Tumgik
oovanna-blog · 7 years
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A Crise do subprime é uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco (em inglês: subprime loan ou subprime mortgage), prática que arrastou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. A crise foi motivada pela concessão desenfreada de créditos imobiliários, através das empresas como a Fannie Mae e Freddie Mac, controladas pelo governo americano, assim como por falhas na regulação do sistema financeiro que permitia a transferência dos créditos hipotecários (CDS, CDO, etc.) em série, permitindo a transferência de riscos para outras contrapartes. Alguns citam também que, a esse quadro, se acrescenta, como pano de fundo da crise, a manutenção de juros reduzidos pelo Fed (o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos), como forma de estimular a economia norte americana, recém saída da chamada crise da bolha da internet (falência das empresas ponto com), que teria ocorrido em 2001; a intenção do governo norte americano seria de incrementar os investimentos, promovendo uma economia aquecida. A troca de comando em 2006 impediu que um novato assumisse o ônus da freada obrigatória. Nesse cenário, incentivados pela desregulamentação, os bancos norte americanos acirraram a prática da alavancagem, elevando-a a margens nunca antes vistas, chegando, para exemplificar, ao inacreditável percentual de segurança (depósito compulsório) de 2%, 1%, ou até menos que isso, se consideradas as transações ocultas, não computadas nos registros contábeis dos bancos. Tornou-se comum no meio financeiro a adoção de práticas cada vez mais irresponsáveis, com a criação de inúmeras "inovações financeiras" de alto risco, muitas das quais aliadas a práticas de irregularidades, como fraude financeira na avaliação de risco dos chamados títulos podres, derivativos, CDO baseados nas hipotecas subprime, que foram avaliados com o grau máximo de segurança de investimento (AAA), por agências de avaliação de risco acima de qualquer suspeita (até então), como a AIG e a Standard & Poor's. É o que explica como tais títulos se espalharam pelo mundo inteiro, intensificando a vastidão da crise. A crise do subprime foi imediatamente percebida como grave (segundo muitos economistas, a mais grave desde 1929), com possibilidade de se transformar em uma crise sistêmica,[1] entendida como uma interrupção da cadeia de pagamentos da economia global, e que tenderia a atingir, de maneira generalizada, todos os setores econômicos. É considerada como um prenúncio da crise econômica de 2008.[2][3]
As famílias americanas já vinham se endividando ao longo dos anos 1990. A partir de 1995, o mercado imobiliário voltou a se expandir, assim como o endividamento - através de crédito ao consumidor e hipotecas. Com a crise de 2000-2001 do mercado de ações, o mercado imobiliário ganhou estímulos e se expandiu mais vigorosamente. As famílias, já endividadas, elevaram a contratação de empréstimos, fazendo novas hipotecas e adquirindo novas linhas de crédito[4] [5]. A partir de 2003, com a intensificação da valorização dos imóveis e o esgotamento dos clientes tradicionais, o crédito foi facilitado para as famílias e indivíduos sem histórico de crédito ou com histórico ruim, sem emprego e sem renda.
Os subprimes incluíam desde empréstimos hipotecários até cartões de crédito e aluguel de carros, e eram concedidos, nos Estados Unidos, a clientes sem comprovação de renda e com mau histórico de crédito - eram os chamados clientes ninja (do acrônimo, em inglês, no income, no job, no assets: sem renda, sem emprego, sem patrimônio). Essas dívidas só eram honradas, mediante sucessivas "rolagens", o que foi possível enquanto o preço dos imóveis permaneceu em alta. Essa valorização contínua dos imóveis permitia aos mutuários obter novos empréstimos, sempre maiores, para liquidar os anteriores, em atraso - dando o mesmo imóvel como garantia. As taxas de juros eram pós-fixadas - isto é, determinadas no momento do pagamento das dívidas. Quando os juros dispararam nos Estados Unidos - com a consequente queda do preço dos imóveis - houve inadimplência em massa.
