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transvazar · 18 days
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– Bambi
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transvazar · 18 days
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eu não sei em que momento entre o nascer e o entardecer eu deixei de ser real.
em que lugar eu coloquei o meu amor, meu fascínio e minha ira,
onde pus a minha desilusão com o mundo e tirei a minha gana de transformar as coisas.
eu não sei onde eu escondi o desejo,
aquele explosivo tão perigoso
capaz de me tirar do ócio.
talvez entre a desilusão e o desassossego, onde a desesperança fez casa,
naquele lugar onde não há espaço para minha pequenez,
onde só as máscaras se alastram.
pensei que a minha versão do amanhecer ainda teria forças para derrubar paredes, mas agora eu só as uso para me apoiar, respirar e seguir um novo dia. talvez eu não esteja vivendo, só matando o tempo. e ele sequer luta de volta para viver.
eu sempre acreditei que, no alto da minha granditude, eu jamais fosse me desencantar do mundo e da vida. que eu era maior que qualquer desamparo.
eu não sei porque eu me atei ao medo, quando eu poderia simplesmente lhe fazer esvair de mim tão instintivamente que ele se transformasse em rebeldia.
dentro de mim, ainda existe uma voz querendo gritar, querendo ser ouvida. uma voz com desejo de existir e de explodir,
queria conseguir trazer essa vontade para o exterior,
puxá-la para engolir tudo o que é superficial e medíocre.
talvez assim eu conseguisse sair de um lugar que não me cabe, onde eu não sou real.
a verdade é essa: eu quero caber em algum lugar. e eu torço para que esse lugar exista para além dos meus sonhos, que estão há tempos turvos.
e se eu me despir
e me abrir,
e me olhar bem no fundo,
de dentro para dentro,
será que ainda me encontro? será que ainda me reconheço? ou terei que me acostumar em ser a versão que eu consigo ser?
no lugar em que ainda posso imaginar um mundo possível,
penso que lá dentro se esconde uma flor,
possivelmente carnívora,
e que ela sonha em ser vista,
admirada,
observada,
pronta para viver. tão pronta que a espera se torna exaustiva.
é tanta atenção com essa flor que eu esqueço do seu entorno,
do tempo que passa, das outras flores, e do que acontece fora da flor. essa flor parece consumir tudo o que existe ao seu redor, sem mesmo perceber o que a alimenta. bom e ruim.
é muita energia que eu coloco em uma flor só, na esperança de que ela um dia ocupe todo o espaço, que ela engrandeça tanto que eu me torne a flor, tão intrinsecamente eu que ninguém mais me confunda com outra coisa. e talvez nesse dia eu não precise mais do meu desejo, pois eu já estarei dentro dele.
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transvazar · 18 days
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acordei brevemente e resolvi te escrever essa mensagem porque tive medo de que a qualquer momento o meu amor desaparecesse
é irracional, eu sei
mas talvez seja necessário que eu me despeça
olha, te amei muito como se fosse uma espécie de salvação, como se você fosse a minha. mas amei principalmente os defeitos que você se orgulhava em ter
inflexível, desinteressado e possivelmente, sádico
não vou esquecer das noites que te liguei chorando de saudade e medo e você riu. riu.
e eu, totalmente insana, te amei mais por isso
suas frases frias mas que pra mim não pareciam e nunca pareceram porque eu tinha uma versão sua, intocável pros outros
então eu podia dizer com toda autoridade do mundo que
você era meu.
então faz sentido esse meu desespero do nada, não é? faz sentido eu surtar pela ideia dessas coisas todas trocadas perderem seus significados do nada
custou alto demais esse tanto de emoção
tenho pavor da ideia de tudo sumir. daquele seu pedaço sumir
não mereço perder. de novo.
talvez nada do que eu tenha dito seja coerente afinal são quase 1 da manhã
só saiba que te guardo, que te preservo, que te protejo
você ainda é meu
por mais que
esse você nunca tenha sido você
te amo até nas mentiras que você me contou
porque foi capaz de me amar nas minhas
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transvazar · 4 months
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Lagunita, 2019
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transvazar · 5 months
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reza pra não esquecer de ser gente
talvez ser se tornasse um crescente vir-a-ser, como uma árvore que abocanha os nutrientes necessários pra sua fecundação e cresce e cresce em disparada céu afora. ora outra, caí, morre e renasce outra substância fundante do terreno em que vive. talvez, nós, como árvores que somos, abocanhamos até (por vezes) os nutrientes, mas esquecemos que crescer é morada pra cima. e ficamos ensimesmados em nós mesmo, uma festival imensurável de angústias inumeráveis de vida terrena. conta. emprego. carro. casa. capital. tenho medo, helena, mas não um medo covarde que segura e aquieta, mas um medo pequeno e bobo de não darmos conta de vivermos uma vida verdadeira, que o maior número de seres vivam a vida verdadeira. que morremos, sem ao menos saber que antes de tudo fomos gente
gente que sonha. que come arroz e feijão. que brinca na rua às seis da tarde, depois que o sol de esgoelou o dia por inteiro. gente que briga, faz birra e depois esmorece e fica terno. gente que ama e faz amor. gente que às vezes odeia (apesar que este, em específico, lembramos mais). gente que faz passeata. que une. que pede pão. que abraça. urra. geme. que faz loucuras por quem tem afeto. que não apenas segrega, mas partilhar. gente que ama os fazeres da vida. que trabalha e se senti digno. gente que luta por dignidade. gente que não congela. gente que não só fica em telas. gente que suspira. que senti a terra. o fogo. a água. que morre de dor, que senti a dor, mas se transpassa pra que as coisas enfim mudem, não gente que emudece sempre. sempre. sempre. estagna, porque e isso enfim que eles querem de nós.
