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#Poética Não Oficial
olhos-de-laser · 1 year
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Tu olhas para mim por um momento olhas as nuvens por outro.
Eu acho que estás longe quando olhas para mim e que estás perto quando olhas as nuvens.
— Perto e Longe (in Poética Não Oficial - Poesia Chinesa Contemporânea), Gu Cheng [tradução e seleção Sara F. Costa; ed. Labirinto
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aloneinstitute · 1 year
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A Esposa de Machado de Assis
A Portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novaes (1835-1904) foi esposa do escritor Brasileiro Machado de Assis de 1869 a 1904, ano da morte de Carolina.
Eles se conheceram por intermédio do irmão de Carolina, o poeta Faustino Xavier de Novaes, após ela se mudar de Portugal para o Rio de Janeiro, aos 32 anos, cinco a mais do que Machado. No período, era incomum uma mulher solteira com essa idade, mas a decisão, nesse caso, era da própria Carolina, a quem sobravam pretendes. A portuguesa é descrita por Miguel-Pereira como “mulher feita, inteligente, desembaraçada, senhora de si, habituada, na casa paterna, ao trato dos intelectuais”.
O namoro foi reprovado pela família de Carolina, pertencente à elite intelectual, enquanto Machado ainda não tinha grande reconhecimento social – na época, escrevia para jornais e trabalhava no Diário Oficial – e, mais importante, era mulato.
“Na hierarquia social, Carolina se uniu, por escolha própria, a alguém de nível abaixo. Ela foi determinante para que ele tivesse estabilidade emocional e também transitasse entre intelectuais”, diz Luís Augusto Fischer, professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor do livro Machado e Borges (Arquipélago).
Culta, os biógrafos escrevem que apresentou a Machado livros da literatura portuguesa e da literatura inglesa e outros clássicos, redefinindo o seu estilo literário para a maturidade. Além disso, teria revisado, retificado e passado a limpo seus textos, ajudando-o a escrever. Sua esposa torna-se sua enfermeira, quando necessário, pois Machado desde a infância sofria de epilepsia.
Sem filhos, o escritor passou os anos seguintes terrivelmente abatido pela morte da companheira. Em carta enviada ao historiador Joaquim Nabuco dois meses após a perda, temos um fragmento dos sentimentos de Machado por Carolina. “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfado­nha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor”, escreveu ele ao amigo.
Machado de Assis escreveu um soneto em homenagem à esposa, amplamente considerado a melhor peça de sua obra poética. Manuel Bandeira afirmaria, anos mais tarde, que é uma das peças mais comoventes da literatura brasileira. Chama-se "A Carolina":
Querida! Ao pé do leito derradeiro,
em que descansas desta longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos"
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gazeta24br · 1 day
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Banda cristã lança música sobre o aborto; ouça "Quem me Amaria?"
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A banda Barba de Arão lançou nesta sexta-feira, 26 de abril, o single "Quem me Amaria?". A canção, que já está disponível em todas as plataformas digitais, traz uma mensagem profunda e dá voz às crianças que foram impedidas de nascerem por terem sido abortadas. O videoclipe será lançado oficialmente no dia 10 de maio, mas você já pode conferir o single no seu aplicativo de música preferido por meio do link a seguir: https://onerpm.link/702190210159 Segundo Igor Martins, vocalista da banda, a inspiração para "Quem me Amaria?" surgiu de uma pregação em um culto de domingo. O artista revela: "Apesar de não me lembrar exatamente da mensagem, houve alguma citação que me trouxe o tema à tona na imaginação. Já faz tempo que eu queria escrever algo sobre isso e durante a mensagem simplesmente fui anotando essa suposta história que ocorre com este eu lírico", diz Igor Martins.   Com uma pulga atrás da orelha A canção chega às plataformas visando provocar os ouvintes, incentivando eles a refletirem sobre o verdadeiro significado por trás da composição. "Quem me Amaria?" aborda a questão do aborto, apresentando a perspectiva de um eu lírico que lamenta não ter tido a oportunidade de nascer.  “Essa música é uma canção para deixar os ouvintes com uma pulga atrás da orelha, se perguntando: o que significa essa letra? Assim como aquela canção ‘A Casa’ de Vinícius de Moraes”, esclarece Igor.   Sim, vai ter videoclipe O videoclipe oficial, que será lançado em 10 de maio, contará com a participação especial da artista regional de São Paulo, Julyanne Carolina, ampliando a experiência visual e emocional da música. “Escolhi ela por ser uma artista jovem, com um estilo autêntico e que caminha dentro do surrealismo. Acho que o processo imaginário proposto na canção ganhou uma acentuação muito firme no clipe”, coloca o vocalista. “Um detalhe sobre o clipe é que além da participação dela, outras imagens foram captadas por mim de forma independente e caseira com a participação da minha esposa e da minha filha”, complementa.   Emo e folk, para além do "evangeliquês" A sonoridade de "Quem me Amaria?" combina elementos do emo com influências do folk, criando uma atmosfera bem característica do rock. O vocalista comenta: "Já me chamaram de emo, então acho que essa música tem bastante dessa sonoridade, mas também bebo muito do folk. Espero realmente que esse single choque as pessoas. Espero que faça as pessoas repensarem sobre os valores da vida, afinal Deus é o autor da vida", ressalta. “No Barba de Arão tento seguir a proposta de escrever além do ‘evangeliquês’, além de hastear algumas bandeiras que considero importantíssimas, que são: Deus e Família. Até o momento minhas canções falam sobre esses dois pontos, às vezes indiretamente, mas a cosmovisão é essa”, complementa Igor Martins. Na produção do single, a banda contou com Paul Black na captação da bateria e Tony Jr. nos violões, mixagem e masterização. O restante da produção foi realizada de forma independente, demonstrando o talento e a versatilidade de Igor.   Conheça mais sobre a banda Barba de Arão Fundada por Igor Martins em 2021, a banda Barba de Arão existe para quebrar os padrões do que se tem feito na cena gospel atual. Uma excelente escolha para quem curte o som de Resgate, Projeto Sola, Victor Pradella e Rodolfo Abrantes. A paixão pela música sempre fez parte da vida do vocalista, uma herança deixada por seu falecido pai. Desde adolescente, ele se envolveu com a música na igreja, que considera sua principal escola musical.  A influência do rock, presente desde a infância, combinada com a composição poética, resulta em um estilo único e autêntico para a Barba de Arão. O objetivo da banda é explorar um estilo mais poético e culturalmente relevante, buscando conectar-se com um público diversificado.  “O rock é gosto de infância também. Por um tempo escrevi canções com mais cara de culto de domingo, e também escrevi muita coisa na linha do hardcore/emo, afinal sou de 89. Mas, aqui no Barba de Arão a ideia é explorar um estilo mais poético, menos evangeliquês, e soar como um produto cultural interessante para quem não é da igreja também”, finaliza Igor Martins.   Ouça agora o single “Quem me Amaria?” nas plataformas digitais: https://onerpm.link/702190210159 Acompanhe a banda Barba de Arão pelo Instagram: https://www.instagram.com/_bandabarbadearao/ Read the full article
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nowhqs · 3 months
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NOW!EVENT #01: WINTER SHOWCASE!
Em toda Seul, a neve dança, o vento canta e os jovens ainda no ensino médio se preparam para o mês de fevereiro, que está batendo à porta e anunciando a chegada da formatura geral do ensino médio sul-coreano. Junto com a formatura, também são esperadas as inscrições para o ensino superior, temidas por todos os lados… exceto por aqui! O Nowon Institute of Arts está fervilhando de ansiedade para conhecer seus futuros calouros. Todo ano, os alunos do NOW preparam um grande show para mostrar que, sim, crescer é assustador, mas também pode ser lindo — principalmente quando há uma chance para a arte. O Winter Showcase 2024 tem como objetivo uma pequena demonstração (e muito convencimento) do que acontece dentro do campus de nosso instituto, contando com a participação dos veteranos.
Em uma noite cheia de cores, músicas, luzes e tudo mais mágico, os corredores do NIA são tomados por exposições de arte, enquanto os palcos são preenchidos por performances. A ordem geral é clara: nesta noite gelada, mas quente de emoções, o importante é se divertir! Experimentar, criar, dar o seu melhor, demonstrar que a juventude pode ser mais do que parece ser. Por isso, os estudantes ficam livres para preparar sua amostra, apesar de todos serem incentivados a participar.
Por outro lado, para os veteranos do NIA, a noite do Winter Showcase também é importante por outro motivo: a grande revelação da próxima grande produção do Nowon Institute of Arts. Durante todo o ano, o instituto promove peças teatrais, geralmente de origem musical, com a participação de estudantes em todas as áreas. Em parceria com o podcast mais popular do campus, o NOW OR NEVER!, brincadeiras serão conduzidas durante a semana para que os alunos tentem adivinhar qual será a peça da vez, até culminar na sua revelação ao final do evento.
Com tudo isso, a Atlética SHARKS anuncia sua já tradicional festa de encerramento das férias de inverno. Com microfone aberto, muita licença poética, karaokê (será uma referência a Saltburn (2023)?) e participação especial da piscina aquecida do time de Natação, a única regra é: obrigatório criar boas memórias!
OOC:
Boa noite, players! Antes de tudo: feliz abertura oficial da NOW! 
Para o primeiro evento, nós optamos para realizar só no final de semana, tanto por entender que durante a semana é um momento ruim (ocupado) e também pois pensamos ser melhor que vocês interajam um pouco, e se conheçam, antes de qualquer coisa. Planejamos algumas atividades para os dias seguintes para ajudar na movimentação da timeline, porém, o grande evento acontecerá só no dia 27.01 (sábado), com início às 19h.
Como dito no texto, todo ano o NIA realiza um showcase para que os estudantes demonstrem um pouco das habilidades, aproveitando o momento de formatura do Ensino Médio e a chegada dos possíveis calouros. Para o evento em OOC, amanhã iremos disponibilizar um formulário para que vocês preencham e inscrevam vossos personagens na lista de performances e exibições do dia. A apresentação não é obrigatória, porém, gostaríamos muito de começar a comunidade já com um gostinho do potencial de cada personagem. 
