Tumgik
criador · 21 days
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(des) ilusão
Teu olhar encontra o meu meio envergonhado, como se tivéssemos sido flagrados, como se aquele instante significasse alguma coisa. Os minutos correm, você se recompõe, enche o peito de confiança e me fita forçando um desdém que nós sabemos que não existe. O truque está nos gestos que faz com a cabeça, no sorriso que desliza pelos lábios e nas palavras que saem da sua boca numa tentativa obstinada de me fazer rir. É como se você ganhasse algo com isso, com o meu sorriso, e a minha recompensa é saber que você está ali comigo pelos poucos segundos que nos restam. Após isso, nos despedimos, novamente tímidos, como se fosse um esforço afastar nossas vozes que pouco tempo atrás dançavam ao som de uma melodia que mistura anseio e desejo. Atravessados pela despedida, caminhamos para lados opostos, olhando para trás de vez em quando, conferindo se as costas um do outro se movem em direção ao caminho que precisamos seguir. E nesse momento quase insano de pura desilusão, deixamos escapar um grunhido baixinho, um lamento por mais uma vez não conseguirmos professar tudo aquilo que gostaríamos de dizer.
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criador · 21 days
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criador · 21 days
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criador · 21 days
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David Black
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criador · 21 days
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É pra frente que se anda
mas às vezes dá vontade de parar num cantinho,  se encolher e  ficar.
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criador · 22 days
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criador · 22 days
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A divina existência
É muito estranho estar vivo. Compreender como é possível estar aqui, ciente e consciente de si mesmo. Não saber se somos fruto do acaso ou criação de algo único, perfeito e divino. Perfeitos nós não somos, mas esse é o chiste, é o que torna tudo tão importante, o que justifica nossos atos e define nossos anseios. Sem a imprevisibilidade, as emoções, o paradoxo, viver não seria essa aventura complexa, e nós não seriamos seres tão inteiros, tão cheios de nós mesmos. As nossas contradições nos fazem ser aquilo que somos. É difícil enxergar propósito em algo que você não planejou, escolheu e nem sabe de onde vem ou para onde vai, algo que estava com você desde que você se lembra e o acompanha até este exato momento: a vida. Se nós somos seres biológicos, adaptados a um mundo hostil e controverso, uma espécie que evoluiu através de milhares de anos e aos poucos dominou a caça, desenvolveu a tecnologia, criou a linguagem, a sociedade, a violência. Se somos esse modelo que aprendeu a viver aos poucos, ergueu civilizações, fundou templos, criou ritos, templos, religiões. Se somos parte de algo muito maior do que qualquer um de nós um dia sonhou, então como podemos ser tão frágeis, maldosos, corruptíveis? Se nós aprendemos a dar sentido à tudo a nossa volta, por que por tantas vezes é tão difícil dar sentido à própria vida? As perguntas para as quais não temos respostas nos amedronta, nos assombra. Um dia nascemos, passamos a vida inteira tentando sobreviver, buscando caminhos e meios de estar no mundo, mas quando chega o fim da vida, o que acontece? Para onde vai essa imensa efusão de pensamentos, idealizações, de mundos inteiros que existem dentro de nós? Para onde vai a nossa consciência? Consciência essa que se desenvolve rapidamente ao passo em que crescemos, mas que, com a finitude, se esvai. Muitos dizem que ela continua viva dentro do nosso espírito, essa forma que vibra em outra sintonia, que emana uma energia de outro mundo, que tem a forma do nosso corpo, nossos traços, nosso rosto, e ali repousa após a morte. Mas e se isso não for possível, então o que acontece com quem somos quando nosso tempo termina? Ficamos eternizados na história, viramos memória, saudade no peito daqueles que nos amaram? E quando o tempo passar, o mundo girar e pó for tudo aquilo que conhecemos, quem ira se lembrar de nós? Para onde terá ido nossa história, tudo aquilo que construímos? Eu me recuso a crer que somos reflexo da casualidade, apenas massa, ossos e carne. O que somos capazes de fazer: a arte, as línguas, a poesia, o cinema, a música... O que nós sentimos, o que expressamos, o amor... Tudo isso está além da nossa própria compreensão, é como se fosse algo natural à existência humana. Ninguém é capaz de explicar como seres tão complexos, imperfeitos e fúteis, são capazes de criar, criar... A criação é algo tido como divino, e de divino nós não temos nada, ou quase nada... Mas a vida, quem pode explicar a origem da vida? O que é a vida? No princípio, era o verbo, e o verbo... Puf! Vida! É difícil definir o que somos. Somos causa e consequência, indivíduos predestinados, sorte e azar? O meu peito se nega a aceitar outro significado que dê sentido a nossa existência que não seja o deleite, o desfrute, o gozo, o prazer, o amor. Todas aquelas coisas que nos movem, a ira, a raiva, o tesão, a dor, tudo isso traz sentido ao que somos, nos faz ser mais do que pensamos ser, nos leva além, e todas as coisas boas que esse emaranhado conflituoso nos faz sentir, imaginar, faz com que tudo ganhe sabor, que a vida ganhe brilho e que viver seja uma recompensa por algo que sequer fizemos esforço para ter. Eu sei, há coisas tenebrosas no mundo, mas eu tenho certeza que não deveria ser assim, que não nascemos para ver isso. É aí que entra a casualidade, afinal, Deus lança dados? Quem é Deus? Onde ele está e como ele consegue se comunicar com a gente? Ele nos criou ou nós criamos ele? Isso importa? Todos esses questionamentos só são possíveis porque um dia eu vi a luz, segui a luz, e aqui estou. Que outra atribuição eu deveria dar a minha existência?