A queda nos preços de imóveis, a partir de 2006, arrastou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo.
Como os empréstimos subprime eram dificilmente liquidáveis, isso é, não geravam nenhum fluxo de caixa para os bancos que os concediam, esses bancos arquitetaram uma estratégia de securitização desses créditos. Para diluir o risco dessas operações duvidosas, os bancos americanos credores juntaram-nas aos milhares, e transformaram a massa daí resultante em derivativos negociáveis no mercado financeiro internacional, cujo valor era cinco vezes superior ao das dívidas originais.
Assim, criaram-se títulos negociáveis cujo lastro eram esses "créditos podres". Foi a venda e compra, em enormes quantidades, desses títulos lastreados em hipotecas subprime que provocou o alastramento da crise, originada nos Estados Unidos, para os principais bancos do mundo.
Por uma razão que se desconhece, embora possa estar ligada a algum lobby ou a pressões de congressistas americanos para lastrear esses títulos - talvez por haver interesse da parte deles nos rendimentos do subprime, o que sugere uma ligação com alguns banqueiros - e que hoje, após o estouro, ainda deixa pasmos muitos analistas, tais papéis, lastreados em quase nada, obtiveram o aval das agências internacionais de classificação de risco - de renome até então inquestionável -, que deram a eles a sua chancela máxima - AAA - normalmente dada a títulos tão sólidos quanto os do Tesouro dos EUA, tornando-os muito mais confiáveis do que os títulos do governo brasileiro, por exemplo. Com essa benevolente classificação de risco, tanto os investidores, como os fundos de investimento e os bancos passaram a disputar a aquisição desses títulos, no mundo todo, e esses títulos passaram a servir como garantia para a tomada de novos empréstimos bilionários, alavancados na base de 20 para 1.
A partir do 18 de Julho de 2007, a crise do crédito hipotecário provocou uma crise de confiança geral no sistema financeiro e falta de liquidez bancária, ou seja, falta de dinheiro disponível para saque imediato pelos correntistas dos bancos.
Mesmo os bancos que não trabalhavam com os chamados "créditos podres" foram atingidos. O banco britânico Northern Rock, por exemplo, não tinha hipoteca-lixo em seus livros, mas adotava uma estratégia arriscada - tomar dinheiro emprestado no curto prazo (a cada três meses) às instituições financeiras, para emprestá-lo no longo prazo (em média, vinte anos), aos compradores de imóveis. Repentinamente, as instituições financeiras deixaram de emprestar dinheiro ao Northern Rock, que, assim, no início de 2007, acabou por se tornar o primeiro banco britânico a sofrer intervenção governamental, desde 1860.[6]
Na sequência, temendo que a crise tocasse a esfera da economia real, os Bancos Centrais foram conduzidos a injetar liquidez no mercado interbancário, para evitar o efeito dominó, com a quebra de outros bancos, em cadeia, e que a crise se ampliasse em escala mundial.
O Auge
Em agosto e setembro de 2008, a crise, acumulada desde 2007, chegou ao auge, com a estatização dos gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas - a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como "Fannie Mae", e a Federal Home Loan Mortgage Corporation(FHLMC), apelidada de "Freddie Mac" - que estavam quebradas. Logo em seguida, veio o pedido de concordata do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros de Wall Street, e a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.[7]
A cascata de falências e quebras de instituições financeiras provocou a maior queda do índice Dow Jones e de bolsas de valores internacionais desde os atentados de 11 de setembro de 2001.[8]
Em 16 de setembro, o Lehman Brothers fechou um acordo para vender partes do banco ao britânico Barclays, segundo o jornal Financial Times.[9]
No mesmo dia, as ações da American International Group Inc. (AIG), a maior empresa seguradora dos Estados Unidos, caíram 60% na abertura do mercado.