A apresentação pode ser por self-para; material do próprio faceclaim; material encontrado pela internet, devidamente creditado; entre outras possibilidades, livres para a criatividade. Deixaremos vocês soltos para que planejem, só pediremos que nos enviem através do formulário até sexta (26.01) pois montaremos um sheets com informativos sobre horários e conteúdo de cada performance.
Por enquanto: começando 19h, as duas primeiras horas do evento são dedicadas para apreciação das exposições dos alunos que quiserem exibir alguma peça, sem ser uma performance de palco. Depois, às 21h, as luzes do auditório se acendem, seguindo o show até 23h, quando começa o after party oficial da Atlética. 
Dúvidas, sugestões, reclamações: estamos abertas para ouvir! Esperamos que gostem da comunidade e se divirtam muito conosco. Valeu!
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clarapoesia · 7 months
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MEMÓRIAS CURTAS DA PIANISTA QUE ATRAVESSOU MINHA NOITE.
Estaremos sempre sozinhos.
Eu hoje ando distraído.
Naquele umbigo, sabor de todas as tardes, passeava sem pudores minha língua. Em metáforas, tudo o que fosse literatura morava no hipogástrico daquela mulher. As notas mais doces nasciam do tilintar das duas taças de vinho sobre o criado mudo, ao lado da luz amarela daquele abajur vitoriano. 
Tudo parecia música aos meus ouvidos, cada estalar que minha boca fazia ao encontrar a boca dela. De forma obscena, morria a inocência poética que me atravessava. Na pequena mancha em sua virilha esquerda eu encontrava motivo para rasgar todas as cartas de amor que eu tivesse escrito para outras mulheres. Não fazia sentido dar relevância para qualquer amor que não fosse aquele. Todo meu passado e minhas duras e tristes memórias de amores podiam ser apagados.
A pianista tinha em seus olhos, verdes como a verdura, a tristeza de uma morte cinza. Tinha em sua boca, que evidentemente sempre marcava um batom vermelho-escuro, o sabor de todos os poemas escritos na década de trinta. Em seu pulmão, órgão escrupular, a fumaça dos cigarros mais medíocres tomavam conta, colocavam bandeira. Em teu peito, residência oficial do nosso músculo cardíaco, eu fazia o espírito e a física gozarem de tanto sabor tomado.
A pianista era, entre todas as mulheres, a única que me fazia viajar por todos os continentes sem sequer sair de teu corpo. 
Entro no banheiro.
Sempre quis que o amor se fizesse presente. Sempre dobrei as esquinas bem atento, sempre esperei encontrar do outro lado uma pessoa que me fizesse questionar a estrutura básica do meu ser. Quem poderia dizer que eu não encontraria o amor na fila de uma farmácia? Numa terça-feira, entre as dezoito e dezenove horas? Quem poderia dizer que o amor não estava na sala quarenta e oito de um edifício cinza em uma cidade qualquer do Triângulo Mineiro? 
Quem poderia? Eu poderia. Por mais que eu tivesse esperança, a dura realidade sempre me golpeou, sempre tive certeza de que o amor não me abraçaria ao acaso. Ele não me faria um bolo de fubá às nove da manhã, quando eu estivesse triste (quase sempre). 
Não sei. Talvez meus ossos compridos e pontiagudos, meu cabelo despenteado, minha fala obtusa, minha escrita mesquinha, meus medos vazios, minha subordinação a todas as inseguranças. Não sei. Algo me afasta do amor das outras pessoas. E amassando esta página, derramo uma lágrima fria, uma desesperança me assola.
Já andei atento a espera de que o amor chegasse, hoje posso andar distraído. Não, o amor nunca chegou, mas eu não mais o procuro, tampouco acredito em sua existência em mim. Apenas abortei a ideia de que um dia alguém me amará. E olha, tal certeza não me assusta e nem me deixa triste, me deixa realizado. Não preciso mais cumprir esforços em minha vida, não espero mais nada dela, o que vier, será real, mesmo que seja solidão e amargura.
Agora vomito tudo que tenho acima do meu epigástrico, e voltarei àquele hipogástrico branco.
Saio do banheiro.
A pianista, ainda desnuda, recita Shakespeare, um daqueles sonetos deitados na tradição de serem eternos. 
Na noite em que conheci a pianista, eu já não acreditava no amor, mas o que eu tinha a perder naquela pele branca? Me joguei naqueles cabelos curtos e ruivos, naqueles olhos que me acordaram a vontade de ser hipócrita. Naquela noite, despretensiosamente acendemos um cigarro barato, e na troca de farpas e elogios rasgados, nos encontramos.
A pianista nua me acende a realidade de que todas as coisas do mundo são de verdade, mas que todas as pessoas são falsas, embaixo de seus ternos e sobretudos, atrás da mesquinharia de teus gestos. Ninguém quer saber se tá tudo bem, as pessoas querem seguir suas jornadas, almoçar sem preocupações alheias. No máximo você será uma fofoca das nove e meia, caso responda que não está bem e dê os motivos para isso, ninguém quer saber como você está ou como foi seu dia.
Você está sozinho e morrerá assim, a pianista ao seu lado é efêmera, eu e ela morreremos. Sentiremos a mão do fim de todas as coisas sobre nossos ombros, e então daremos adeus a este mundo, mas cada um em sua carne e alma, estamos e estaremos sozinhos.
Não a amo, ela não me ama. A realidade não precisa de amor. O amor é algo supérfluo. 
Não que isso aqui seja um ensaio sobre o que é o amor, eu já tentei tantas vezes fazer isso, falhei em todas. Eu particularmente nunca vou conseguir pegar o verbo ser, conjugar na segunda pessoa do singular, colocá-lo defronte da palavra amor, e continuar a sentença de uma maneira lógica e real. Eu jamais irei definir o amor de uma maneira correta.
Eu poderia dizer que ele é o sentimento de culpa revestido de uma romantização errônea. Eu sinto culpa por todas as vezes que eu disse “eu te amo”, mas eu acreditava fielmente que amava todas as vezes que disse, hoje sei que é mentira, tudo era ego, carência e pressão interna. A pianista me entende.
Como se fosse algo previsto nas estrelas, nos entregamos um ao outro novamente. Nossas línguas foram projetadas para que neste instante das nossas vidas elas se encontrassem, não podemos perder um instante sequer, nunca mais nos veremos depois daqui. Passeio minhas mãos em tuas coxas firmes, alcanço em carne o que nunca alcancei em espírito. O terreno orgasmo que chega, não se compara com a projeção astral que a união de minha língua e tua carótida cria. 
No fim, após saciar a sede que nossos corpos possuíam, tomamos um copo de água.
Ainda sobra um pouco de vinho.
Minhas linhas são reais revestidas de falsas acusações.
Nos viramos e olhamos olho no olho. Posso afirmar que aquela pupila é a mais enigmática que já entrou de encontro com a minha. A gente parecia conseguir ler um ao outro. Estava estampada nela uma tristeza que eu não podia explicar, e naquele momento íntimo, pedi para que ela tivesse intimidade de me contar quem era ela, além de pianista.
As músicas clássicas tocadas em todos os balés e bailes. A pianista era uma pessoa que viveu, que acreditou no amor, mas era trocada sem nenhum motivo aparente. Ela se entregava a todos, não no sentido físico, mas no emocional, ela sentia intensidade em todos os relacionamentos que ela teve. Escrevia cartas e dedicava as músicas mais especiais. Escrevia contos e contava sobre como era extraordinário amar, mas todos eles iam, ela não sabia dizer qual era o defeito que afastou todos os homens e mulheres que ela já amou.
Eu fico feliz que ela não me ama, eu não a amo e não gostaria de ter que destruí-la mais uma vez quando eu mandasse ela ir embora. Digo a pianista para que ela não tema a solidão, e ela não teme. Nós brindamos o resto de vinho em homenagem a toda a solidão do mundo. A solidão das guerras, dos cemitérios, dos hospitais, dos conventos, dos moinhos. E em especial, a solidão que reside em nossos corações, e que nunca nos deixará.
Colocamos nossas roupas.
Como de costume, beijo a testa dela, como faço com todas as pessoas pelas quais sinto algum carinho, é meu gesto universal de dizer que amanhã talvez eu morra ou que algo nos impeça de nos ver, mas que meu carimbo ali ficou, que sinto um amor genuíno e nem um pouco romântico por você.
Estaremos sempre sozinhos. Eu e a pianista. Cada um em lugar do mundo. Ela fica com o meu beijo na testa, eu fico com o botão que se soltou de sua blusa amarrotada, caído ao lado de um ruivo fio de seu cacheado cabelo.
Quem sabe um dia nos vemos de novo. Eu espero muito que não. Mas guardarei o botão.
Estaremos sempre sozinhos. Mesmo que em companhia.
Eu hoje ando distraído.
Estaremos sempre sozinhos.
- Wellington Paiva
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destinojoaopessoa · 1 year
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São João Campina Grande 2023
Bandeirinhas colorem o céu, forró toca nos alto-falantes, quadrilhas convidam todos para dançar. Comidas típicas como milho cozido, canjica, cuscuz e munguzá são servidas em abundância. Essa combinação perfeita é o que não pode faltar no São João, uma das festas mais importantes do calendário brasileiro – especialmente no Nordeste do país.
Você vai dançar nas palhoças com os trios de forró, admirar e aplaudir os espetáculos das quadrilhas juninas, saborear o melhor da culinária da Paraíba, curtir os melhores shows dos artistas locais, regionais e nacionais, registrar em fotos sua presença ao lado dos cenários e viver 32 dias inesquecíveis. Neste post a gente te conta tudo sobre como será o São João de Campina Grande em 2023!
O maior São João do Mundo
É em Campina Grande que acontece o maior São João do Mundo. Este evento já se tornou referência nacional e reúne milhares de pessoas do Brasil todo.
O São João 2023 está marcado para acontecer a partir do dia 1º de junho, no Parque do Povo. Com uma programação cheia de atrações, a festa contará com apresentações religiosas e shows de artistas regionais e nacionais.