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criador · 1 month
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cody.xxv.
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criador · 1 month
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Alma
Morrer é cair no esquecimento? Uma coisa que tem me feito refletir bastante depois ver a morte de perto, é o quão fácil é morrer, ser apagado da existência. Afinal, quantos de nós conseguem provar que existe algo além disso aqui, dessa matéria que nos envolve? Eu não sei de onde veio minha consciência, assim como não faço ideia de para onde ela vai, se é que vai. É difícil aceitar que mentes tão complexas possam simplesmente ser desligadas como um aparelho eletrônico que quebrou. Acontece que o conceito de alma é simplesmente isso, um conceito. Eu não estou aqui duvidando nem defendendo ele, estou apenas pondo as cartas na mesa. Desde que eu me lembro, eu estou aqui dentro de mim, sozinho comigo mesmo. Sozinho com uma baita bagunça mental, pensamentos, sensações, reflexões e euforias. Assim como eu sei que você está aí, ocupando esse espaço dentro de você. É difícil pra mim aceitar que eu não sou parte do todo, que eu não faço parte da mesma matéria que compõe os asteroides. Eu gosto de acreditar que nós todos somos partículas que formam um amontoado de matéria que, por fim, compõe o universo. Somos areia e pó, água e ar, o que está em mim, está na lava de um vulcão e na água do mar. Isso eu posso aceitar. Mas o que se dá depois daqui, ninguém é capaz de atestar. Existem várias teorias, é claro, civilizações inteiras foram fundadas em cima de crenças que todos conhecemos bem. Mas me diga, quem de nós pode afirmar o que vem depois? Pra onde vamos? Em que lugar nosso espírito vagueia? Se é que existe espírito. E se formos apenas matéria? E se a consciência for apenas resultado de inúmeras terminações nervosas que ativam um órgão que comanda o nosso corpo? E se formos resultado daquilo que nos atravessa, daquilo que sentimos? E se formos só isso? É pouco? Precisamos do depois? A imortalidade existe? Nós precisamos dela? Afinal, se ela não existir, cairemos no esquecimento?
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criador · 3 months
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criador · 3 months
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Talvez a sua jornada agora seja só sobre você.