Ao longo do dia, o Federal Reserve tentou convencer os bancos J. P. Morgan e Goldman Sachs a conceder um crédito de emergência de US$ 75 bilhões para ajudar a AIG. [10] Enquanto isso, a Moody's e a Standard & Poor's rebaixavam a classificação dos créditos da empresa, em razão das expectativas de novos prejuízos na área de seguros de hipotecas.
Segundo o analista de negócios da BBC, Greg Wood, um possível fracasso na operação para salvar a AIG seria duas vezes pior do que a quebra do Lehman Brothers. No entanto, segundo o New York Times, a AIG conseguiria rapidamente a proteção necessária para evitar a falência.[11] [12]
De fato, em 17 de setembro, o Federal Reserve anunciou um empréstimo de US$ 85 bilhões para a AIG. Em troca, o governo americano passou a deter 79,9% de participação no controle acionário do grupo, e o gerenciamento de seus negócios, estatizando-a ainda que, em teoria, temporariamente. Posteriormente um segundo pacote de ajuda financeira governamental no valor de US$ 37,8 bilhões se fez necessário, e foi aprovado.[13]
No Brasil, cogitou-se que o Banco Itaú viesse a absorver a filial brasileira da Merrill Lynch, e que o Unibanco pudesse vir a aumentar a sua participação na filial brasileira da AIG.[14]
Em 29 de setembro, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou o pacote de medidas de ajuda governamental ao setor financeiro, por 228 votos contra e 205 a favor. O pacote previa a liberação de recursos do Tesouro, de até US$ 700 bi, para a compra de títulos podres de crédito hipotecário. O governo ficaria com ações das instituições socorridas. As instituições financeiras seriam taxadas se o governo tivesse perdas por mais de cinco anos após a operação de bailout. [15]
As análises do New York Times e do Financial Times, assim como as do Fundo Monetário Internacional, vão na mesma direção: a administração da crise deve consumir mais uns dois anos.[16]
Posteriormente, foram introduzidas algumas modificações [17] no pacote de socorro aos bancos, de modo a atenuar seu aspecto de presente a CEOs inescrupulosos'.[18] O custo total foi ampliado de US$ 700 bilhões para US$ 850 bilhões, dos quais até US$ 700 bilhões serão usados para comprar títulos podres, conforme o projeto original. Outros US$ 150 bilhões foram acrescentados pelo Senado, na forma de cortes de impostos e incentivos fiscais.[19]
Após uma intensa campanha de pressão, que envolveu o presidente George W. Bush, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, além dos candidatos à Presidência dos EUA, Barack Obama (Partido Democrata) e John McCain (Partido Republicano), o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto, em 1º de outubro, por 74 votos a favor e 25 contra. O pacote voltou à Câmara, para ser votado novamente, sendo aprovado e sancionado pelo presidente Bush.
Mesmo aprovado, o pacote de US$ 700 bilhões, proposto pelo governo Bush, não deve dissipar as incertezas, avalia o jornal Washington Post. Na mesma linha, o Wall Street Journal afirmou que o pacote não resolveria o problema fundamental da crise do setor imobiliário. Segundo o WSJ, o preço dos imóveis continuará caindo, pois os principais sustentáculos do crescimento da economia - gastos dos consumidores, empresas e governo e as exportações - continuam se esfarelando (…). A demanda externa por bens americanos, que ajudou o setor industrial a evitar uma desaceleração mais profunda este ano, deve secar à medida que as maiores economias mundiais flertam com a recessão e nações de rápida expansão, como China e Índia perdem o pulso. Na melhor das hipóteses, os analistas esperam um aumento da taxa de desemprego nos EUA, de 6,1% para 8%.
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oovanna-blog · 7 years
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31/03/2008 - 18h07
Entenda a crise financeira dos Estados UnidosDa Redação
Em São PauloFinanceiras americanas confiaram de modo excessivo em clientes que não tinham bom histórico de pagamento de dívidas nos últimos anos. Esse tipo de financiamento, de alto risco, é chamado de "subprime" (traduzido como "de segunda linha").