que esquecemos, enfim, que fazemos parte do que natural. que temos dentro um coração infindável colado com o umbigo da Terra.
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transvazar · 6 months
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acho que o amor gosta de me manter curiosa, pronta pra me aventurar nas coisas e pessoas mesmo com um medo danado de ser ferida ou abandonada. acho que é o amor que me convence de sorrir pros amigos dos meus amigos e de contar com a presença deles dali pra frente. não foi valioso o nosso encontro? não quer que seja sempre assim? eu acho que é o amor que me faz apostar nos sabores quando experimento algo novo e também é ele que me enche com vontades de viajar e de conhecer lugares. eu acho que foi o amor que me lembrou que nunca foi gostoso e calmo e pacífico me manter indiferente, foi na verdade desconfortável e frio fingir que não me importo. como algo que deveria proteger me mantém tão seca? eu acho que foi o amor que me fez despertar pro mundo, pra levantar cedo e mudar hábitos. foi com ele que passei a ouvir as senhorinhas no supermercado. cê sabe que aprendi a guardar melhor minhas verduras? eu acho que foi o amor que me deu uma aula de cuidado. eu queria me sentir amada na medida que amo. foi o amor que me levou a isso. eu não precisei me murar, eu não precisei me esconder. na verdade, foi o amor que me fez confiar nas coisas que eu sabia e na minha vontade de saber muito mais. é o amor que faz da intuição um braço forte. foi por causa dele que eu ouvi outras músicas, assisti outros programas, compreendi novos idiomas. foi o amor, também, que me afastou de um e de outro. porque mais sábia, melhor ajustada ao que queria, eu conseguia reconhecer quem não me queria tanto bem assim. e mesmo com o amor eu continuei tremendo, duvidando e cometendo erros porque o amor não me tornou perfeita ou imaculada, mas humana. cada vez mais humana. foi o amor que me deu voz pra dizer: sou sensível, frágil, sou quebrável, tenho marcas, mas tenho pernas e vou longe. foi o amor que me ensinou a impor limites. é com ele que eu vejo que você nem sempre vai respeitá-los. foi o amor que me ensinou a ir embora nesses casos, é comigo que ele fica, é por causa dele que não estou sozinha. mas eu ainda acho que por vezes o amor me deixa só e que me entristece quando isso acontece. mas o amor me explicou que eu não sou essa tristeza, nem essa solidão, nem esse buraco inexplicável no meu peito. o amor me fez um aglomerado de coisas principalmente porque, depois de todo esse tempo, dessa mágoa, dos amanhãs que vieram e curaram, o amor fui eu. foi quem ficou, quem partiu, quem chegou com afobação ou com calma. eu acho que o amor me deu nome, significado, estratégia: a de continuar vivendo, para aprender a viver.
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transvazar · 6 months
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“De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme. Só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: “meu Deus, mas como você me dói de vez em quando…”
— Caio F Abreu
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transvazar · 6 months
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transvazar · 6 months
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cansei de dizer e soar tão repetitiva. tão melancólica. tão vítima de mim. existe um tilintar profundo e dolorido que ressoa dentro da minha cabeça e desce dançando até a boca do meu estômago como se risse de mim. e acho que ri porque na maior parte do tempo eu me sinto uma grande piada. daquelas que de tão sem graça beira a tristeza. posso sentir o palhaço com pena de mim.
deixei de escrever por absolutamente nenhuma das razões que eu contei em terapia um milhão de vezes. deixei de escrever porque ao me ler me sinto evidenciando uma dor que eu não quero assumir. é mais bonito ser forte. sorrir enquanto engole seco arrependimentos de uma vida e outros tantos que escaparam de mim segundos atrás. escrevo sem reler uma linha porque não consigo mais me sentir digna de fazer isso. porque abandonei a única coisa que me deu colo tantas vezes. quando os meus amigos não ouviram, quando eu desabei a um mundo de distancia e mesmo sabendo que podia encontrar conforto em uma ligação, não liguei.
me pergunto se algo no mundo ainda é capaz de me oferecer o conforto que eu preciso. ouço quase que de uma radio em péssima frequência o meu coração dizer que esse algo sou eu, mas aumento a música pra fingir não escutar, entorno um copo de vinho e não olho o espelho por mais de 5 segundos com medo de desmoronar.
carrego demasiado o peso das mágoas que guardo mas não conheço mais a força do perdão. deixo a minha ansiedade vencer e disco números que não deveria em busca de migalhas de quem poderia, quem sabe, se quisessem -não querem-, me oferecer o que eu mereço. afinal, dizem que aceitamos o amor que achamos merecer. mas também não sei o que mereço. não sei se um dia saberei.
a incerteza de tudo que eu não posso controlar se alastra como um borrão dentro dos meus olhos e toda lágrima que escorre deve-se ao meu infinito medo de nunca ser amada.
