maravilices

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Happy Days After Killing 🎃🔪

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ruim é ser mãe, não ter filhos.

ter filhos é bacana. trabalhoso, mas satisfatório. e eu imagino que ter filhos com alguém responsa ao lado deve ser uma boa coisa. dividir o perrengue de criar seres humaninhos do bem com outro adulto disposto a isso, parece bom (ou é nisso que o patriarcado quer que as mulheres acreditem, para se tornarem mães - e assim fazer girar a roda do capitalismo).

já ser mãe é treta. mãe é título cheio dos julgamentos e expectativas da sociedade como bônus.

a criança nem nasceu e já tem zé ruela opinando sobre o que você nem decidiu ainda se vai ou não fazer.

só sendo mãe para entender a profundidade desse buraco chamado maternidade. buraco porque no puerpério a gente realmente sente que morre e foi enterrada, pra depois renascer como mulher.

ser mãe pesa, só que ao proferir essas palavras você vira a pior pessoa no imaginário coletivo (também conhecido como pessoas que não são nem nunca serão a sua rede de apoio). e é por isso que nenhuma de nós fala nada nunca. porque o dedinho alheio vem apontado pra nossa cara.

"como assim você não ama ser mãe?" podem questionar. alguns, em tom de cobrança, afinal, ser mãe é uma dádiva, oras!!!!!! como ousas pensar o contrário? como ousas se sentir infeliz sendo mãe desse bebê tão perfeito????

mãe não pode reclamar do cansaço (físico e mental)? mãe não tem direito de se sentir infeliz, miserável? não posso falar por todas mas digo que eu apenas sobrevivo. não estou vivendo nem me sinto viva há algum tempo. entrei nesse modus operandi de trabalhar, cuidar da casa, criar o filho e pagar contas. todo santo mês, há meses. eu não vivo, só sobrevivo. gostaria demais de ter mais vontade de estar junto do meu filho vivendo, mas não consigo. estou exausta demais e com a saúde (em todos os níveis) em frangalhos. e olha que eu tenho rede de apoio!

afirmar que ser mãe é um peso não quer dizer que eu não ame meu filho. eu só entendo a maternidade como um BO danado, no qual TODAS as mulheres, em algum momento, vão estar desamparadas e sem apoio, seja ele físico, emocional ou financeiro.

a sociedade tacha de egoísta a mulher que não deseja ser mãe, e nos nega o direito à interrupção da gravidez quando assim desejamos. e essa mesma sociedade não fornece o mínimo de direitos e dignidade quando engravidamos.

seguimos sendo demitidas, seja grávidas ou na volta da licença maternidade. o mercado de trabalho nos odeia. fingem que somos importantes e merecedoras de uma rosa no mês de maio para, na primeira oportunidade, nos limar. como ousas me dar prejuízo engravidando???? mas se o meu colega homem descobrir que será pai ele será promovido, afinal, terá uma boca a mais para alimentar.

odeiam que nossos filhos adoeçam e precisem de nós integralmente disponíveis. odeiam ter que disponibilizar uma sala reservada para uma puérpera tirar seu leite (opção válida apenas para as poucas empresas que o fazem, apesar de ser um direito). logo de cara, os recrutadores nos questionam se somos casadas, se pretendemos ser mães.

e isso só falando do mercado de trabalho, porque se o assunto for conseguir uma vaga em escola pública, aí é que dá vontade de botar fogo em tudo.

puta merda, a sociedade odeia demais as mães! que existência inglória da porra.

aí dizem "a revolução é materna, feminista, pelas crianças e pelo planeta", mas por enquanto nós mulheres só seguimos apanhando, sendo silenciadas e punidas mesmo.

