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GRAFFITI: O IDEAL ALÉM DOS MUROS
Mesmo com preconceito e pouco reconhecimento, artistas urbanos continuam colorindo os muros da cidade com a intenção de causar reflexão e impactar o dia a dia das pessoas.
          Graffiti é a inscrição caligrafada ou o desenho pintado ou registrado sobre uma estrutura que normalmente não é pressuposta para esta finalidade. Surgido na década de 70 em Nova Iorque com a intenção de manifestar as angustias e insatisfações de uma geração, ganhou as ruas do mundo e até hoje espalham mensagens de cunho ativista e a retração da realidade.
          Tendo como objetivo causar um impacto no observador, o Graffiti costuma carregar uma mensagem revolucionária criticando a sociedade com sarcasmo e convidando à reflexão. Embora atualmente ainda sofra preconceitos e restrições, o Graffiti é considerado como forma de expressão incluída no contexto das artes visuais, mais especificamente, da street art ou arte urbana – justamente pelo artista aproveitar os espaços públicos para criar uma linguagem intencional que possa interferir na cidade.
         Atrelado ao movimento Hip Hop, o Graffiti surgiu em 1970 em um bairro de Nova Iorque sendo uma arte originária dos guetos em um período no qual academias e escolas de arte entravam em crise, o que influenciou as expressões artísticas fora dos espaços fechados e a rua tornou-se o cenário perfeito para essas manifestações.
         No Brasil, também na década de 70, época na qual o país era silenciado pela censura dos militares no poder, o Graffiti nasce na cidade de São Paulo semelhantemente ao movimento que nascia em Nova Iorque; com uma arte transgressora, linguagem da rua e da marginalidade, que invade e grita nas paredes das cidades os transtornos de uma geração e, até hoje, a prática ainda é muito relacionada à periferia e ao vandalismo.
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         Mesmo enfrentando preconceitos e não sendo uma arte tão prestigiada como deveria, a arte urbana é um forte artifício para escancarar problemas e padrões da sociedade que são frequentemente ignorados pelas pessoas e até mesmo silenciados pelos meios de comunicação de massa a fim de atenderem interesses políticos ou empresariais. A artista feminista Panmela Castro, por exemplo, trabalha construindo murais pelo mundo com a intenção de emponderar mulheres, denunciar e desconstruir padrões machistas e misóginos através do graffiti. O Grupo Opni, surgido em São Mateus, zona leste de São Paulo, inspirados na comunidade que cresceram e na cultura afro brasileira, trazem em suas obras cores vivas e traços únicos, além de um olhar periférico e “artivista” que passeia por temas variados construindo uma poética visual. O Grupo é criador de uma galeria a céu aberto na Vila Flávia, que atualmente reúne cerca de 200 intervenções artísticas e tem como ideia central grafitar todos os muros, becos, vielas e casas transformando o bairro em uma grande galeria de arte. O artista Toddy, integrante do grupo, esclareceu algumas dúvidas e falou sobre o trabalho e a intenção do grupo em entrevista.
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De que forma o grafite pode contribuir positivamente para a sociedade?
Toddy Opni - Só o fato de com o graffiti nos muros podermos levar arte para perto das pessoas e elas poderem ver enquanto andam pela cidade sem precisar ir a um museu ou galeria, é uma mudança positiva para a sociedade. É democratizar a arte na linguagem do graffiti e dar a oportunidade das pessoas conhecerem a beleza da arte como reflexão.
Numa visão mais voltada para a comunidade, temos alguns resultados perceptíveis ao longo dos anos com os projetos do OPNI; como a Favela Galeria (galeria a céu aberto na comunidade Vila Flávia, São Mateus) no qual os temas e ideias que retratamos têm forte influência da cultura afro-brasileira, assim o fato de, por exemplo, pintarmos mulheres usando black power e flor no cabelo, encorajou várias mulheres a se emponderarem e por isso passaram a usar os cabelos como são. Isso não é pouco!
Por ter pouco incentivo e muito preconceito envolto a esta arte, quais são as principais dificuldades de ser reconhecido nesse meio?
Toddy Opni - Realmente há pouco apoio, incentivo e muito preconceito e desrespeito com a arte e artistas urbanos, o que traz inúmeras dificuldades. Mas acredito que essa postura é um reflexo, não somente por se tratar de graffitti, mas sim de como a sociedade é. A obrigação do graffiti, nesse contexto, é estar na rua impressionando e causando impacto para os observadores independentemente de reconhecimento. O graffiti precisa estar nas ruas para contestar problemas do país e da sociedade.
Você poderia falar sobre o graffiti ainda ser visto por muitos como vandalismo e não como patrimônio cultural, mesmo existindo lugares como a Galeria a Céu Aberto e o Beco do Batman , que recebem visitantes de diversas culturas e nacionalidades diariamente?
​Toddy Opni - A partir do momento que o graffiti não é autorizado, por mais bonito que seja, é vandalismo. De fato o problema é que, mesmo quando autorizado, muitas pessoas insistem em classificar como vandalismo, principalmente quando se trata de um desenho ou ideia que traga a reflexão sobre algo que não concordam e, por isso, muitas pessoas ainda não vêm o graffiti como uma arte. Isso é um processo de evolução e aceitação que faz parte.
Vamos sempre ser questionados, mas continuaremos nas ruas. Encontramos nas comunidades um espaço para mostrar como o graffiti é capaz de desenvolver as comunidades de diferentes maneiras e poder com nossa arte gerar reflexão e é isso que nos motiva continuar mesmo em meio a julgamentos.
         O jovem Bruno Araújo Cassiavilani, 18, ou Bac, como assina nos muros, vive em São Bernardo do Campo, onde faz a maioria de seus trabalhos e começou a grafitar aos quatorze, para ele, mais tarde do que gostaria, mas fala que admira essa arte desde criança e somente aos quatorze teve coragem para se aventurar. Ele também fala de como é gratificante ser um artista mesmo com pouco incentivo no país.
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Qual sua principal motivação pra continuar fazendo graffiti mesmo sendo tão difícil aqui no Brasil?
​BAC - Ser artista e viver da arte é difícil, é para privilegiados, para poucos. E em um país como o Brasil, que mal lê, mal tem acesso a cultura e inconscientemente absorve uma enxurrada do que vem de outras culturas e forma seus gostos baseados nisso, é ainda mais complicado. Eu sempre curti desenho e é por amor, não por dinheiro. É realmente difícil, mas ver sua arte no muro e conseguir passar a mensagem que deseja, já compensam todas as dificuldades.
         Como já diria o músico Fela Kuti, ‘’A arte é algo político’’. Tem que tocar, chamar para reflexão, fazer pensar, questionar, ser transgressora. O graffiti segue esses princípios como quarto elemento da cultura Hip Hop, e por isso tem que ser enxergado como arte passando a sua visão sobre a realidade do mundo.
          Os muros das cidades de todo o mundo devem continuar sendo coloridos e os artistas cada vez mais podendo se manifestar sem restrições os reflexos da sociedade que estamos inseridos e, assim, poder conquistar seus devidos espaços nas ruas e na arte como interventores sociais contribuindo para o patrimônio cultural das periferias e dos grandes centros urbanos.
Reportagem por Natália Assis e Rafael Mucheroni para a disciplina de Jornalismo em Plataformas Digitais, do curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi.
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yesaferraz · 6 years
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