O Maior São João do Mundo faz parte do calendário do turismo nacional e é um dos principais eventos do Nordeste brasileiro. A programação oferece uma grande variedade de opções para você aproveitar, incluindo comidas típicas, apresentações musicais e muito forró.
Como começou o Maior São João do Mundo?
Antes de tudo, vamos falar sobre como essa famosa festa se tornou a maior do mundo. O Maior São João do Mundo teve início em 4 de junho de 1983 em uma palhoça montada no centro cultural da cidade (atual Parque Do Povo) para as pessoas dançarem forró. Cinco anos depois, a festa já estava incluída no calendário turístico do Brasil. Não se sabe ao certo quantos dias o evento durou no primeiro ano, porém, em 1984, o evento teve duração de 30 dias. Os três primeiros anos da festa foram um sucesso e em 1986 a prefeitura começou a construção do Parque do Povo, onde a festa acontece até hoje. Cinco anos depois de sua criação, o São João de Campina Grande já era uma festa de grandes proporções em nome e duração. Sendo assim, em 1987 o “Maior São João do Mundo” foi incluído no calendário oficial do Instituto Brasileiro de Turismo. Em 2017 o evento passou a ser realizado através de parceria entre os setores público e privado, onde as empresas parceiras são escolhidas por meio de licitações. Em 2022, o São João de Campina Grande recebeu o título de maior festa junina do país, concedido pelo Instituto Ranking Brasil. O reconhecimento aconteceu na noite de encerramento do evento.
Onde vai acontecer o São João 2023 em Campina Grande?
Conforme os anos anteriores, a festa vai acontecer no Parque do Povo - R. Sebastião Donato, S/N - Centro.
Programação São João Campina Grande 2023
A programação do São João de Campina Grande de 2023 já foi divulgada e vai acontecer a partir do dia 1º de Junho. Muitos ícones artísticos estão confirmados ao longo dos 32 dias do São João de Campina Grande. Diversos nomes de variados estilos musicais e encontros únicos ficarão na memória.
Confira a programação completa do São João de Campina Grande 2023
Dia 01/6: Abertura – Geraldo Azevedo e Chico César
Biliu de Campina, Alcymar Monteiro, Geraldo Azevedo e Chico César vão fazer os shows na abertura da programação do São João de Campina Grande em 2023. 
Biliu de Campina é um cantor e compositor paraibano, conhecido por suas músicas de forró tradicional. Alcymar Monteiro é um cantor e compositor pernambucano, um dos grandes ícones do forró.
O pernambucano Geraldo Azevedo é considerado um dos grandes nomes da música nacional, compositor de sucessos como Dia Branco, Táxi Lunar e Dona da Minha Cabeça.
O paraibano Chico César é um cantor e compositor paraibano conhecido por suas letras poéticas e engajadas, como “Mama África”, que conquistou sucesso internacional; “Deus Me Proteja”, que obteve reconhecimento nacional durante o BBB 21; e “Onde Estará o Meu Amor”, regravada por Maria Bethânia.
02/06 | Sexta-feira: Gusttavo Lima, Flávio José, Maninho Vaqueiro, Forró Real
03/06 | Sábado: Wesley Safadão, Nathan Vinícius; Galã; Marcynho Sensação
04/06 | Domingo: Lucas Aboiador; Iguinho e Lulinha; Henry Freitas; Karkará
06/06 | Terça-feira: Padre Nilson; Teto Fonseca
07/06 | Quarta-feira: João Gomes; Luan Estilizado; Eric Land
08/06 | Quinta-feira: Os 3 do Nordeste; Wallas Arrais; Vitor Fernandes; Fabinho Testado
09/06 | Sexta-feira: Tarcísio do Acordeon; Taty Girl; Lipe Lucena; Eliane do Forró
10/06 | Sábado: Simone Mendes; Felipe Amorim; Iohannes Imperador; Japãozinho
11/06 | Domingo: Solange Almeida; Pablo; Ramon e Randinho; Tayrone
12/06 | Segunda-feira: Limão com Mel; Calcinha Preta; Desejo de Menina; Alexandre Tan
Na noite mais romântica do São João, véspera de Santo Antônio e Dia dos Namorados, o Parque do Povo recebe grandes atrações do forró das antigas.
As bandas Limão com Mel, Calcinha Preta e Desejo de Menina vão garantir uma noite de muito forró, que deve ser encerrada pelo campinense Alexandre Tan, presença tradicional na festa.
14/06 | Quarta-feira: shows de humor com Renan da Resenha e Mução
Entre as novidades da 40ª edição do São João de Campina Grande está a Noite do Humor. No dia 14 de junho o público presente no Parque do Povo deve garantir muitas gargalhadas e se divertir com Renan da Resenha e Mução.
15/06 | Quinta-feira: Léo Santana; Magníficos; Samya Maia
16/06 | Sexta-feira: Xand Avião; Brasas do Forró; Ávine
17/06 | Sábado: Zé Cantor Dorgival Dantas; Jefferson Arretado; Murilo Huff
18/06 | Domingo: Matheus e Kauã; Rai Saia Rodada; Cascavel
20/06 | Terça-feira: Padre Fabio De Melo; Elson Junior
21/06 | Quarta-feira: Mano Walter; Matheus Fernandes; Fabiano Guimarães
22/06 | Quinta-feira: Alok; Alanzinho Coreano; Icaro e Gilmar
23/06 | Sexta: Elba Ramalho; Capilé; Amazan; Sofia Gayoso
Na véspera do feriado de São João acontece o tradicional show de Elba Ramalho. A noite marca o ponto alto da festa, e ao som de Elba Ramalho acontece a queima de fogos que anuncia a chegada de São João.
No mesmo dia tem Capilé, artista campinense que participa da festa desde sua primeira edição.
O paraibano Amazan, que também é natural de Campina Grande, também marca presença na véspera do São João. E encerrando a noite do Maior São João do Mundo terá a campinense Sofia Gayoso, que estreia entre as atrações da festa.
24/06 | Sábado: Fagner; Roberta Miranda; Fabricio Rodrigues; Garotinho
O cantor paraibano Fagner volta ao palco do São João de Campina Grande em 2023. Uma das principais vozes da música nordestina, ele estará na festa junto com outros grandes nomes e marca a noite de São João.
Outro nome confirmado para a data é o da paraibana Roberta Miranda. Ela cantou na última edição da festa e deve voltar ao palco principal do Parque do Povo.
O cantor Fabricio Rodrigues estará no São João de Campina Grande pela 6ª vez, e fechando a noite quem canta é o paraibano Garotinho.
25/06 | Domingo: Alceu Valença; Ton Oliveira; Guilherme Dantas; Humberto e Ronaldo
27/06 | Terça-feira: Marcos Freire; Anderson Freire
28/06 | Quarta-feira: Márcia Felipe; Naiara Azevedo; Priscila Senna
29/06 | Quinta-feira: Menos é Mais; Gustavo Mioto; Santanna; Gege Bismarck
30/06 | Sexta-feira: Nattan; Toca do Vale; Ranniery Gomes
01/07 | Sábado: Bruno e Marrone; Jonas Esticado; Walkyria Santos; Na Pegada do Coyote
02/07 | Domingo: Zé Vaqueiro; Mari Fernandez; Waldonys; Nonato Neto
Zé Vaqueiro, Mari Fernandez, Waldonys e Nonato Neto fazem os shows no encerramento da programação do São João de Campina Grande em 2023. 
Nonato Neto é um cantor e compositor de forró conhecido pelos sucessos de autoria da sua antiga dupla Os Nonatos. O cearense Waldonys é sanfoneiro, cantor, paraquedista e piloto acrobático com quase 30 anos de carreira.
Zé Vaqueiro é um dos principais destaques da nova geração de cantores de forró. Pernambucano de Ouricuri ganhou fama nacional com hits como “Coladin”, “Cena de Amor”, “Eu tenho Medo” e “Volta comigo bb”.
Mari Fernandez é uma cantora e compositora natural de São Paulo. Ganhou projeção nacional com a canção “Não, Não Vou”, hit do piseiro que a levou ao Top 1 do Spotify Brasil em 2021.
Quantos dias o São João Campina Grande 2023 vai durar?
O São João 2023 em Campina Grande vai começar no dia 1º de junho e terminar dia 02 de Julho. Havia uma expectativa de que a edição em comemoração aos 40 anos do evento tivesse 40 dias de duração, mas a festa junina terá 32 dias – essa é uma das novidades da edição, um dia a mais para ampliar as festividades.
Serão mais de mil horas de shows distribuídos nos cinco polos, 10 palcos e mais de 500 apresentações, celebrando os 40 anos do São João de Campina Grande.
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rodadecuia · 2 years
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pluravictor · 2 years
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A pessoa e a cidade
Reza a lenda que Ulisses, na sua epopeia de regresso a Ítaca, fundou a cidade mais ocidental da Europa. “Ulisses é o que faz a santa casa/ À deusa que lhe dá língua facunda;/ Que se lá na Ásia Troia insigne abrasa,/ Cá na Europa Lisboa ingente funda”, escreveu Camões no Canto VIII d’Os Lusíadas. Entre mito e realidade, imaginário e literatura, o nome Lisboa do herói grego de Homero deriva, Ulyssippo de sua (nossa) graça. Olisiponenses, de nome somos herdeiros, logo viajantes também. Esta “cidade prateada semeada de Tejo” (Adília Lopes) expande as suas raízes, os ramos abraçam novos caminhos, a copa alarga o abrigo; Lisboa é árvore milenar e secular — uma oliveira ontem, um jacarandá hoje. Colo para as suas gentes que aqui chegam e partem, na luz do rio, nos vales transformados, ou nas colinas que lhe dão as formas cantadas. O maior tributo eleva-se hoje, letra de Ary dos Santos e voz de Carlos do Carmo, no fado-canção oficial da cidade “Lisboa menina e moça, menina/ Da luz que meus olhos vêem tão pura”.
