a antítese da ordem não é propriamente o caos, o caos verdadeiro. Essa é uma noção “localizada”, relacionada com a ideia de ordem cósmica e sua contraparte. O verdadeiro caos não pode ser colocado no prato de uma balança, ele é imponderável e incomensurável. Ele corresponde, ao contrário, ao centro da balança.
O símbolo desse "não-conceito" é o ponto, não um ponto real, mas o ponto matemático.
Esse ser-nada ou esse nada-ser é o conceito não-conceitual da não-contradição. Para torná-lo visível  (tomando-se uma decisão a seu respeito ao estabelecê-lo como equilíbrio interno) é preciso evocar o conceito de cinza, ponto cinza, ponto fatal entre aquilo o que vem a ser e aquilo o que morre.
Esse ponto é cinza porque não é nem branco nem preto, ou porque é branco e é preto. É cinza porque não está nem em cima nem embaixo, ou porque está tanto em cima quanto embaixo. Cinza porque não é nem quente nem frio. Cinza porque ponto não-dimensional, ponto entre as dimensões e na interseção delas, no cruzamento dos caminhos.
Estabelecer um ponto no caos é reconhecê-lo necessariamente como cinza, em função de sua concentração principal, e conferir a ele o caráter de um centro original, de onde a ordem do universo irá jorrar e irradiar luz para todas as dimensões. Atribuir uma virtude tão central a um ponto é colocá-lo no lugar da cosmogênese. A esse advento corresponde a ideia de todos os Começos (concepção, sóis de radiação, rotação, explosão, fogos de artifício, feixes) melhor ainda: o conceito de ovo.
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filosofiz · 6 years
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Prefácio de Sens et non-sens de Maurice Merleau-Ponty / Tradução Christine White (do francês e do inglês).
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