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criador · 3 months
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se curar sozinho é uma das coisas mais difíceis que a gente pode enfrentar
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criador · 3 months
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melhor sozinha :-)-:
Meus novos gostos enchem os armários e as palavras que me permito dizer são mais doces. Me descubro entre as músicas que mudaram de significado e novas visões de mim, meu corpo, minhas paixões. Expandindo pela minha carne em forma de conexões, até a ponta dos dedos que encostam no teu cabelo a noite. Redescubro o universo e você visita meus escombros, minhas supernovas, pegando carona nas certezas com data de validade que te digo dia após dia. [sou bem melhor sozinha, sabe?] Esses dias te peguei me olhando, atento, enquanto vasculhava algum canto da mente a procura de algo. Engoli as palavras e senti que algo forçava entrada em mim, algo batia no portão com força, não deixei que abrisse. Sempre foi certo entre nós que observo, que olho para os seus olhos e escrevo, que vejo suas costas e me permito tocar traçando linhas que você ainda não conhece; sempre foi certo que meu compromisso era poético e o teu era real. Entro com as palavras escritas e você com os toques demorados na minha pele, marcando minha alma quase sem querer. Foge do nosso acordo essa sua observação e não sei lidar com seus olhos fixos em mim. Derrubo coisas, perco palavras. Você sempre ali com as pupilas dilatadas, um quase riso no canto da boca, como se soubesse algo que eu não sei. Como se soubesse algo que eu não quero que saiba. Registrando meus espaços de silêncio, minhas manias, deixando claro que também me vê. Deixando claro que está testemunhando quaisquer movimentos que acontecem aqui dentro, sob as camadas de roupa, pele e palavras grandes. Não te desconvido, não te afasto, mas temo que veja mais que deve. Temo que me veja tanto que aprenda a ler as entrelinhas que são meu maior trunfo contra o mundo agora que mudo tudo de lugar ao meu bel-prazer. Ainda não sei fazer expansão de universos enquanto o coração pulsa forte assim numa noite qualquer, não sei mudar o mundo quando te escuto rir. Minhas revoluções silenciosas continuam, mas o som pausa quando ocupamos um mesmo lugar no tempo. Pausam os gritos, as explosões, as músicas. Somos apenas eu e você abraçados com sua mão se esticando para alcançar a minha.
[mas talvez tem um cantinho e cabe um pouco, quase nada]
#<3
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criador · 3 months
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o lugar
onde quero chegar
não cabe na pessoa
que sou hoje.
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criador · 3 months
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criador · 3 months
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Amor a vera
Você ocupa muitos espaços em mim. A superfície em que pisou, os lugares que tocou e até a música que sai de dentro do meu fone lembram você. Como se, de alguma forma, você se entrelaçasse com tudo ao meu redor. A parede em que encostou, a cadeira em que sentou, os lençóis que o envolveu. É difícil deixar qualquer outro ocupar esses ambientes, pois quando te olho, te vejo muito a vontade em cada um deles. Parece que todos foram feitos pra você. Nós somos resultado de tudo aquilo que construímos com o passar dos anos, a custo de muita lágrima e suor. Suor de confusão, lágrimas de paixão, e vice-versa. Nossa conexão corporal pode ser percebida por qualquer um que nos observe por mais de 3 segundos. Nós encaixamos muita coisa um no outro, como uma fortaleza de pedra firme, criada para suportar a fúria do mar bravio. De fato, muitas vezes, uma tempestuosa maré se lança sobre nós e pensamos que dessa vez os muros cairão, mas não, as ondas cessam, o tempo passa, e a barricada continua firme. Cada pedra foi estabelecida com muita lealdade, companheirismo, cuidado e carinho. Por isso, raia o sol no dia seguinte e seguimos imersos em algo que parece ser mais forte que a gente. Mas não é, não tem como ser, pois a fortaleza somos nós. Nós, espaços, entrelaços, e tudo aquilo que nos compreende, nos pertence. O tempo passa, e antes que a água suba novamente, nos pomos com muita cautela em desespero, hesitantes por não conseguir enxergar tudo aquilo que temos. Mas esquecemos que quando duvidamos do que sentimos, duvidamos de quem nós somos. A gente tenta fugir, seguir caminhos mais fáceis, procurando horizontes mansos, mas sempre retornamos para a nossa zona confortável. No meio de tantas relações fundadas a base de carência e ego, o nosso castelinho parece um lugar aconchegante, e por isso nunca relutamos em voltar. Hoje eu sei que nunca te deixei ir por medo. Pois eu sempre soube que se você fosse de vez, parte de mim iria junto. Uma parte minha que é inocente, doce e sonhadora, que mesmo com medo de tudo, ao seu lado, experimentou as mais diversas e intensas sensações, que com você, desbravou o mundo. Eu não seria louco o suficiente pra deixar essa parte de mim partir. Por vezes, tentando atravessar o mar revolto, com as melhores intenções, nos machucamos, e por isso, acreditamos que estar ali não é o certo. Me pergunto porquê lado a lado sempre foi um lugar difícil para nós ocuparmos. E assim como das outras centenas de vezes que questionei isso, não encontro a resposta. Eu só sei que se um dia senti paz em algum lugar, foi bem aqui, do meu lado, onde você costumava estar.
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criador · 4 months
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É ruim demais quando a ficha cai e você percebe que é mais sozinha do que imaginava.
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