Os clientes davam como garantia suas casas, mas o mercado imobiliário entrou em crise em meados do ano passado. Os preços dos imóveis caíram, reduzindo as garantias dos empréstimos.
Com medo, os bancos dificultaram novos empréstimos. Isso fez cair o número de compradores de imóveis, agravando ainda mais a crise no setor, que começou a ser observada em julho de 2007.
O problema pode afetar o nível de emprego e o consumo, causando uma recessão geral na economia dos EUA.
Bancos transformaram esses empréstimos hipotecários em papéis e venderem a outras instituições financeiras, que também acabaram sofrendo perdas.
Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos anunciaram prejuízos bilionários, como o Citigroup e o Merril Lynch, que perderam quase US$ 10 bi cada um no 4º trimestre.
Como os EUA estão entre os maiores consumidores do mercado global, todo o mundo é afetado. Países que exportam para lá, como o Brasil, podem vender menos.
As Bolsas mundiais, incluindo a brasileira, sentiram o baque e tiveram perdas fortes nos três primeiros meses do ano. Na Europa e na Ásia, os índices de ações regionais tiveram o pior desempenho trimestral desde 2002.
Nos últimos meses, têm-se falado em "blindagem" da economia brasileira. O raciocínio é de que a demanda de países emergentes, principalmente a China, por matérias primas (setor em que o Brasil é forte) e o consumo interno aquecido ajudariam contrabalançar uma eventual redução de exportações para os EUA.
No plano financeiro, o inédito volume de reservas internacionais do Brasil, hoje próximo de US$ 200 bilhões, ajuda os investidores a manterem a confiança na capacidade do país de honrar suas dívidas.
Últimos golpes
No início de setembro, o Tesouro americano anunciou intervenção nas gigantes do setor hipotecário
Fannie Mae e Freddie Mac
. Pelo plano, as duas companhias ficarão sob o controle do governo por tempo indeterminado, com a substituição dos executivos-chefes de ambas companhias e com um investimento de US$ 200 bilhões nas duas financiadoras de empréstimos imobiliários para mantê-las solventes.
Alguns dias depois, o quarto maior banco de investimentos dos EUA, o
Lehman Brothers
, anunciou que pretende pedir concordata na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York. O quarto maior banco de investimentos dos EUA informou que seu conselho de administração autorizou o pedido de concordata a fim de proteger seus ativos e maximizar seu valor.
O
Bank of America
, por sua vez, fechou um acordo de compra do banco de investimentos Merrill Lynch, que estava sob risco de quebrar, por US$ 50 bilhões, em uma transação que cria a maior companhia de serviços financeiros do mundo.
Em 17 de março, o quinto maior banco de investimento dos Estados Unidos, o Bear Stearns, recebeu uma proposta de compra, por parte do JPMorgan, de
US$ 2 por ação
, preço irrisório, 90% inferior ao do pregão anterior. O motivo é que a instituição quase entrara em colapso, justamente por conta de problemas com o crédito de alto risco.
Dois dias depois, um novo golpe nos investidores: o preço de commodities sofreu forte queda no mercado internacional, derrubando a cotação das ações das duas maiores empresas de capital aberto do país, a Petrobras e a Vale.
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oovanna-blog · 7 years
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9 AGOSTO 2007: Congelamento do Mercado de Crédito
O banco francês PNB Paribas suspende o resgate de três fundos hedge por falta de liquidez. Os bancos centrais intervêm.
Os mercados de crédito despencam depois do anúncio do PNB Paribas de que três dos seus fundos hedge – fundos de investimento de alto risco - estariam congelados devido à "completa evaporação da liquidez" do mercado, como resultado da exposição ao mercado de subprime dos EUA.
Logo depois, o Banco Central Europeu injeta 170 bilhões de euros no setor bancário.
Anteriormente, em fevereiro, o banco HSBC já havia revelado perdas enormes no seu braço americano Household Finance, especializado em hipotecas, devido às perdas no subprime.