#yours truly

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#word

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— Summoning the guardian spirits — Mirrors of life — Three states of consciousness by Moga Alexandru

#arte

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do no harm

but take no shit

#word

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MARILYN JOI Coffy, 1973

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#fashion #arte

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descansa, Nininha, e obrigada por tudo o que vivemos nesses 9 anos! 🖤

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One Dove “Jolene”

#my music #favoritos

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Charlotte dos Santos “red clay”

#my music

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The Blackbyrds “lookin’ ahead”

#my music

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quando eu soube que te traria para esse mundo, umas três eras atrás, tratei de estabelecer com você uma conexão de amor e cumplicidade. conversar contigo na barriga me fazia sentir menos solidão, e eu sei que você me entendia.

eu era uma mulher de 30 anos que se enxergava ainda garota, cheia de dúvidas sobre o que seria da vida com um filho e sem um companheiro para partilhar essa jornada. tentava não pensar muito no gestar sozinha pra não cair no desespero e no medo do desamparo (medo esse que muito me assombrou a vida toda e eu nunca soube bem de onde vem). mas a verdade é que nós dois nunca estivemos desamparados. graças à você eu pude celebrar minha potência, minha força como mulher e como ser humano. e isso, por mais que eu sempre tenha menosprezado minhas conquistas, não há como diminuir. ser mãe me transformou profundamente, e devo essa magia toda a você, Nicholas. viva você!

#bebê nico #yours truly

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Mariana Volker “labirinto”

#my music

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~ Autumn colours in Ferdinand Knab’s paintings

#arte

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Tom Misch “south of the river”

#my music

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macho de verdade

macho de verdade não usa máscara quando sai de casa durante a pandemia. macho de verdade não cuida da própria saúde, nem vai ao médico. é preciso que o governo faça campanha de conscientização para lembrar ao macho de lavar o próprio pinto. pinto, aquele órgão que o macho tanto exalta e do qual tão profundamente se orgulha. macho de verdade dá catarrada na rua. coça o saco em público. senta de perna aberta no ônibus. porque bom na vida é ser bronco, rude, sem frescura, doa a quem doer. e se alguém reclamar é puro mimimi.

macho de verdade bate nos filhos de cinto, porque através de violência física severa ele disciplina as crianças e demonstra toda sua autoridade. macho de verdade regula a roupa da namorada e controla com quem ela conversa. macho que é macho respira competição. viril mesmo é o homem que briga com outro macho de verdade por causa de futebol. ou de política. ou porque o outro macho olhou para sua namorada (que ele tem como sua propriedade). sair na porrada, ah, isso sim é coisa de macho! violência e virilidade andam juntas e impõem respeito.

autocuidado não é coisa pra macho. passar um creme na pele remove automaticamente toda a masculinidade dele, então o macho jamais poderá ser vaidoso. gel, esfoliação, creme especial pós barba, tudo coisa de mulherzinha. imagina só se, sem querer, alguém o confunde com um homem gay por ele estar com a pele hidratada?! nada é pior para o macho do que ser associado a qualquer característica tida como feminina.

macho de verdade não cozinha, porque isso é coisa de mulher. e só agora, na quarentena, o macho de verdade percebeu mais ou menos o que é o trabalho doméstico. ele sente saudade de quando só se beneficiava do chão aspirado, da roupa lavada e passada, da comida feita e do box limpo, sem participar ativamente dessas atividades. ele nunca precisou se envolver nas tarefas domésticas, no máximo, fazia uma caipirinha ou um churrasco. aliás, o macho de verdade passou a infância inteira sem sequer tirar o prato sujo da mesa. hoje, aos 40 anos, ele às vezes ainda esquece de botar sua louça na pia após o almoço.

macho de verdade engole o choro, não acolhe suas emoções e as reprime, porque emoção é coisa de mulher, e tudo o que tem a ver com o gênero feminino é inferior. então macho engole o choro, porque assim foi ensinado desde pequeno. meninos precisam ser corajosos, fortes, e chorar é coisa de mulherzinha. expressar sentimentos e fragilidades então, pior ainda. guarda tudo isso aí dentro do peito, porque homem de verdade não chora! e aí o macho guarda até a hora que não consegue mais segurar aquilo tudo dentro de si, e soca a parede. ou a esposa. ou o filho. ou os dois.

o macho de verdade é muito mal resolvido internamente. ele não sabe lidar com seus sentimentos, frustrações e fracassos, e quase tudo o incomoda, da sexualidade de um cantor ao comportamento "sem macheza o suficiente" do filho. 

o conceito de macho apodreceu e está absolutamente ultrapassado. precisamos falar sobre como desconstruir essa masculinidade tóxica enraizada na nossa sociedade. porque só conversando vamos mudar algo, e o futuro merece ser muito melhor que o presente.

#Yours Truly #masculinidade tóxica