Esta é a visão idílica de Lisboa. Há sempre a tentação romântica de inscrever nos lugares, em pedra e palavras, metáforas que desenham passados e emoções, ou imaginar horizontes para projectar futuro de estimada memória colectiva. Nunca velha e sempre nova, esta cidade canta fados diferentes ao longo de várias eras, porque habitar em conjunto no mesmo espaço produz experiências sempre distintas.
— Lisboas
De complexa geografia humana, heterogénea e multifacetada (Seixas, 2021), (Seixas, 2021), não existe uma só Lisboa mas várias, nela vivem e trabalham gentes de muitas origens; não há um momento na longa história da cidade que o negue. Há por isso imensas abordagens sobre os enquadramentos e os retratos que possamos fazer desta capital fluvial e atlântica. Entre lugar, comunidade e memória, há uma admirável mistura de vidas, encontros e metamorfoses. Por exemplo, socorremo-nos do trabalho produzido pelo Museu de Lisboa ao “deambularmos” por milhares de anos da ocupação deste território (destaque à romana Felicitas Iulia Olisipo), aprender nos percursos sobre a multi-centenária Lisboa judaica, muçulmana, africana e da escravatura, e imaginarmos na fabulosa maquete no Palácio Pimenta a azáfama da cidade pré-terramoto e posterior reconstrução pombalina. Num segundo momento, genericamente conhecemos a expansão seguinte até aos finais do século XX, das glórias mas também misérias que cobriram a capital, recebendo novas migrações de várias regiões de Portugal e depois dos anteriores territórios colonizados, das transformações urbanísticas e políticas. Por fim, no prazer da literatura, seja de Eça a Camilo, de Pessoa a Saramago, de Cardoso Pires a Mário Zambujal, sentimos várias Lisboas díspares e no entanto tão familiares.
(...)
Mas a cidade é diversa e larga, existindo além desta matriz mitológica e homogénea; o pós-colonial das últimas cinco décadas germinou novas chegadas, (com)vivências, ritmos, outras existências e expressões sociais. Para alguns bairros foram confinados nas franjas do marginal(izado) urbano e social, pessoas de várias identidades muitas delas invisibilizadas, destituídas, segregadas e esquecidas, num purgatório de desalinhadas políticas de apoio e integração. Lutando entre tribulações quotidianas, desde as primeiras comunidades hindu à Lisboa crioula de hoje, nesta cidade-região há uma poética da Relação (Glissant, 1990) que se deseja para frutificar o reconhecimento (que tarda) da sua existência e valorização, numa urbe que se almeja democrática e solidária, de contemporânea mistura.
Assim se renova a morfologia das cidades. Nos actuais e preciosos cenários multiculturais, Lisboa e tantas outras cidades, fizeram-se múltiplas e “muito distanciada[s] culturalmente das suas congéneres anteriores” passando agora “a albergar sujeitos, objetos e modos de vida totalmente insuspeitados há poucas décadas, do mesmo modo que se acomoda a inesperadas e súbitas (re)configurações sociais da urbanidade” (Fortuna, 2020:15). Todavia, persiste a sedimentação de desigualdades sociais e escassez de oportunidades — exige-se saber ouvir, e resolver, para incluir todos no tecido social comum.
— Pessoa espaço tempo
O antropólogo francês Michel Agier destaca que “São as pessoas que fazem a cidade, os grupos sociais que fazem a cidade, e não a cidade que faz a sociedade. E é este fazer cidade que se observa nas relações sociais, em diferentes formas de sociabilidade, que é preciso decifrar melhor” (Agier, 2011:55). Trata-se de decifrar o modo, e as razões, das opções e recusas sobre um território mais largo que a sua materialidade, nas semelhanças e diferenças que nos unem e constituem. A pessoa e a cidade movem-se entre os domínios da política, da cultura, e da identidade. Ao fazer cidade, território e presença humana são par que dança a vários ritmos, entre graciosidade e pé de chumbo. O sentimento de pertença e de comunidade amanhece um fogo que arde sem se ver. A cidade “é feita de múltiplos territórios com que nos sentimos identificados ou onde nos sentimos estranhos. Por isso também a cidade vê gerar esse efeito de uma natureza muito para além de nós.” (Brito, 2003:50). O fenómeno antropológico dos lugares evidencia-se, assim, em três elementos que a caracterizam: pessoa, espaço e tempo. Além da relação espaço-tempo que a teoria científica enuncia, do gesto e da percepção que encetamos no espaço, esse “lugar praticado” como define Michel de Certeau, ao percorrermos e nos apropriarmos da sua geografia fabricamos um espaço existencial onde cooperam, na volumetria situada, interpretação, linguagem e convivência para a formação de relações sociais com e na paisagem. É nessa “cooperação” que o fazer cidade se revela nas inerentes dimensões da acção humana: a material, a social e a simbólica. Enquanto ajuntamento populacional, também a cidade age como dispositivo cultural, um palco criativo de relações formais e informais, conscientes e inconscientes, espelhando representações de identidade e alteridade, pleno de domínios simbólicos esboçados e imaginados. A cultura representa um todo que nos une, aproxima, diferencia e afasta. É um acto de produção, da mesma forma que na sua génese etimológica era o modo de cultivar. E enquanto humanos, seres sociais e culturais, é no encontro e na colaboração que progredimos.
Neste território comum que é a cidade há um caleidoscópio de experiências convergentes e divergentes, “Em todas as ruas te encontro/ em todas as ruas te perco” lamenta o poeta Mário Cesariny. Ainda assim, em cada jornada optamos por renovar na janela florida um rosto reconfortante ou uma memória venerada. Mesmo que a memória, nas palavras do poeta Manuel António Pina, seja “uma instável narrativa construída a partir de um tempo presente precipitando-se já no passado”. Contudo, não esquecemos os lugares de brincadeira e de jogos de infância, as campainhas tocadas em corrida, as ruelas que ostentam ainda hoje a mesma largura das balizas de futebol que infernizava os vizinhos. Aliás, na primeira crónica de Memórias de um Craque, Fernando Assis Pacheco afirma com brio: “fui o maior craque da Rua Guerra Junqueiro e está para nascer um sucessor digno desse título”; os limites físicos desse campo da bola improvisado não impediram sonhos e aventuras várias naquela rua coimbrã que o autor narra. Podemos questionar se nos dias de hoje perduram algumas destas actividades ou a possibilidade de as praticar. Na verdade, das memórias de infância, não importa a geração, algumas experiências não se repetem. Várias desapareceram nas últimas décadas sob transformações urbanas e sociais, por efeito da “sobremodernidade” (Augé, 1992), do contemporâneo mundo digital, ou pelo dissipar da proximidade e da vida comunitária.
No entanto, as fachadas centenárias continuam a abraçar o perfume das laranjeiras que ainda resistem. O cromatismo dos jacarandás brilha nos jardins de passeio e de namoro. O voo e o canto das andorinhas, do chapim-azul ou do rabirruivo-preto estão além das palavras desenhando nos céus cobiçados sorrisos. Deliciamo-nos com gulosos gelados ou cervejas estupidamente frias que o Verão estende com as sardinhas e entremeadas dos arraiais. O São Martinho das castanhas acabadinhas de assar na rua são aconchego inigualável. O bulício da noite pulsa reencontros que antecedem ou rematam, na beleza tranquila e anfitriã, a vista sobre o rio ou o mar. Como ilustra Italo Calvino em As Cidades Invisíveis, assim é feita a cidade, nas “relações entre as medidas do seu espaço e os acontecimentos do seu passado”, pelas emoções e feitos cultivadas pelas suas gentes e viajantes. 
(...)
Num processo ininterrupto, imaginamos uma commonwealth que se concretize na cidade real. Assim, a cidade-urbana pode ser igualmente cidade-campo, cidade-rural, e abraçar as várias características que assumem a presença da natureza e a ocupação do solo. Não se trata do regresso impossível à cidade tradicional, mas de conceber lugares equilibrados e humanizados onde coexista proximidade humana e presença activa da natureza. Se os mecanismos de sustentabilidade e harmonia desejáveis na cidade radicam num conhecimento milenar da distribuição das águas e do verdejar de beleza e sombras, porque se perdeu a sua noção e prática? Quando as alterações climáticas são o quotidiano disruptivo e sintomático da era do Antropoceno em que vivemos, a emergência desafia a habitabilidade e convoca a adaptação às novas condições ambientais e sociais decorrentes. O cidadão não é apenas habitante de edificado, ruas e praças, o saudável usufruto da cidade-comum deve incluir a ecologia como uma segunda pele; o preciosíssimo legado do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles assim o demonstra. Os “corredores verdes” são uma rede de água e vida que alimenta o corpo e mente da cidade. As hortas comunitárias e urbanas são uma excelente prática de natureza e humanidade; são oportunidade de diálogo, plataformas para abordagens e políticas educativas de protecção e boa vivência da cidade. Ana Sofia Fonseca, em Raízes: O campo na cidade (2016), dá-nos exemplos concludentes das diferentes faces da agricultura urbana através das histórias dos hortelãos, e também Pedro Varela (2020) com Hortas urbanas de cabo-verdianos na Área Metropolitana de Lisboa. O próprio Museu de Lisboa organizou de 2020 a 2021, no Palácio Pimenta, a exposição “Hortas de Lisboa” com base na soberania, segurança e sustentabilidade alimentar das cidades, nos testemunhos desta actividade humana no território. A prática agrícola, outrora paisagem usual na capital, recupera esta apropriação — social, digna e (literalmente) frutuosa — do espaço urbano.
(...)
A cidade é uma paisagem esculpida nas formas e nas ideias; é uma cinematografia in/finita animada na sua profundidade sensorial. Nasça em imaginação elíptica, floresça duma primavera longínqua ou se oculte num murmúrio que a desapareça, a cidade é “obra e acto perpétuo” (Lefebvre, 2012). Todavia, uma cidade, ou qualquer assentamento urbano, que negligencie as pessoas é um lento e cruel naufrágio colectivo. Sob os auspícios de Janus, deus romano da mudança que detém o “poder sobre todos os começos” (Santo Agostinho), a pessoa e a cidade são por vezes amantes desavindos em demanda de eternidade. 