14 SETEMBRO 2007: Começa a queda no sistema bancário dos EUA
Os problemas no mercado de crédito fazem o banco de empréstimo subprime Northern Rock pedir ajuda ao banco central britânico. Cinco meses depois, o Northern Rock é nacionalizado.
Em 2006, o banco britânico Northern Rock se voltou aos empréstimos subprime através de um acordo com o Lehman Brothers, que subscreveu o risco.
Em setembro de 2007, o banco estava passando por dificuldades como resultado dos problemas no mercado de crédito. O Northern Rock recebeu ajuda emergencial financeira do banco central britânico, o Bank of England.
A subsequente corrida de correntistas ao banco para sacar seu dinheiro foi a primeira no país desde os tempos vitorianos. A nacionalização, oficializada em 22 de fevereiro de 2008, foi a primeira de um banco britânico desde a década de 70.
Em setembro de 2008, o Lloyds TSB compra o Halifax Bank of Scotland. Um mês depois, o governo britânico intervém para resgatar o novo gigante dos bancos, além do Royal Bank of Scotland.
17 MARÇO 2008: Resgate do Bear Sterns
O banco de investimentos JP Morgan Chase oferece resgatar o rival Bear Stearns. O FMI alerta para a crise do crédito.
A operação é finalmente completada em 30 de maio de 2008. Depois de o governo dos Estados Unidos conceder US$ 30 milhões como garantia contra as perdas do Bear Stearns, as ações do banco são vendidas por um preço mais alto do que a oferta original – US$ 10 por ação, em vez de US$ 2.
Durante esse período, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que as perdas relacionadas à crise financeira internacional podem chegar a US$ 1 trilhão.
COLAPSO GLOBAL
7 SETEMBRO 2008: Resgate das empresas Fannie Mae e Freddie Mac
O governo dos EUA anuncia o resgate das gigantes das hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, evitando o colapso do mercado imobiliário americano.
Esse foi o início de uma semana que revelou a verdadeira crise nos mercados financeiros. Nesse dia, as duas principais empresas de hipotecas nos Estados Unidos, Fannie Mae e Freddie Mac, tiveram que ser resgatadas pelo governo americano com dinheiro dos contribuintes para evitar o colapso do mercado imobiliário do país.
No dia seguinte, as ações do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos EUA, registram queda de 45% e começam as discussões sobre a crise.
Foi o início do colapso financeiro que afetou o mundo todo.
15 SETEMBRO 2008: Lehman Brothers anuncia concordata
O banco de investimentos americano Lehman Brothers anuncia a concordata depois da recusa do governo dos EUA em resgatar a instituição. As bolsas dos EUA caem 3%. O Bank of America compra o Merrill Lynch.
O banco Lehman Brothers pede a concordata, citando uma dívida bancária de US$ 613 bilhões, US$ 155 bilhões em dívidas aos detentores de títulos e ativos avaliados em US$ 639 bilhões.
As imagens dos funcionários dos bancos guardando os objetos pessoais de seus locais de trabalho são divulgadas ao redor do mundo.
O banco Merrill Lynch, no entanto, tem mais sorte e é comprado pelo Bank of America em uma transação de US$ 50 bilhões.
16 SETEMBRO 2008: Resgate da AIG
A seguradora AIG, que emitiu garantias de crédito para empréstimos de subprime, é resgatada com um pacote de US$ 85 bilhões do Tesouro dos EUA.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) anuncia um pacote de socorro de US$ 85 bilhões (posteriormente o valor chega a US$ 180 bilhões), quando a nota de crédito da seguradora AIG foi rebaixada para uma classificação menor do que “AA”.
A seguradora foi considerada muito grande para quebrar, já que seu colapso seria sentido em todos os níveis da economia global. A AIG contava com 30 milhões de segurados nos EUA, atividades em 130 países e apólices para mais de 100 mil empresas e outras entidades.