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transvazar · 6 months
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i'm not a project, i'm just a young woman hoping to be loved
and knowing that i won't
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transvazar · 7 months
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transvazar · 7 months
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dérapage émotionnel 
dois estados de espírito inquietantes
perceber-se estagnado enquanto a vida corre e se esvai diante dos seus olhos
versos
partir em busca de um sonho e sentir-se presa dentro dele
perdido no abismo de seguir os ímpetos do coração
enquanto é engolido pela ansiedade de não fazer ideia de pra onde se verdadeiramente está indo
é possível perder-se e encontrar-se tantas vezes dentro de um mesmo processo?
ciclos viciosos criando-se em todos os lugares onde eu piso
longe ou perto
dentro ou fora do conforto, as perguntas sempre vêm
como uma neblina fazendo todas as certezas desaparecerem
sete meses
me perguntando se eu de fato sou capaz de existir
longe de tudo que eu conheço e amo
longe de tudo que me conhece. me aceita. me ama. me eleva.
ou se eu só estou perseguindo sonhos que na verdade nem são meus
será a liberdade, enfim, uma completa ilusão?
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transvazar · 7 months
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eu lendo isso depois de sei lá quantos anos, nem parece que fui eu que escrevi.......
m,
eu tive medo de te mostrar os meus versos porque o seu rosto estava perto demais e eu só sei falar de amor. eu temi que você sentisse medo de enroscar os teus dedos pelo meu cabelo de novo, por eu ser uma romântica incurável e fazer com que qualquer cisco no meu olho vire texto. eu tive medo porque um abraço pra mim nunca é só um abraço. e o teu olhar na direção do meu pode levar ao pó todas as muralhas que eu demorei tanto pra levantar. talvez por isso eu nunca te mostre mais do que o meu lado claro e sucinto. o meu lado que sorri como se não se importasse, como se fosse leve viver. e talvez você nunca conheça todos estes meus excessos porque eu os tranquei longe do alcance da tua mão quente que faz o sangue nas minhas veias bombear rápido e lento ao mesmo tempo. eu te escondo minhas tempestades porque eu só quero te amar enquanto ainda não te odeio. e porque eu quero que você se sinta a vontade com o meu espirito livre, mesmo sem saber que eu me prendo a tudo em silêncio.
e esse é mais um texto que você não vai ler porque enquanto eu escrevo essas linhas mentalmente eu tô te beijando como se eu não me importasse se você vai querer me encontrar de novo amanhã de manhã.
(mas acontece que eu me importo)
eu te escondo meus poemas porque assim como esses beijos que eu te dou, eles também são iniciativas de adeus.
com amor.
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transvazar · 8 months
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transvazar · 9 months
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Diáfano
um peito bifurcado em dois bueiros rasos; veias, sarjetas, cinzeiros, esquinas inteiras de sentimentos. enforcado, me ajeito nas quinas, compro jornais, leio olhos, sento, esqueço o troco no balcão, bebo de quem me sente e deixa entrar, não ligo pro que fica pra trás, assopro, não faço questão. nunca vou preferir velas a bolhas de sabão. me deixo como se eu fosse um rastro, a cauda de um cometa à cegueira, uma ânfora que transborda arroz. sou o passado que chega depois e um poente que não se empoeira. um virar de olhos me rouba a arte, me põe pra secar na prateleira do esquecimento. e nem o vento vem pra testemunhar meu fim. hoje sou minha própria despedida. nunca fico pra mim. sou as migalhas e os farrapos surrados, desfeitos. tenho um coral de tragédias bordado às pálpebras, e um proscênio de um teatro de suicídios no peito. unhas roídas por palavras ruídas ser ou não ser é questão de sentir. e eu escolho a evanescência das coisas. amo com cada átomo, cada fôlego, cada passo trôpego, cada laço, abraço a causa de estar só, pra ser quarenta por cento da sorte, e o resto rendilho com meus recortes, um punhado farto de poemas andaluz listrando a loucura que me conduz pras paisagens imaginárias da morte. sobre sentir, é injusto. sinto, cisco, arranho, assusto. nem todo peito tem amor pra dar…
Annd Yawk
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transvazar · 9 months
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transvazar · 9 months
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La jalousie
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