Desde Platão a Thomas More e a Martin Luther King se persegue a possibilidade da cidade ideal. Isto é, a crença inabalável na construção de uma sociedade igualitária, equitativa, justa, livre e em busca da felicidade. Nesse propósito se lavrou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Na civitas culta e informada, fundada na coexistência e fraternidade intercultural, numa cosmopolis democrática, “Sei que seria possível construir a forma justa/ De uma cidade humana que fosse/ Fiel à perfeição do universo” (Sophia, 1977). Apenas a cidade social, humanizada, plural e inclusiva criará soluções e lugar de futuro para todos. 
—— Excerto do capítulo "A pessoa e a cidade" do meu trabalho de investigação Vida e Memória Entre-Bairros (2022-23)
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fecostaintermidiart · 2 years
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Aí rapaziada se liguem na fita!!! Primeiro Pré-lançamento da inspiradora e necessária Coleção FLORES DO CAOS - em homenagem aos 200 anos de Charles Baudelaire, publicada pelo Selo Editorial Starling - e um pouco sobre os dois primeiros autores e suas obras: 🔱 VOLUME 1 - Súbitos Desvarios - Hyanna da Cunha (Belo Horizonte, Minas Gerais) 💚 VOLUME 2 - Frigus Poética - Wellington Farias (Salvador/Bahia) Por problemas técnicos a transmissão (que estava prevista para o dia 28/05) não aconteceu. Por decisão dos autores acima mencionados e com apoio do Selo Starling a live ocorrerá no dia 7 de junho, às 20 horas, no grupo do Facebook HYANNA SOLTA O VERBO - POESIA & TODA ARTE. Juntem-se a nós e venham conhecer um pouco desse projeto de resistência e poesia, fortalecer a arte autoral, o Coletivo Real e aos artistas alternativos que não têm a mesma visibilidade e valorização dos que encontram-se engajados ao sistema e à grande mídia. O lançamento oficial do box com os 12 autores será no dia Nacional Da Poesia - 31 de outubro, 2022. #poesiamarginal #antifa #poesiabrasileira #spokenword #poesiafalada #hyannadacunha #subitosdesvairos #friguspoetica #floresdocaos #coleçãofloresdocaos2022 (em Belo Horizonte, Brazil) https://www.instagram.com/p/CeUu2LRNg4KBktM2VxXoP4pbEGfQAVnmrbg6Tg0/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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fantasmadaagnes · 2 years
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TMJ Headcanons - Livros
Parte 3
O que são headcanons? Headcanon é um termo utilizado por fãs que indica uma crença pessoal sobre a história ou os personagens que não foi confirmada oficialmente.
Ou seja: Tudo o que for escrito a seguir é de minha autoria, não foi confirmado ou negado por nenhuma fonte oficial.
Aviso: Não tenho direitos sobre nenhum aspecto da Turma da Mônica Jovem. Todos os direitos reservados à Maurício de Sousa Produções.
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Livros que eu associo com os personagens da Turma
Confira os meus outros Headcanons sobre esse mesmo assunto:
parte 1 parte 2 parte 4 parte 5
Franja: As Crônicas de Duna
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Duna é uma obra-prima da ficção científica, óbvio que é um must read pro Fran.
Verdade seja dita, ele estava mais interessado no worldbuilding e na tecnologia do que na trama.
Com toda certeza tentou fabricar um trajestilador.
Mudou o foco das invenções para ecologia, terraformação e reciclagem de água.
Marina: Pequenos Incêndios por Toda Parte
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“Este livro é uma obra de arte”, é a forma da Marina de descrever a leitura .
A escrita poética; a composição dos personagens; o trabalho da Mia…
Definitivamente migrou para a fotografia por um bom tempo depois de terminar o livro.
Relê sempre que precisa de inspiração.
Cascuda: Rastro de Sangue
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Vive pela mescla de história de época + romance + crime.
Melhor tipo de casal na opinião dela: academic rivals to lovers.
Leu com um caderninho do lado pra anotar as teorias de quem era o assassino.
Sorri que nem boba durante todas as interações da Audrey Rose e do Thomas.
Quim: As Crônicas de Nárnia
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É o livro de conforto emocional dele. Dependendo do momento relê uma das sete histórias.
Quando era criança procurava por passagens para Nárnia dentro de guarda-roupas.
Ainda sonha com um filme de O Sobrinho do Mago.
Chora toda a vez que lê A Última Batalha.
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blogdojuanesteves · 2 years
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Céu e Inferno em Terras Alagadas >JOSÉ MEDEIROS- Extremo Sul > ANDRÉ BUENO- Menonitas > JÔ GONÇALVES- Habitat> TÂNIA RIBEIRO- Iceland > ANNA THEREZA M. VANA- Vaqueiro das Águas> VALDEMIR CUNHA
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No próximo 19 de março,  às 20 horas, na Vila Foto em Pauta durante o 11º Festival de Fotografia de Tiradentes, que acontece de 16 a 22 deste mês, nesta cidade mineira, a Editora Origem, do publisher e fotógrafo Valdemir Cunha, lança seis livros inéditos publicados em 2022, e durante os dias do evento, mais uma série de outras publicações de 2020 e 2021 que não foram lançadas formamelmente por conta da pandemia de Covid 19. São nada menos que 26 livros ( alguns em parceria com a editora Rios-Greco ) que tratam da fotografia em diferentes formas, trabalhos mais autorais, documentais, jornalísticos e artísticos.
 Os seis livros inéditos são os primeiros de alguns autores e também trabalhos de fotógrafos já conhecidos, como José Medeiros, com seu Céu e Inferno em Terras Alagadas, que dá início ao projeto Pantanal + 10 que mostra  o que está acontecendo no Pantanal nos últimos dois anos. Ao contrário de imagens poéticas que quase sempre estão ligadas ao Pantanal, o autor documenta os resultados das queimadas e da ação do homem na maior planície alagada do mundo. Ao longo dos próximos dez anos a ideia é lançar cinco livros que abordarão vários aspectos do Pantanal. A impressão é da  gráfica Ipsis que reforça o grafismo do drama capturado pelo fotógrafo.
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Imagem acima de André Bueno
 Extremo Sul é o primeiro livro do fotógrafo André Bueno. Impresso na Ipsis, o livro é não apenas um retrato da Zona Sul de São Paulo, mas autobiográfico também. O autor mostra seu lugar de nascimento e morada com suas memórias afetivas num trabalho que documenta o cotidiano de uma região pouco conhecida pela elite paulistana. Das paisagens urbanas e rurais que chegam a nos fazer acreditar que não se trata da cidade de São Paulo a cenas bem típicas das periferias da capital paulista como o carrinho de rolimã, o futebol em campos de terra e a cultura periférica como o grafite e o hip hop. Sem falar nas cenas ligadas as represas que banham o extremo sul da cidade. “A represa Billings, um dos mais importantes e maiores reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo, assim como a Mata Atlântica existente no Extremo Sul, estão presentes em minha memória desde a infância e fortaleceram meus laços afetivos e de identidade com a região, com as comunidades e com suas culturas rurais e urbanas, se é que assim posso chamá-las”, explica o autor.
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Imagem acima de Jô Gonçalves
Menonitas, é o terceiro livro de Jô Gonçalves, impresso pela gráfica Ipsis, e revela uma breve imersão em uma comunidade Menonita na região do Charco Boliviano. Acostumada a situações extremas em seu trabalho com os Médicos sem Fronteira, como sua atuação em zonas de conflito na Ucrânia que gerou seu primeiro livro com o selo da Editora Origem, a fotógrafa encontra uma comunidade que parece viver no século XIX. A partir de uma estrutura religiosa as comunidades Menonitas espelhadas pelo continente americano vivem basicamente de sua produção rural e são extremamente patriarcais. Nelas a mulher tem papel secundário e de submissão. Nessa pequena incursão negociada por dois anos, a fotógrafa captas detalhes que mostram o dia a dia dessa comunidade e assim como em seu primeiro livro Ucrânia, nos faz viajar por um universo fechado e desconhecido.
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Imagem acima de Tânia Ribeiro
Habitat, é o primeiro livro de Tânia Ribeiro, impresso pela gráfica  Forma Certa, e trata dessa "Terra em transe" ao relembrar o que foi sonhado há 50 anos numa tentativa de permitir a existência de nosso futuro com a preservação de nossa única casa: Em 1972 foi realizado em Estocolmo, Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Em junho daquele ano, as nações reconheceram pela primeira vez que algo precisava ser feito para proteger nosso planeta e nossa existência.
Passados 50 anos da Conferência, os 26 princípios publicados no documento oficial e assinado por todas as nações que participaram daquele encontro parece estar muito longe de serem aplicados e a Terra já não está tão azul como quando vista pela primeira vez do espaço. O fato é que as consequências desse insólito convívio com nosso habitat tem gerado grandes transformações em nossa casa. Aumento de temperaturas gerando mudanças climáticas desequilíbrios jamais pensados. A fotógrafa conta que ao ler atentamente os 26 princípios pensados em Estocolmo em 1972 pode-se observar que eles ainda não passam de um sonho. E todas as conferências que sucederam aquela continuam lutando para que os 26 princípios estabelecidos sejam respeitados.
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Iceland, primeiro livro de Anna Thereza Molina Vana traz um olhar muito diferente de um país que já é exótico em seu ambiente natural. As paisagens da autora remetem a um tempo perdido a um ambiente original que pela passagem do tempo foi se perdendo. Nos últimos dez anos a fotógrafa e médica viajou por vários lugares remotos do planeta e dá início a suas publicações de livro com um dos lugares que mais a impressionou.
"Conhecer a Islândia era um grande desejo e de repente, surgiu uma oportunidade: uma expedição fotográfica pelas Highlands em setembro de 2019. Uma ilha isolada e aparentemente fria e inóspita, desconhecida por muitos, não me causou surpresa e sim uma imediata identificação. A grandiosidade, a rusticidade e a solitude das paisagens transparecem facilmente nas fotos deste livro. Guiada por dois mestres, Marcelo Portella, pelas terras islandesas e Valdemir Cunha, pelas fotos até o resultado final do livro, está aqui registrada uma experiência inesquecível." O livro foi impresso pela Forma Certa Gráfica Digital.