Apesar do resgate da AIG, as ações nos Estados Unidos registraram a maior queda em três anos, em meio à contínua volatilidade financeira. O índice Dow Jones fechou em baixa de mais de 4%, com uma perda de 449,36 pontos.
19 SETEMBRO 2008: Tesouro anuncia pacote de resgate de US$ 700 bilhões
O secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, faz um pedido para aprovação de um pacote de emergência de US$ 700 bilhões, finalmente aprovado em outubro.
O TARP (Trouble AssetsRelief Program) foi proposto pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson.
O “Emergency Economic Stabilization Act of 2008” (“Atode EstabilizaçãoEconômicade Emergência de 2008"), conhecido como o pacote de resgate do sistema financeiro dos EUA, foi uma lei aprovada em resposta à crise do subprime e autorizou o secretário do Tesouro a gastar US$ 700 bilhões para comprar ativos podres, especialmente do setor hipotecário, e injetar dinheiro nos bancos. O pacote foi finalmente aprovado em 3 de outubro de 2008, depois de um intenso debate no Congresso.
No Brasil, o índice Bovespa despenca e o dólar dispara.
21 SETEMBRO 2008: Fim do modelo de bancos de investimento
Goldman Sachs e Morgan Stanley abandonam o status de banco de investimentos. Washington Mutual é fechado.
Os dois bancos de investimentos recebem uma aprovação para a mudança do status de bancos de investimentos para holdings numa decisão que marca o fim de uma era em Wall Street.
Quatro dias depois, na maior quebra de um banco dos Estados Unidos até o momento, o gigante do setor de hipotecas dos EUA Washington Mutual, com ativos avaliados em US$ 307 bilhões, é fechado por agências reguladoras e vendido ao JP Morgan Chase.
6 OUTUBRO 2008
O governo brasileiro autoriza o Banco Central a comprar carteiras de créditos de bancos do país que enfrentem dificuldades financeiras. Dois dias depois, no dia 8, o Banco Central utiliza pela primeira vez em mais de cinco anos parte das reservas internacionais para tentar conter o valor do dólar, que chegou a R$ 2,48.
12 OUTUBRO 2008: A Europa apresenta um plano de resgate do sistema bancário
As principais economias europeias anunciam um esquema bilionário para resgatar os bancos.
Os líderes de 15 países europeus se reúnem para tentar combater a crise financeira.
A Alemanha aprova um pacote no valor de 500 bilhões de euros (US$ 683 bilhões), a França se compromete com 350 bilhões de euros (US$ 500 bilhões) e a Espanha aloca 100 bilhões de euros (US$ 143 bilhões).
Grande parte do dinheiro seria usada para garantir empréstimos interbancários – parte de um plano assinado entre as 15 nações da zona do euro.
Os principais bancos centrais do mundo afirmam que irão oferecer às instituições financeiras um valor ilimitado em empréstimos de curto-prazo em dólares para ajudar a aliviar a crise.
Os negócios na Bolsa de Reykjavík, na Islândia, permanecem suspensos devido às “condições pouco comuns do mercado”.
22 OUTUBRO 2008
Uma Medida Provisória do governo brasileiro autoriza os bancos públicos a adquirirem participação em instituições financeiras sem a necessidade de processos de licitação. No dia 29, o Banco Central do Brasil e o Fed, o BC americano, estabelecem uma linha de ‘swap’ de dólares por reais no valor de US$ 30 bilhões, elevando os fundos disponíveis para os leilões do BC brasileiro para tentar conter a alta da moeda americana.
TENTATIVAS DE RECUPERAÇÃO
15 NOVEMBRO 2008
Cúpula do G20 em Washington
Líderes dos países que formam o G20 se comprometem a trabalhar para endurecer a regulamentação financeira no futuro
Líderes globais se encontram em Washington em meio à pior crise financeira em 60 anos e se comprometem a trabalhar para uma regulamentação financeira mais rigorosa no futuro.
A China anuncia um pacote de resgate de US$ 585 bilhões.
