Por que essa ânsia em buscar nos outros o que não encontro em mim? Deveria bastar a mim mesmo, me completar, me dialogar... Mas é mais simples evitar a mágoa, o autodesprezo. Sim, sou meu maior algoz, desejando escapar de mim.
Últimamente eu tenho pensado muito. E estou permitindo que minha mente seja um lugar mais confortável. Tento me julgar menos, tento ser mais realista e ao mesmo tempo permito que esse trem siga livremente. Para que eu possa sentir tudo em sua totalidade, para que eu possa me entender melhor.
Tudo bem errar, eu não sou perfeita, estou longe disso. E também não me resumo em erros e defeitos. Eu sou a totalidade, eu sou o conjunto, eu sou falha e ao mesmo maravilhosa. Eu não tenho que implorar por aprovações e afetos, eu tenho que me fornecer isso.
Está dentro de mim, o amor que tanto procuro. Eu sei que está em algum lugar.
Eu vou mergulhar e nadar nesta vastidão de mim até que eu finalmente encontre a parte que me falta.
Como um fungo cruel
que sob a minha pele
vive forte
enquanto me mata.
Como um enorme peso
repousando alheio,
me afundando
e espremendo
o pior de mim.
Essa angustia cresce em meu peito
e sem espaço,
me aperta,
me força
e me destrói.
Tive um sonho sobre mim
Mas, não me parecia
Era uma pessoa tão diferente
Feliz, leve e contente.
Quando sonho comigo mesmo
Geralmente me pareço
Triste, pesado e infeliz
Um escarro de mim
E se parar de sonhar
Como vou parecer?
Quanto vou pesar e como vou ser?
Nem sei mais se é sonho ou retrato meu...
Quando tudo acabar, quem então serei eu?
Todos os dias me rego
O choro acalma.
Todos os dias me nego...
Mas o pranto cura.
Me derramo,
tremo e me desfaço.
Para cada lágrima, um pensamento.
De cada mágoa, um abraço.
Sinto um peso enorme, mais do que posso suportar. Todos sabem, estou condenada. Tudo porque sonhei que poderia ser diferente. Nem lá nem cá, sigo em linha reta uma fronteira perigosa, pendendo mais para lá do que pra cá, mas todos sabem que já estou dentro, aproveitando o pior dos dois mundos.
Queria poder te ver todo dia
Poder dizer tudo que sinto
Fazer coisas que agora não me permito...
Porque existe uma barreira, um filtro
Mostro uma parte de mim, mas a outra...
Essa deixo guardada no íntimo.
É profunda e imprópria.
Só eu a vejo e apenas a contenho,
Mas tão somente uma palavra sua sóbria,
Licença poética
As lagrimas escorrem como uma nascente
Esse rio vai dar em algum lugar?
É vão meu lamento?
Luto pra buscar o sentido
Dentre tanto sofrimento.
Caminho sem sapato sobre pedras,
Não pulo os obstaculos,
Passo por cada um,
Ou melhor, me arrasto.
Poderia ser diferente? Melhor?
Poderia ao menos não ser...
Penso todo dia, a cada novo dia
Em deixar esse mundo, deixar de viver.
Mas é drama, tropeço em mim
Vai ver nada é assim tão duro
E não é sangue que vejo jorrando
Por todos os lados, a cada murro.
E se for tudo ilusão?
Luto com quem afinal?
Sou meu pior inimigo
Tão vil, sujo e imoral?
Fecho os olhos e choro,
Choro pra ver se alivia essa dor,
Mas vai ver tem nem solução
E nada cure quem é vilão E sofredor.