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Imagem acima de Valdemir Cunha
Por último mas não menos importante, temos o livro Vaqueiros das Águas  do próprio fotógrafo Valdemir Cunha, que retorna ao ponto de partida de sua trajetória como documentarista, o Pantanal. Nesse seu segundo livro sobre a maior planície alagada do mundo, ele foca no homem pantaneiro, sua cultura e seu meio. Esse trabalho marca os 30 anos de trabalho do autor no Pantanal e é seu retorno ao mercado editorial de livros depois de cinco anos se dedicando como Publisher da Editora Origem. Seu último trabalho foi "Natureza Morta: o labirinto do Minotauro", lançado em 2017, nele Cunha já dava sinais de sua transição em seu trabalho.
 Cunha não se preocupa em individualizar esse homem pantaneiro. Sua busca é pelo modo de vida representada ora de forma onírica como no prólogo do livro, ora retratando do dia a dia desse vaqueiro que, segundo ele, existe no Pantanal há mais de 300 anos. “A ideia foi fugir dos grandes landscapes, das cores e da exuberância que o Pantanal sempre é mostrado e ir além. Mostrar a alma daquele lugar e da cultura do homem, intimamente ligada à pecuária.”
Nesse livro Cunha fala abertamente de seu daltonismo e brinca com essa característica/deficiência num pequeno capítulo mostrando cores que ele não vê. “Não deixa de ser um livro que conta minha história. Afinal são 30 anos indo constantemente para o Pantanal e dessa vez, sem amarras e de editoras ou patrocinadores, pude mostrar o Pantanal que realmente vejo. Embora minha paleta de cor tenha sido construída literalmente naquele lugar, eu vejo tudo em preto e branco quando fotografo. Meu trabalho nunca foi baseado em cores”, conta o autor. O livro para realçar os tons foi impresso em papel italiano Garda Kiara pela gráfica paulista Ipsis.
Imagens © dos autores   Texto © divulgação/ Editora Origem, com edição deste blog.
* nestes tempos bicudos de pandemia e irresponsabilidade política com a cultura vamos apoiar artistas, pesquisadores, editoras, gráficas, designers e toda nossa cultura. A contribuição deles é essencial para além da nossa existência e conforto doméstico nesta quarentena *
Veja aqui como adquirir os livros:
www.editoraorigem.com.br
Veja mais sobre o Festival de Fotografia de Tiradentes:
http://fotoempauta.com.br/festival2022/
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ravkabr · 3 years
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ENTREVISTA: Helnik e filmando na locação com Danielle Galligan e Calahan Skogman para SOMBRA E OSSOS
As estrelas falam sobre sofrer através dos elementos juntos e desenvolver o relacionamento de seus personagens
23 de abril marca um dia muito importante em todos os nossos corações, será o lançamento oficial da primeira temporada de Sombra e Ossos. Baseada nos livros do Grishaverso de Leigh Bardugo, a série cobre principalmente o primeiro livro do universo, também chamado de Sombra e Ossos. Mas, quando a série foi anunciada, os fãs dos livros ficaram surpresos ao ver os nomes dos personagens da duologia subsequente de Bardugo também na mistura. Nós falamos com Danielle Galligan e Calahan Skogman sobre sua inclusão na série e a relação de seus personagens um com o outro, afetivamente apelidada de Helnik pelos shippers.
Para os desavisados, Galligan e Skogman interpretam Nina Zenik e Matthias Helvar (daí a junção de Helnik). Diferente de seus companheiros Crows, Nina e Matthias, na verdade, têm uma história canônica antes dos eventos de Six of Crows. Seu encontro, um tumultuoso e abrasivo encontro, eventualmente, cresce e evolui com o tempo para algo mais.
NINA ZENIK
Nina é uma Grisha Sangradora. Grishas são pessoas que podem manipular matérias em seus níveis mais fundamentais, conhecidos como os fundamentos da "Pequena Ciência". Nina é uma espiã do exército ravkano, e como uma Sangradora ela faz parte da ordem mais alta do Segundo Exército Ravkano treinada para usar seus poderes como uma arma.
Para Galligan, abordar a ideia de ser uma Sangradora não foi algo natural. "É meio distante do que eu sou. Eu tive a ideia de que ela foi treinada desde os oito anos de idade, ela é meio que uma especialista em fazer estrago e ela é sua própria arma. Então eu tentei não pensar muito sobre isso e apenas deixar isso vir porque era quase como um dado sobre a personalidade dela. Ela é incrivelmente confiável quando é uma espiã."
Galligan adicionou, "Eu sinto que há muitas partes da personalidade dela que estão em conflito direto com o treinamento, em termos de seu hedonismo, seu entusiasmo, sua procura por prazer, sua ousadia, seu lado atrevido e, eu suponho, sua necessidade de conexão humana e seu amor por todas as pessoas. Eu estava tentando trabalhar para tecer isso lá também."
Incorporar a personagem de Nina também significava receber o treinamento físico que acompanha a personagem. "Eu realmente não sou uma frequentadora de academia. Eu não sou." Galligan confessou. "Eu tenho intimidação ginástica. Mas eu queria desenvolver muitos músculos e eu queria ganhar peso. Eu queria me sentir forte." Ela nota. "Tem essa fala nos livros que se destaca para mim. 'Ela é esculpida como a proa de um navio.' E tem algo sobre essa postura, e essa inclinada para frente, eu queria aquilo, aquela presença."
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"Eu acho que com a Nina, não é sobre como as coisas parecem.", ela disse "Eu acho que como ela olha para o mundo é diferente. Ela experimenta o mundo com todos os cinco sentidos. Com ela é sobre o gosto de algo, ou o cheiro de algo, ou a experiência, o sentimento, a emoção das coisas, ao contrário de como as coisas parecem. Então foi aí que eu meio que quis ir bem a fundo e fazer com que meu corpo se sentisse de uma certa maneira, para que eu pudesse me envolver com o mundo da maneira que ela faria. Por que, você sabe, essa garota não tem vergonha. Ela não se importa com o que as pessoas acham dela, ela só vai e pega o que ela sente e quer."
MATTHIAS HELVAR
Do outro lado da moeda está Matthias Helvar. Vindo do país de Fjerda — tipo uma Escandinávia fictícia — Matthias é um Drüskelle, vulgo um caçador de bruxas. Os Fjerdanos são supersticiosos e preconceituosos contra Grishas. Por ser um país na fronteira norte de Ravka, significa que Grishas viajando por essa fronteira são susceptíveis a serem pegos por esses caçadores de bruxas e levados para Fjerda para um julgamento (um que tipicamente acaba mal para os Grishas).
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Para Skogman, desenvolver uma cena entre ele e Galligan veio naturalmente. Ele disse que estar em cenas com Galligan inspirou mudanças para manifestar em seu personagem em suas cenas juntos.
Ele disse, "Eu sei que estou começando aqui e eu tenho essa perspectiva, eu só tenho que estar disposto a deixar isso me levar aonde vai. E eu penso com Matthias, ele é, em teoria, bem resistente a isso. Mas o poder de Nina, toda essa outra vida, e perspectiva — ele anseia por entender as coisas. Ele é disciplinado e tem uma estrutura, mas é como um mundo completamente novo se abrindo para ele."
Os leitores do livro do Matthias sabem que ele é um homem certinho. Ele é honrado, honesto e quadrado, o completo oposto do grupo de ladrões com quem ele acaba se envolvendo. Skogman admitiu que quando se tratava do progresso do Matthias, "É complicado para desdobrar lentamente." Mas ele adicionou que há um progresso natural através dos episódios. "São as pequenas coisas; pode haver um comentário ali na primeira vez que eu vejo Nina, tipo, o que estou vendo na primeira cena com a Nina? Onde é tipo 'Espere um minuto''. Eu estou de repente, chocado. E aí isso meio que só se constrói através do enredo. Quando acaba, eu tenho cerca de 20 coisas que me fazem sentir de uma maneira particular por ela.
HELNIK
"Há amor e desejo, e tudo que você poderia querer de uma série de fantasia, Shadow and Bone vai te proporcionar"  Skogman elogiou em uma descrição da série, e parte disso ligado ao relacionamento entre Nina e Matthias 
Para Galligan, era sobre acertar as notas adequadas na jornada de sua personagem. "Eu tentei não planejar tão especificamente durante a jornada. Eu tinha marcas que queria atingir em termos do seu desenvolvimento e de como ela começa a amolecer em relação ao Matthias, e eu fui bem específica em como isso aconteceria. Mas eu acho que a Nina está muito no momento e baseia suas reações em outras pessoas, então eu queria tentar e não planejar demais, logo eu poderia tentar e poderia estar pronta para o que quer que Cal fosse jogar em mim".
Como uma mulher confiante, Galligan nota, "Quando ela quer o que ela quer, Nina vai atrás disso. Por outro lado, eu acho que isso faz de você muito vulnerável também. Porque quando você quer algo tem a vulnerabilidade de não conseguir, e quando ela quer o amor vindo do Matthias, ou quando ela quer waffles, tem uma vulnerabilidade ali. Eu também queria achar muita força em sua vulnerabilidade".
LOCAÇÃO
Com certeza, a jornada de Nina e Matthias está longe de ser fácil e quando chegou a hora de filmar suas cenas, os atores, frequentemente, acharam que seus cenários físicos beneficiaram suas performances.
"Essa foi uma das coisas incríveis de trabalhar em Sombra e Ossos. Tudo está lá para você, e tudo é real naquele momento. Eu venho do teatro fringe" Galligan explicou, "onde você não tem muito dinheiro para comprar uma gaveta e uma colher para botar na gaveta. Já quando você vai para Sombra e Ossos, tudo está lá. A areia é real. As conchas vêm da praia. A água está lá. Os elementos estão lá. Foi complicado, mas parecia um presente também. Foi tipo, para qual outro trabalho você vai aparecer e tudo isso vai simplesmente estar aqui para você? E você consegue viver três elementos e lugares diferentes em um dia. Foi incrível. Pareceu muito real e eu senti que meu corpo estava completamente suspenso nesse mundo".