Em dezembro, o Federal Reserve (o banco central americano) corta as taxas de juros para entre zero e 0,25%, numa tentativa de aliviar o aprofundamento da recessão.
11 DEZEMBRO 2008
O governo brasileiro anuncia um pacote anti-crise com corte de impostos com o objetivo de injetar R$ 4,8 bilhões na economia. O pacote reduz o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as montadoras de automóveis, reduz o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para o consumo e reajusta a tabela do Imposto de Renda.)
14 FEVEREIRO 2009: Plano de recuperação dos EUA gera temor de protecionismo
O Congresso dos EUA aprova um pacote de estímulo de US$ 787 bilhões, e o G7 pede que se evite o protecionismo
O Congresso dos Estados Unidos aprova um plano de recuperação econômica de US$ 787 bilhões promovido pelo presidente, Barack Obama, que inclui a cláusula “Buy American”, aumentando os temores de que o protecionismo possa estar crescendo na maior economia do mundo.
Em um encontro na Itália, ministros das Finanças dos países do G7 afirmam que aumentar as barreiras contra o livre comércio poderia agravar ainda mais a crise. Os EUA negam as acusações de protecionismo.
Os ministros pedem ainda uma reforma urgente no Fundo Monetário Internacional, alegando que a crise mostrou as fraquezas do sistema financeiro mundial.
Em janeiro, o Banco Central do Brasil começa um processo de redução das taxas básicas de juros, de 13,75% ao ano para 12,75% ao ano. Os juros chegariam a 8,75% em julho, no menor nível da série histórica iniciada em1996.
9 MARÇO 2009: Dow Jones inicia a recuperação
O índice da Bolsa de Nova York atinge o mínimo de 6.547,05 e começa a se fortalecer
O Dow Jones atinge seu nível mais baixo desde 14 de abril de 1997, depois de seu histórico pico de 14.164,53 pontos em 9 de outubro de 2007.
Durante esse período, o Dow Jones perdeu mais de 500 pontos em vários dias únicos de operações, como em 15 de setembro, quando o Lehman Brothers quebrou.
2 ABRIL 2009: Cúpula do G20 em Londres
Líderes mundiais destinam US$1,1 trilhão ao FMI para ajudar países emergentes
O G20 decide aumentar em US$ 750 bilhões os recursos disponíveis ao Fundo Monetário Internacional, o órgão que monitora o sistema financeiro global. Os líderes ainda destinam US$ 250 bilhões para impulsionar o comércio mundial e combater o protecionismo.
Além da injeção de recursos financeiros, os líderes também concordaram com outros pontos, como a imposição de sanções a paraísos fiscais.
Logo depois, o ministro da Fazenda britânico, Alistair Darling, anuncia que a crise levará o país ao maior déficit orçamentário da história, de 175 bilhões de libras (US$ 287 bilhões), com a dívida total do governo passando passando a 1 trilhão de libras (US$ 1,64 trilhão) até 2014.
13 AGOSTO 2009: França e Alemanha saem da recessão
Os dois países registram crescimento econômico. No entanto, a zona do euro continua em recessão.
As economias francesa e alemã registram crescimento de 0,3% entre abril e junho, encerrando um ano de recessão nas maiores economias europeias.
O fortalecimento das exportações e o aumento no consumo, combinados com pacotes de estímulos dos governos, contribuíram para a recuperação surpreendente.
Mas a atividade econômica na zona do euro caiu em 0,1%, mostrando que a região como um todo permanece em recessão. Esse foi o quinto trimestre consecutivo de contração na zona do euro, mas representou uma melhora significativa desde a queda recorde de 2,5% registrada nos três primeiros meses do ano.
A economia de Hong Kong também saiu da recessão, com o anúncio de um crescimento de 3,3% nos três meses entre abril e junho.
Na segunda-feira, 17 de agosto, foi a vez de o Japão anunciar que havia saído da recessão depois de registrar um crescimento de 0,9% no segundo trimestre.
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