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Ela continuou, "Eu acho que isso também ajudou, no que diz respeito a explorar suas jornadas e pelo que os corpos deles tiveram que passar, para realmente ter que passar por algo parecido. Claro que nós não estávamos tão molhados ou com tanto frio. Quero dizer muito perto, muito perto. Vamos ser honestos" ela riu. "Mas eu acho que foi um verdadeiro presente quanto aos produtores da série  serem capazes de criar um ambiente que é propício para você fazer o seu melhor trabalho, esperamos. Achei esse ambiente ótimo e tratei como um presente".
"Sim, é uma experiência única" Skogman concordou. "Com a Danielle e eu, quando nós aparecemos nessa temporada, é tipo, pelo que estamos passando fisicamente hoje? Seja ao ar livre, congelando ou apenas ficando molhado por horas e horas. E como você disse, Dani, não chega a esse ponto, mas tinham muitas vezes onde nós estávamos filmando uma cena, eu estava olhando para a Dani e falava tipo 'Isso é realmente muito legal, que nós temos que passar fisicamente por essas coisas.' Porque até certo ponto, você não está mais fingindo estar cansado, você só está cansado, ou congelando, ou você só está irritado ou o que seja. Que oportunidade de fazer parte de uma experiência de atuação visceral."
Galligan acompanhou, notando: "Eu acho que o que foi muito especial na jornada deles foi que a jornada física deles refletia a jornada emocional em que eles têm que ir de um lugar de medo, ódio e achar que o outro é um monstro para lentamente começar a ver um humano. E então abandonando o medo, portanto eles são capazes de se abrir para o amor". Ela explicou, "E eu acho que, em termos de falácia poética, onde o ambiente ao seu redor tende a assumir emoções humanas, eu senti isso. Nós estávamos constantemente sendo lembrados pelos elementos do tumulto que está dentro deles, e pelas brigas e batalhas, aprendendo a amar algo que você odeia, e deixando isso de lado. [...] Foi muito útil, quanto a essa jornada e como eles espelham o outro."
Bem, nós conseguimos te deixar empolgado para a série? E vocês, Helnik shippers, estão animados? Nós temos mais entrevistas com o elenco e os criadores de Sombra e Ossos vindo, então fiquem atentos e fiquem de olho no The Beat para o próximo furo!
REPORTAGEM ORIGINAL: https://www.comicsbeat.com/helnik-danielle-galligan-calahan-skogman-interview-shadow-and-bone/?amp=1
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aloneinstitute · 2 years
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A Esposa de Machado de Assis
A Portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novaes (1835-1904) foi esposa do escritor Brasileiro Machado de Assis de 1869 a 1904, ano da morte de Carolina.
Eles se conheceram por intermédio do irmão de Carolina, o poeta Faustino Xavier de Novaes, após ela se mudar de Portugal para o Rio de Janeiro, aos 32 anos, cinco a mais do que Machado. No período, era incomum uma mulher solteira com essa idade, mas a decisão, nesse caso, era da própria Carolina, a quem sobravam pretendes. A portuguesa é descrita por Miguel-Pereira como “mulher feita, inteligente, desembaraçada, senhora de si, habituada, na casa paterna, ao trato dos intelectuais”.
O namoro foi reprovado pela família de Carolina, pertencente à elite intelectual, enquanto Machado ainda não tinha grande reconhecimento social – na época, escrevia para jornais e trabalhava no Diário Oficial – e, mais importante, era mulato.
“Na hierarquia social, Carolina se uniu, por escolha própria, a alguém de nível abaixo. Ela foi determinante para que ele tivesse estabilidade emocional e também transitasse entre intelectuais”, diz Luís Augusto Fischer, professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor do livro Machado e Borges (Arquipélago).
Culta, os biógrafos escrevem que apresentou a Machado livros da literatura portuguesa e da literatura inglesa e outros clássicos, redefinindo o seu estilo literário para a maturidade. Além disso, teria revisado, retificado e passado a limpo seus textos, ajudando-o a escrever. Sua esposa torna-se sua enfermeira, quando necessário, pois Machado desde a infância sofria de epilepsia.
Sem filhos, o escritor passou os anos seguintes terrivelmente abatido pela morte da companheira. Em carta enviada ao historiador Joaquim Nabuco dois meses após a perda, temos um fragmento dos sentimentos de Machado por Carolina. “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo. Note que a solidão não me é enfado­nha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor”, escreveu ele ao amigo.
Machado de Assis escreveu um soneto em homenagem à esposa, amplamente considerado a melhor peça de sua obra poética. Manuel Bandeira afirmaria, anos mais tarde, que é uma das peças mais comoventes da literatura brasileira. Chama-se "A Carolina":
Querida! Ao pé do leito derradeiro,
em que descansas desta longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos"
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gazeta24br · 2 years
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Poucas músicas conseguem traduzir em melodia uma sincera e apaixonada declaração de amor. E, neste dia 10 de junho, Rick e Renner mostram que isso é possível. Considerados uma das maiores referências da música sertaneja, os amigos presenteiam mais uma vez os fãs e lançam nesta sexta-feira “Morrendo de Saudade” em todos os aplicativos de música. A inédita chega também com clipe no canal oficial dos artistas. Em um universo onde as músicas estão sendo reduzidas a menos de um minuto e a pequenos refrões, Rick e Renner se mostram resistentes a qualquer tipo de moda e carimbam sua essência e raiz a nova música de trabalho. Uma canção que beira os 5 minutos de duração, apresenta pegada romântica, com arranjos elaborados e de letra poética. “O ar-condicionado sempre 23. Seu filme preferido tô vendo outra vez. Não troquei o lençol nem arrumei a cama. Está do mesmo jeito há mais de uma semana. Saudade”, canta a dupla. O clipe é a cereja do bolo deste mega lançamento. Filmado na Fazenda Embaúva, localizada em Itu (São Paulo), o vídeo traz maravilhosas cenas de drone intercalando com a dupla cantando em meio a natureza. A produção é assinada por Rick Sollo e Marquinhos Nascimento. Hoje, Rick e Renner estão entre os grandes medalhões sertanejos. Além de colecionarem uma agenda repleta de shows em 2022, eles também apresentam excelentes números nas redes sociais. No canal oficial do YouTube, eles contam com quase 800 mil inscritos. Já no Spotify, somam 1 milhão de ouvintes mensais.   MORRENDO DE SAUDADE - Rick e Renner - (compositor: Rick Sollo)   Sabe sinto tanta falta de você Tudo nessa casa me faz te querer O barulho do chuveiro, o cheiro do Shampoo No box embaçado o seu corpo nu Saudade O ar condicionado sempre 23 Seu filme preferido tô vendo outra vez Não troquei o lençol nem arrumei a cama Está do mesmo jeito há mais de uma semana Saudade Tropeço em sua ausência pela casa inteira A solidão aqui não tá de brincadeira É quase o tempo todo olhando o celular E nada de você pra me ressuscitar Não tenho inspiração não consigo compor O vinho sem você parece sem sabor Tentei outra pessoa juro não rolou Se não for com você não sei fazer amor Que você fez comigo hein Que foi que você fez Que sempre que a noite vem Eu choro outra vez Que você fez comigo hein Que eu fiquei assim Quem olha não me vê Só vê você estampada em mim Shows Rick & Renner | Vibe Promoções Artísticas Marquinhos Nascimento | 11 98296-3521 VIBE Promoções: 11 2429 0610   Site: www.rickerenneroficial.com.br Instagram: https://www.instagram.com/rickerenner/ Facebook: https://www.facebook.com/rickerenneroficial/ Youtube :https://www.youtube.com/c/RickRennerOficial  
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maya-terra · 3 years
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O Movimento Trance Psicodélico
Trance é uma palavra inglesa que significa transe ou êxtase, experiência definida por estados alterados/elevados da consciência, induzidos pela meditação ou pela estimulação dos órgãos sensoriais do organismo.
O termo “psicodélico” foi criado pelo psiquiatra canadense Humphry Osmond, em 1953, sendo posteriormente adotado pelo movimento político-cultural dos anos 60.  Uma das definições, feita por Carneiro em 1994 é:
“Como expressão da contracultura, o movimento hippie (psicodélico) representou uma defesa política da autonomia sobre a intervenção psicoquímica voluntária contra a política oficial do proibicionismo estatal que retira do indivíduo o direito de escolha sobre a estimulação química do espírito”
Evolução da música psicodélica
Durante a evolução do movimento psicodélico nos anos 60 e 70, quando os jovens se “rebelaram contra a sociedade e reivindicaram a extensão dos direitos de livre-disposição do corpo e de autonomia sobre si próprio”, muitos jovens foram em busca dessa liberdade.
Os jovens hippies fugiram da vida nas cidades industriais, buscando integração e harmonia com a natureza, escolhendo Goa, na Índia, como local para realizarem suas festas psicodélicas nas areias das praias, com trilhas sonoras que iam de Janis Joplin a Pink Floyd, fazendo uso do LSD (ácido lisérgico) e muita experimentação musical. Estes jovens, ao adotar uma posição contrária ao sistema, promulgaram formas de vida alternativas e contraculturais, opondo-se aos valores dominantes na sociedade capitalista, como o trabalho, dinheiro, materialismo, conformismo, burocracia, propriedade privada, repressão, segregação racial, distinção de classe social, etc.
No início dos anos 70 ocorreram em Goa as primeiras free-parties, tornando-se conhecidas mundialmente a partir dos anos 80. Nos anos de 86 e 87, dá-se início às primeiras free-parties européias em Ibiza, na Espanha, coincidindo com a explosão da acid house (estilo de música eletrônica).
O estilo musical Goa Trance (precursor do Psy Trance) surgiu no início dos anos 90 em Goa, com base nos efeitos do Acid House, sendo um dos pioneiros o artista Goa Gil. Sua evolução surgiu da mistura de gêneros musicais como New Beat, New Wave, Electro e Rock psicodélico, resultando em uma ressonância que levava os ouvintes a estados elevados da consciência.
Grande parte dessa cultura inclui elementos do hinduísmo, budismo e xamanismo, fazendo referência à India, berço do trance. O trance psicodélico que conhecemos atualmente deriva diretamente do Goa trance, desenvolvendo-se a partir de sons únicos e complexos com características específicas. À sua poderosa base rítmica juntam-se elementos eletrônicos e 2 Free-parties são festas ao ar livre em que a entrada é livre.
Festas e festivais de trance psicodélico
Os Festivais de Trance Psicodélico são celebrações multicoloridas preparadas pelos amantes da cultura psicodélica, os neo-hippies. Os neo-hippies são a evolução dos hippies dos anos 60 e 70, porém, houve uma constante renovação tecnológica na música, na computação gráfica que contribuiu com as artes, que antes eram somente estáticas e agora são animadas, e na qualidade dos aparelhos de som. Contudo, a ideologia psicodélica é a mesma. As festas de “psytrance”, surgiram há mais ou menos 20 anos no Brasil, porém o investimento em arte e cultura são encontradas nos festivais deste mesmo estilo de música.
Em entrevista para Nascimento (2005), Dario, organizador do festival de trance psicodélico “Universo Paralello”, realizado anualmente na praia de Pratigí, na Bahia, diz que o objetivo do festival é despertar as pessoas para a ilusão causada pela engrenagem gerada pelo sistema controlador que manipula toda a sociedade e, com isso, contribuir para um mundo com mais preservação, mais cultura e mais respeito entre as pessoas.
As festas trance são celebrações onde se atravessa diferentes estados espirituais sob o efeito estimulante das cores, luzes e movimentos, sendo realizadas em lugares considerados centros energéticos, como praias, florestas, ruínas, etc. A decoração alude a divindades totêmicas, egípcias, pré-hispânicas, hindus, psicodélicas e cósmicas. A característica principal dessas festas é que elas não se baseiam apenas na música, incorporando também elementos locais e ancestrais, e criando, dessa forma, todo um movimento cultural em que se baseia o conceito e planejamento do evento, em uma atmosfera de tolerância e aceitação. A organização de uma festa trance é, portanto, semelhante a um ritual, onde o elemento primordial é a harmonia entre as pessoas, para que assim se possa alcançar os estados elevados da consciência, convertendo-se a festa em um ser vivo e inteligente, em completa harmonia com a natureza e o cosmos.
Por trás dos festivais de trance psicodélico existe um “Movimento Global da Cultura Psicodélica”, envolvendo a música, a dança e o uso de variados tipos de psicoativos, buscando através da arte, do conhecimento e da espiritualidade, ampliar a consciência das pessoas para atitudes e sentimentos de amor, paz, união e respeito.
A estrutura de um festival envolve: chill-out, local de descanso com música ambient; a pista de dança e a decoração psicodélica “que envolve muitas cores, símbolos, formas geométricas, e luzes fluorescentes. E também acontecem as projeções de imagens visuais, podem direcionar a experiência, pois colocam as pessoas em contato com muitos simbolismos e mensagens implícitas através das imagens e formas”.
Todos esses elementos podem ser pensados como direcionadores das experiências transcendentes que ocorrem quando se faz uso de substâncias psicoativas, as mais usadas entre os participantes são: o cacto São Pedro, o Peiote (mescalina), cogumelos, várias espécies de cannabis, a ayahuasca (chá), e também o DMT sintetizado.
A arte psicodélica em transformação
O artista Marcelo Jaz, em entrevista para Nascimento (2005) durante o festival Universo Paralello, aponta o movimento psicodélico como um movimento estético e artístico. O código estético é baseado na amizade entre todos os participantes do movimento, na preocupação com o planeta, com o corpo, com a mente, com o espírito, enfim, são pessoas com um nível de comunicação mais sensível, mais predispostas ao diferente.
A estética concebida durante os festivais vem do sentido original do termo, aisthètikos, de aisthanesthai, “sentir”. Portanto, este estado trata-se de um transe de felicidade, de uma emoção, uma sensação de beleza, de admiração, de verdade e, no parodoxismo, de sublime. Essa estética aparece tanto nas artes e nos espetáculos (música, canto e dança), como também nos odores, no paladar, na natureza, no encantamento diante do espetáculo da natureza, como no nascer e no pôr do sol.
Seguindo com o artista Marcelo Jaz, que faz a decoração do Festival Universo Paralello, diz que suas referências são retiradas do eletrônico, do cibernético e da natureza, fazendo uma analogia entre a cidade e a natureza. Além trabalhar com símbolos que contenham significados intrínsecos.
Ao pensar no movimento trance como expressão de uma ‘cultura estética’, pode considerá-lo como proposta de uma nova realidade. Na qual, a natureza e o mundo objetivo não são mais experimentados como um domínio sobre o homem (tal como na sociedade primitiva), nem como dominados pelo homem (como na civilização atual); mas pelo contrário, são experimentados como objetos de ‘contemplação’ que libertam o ser humano da escravidão, transformando-o em livre manifestação de potencialidades.
Nos festivais de trance psicodélico as pessoas podem jogar com suas potencialidades, podem trabalhar com seu corpo, com a sua imaginação. Para isso são oferecidas oficinas de arte, como mandalas, massinha, malabares, entre outras. Além de acontecerem performances na pista de dança. Priscila, uma das organizadoras destas atividades no festival Universo Paralello, relata que nestes festivais as pessoas podem ser elas mesmas, podem ser personagens, seja numa roupa, seja numa performance, trabalhando e jogando com a imaginação interior de cada uma delas.
Os festivais são uma “forma de resistência poética à civilização atual, uma maneira de dizer não à economia, ao tempo, às leis, ao mundo material, à igreja; e entregar-se à magia, ao imaginário, ao mito, ao jogo, ao rito, e a tudo o que está enraizado nas profundezas do ser humano”.
As imagens utilizadas nos elementos artísticos dos festivais remetem a uma ”viagem interna”, voltada para o psiquismo e para os registros ancestrais contidos na mente humana, os quais dizem respeito ao inconsciente coletivo da humanidade. Vão desde simbologias de diversas religiões e crenças mundiais, além de outros elementos da natureza, tecnológicos, passando a mensagem de que cada um é cada um com suas crenças, até imagens que dizem respeito à relação do homem com a natureza e com a animalidade, mostrando que tudo o que existe está de certa forma interligado por uma energia que muitas vezes vai além da compreensão humana. A arte, portanto, ainda remete atualmente ao que os seres humanos possuem de mais primitivo e arcaico.
E por fim…
Os precursores do movimento psicodélico no Brasil trabalham grupalmente para desenvolver a consciência ecológica, a arte, a cultura e a espiritualidade. Nesse contexto, buscando finalizar um tema que por si mesmo é infinito, visto que a música é infinita, a dança é infinita e o uso de psicoativos é infinito enquanto existirem seres humanos nesse planeta.
“Cabe dizer que o uso de substâncias psicoativas nos Festivais de Trance Psicodélico dizem respeito à liberdade de experimentar o corpo, a mente e o espírito em suas diversas possibilidades”.
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Travel Writer: como se tornar um escritor de viagens de sucesso?
Travel Writer
Um profissional que é pago para viajar o mundo, conhecer novas culturas, visitar lugares fantásticos e, depois de tudo isto, relatar suas experiências de forma quase poética, fazendo o leitor sonhar em visitar aquele destino e/ou vivenciar aquela experiência. Esta é a rotina de um travel writer (ou escritor de viagem), uma das profissões mais cobiçadas do momento.
Mas, transformar-se em um travel writer de sucesso e viver disso requer muito mais do que saber escrever um bom texto. É preciso não só escrever aquilo que os editores desejam publicar em seus veículos, mas tabém oferecer informações úteis ao leitor.
Se você gosta de escrever e deseja descobrir os segredos para se tornar um travel writer, esta pode ser a sua grande chance!
Estão abertas as inscrições para o Travel Writing Scholarship, um concurso promovido pela World Nomads, uma das melhores empresas de seguro de viagem do mundo. Os autores dos três melhores artigos participaram de um workshop com Tim Neville, do NY Times.
Aprenda como se tornar um travel writer em pleno Caribe
Os três selecionados viajarão para o Caribe, onde participarão de 4 dias de workshop com Tim Neville. Além disto, terão as seguintes despesas incluídas:
Bilhete aéreo do seu país de residência até o Caribe;
Viagem de 10 dias pelo Caribe com todas as despesas pagas;
Seguro viagem da World Nomads;
Roupas de Viagem;
O seu portfolio será analisado por Norie Quintos, editor da Nat Geo Traveler.
Como concorrer a uma das vagas para aprender a ser um travel writer?
Para se inscrever e ter a chance de ser selecionado para participar do workshop com o Tim Neville, basta seguir os três passos abaixo e enviar a sua melhor história de viagem com 700 palavras.
1. ESCOLHA O TEMA DA SUA HISTÓRIA
‘A leap into the unknown’ (Um salto no desconhecido) ‘Making a local connection’ (Fazendo uma conexão local) ‘I didn’t expect to find’ (Eu não esperava encontrar)
2. ESCREVA UMA HISTÓRIA DE VIAGEM
Use o tema escolhido para escrever uma história interessante sobre alguma experiência de viagem que você já teve. O texto deve ter no máximo 700 palavras
3. PREENCHA O FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO (TRAVEL WRITER)
Responda as questões do formulário de inscrição, incluindo a sua história de viagem, e clique no botão Submit.
E aí, está esperando o que para começar a redigir a história de viagem mais interessante da sua vida e quiçá ser selecionado para este workshop imperdível em pleno Caribe?
Mas antes de começar, não se esqueça de ler o regulamento e as orientações na página oficial do Travel Writing Scholarship. A nós só resta desejar muito boa sorte a quem se inscrever!
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A World Nomads também oferece oportunidade para quem curti fotografia e vídeos. Falaremos sobre isto em outro artigo.
O Post Travel Writer: como se tornar um escritor de viagens de sucesso? apareceu inicialmente em VTEnoExterior.
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